Antes que Rachel tivesse a chance de
chamar Verônica para a briga novamente ou iniciar uma discussão com Neal, Peter
chamou os dois de volta ao FBI. Estava disposto a entender a ajudar seus
amigos. Mas aquilo estava saindo do limite. Neal e suas mentiras, Rachel e seus
escândalos. Juntos eles comprometeram uma operação importante do FBI. O
encontro de Rachel na praça com representantes da quadrilha que vendia crianças
não ocorreu e ele, como chefe da divisão de colarinho branco, responderia pelo
erro.
- O que vocês têm a me dizer sobre
isso? – Perguntou aos dois.
- Desculpe, Peter. Eu perdi a
cabeça. – Rachel se desculpou. – Vou tentar remediar as coisas. Não se
preocupe.
- Eu também me desculpo. – Neal
disse. – Agora se você puder nos deixar a sós. Preciso conversar com Rachel.
- Eu não tenho nada para falar com
você! – Ela disse e saiu sem dar a eles nenhuma oportunidade de convencê-la do
contrário.
Peter e Neal ficaram ali,
encarando-se da mesma forma que há anos atrás. Sabiam que uma mentira pairava
entre eles. E esperavam para ver quem seria o primeiro a falar. Dessa vez Peter
não estava disposto a aceitar as mentiras de Neal Caffrey.
- O que aquela mulher fez para
atraí-lo até a praça, Neal?
- Ela é mulher. Não basta?
- Bastaria. Há alguns anos atrás.
Hoje não. Você não é mais o garoto que não aguentava ver uma bela mulher.
Neal não tinha alternativa. Estava
com John em seu encalço e, de sua atitude, dependeria ele acreditar ou não no
fim do relacionamento com Rachel. Se não acreditasse, voltaria seu ódio
novamente para Rachel ou sumiria no mundo juntando forças para mais uma vez
caçar o diamante que Rachel agora guardava em algum lugar de sua casa. Resolveu
então abrir o jogo. Mas não ali.
- Vamos conversar eu, você e Mozz,
hoje a noite no apartamento de June. Mas Elizabeth não pode saber de nada. Ela
contaria para Rachel. E se Rachel souber todo meu esforço se esvai.
Verônica chegou ao esconderijo onde
John vivia após dar muitas voltas para despistar o FBI, caso tivessem resolvido
lhe seguir. Treinamento para isso não lhe faltou nos anos de convivência com
John Turner. Seu pai era um especialista em prender e em escapar da prisão.
Sabia cometer crimes de inteligência e também matar. Assim como Rachel, a
mulher que também o chamava de pai, mas que jamais consideraria sua irmã.
- Porque você está nesse estado,
garota? Caffrey fez isso? – John havia estranho a demora da filha. No momento
ela era sua única aliada e se algo lhe acontecesse seria um grande risco. Mesmo
longe de ter a mesma competência de Rachel, Verônica lhe era útil. Ela também
estava alguns degraus abaixo no quesito inteligência e não era difícil
manobrá-la.
- Neal, não. Foi
ela. Sua filhinha ruiva. Ela nos viu juntos e veio me agredir. Gritou com ele,
me bateu. Até que os amiguinhos do FBI chegaram para segurá-la. Eles não estão
mais juntos, eu garanto.
- Não seguiram
você?
- É claro que não.
Eu não sou burra.
- Assim espero. –
John afirmou.
Essa incerteza
mexeu com os planos de John. Aquela separação ainda não o tinha convencido.
Pensou que Caffrey tentava enganá-lo, aliado a Rachel. Se ela foi capaz de
agredir Verônica por vê-los juntos, Neal Caffrey e realmente havia posto fim ao
enlace, abandonado-a, poderia tê-lo como aliado. Por outro lado, se havia ciúme,
o relacionamento ainda poderia ser reatado. Era hora de pensar seriamente em ter Neal como aliado. E,
quem sabe, usar Rachel.
- Agora sim, você realmente
me interessa Neal.
- E também a mim,
papai. – Verônica disse.
- Eu não contaria
com isso, querida. – Neal não era tão tolo assim. – Amanhã nós tomaremos uma
atitude. Vá descansar, querida. Seu dia foi longo.
Descanso não estava
nos planos de Neal. Em seu antigo apartamento ele reuniu-se com Peter e Mozz.
Falou muito enquanto eles, parecendo antigos aliados, apenas ouviram. Contou da
sua aproximação com John, o envolvimento com Verônica, a briga com Rachel, a
separação e a distância dos filhos.
