A encomenda de
Jack estava sobre a mesa da sala, a frente de Christian e cercada pelos
familiares e seguranças. Apenas Ava e Teddy estava no andar de cima da casa,
cuidados por uma babá.
Christian sentia medo, não queria
abrir a caixa. Não queria imaginar o que aquele monstro estaria fazendo com
Ana. Ele era um maníaco, fanático sexual. Somente isso já era uma indicação
terrível. Lentamente abriu a caixa:
Na
parte mais visível, estavam as roupas de Ana. Sujas, rasgadas e com manchas de
sangue. Grace e Carla, que havia sido avisada por Grey e trazida de
Helicóptero, choraram ao ver as peças. Christian tirou cada uma das roupas da
caixa. Estava tudo ali, inclusive a calcinha e os sapatos. No fundo da
embalagem de papelão estava o que mais
os desesperou.
- Como ele pode?
Porque não pede logo o dinheiro e para de judiar dela? – O pai de Ana se lamentava.
Christian estava
agradecido por não ser nada pior. Retirou da caixa os fartos cabelos amarrados
por um elástico e aproximou-os de seu rosto. Sentiu o cheiro de Ana neles e
lembrou-se das vezes em que os trançou ao levá-la ao quarto de jogos.
- A polícia
precisa levar para perícia, senhor Grey. – Disse Taylor.
- Ok.
As horas de
espera seguiram e o telefone não tocava. Era como se o tempo tivesse parado e
eles paralisados na espera de mais um terrível ‘presente’.
- Filho, você
precisa repousar um pouco. Faz 20 horas que você anda irritado por essa sala. –
Disse Grace.
- Não posso
dormir mãe. Não sem saber pelo que a Ana está passando.
Era meio da tarde
quando um barulho chamou a atenção de todos. Dessa vez não era o telefone, mas
sim o grito de Teddy que, tendo passado boa parte da madrugada acordado e
nervoso pela falta da mãe, tinha adormecido após o almoço. Christian correu
para encontrar o menino no quarto em que ele dormia.
- O que foi
Teddy?
- Eu quero a
mamãe! Sonhei com o moço com cara de mau! – As lágrimas escorriam pelo rostinho
delicado.
- Não chora. –
Nunca soube lidar com o choro de Ana e também não sabia o que fazer para Teddy
se acalmar. – Não vai acontecer nada de ruim com a mamãe.
- Mas onde ela
tá?! Ela me abandonou?
- NÂO! Claro que
não! Ela nunca faria isso.
- Então onde ela
tá?
Ele era esperto
demais para acreditar numa mentira.
- Teddy, aquele
moço que você viu...ele levou a mamãe, e o papai está tentando descobrir onde
ela está.
- Aí você vai
buscar ela?
- Vou. – Espera
não estar mentindo ao dizer isso. – Agora você e a Charlote podiam voltar a
dormir.
- Eu queria
dormir abraçado com a minha mãe.
- Mas ela não está
aqui agora. – Infelizmente.
- Tudo bem por
aqui? – Grace apareceu na porta.
- Tudo mãe. Esse
moço acordou assustado e não quer dormir sozinho.
- Então, acho que
o pai dele, que está precisando dormir um pouco, pode tirar uma soneca aqui com
ele.
- Não eu...
- Christian, você
precisa de descanso e o Teddy precisa de você. Na falta da Ana, é seu dever dar
o que ele necessita.
Após uma rápida
ducha, Christian, Teddy e Charlote dormiram no quarto de Grey. Grace tinha
prometido acordá-lo se algo ocorresse. Mas não precisou. Apenas 50 minutos
depois ele acordou e ficou observando seu filho dormir. Percebeu que Grace
estava certa. Tinha a responsabilidade de cuidar ainda melhor de Teddy enquanto
Ana não voltasse.
Ficou mais alguns
minutos deitado na cama acariciando o pelo de Charlote e pensando no que faria.
Precisava descobrir onde ficava o cativeiro de Ana. Não tinha a mínima ideia.
Estavam próximo
das 30 horas de sequestro quando um boque de flores foi entregue na portaria de
seu prédio por um garoto. A polícia o interrogou, mas pouco pode descobrir. Um
homem, com as características de Jack o encontrou no centro da cidade e lhe deu
uns trocados para fazer a entrega.
- Significa que
estão por perto. – Disse Taylor.
No envelope que
vinha junto tinha apenas o cartão assinado por Jack e um pendrive. Isso
preocupava Christian. Jack não tinha medo ou estava tentando negar nada. Ele
era completamente louco e estava disposto a tudo. No pendrive havia um vídeo
curto.
- Vou assistir
sozinho no meu escritório. – Disse Grey.
- Nós precisamos
ver, Sr. – Falou um policial.
- Depois.
Primeiro eu vou ver sozinho. – Ninguém iria questionar.
Deu play com as
mãos tremendo. O vídeo mostrava um lugar escuro, úmido e pouco arejado. Logo
Jack aparecia bem mais envelhecido do que ele se recordava. ‘Olá, meu amigo
Grey. Eu continuo aqui zelando pela nossa querida Anastásia’.
- Eu vou te matar
seu desgraçado! – Grey xingava.
O vídeo seguia
com o sequestrador caminhando até onde Ana se encontrava aparentando estar
muito sonolenta ou dopada. Estava nua e cheia de hematomas pelo corpo. Ele a
puxa pelo braço, coloca-a sentada numa cadeira e com violência joga água em seu
rosto para lhe dar mais consciência. Então pega um galão. ‘Cheira! Diz pro seu
querido marido o que tem aí’. Silêncio. ‘Diz!’Ele lhe dá uma forte bofetada no
rosto. ‘DIZ!’
- Gasolina!
‘Ótimo. Boa
menina. Ouviu Grey? Aqui tem gasolina e não me custa nada riscar um fósforo e
morrer agarradinho com Anastásia’. Jack passa a mão em seus seios e ri como se
soubesse do sofrimento de Grey ao ver isso. ‘Não aconselho você a por os seus
homens atrás de nós. Se eu for pego ela. Tudo isso é uma lição de paciência.
Vou ficar com ela o tempo que eu desejar e, quando cansar, te aviso o valor que
quero por ela’. Jack empurra Ana
novamente para o chão e desferre chutes por seu corpo já ferido. Ela enrola o
corpo passando os braços pelo abdômen e subindo as pernas. Logo o vídeo acaba.
Depois Christian
permite que a polícia veja as cenas. Estava desesperado sem saber o que fazer.
Por pior que fosse o medo, tinha que manter seus homens em busca. A ameaça de
por fogo no cativeiro era grave, mas sabia que Jack não deixaria Ana viva por
resgate algum. Sua única chance era encontrá-la.
Estavam todos na
sala quando ele levou outro duro golpe.
- Curioso como
ela abraça o corpo quando ele a chuta. – Disse o investigador da polícia.
- Pra proteger o
bebê. – Kate disse em pranto e surpreendendo a todos. – A Ana está grávida.
- Tem certeza
disso? - Elliott perguntou.
- Sim. Ela me
contou. Está de quase dois meses.
O golpe foi duro
e ameaçava derrubar Christian. Não era apenas uma segunda gravidez não
planejada. Era a falta de confiança. Desde quanto sabia? Porque não contou? O
que iria fazer?
- Quero falar a
sós com você no escritório, Kate.
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