Mais dias se passaram e o coração de
Bella não aguentava mais tanto suspense, tanta apreensão. Seu menino estava nos
braços de outra mulher e isso tinha de mudar. Mas não podia simplesmente
aparecer na casa das primas de Edward sem um desculpa.
- Bella, não. Seria muito arriscado.
Não podemos dar razão para que eles desconfiem que sabemos que Arthur é seu. –
Edward disse.
- Eu preciso ver meu filho! – As
lágrimas voltaram a escorrer por seus olhos. – Eu não aguento mais.
Desesperado com a situação, Edward
começou a pensar no que ocorria. Tinha de ter uma saída.
- Ok, Bella. Eu vou te ajudar, mas
você tem que jurar que não vai falar que Arthur é seu até termos descoberto o
que se passou e provar quem é o culpado.
- Eu juro, eu juro. Só quero pegá-lo nos braços.
- Tá bom. – Ele tinha uma ideia. –
Agora a tarde nós vamos na casa das Primas Denali. Peter não está em casa nesse
horário.
- Mas o que vamos dizer?
- Que temos um trabalho da escola,
uma pesquisa sobre adoção. Assim poderemos fazer algumas perguntas para ela e,
com sorte, você poderá ficar mais perto dele.
- Ótima ideia Edward. – Ela
beijou-a. – Eu te amo.
- Mas é só Bella. Na hora de ir
embora você terá de deixá-lo lá com Carmen.
Isso não era o que Bella desejava,
mas já era mais do que nada. Saíram da escola, passaram na casa de Bella para
largar as mochilas. Antes de saírem Bella atendeu ao telefone que tocava
insistentemente.
- Alô?
Silêncio.
- Alô?
Ouvia-se apenas a respiração do
outro lado da linha.
- Se é um desocupado, saiba que aqui
vivem pessoas muito trabalhadoras que tem mais o que fazer!
A ligação foi encerrada sem nenhuma
resposta.
- Que saco! Tenho que dizer para o
Charlie colocar uma bina ou algo assim. Não param de fazer trotes!
- Deixa isso pra lá, Bella. Vamos
logo.
Bella estava nervosa, sua mão tremia
ao tocar a campainha. Foram recepcionados pela própria Carmen, linda e vestida
elegantemente. Por um instante Bella pensou que aquela mulher era a mãe
perfeita. Tinha classe, educação e um futuro para dar a Arthur.
- Meninos! Que surpresa vê-los.
- Olá tia Carmem. Como a senhora
vai?
- Bem meu querido. Mas e Esme? Não
veio?
- Não. Na verdade mamãe nem sabe que
eu e Bella estamos aqui. Precisamos de uma ajudinha sua.
- Diga.
- Nós temos de fazer um trabalho
sobre adoção e achamos que a senhora poderia ajudar.
- É claro, meu pequeno milagre é um
motivo imenso de orgulho.
- E onde ele está agora? – Bella
queria vê-lo o quanto antes.
- Dormindo. É um menino muito
tranquilo. Daqui uma hora, mais ou menos, vai acordar e choramingar por uma
mamadeira, mas logo depois já estará feliz brincando pela sala...bom...e depois
disso nós não teremos mais paz para conversar.
- Não tem problema. – Edward disse.
– Você podia começar nos dizendo se foi muito difícil adotá-lo.
- Nãoooo nem um pouco. Eu já queria
há algum tempo e tinha passado por todas as fases de testes, mas nunca fomos ao
abrigo para escolher nosso bebê. Aí um dia Peter ficou sabendo de Arthur. O
pobrezinho havia sido abandonado pela mãe em um abrigo, era tão novinho,
praticamente um recém nascido. Até hoje me pergunto o que fez a mãe
abandoná-lo.
- Sabe algo sobre ela? – Edward
questionou.
- Não, nada. Apenas imagino que deva
ser muito fria e sem coração para abandonar seu bebê em um abrigo.
- Nem a conhece, não sabe o que
passou! Como pode julgá-la assim!? – Bella ergueu o tom de voz.
- Bella, amor, tia Carmem está apenas
supondo isso. – Edward disfarçou.
- Claro Bella. Eu não a julgarei. Só
ela sabe o que estava passando e o que levou-a abandonar o filho. – Por um
momento ela se calou. – Isso não importa mais. Agora Arthur é meu filho e nada
irá nos separar. Ele jamais sentirá falta dessa mãe que não o quis.
Cada palavra dita por Carmen
machucava Bella. Não podia negar o amor dela pelo filho. Porque ambas tinham
que sofrer assim? Ela não era má, não
era uma ladra de crianças. Cada vez mais desconfiava de Peter. Fora ele que
sequestrara o menino. Mas, se queria apenas dar a esposa o bebê que ela tanto
desejava, porque não adotou uma criança que realmente estivesse sem família e
sem proteção?
Um
leve choramingo interrompeu a conversa.
- Deixe-me acalmar meu menino.
Sempre acorda mal humorado, mas logo estará animadíssimo. Esperem um minuto,
por favor.
Quando ela saiu da sala Edward
procurou alertar Bella de que não poderiam despertar suspeitas agora. Era
necessário manter as aparências.
- Vejam como esse moço é preguiçoso.
Carmen tinha Arthur no colo. Ele
estava agarrado a uma mamadeira de achocolatado e esfregava os olhos.
- Tinham mais alguma pergunta?
- Sim, sim. Nós gostaríamos de saber
como a senhora acha que vai lidar com isso no futuro. O dirá para ele?
- Eu não sei ao certo. Não pretendo
mentir, mas não sei se devo contar toda a verdade.
A ansiedade de Bella venceu a
paciência. Acabou interrompendo Carmen.
- Será que eu posso pegá-lo?
Carmen estranhou, mas permitiu.
- Não sei se ele vai aceitar, não é
muito simpático com estranhos. – Ela respondeu.
Por muito pouco Bella não respondeu
que não era uma estranha, que era a mãe dele e que não precisava pedir
permissão para abraçar seu menino. Se conteve.
- Venha meu lindo. – Estendeu os
braços e após um instante de inquietação Arthur veio sorridente para o seu
colo. – Como você é lindo, Arthur. Eu queria tanto te abraçar.
Edward sentiu muitas coisas. Medo de
que Carmen pudesse perceber algo, amor por Bella e por aquele menino tão amado
que seria disputado e um pouco de ciúme daquele homem que foi capaz de lhe dar
aquele filho. Procurou distrair Carmen com mais um monte de perguntas enquanto
Bella curtia seu filho.
- Bella, acho que é melhor irmos. Já
consegui tudo o que precisávamos.
- Mas já?
- Já.
Ainda em choque por ter seu bebê nos
braços mesmo que por pouco tempo Bella saiu sorridente. No carro, em silêncio,
ela lembrava do perfume dos cabelos de Arthur, da maciez de sua pele, o formato
dos olhos, o sorriso.
- Está com sorriso de mãe boboca!
- E tem como não estar? Você viu
como ele é lindo? E como aceitou meu colo. Ele é meu! MEU!!!
- Sim, Bella, eu vi. Mas você tem
que se controlar. Não pode dar bandeira.
Depois de mais alguns beijos dentro
do carro Bella entrou. Tomou banho e deitou-se para ler alguns minutos. Não
pode. Preferiu sonhar acordada com seu menino.
Ainda com sorriso no rosto estendeu
o braço para atender o telefone que tocava insistentemente. O sorriso morreu ao
ouvir a voz do outro lado da linha.
- Que filha desnaturada que nem
procura mais a mamãe.
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