- Então toda aquela
reclamação dela estar se colocando em perigo não passava de uma mentira? – Mozz
estava magoado por ter sido enganado. – Neal! Como pode!
- Não foi bem
assim, eu estava chateado com ela. Rachel...Rachel passa do limite. Ela não
observa o risco. E eu realmente sinto medo por ela. Pela nossa família. – Neal explicou.
- E como nos enganar,
se separar da Rachel e sair com Verônica iriam ajudar sua família? – Peter estava
possesso.
- Eu precisava
encontrar um meio de acabar com John. Só preso...ou morto ele nos deixará em paz. Então Verônica
se aproximou de mim e me levou até John.
- Você esteve com
ele?!?! – Uma coisa não encaixava naquilo. – E a sua tornozeleira?
-
Peter...desculpa...mas você sabe que pra mim isso não é obstáculo.
Neal havia
simplesmente acessado o sistema do FBI e mexido nos registros. Era simples também
desligar a tornozeleira. Para os outros, até poderia ser difícil, mas não para
ele.
- Depois nós vamos
conversar a respeito disso. – Ele tinha assuntos mais importantes. – Se conseguiu
se encontrar com ele, porque não nos avisou o local para prendê-lo.
- Porque não sei
onde ele está. E nós dois sabemos que para John desaparecer novamente basta que
ele desconfie que estamos perto. Ele acha que eu tenho pistas que podem ler ao
diamante, mas não sabe que ele já está com Rachel. É isso que a mantém em segurança. Verônica
é minha ligação com John. Preciso que ele confie em mim. E se isso acontecer,
levarei o FBI até ele, acabo com ele e refaço meu casamento.
Isso, se Rachel
ainda o quiser, foi o que Peter pensou. Agora entendia as atitudes do amigo. Mas
achava muito arriscada a sua postura. John já tinha dado provas de ser muito
mais que um bandido. Ele beirava à loucura. Passou a vida obcecado por um roubo
e usou Rachel, Verônica e talvez outros mais para cometer crimes em seu lugar. Tudo
no intuito de encontrar o diamante. Peter e Mozz ali firmaram um pacto. Se tudo
o que Neal fez foi arriscado, agora não podiam voltar atrás.
- Estou dentro. –
Decretou Mozz para então se levantar. – Mas agora preciso ir.
- Aonde você vai? –
Neal não espera isso do amigo.
- Vou encontrar Olívia.
Estou atrasado.
- Olívia? A
assistente social?
- Essa mesma!
Porque a surpresa, Neal? Você não é o único que pode se encontrar com uma bela
loura pelas praças da cidade. Agora com licença. Qualquer evolução com sua Verônica
Saldanha me avise.
- Eu também estou
dentro do plano. – Peter confirmou. – Amanhã Verônica irá procurá-lo você
descobrirá onde ele está. Vai nos acionar. E vamos enfim fechar as algemas em John Turner. Resta
saber como Rachel reagirá a tudo isso. Ela está muito revoltada.
Revoltada estava
muito longe de descrever fielmente o estado de espírito de Rachel. Seu sangue
fervia ao lembrar de Neal com a loura. Arrependia-se de ter batido nela. Ele
deveria ter sido seu alvo. Levou apenas uma bofetada quando deveria, no mínimo,
tê-lo deixado com algumas gotas de sangue a menos e dentes faltando na boca.
- Quem sabe assim
ficaria menos bonito e essas vadias sairiam de perto. – Disse ela, mas, no
fundo, sabia que nem assim seu marido seria menos maravilhoso.
O ódio lhe fez
tomar uma decisão definitiva. Há dias David
Williams, o pai a quem ainda não tinha se acostumado de chamar por ‘pai’ lhe
informou que tentava suavizar sua pena e,usando de todo o peso de seu nome,
tinha esperança de conseguir um indulto inglês e americano. Junto disso ele lhe
fez um convite.
-Passe
alguns dias em Londres com a sua família. – Convidou-a.
Naquele
dia ela não respondeu nem sim nem não. Tinha esperança de acertar as coisas com
Neal e ter sua família de volta. Mas, agora, já não pensava assim. Chamou David
para um jantar e avisou que havia mudado de ideia. Iria com ele para Londres levando
George e Helen, além de muita magoa contra Neal. Avisou que adoraria passar
alguns dias com seus filhos, mãe, pai, irmã e, também, por que não, Nohan. Esse
adendo familiar não passou despercebido de David.
- Não é segredo de
ninguém, minha amada filha, que Nohan é um jovem muito importante pra mim. É um
amigo particular, de minha total confiança. Eu adoraria tê-lo junto de uma de
minhas filhas.
- Acho que eu já
estou muito velha para termos esse tipo de conversa, David.
- Pode ser. Pode
ser. Vamos todos sim para Londres. Eu incluirei Nohan na viagem para agradá-la.
– Estava disposto a muito mais por ela. – Mas lhe peço para não brincar com os
sentimentos de Nohan. Ele tem especial....simpatia por você.
- Não pretendo
brincar com ninguém. Quando vamos?
- Nos próximos
dias. Sua mãe e Chiara já estão de volta a Inglaterra. Vou conferir com Melissa
sua disponibilidade. Estou muito feliz com a possibilidade de enfim ter minha
família reunida. – Uma dúvida surgiu na mente de David. – Está guardando bem
seu diamante?
- Sim. Dei-lhe o
local mais seguro de todos: o FBI. Qual ladrão ousaria invadi-lo?
- Tão ousado assim,
eu só conheço o seu marido. – E esse não tinha interesse algum naquela pedra. –
Eu tenho de ir, minha filha. Continuará naquela casa?
- Por enquanto sim,
mas vou procurar outra. Não quero viver ali sem Neal.
- Eu entendo. Se
precisar de algo, conte com seu pai. Sempre. – Novamente David despediu-se da
filha sem um beijo. Ainda tinham muito caminho até alcançar aquele ponto do
relacionamento.
Na manhã seguinte
John Turner acordou decidido e deu ordens claras à Verônica. Era hora dela
provar ser mais forte e mais inteligente que Rachel. E atiçar a inveja da loura
era sua melhor arma. Sempre soube e colaborou para que Verônica se inspirasse em Rachel. Vencer a
outra foi seu objetivo sempre. Foi para isso que ela treinou e estudou a maior
parte da vida. Não para ser a melhor. Para ser melhor que Rachel.
- É sua chance, Verônica.
Está disposta? – John instigou-a.
- Sim, papai. Eu
vou pegá-la. – Verônica garantiu.
No meio da tarde
John colocou seu plano em
ação. Verônica ligou para Neal e marcou um novo encontro. Não
deu detalhes. Disse apenas que Neal deveria encontrá-lo em um determinado ponto
de New York às 18hs.
- Por quê? Eu estou
cansando dessa brincadeirinha.
- Calma, Neal. Tudo
ao seu tempo. – Verônica repetiu.
Dessa vez Neal não
manteve segredo. Avisou Peter do que faria, mas exigiu que ele não invadisse o
local, caso conseguisse ser levado até lá novamente, sem que fosse segura a
prisão. Iriam conseguir. Ele então aproveitou para buscar por notícias de sua
amada.
- Onde está Rachel?
Eu não a vi hoje.
- Não veio. David
enviou um aviso que ela estava liberada dos casos entre hoje e amanhã. Parece
que está tentando flexibilizar a pena. Muito em breve Rachel viajará
com ele, Neal. Você tem de aceitar.
- Não vou aceitar
nada! Ela é minha mulher. Esse homem está é tentando jogá-la para cima daquele
embaixador. E eu não vou permitir.
- Então trate de
encerrar tudo isso e conseguir contar a verdade. Porque logo você não terá mais
essa chance. – Peter disse e encerrou o assunto. Os problemas conjugais de Neal
eram a última das suas preocupações.
Assim que Neal se
retirou Peter avisou Diana que ela e Henrique deveriam se colocar na cola de
Neal. Ele e Verônica não deveriam conseguir despistá-los, mas não poderiam
perceber que havia alguém seguindo seus passos.
A dupla de policiais
viu os dois criminosos beberem em um bar. O sinal da tornozeleira de Caffrey
estava forte. Neal agia tranquilamente, mas os anos de amizade e convivência
ensinaram Diana a perceber seu nervosismo. Neal estava mudado, nervoso e
ansioso para por fim naquilo tudo.
- Sua mulher é
perigosa, Neal. E tem a mão pesada.
- Sim, eu sei. Mas
ela é passado. Nós podemos ter um futuro. – Seduzi-la podia ser um caminho.
- Talvez, talvez,
bonitão. Acho que serei boazinha com você.
- Vai é? Como?
- Vou te levar até
John. Ele autorizou. Desligue a tornozeleira. Nós dois sabemos que você pode
faze isso sem chamar a atenção das autoridades. Vamos, Neal. Se quer encontrar
John, essa é a hora.
Neal podia realmente
desativar a tornozeleira e deixá-la ali sem maiores dificuldades. Porém,
chegara a hora de contar com a ajuda de Peter, não de enganá-lo. Ele desativou
o rastreador, mas antes deixou-a dar um único alerta. O aviso que Diana
necessitava.
- Chefe! É agora. –
A agente prontamente avisou Peter.
- Acompanhe-os à
distância. Vou avisar Rachel. – Peter comemorou em sua sala. Rapidamente ele
mandou uma mensagem para Ell informando que não conseguiria voltar cedo para
casa. E logo depois pegou o telefone para tentar localizar Rachel.
Não iria conseguir.
Naquele momento Rachel chegava para pegar seu carro, sozinha. Não fora apenas
Neal a receber uma ligação especial naquele dia. Ela também marcara um
encontro. Com Nohan, para uma bebida qualquer. Nada demais. Para isso deixou
seus filhos na segurança dos braços de June e seguiu. Mas assim que entrou em
seu carro soube que aquela noite tomaria novos rumos.
John. Na sua frente. E naquele
momento ele já não lhe despertava nenhum sentimento paternal. Ela apenas se
assustou com sua presença. Não quis abraçá-lo. Não quis ajudá-lo. Também não
conseguiu se imaginar ferindo-o. Queria apenas ver-se livre dele e, se fosse
possível, voltar no tempo e jamais ter-se permitido amar aquele ser.
- O que você quer? – Foi tudo o que
conseguiu dizer.
- Acalme-se, querida. Nós vamos dar
um passeio. – John estava sério. Sem sorrisos falsos para Rachel. Não
conseguiria enganá-la. Então não tentava. – Entre no carro.
- Não mesmo.
- Sim, querida. Não nos crie
problemas desnecessários. – Ele lhe mostrou a arma que carregava e Rachel então
soube que ele não teria problema algum em fazer o disparo.
- Você atiraria em mim? Você me
criou, me ensinou a ser em quem sou. Seria capaz de me matar, John?
- Sim, Rachel. Pode apostar nisso. E
sabe por quê? É que eu seu do que você é capaz. Se não entrar nesse carro
comigo agora mesmo e dirigir calada, você nunca mais vai pôr os olhos em George
ou em Helen. Nem
mesmo Neal poderá ajudá-la dessa vez.
Neal e Rachel não sabiam, mas
estavam seguindo para a mesma direção. A diferença é que Neal entraria
caminhando pelas próprias pernas e ainda sem saber em quem podia confiar ou não.
Rachel recebeu uma coronhada na cabeça assim que estacionou o carro e apagou
sobre o volante. Não entendeu qual seu papel naquele jogo.
Quando acordou aquilo ficou bem
claro. John sabia que não conseguiria jogar com a filha adotiva. Então a usaria
como isca e faria Neal fazer exatamente o que ele desejasse. Verônica o buscou.
E Neal chegou aquele esconderijo sabendo que veria John. Só não esperava ver
Rachel amarrada e sob a mira do seu revólver.
- Neal! Que bom que chegou. Agora o
time está completo.
Neal ficou pálido. Não esperava por
aquilo. Sabia que o FBI estava em sua cola, mas agora a possibilidade deles
invadirem o lugar o assustava. Rachel não sairia dali viva caso John sentisse
que foi enganado.
- Porque isso, John? Eu estou aqui.
Sou seu aliado. – Neal gritou.
- Aliado? O que? – Rachel espantou-se.
– Não! Neal! Você me traiu!
- Cale a boca dela papai! – Verônica
gritou avançando sobre Rachel e arranhando-lhe o rosto numa vingança mesquinha.
– Veja quem manda agora.
- Fique quieta Verônica. – John ordenou.
– Quem manda aqui sou eu. E você, Neal, não passa de um garotinho ingênuo se
pensa que me enganou. Eu lhe dei uma chance. Você desperdiçou-a. Agora terei de
agir de outra forma.
- Que forma? Solte-a.
- Não mesmo. – John respondeu. É
simples. Você quer Rachel viva? Coloque o diamante na minha mão.
Neal e Rachel trocaram um olha sob a
mira de John Turner. Só Rachel sabia o local exato do diamante. E ela não
estava disposta a falar.
- Vá Neal. Vá buscar o meu diamante.
Se ao amanhecer ele não estiver na palma da minha mão, Rachel morre. Verônica
vai acompanhá-lo enquanto eu faço companhia a minha bela filha.
- Desgraçado!
- Seu tempo está correndo, Neal.
Aiii meu jesuuuuis cristim faz isso comigo não
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkk se tá nervosa é pq o cap foi bom e te deixou ansiosa kkkk
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