Elizabeth
dedicou-se à exaustão na análise dos arquivos encontrados no esconderijo da
quadrilha. Levaria muito tempo até catalogar tudo aquilo. Mas era um começo. O
dia seguiu com ela não tendo muito tempo para dedicar à própria vida. O que não
a impedia de pensar em Miguel em cada segundo do dia. Ela até pretendia ir
almoçar com ele, porém não conseguiu. Teve de cancelar após ser avisada de que
um corpo fora encontrado com dos tiros num apartamento do subúrbio. Havia
suspeita de se tratar de Caleb.
-
Meu almoço será bem indigesto. – Ela pensava ao sair para verificar o local do
assassinato.
Quando
chegou lá, não teve dúvidas. Era sim Caleb. E tratava-se de uma queima de
arquivo bem eficaz. Caleb levou para o inferno algumas informações importantes.
Ela e Miguel viam-se livres definitivamente de suas chantagens, porém, a
quadrilha se protegia. Havia alguém muito forte por trás daquilo tudo. Mas
quem?
-
Envie o corpo ao IML. Duvido muito que alguém vá requisitar. O mais provável é
que termine numa vala comum. – Disse enquanto colocava luvas e verificava o
apartamento. Viu garrafas de bebida e um pó sobre a mesa. Cocaína,
provavelmente. – Quero que agilizem a perícia. Se essa droga não foi consumida
por ele, quero descobrir quem esteve aqui.
O
corpo foi retirado e Elizabeth continuou no apartamento. Mas não encontrou
muita coisa. O lugar era, obviamente, apenas um esconderijo. Havia coisas
pessoais. Quatro celulares e um notebook seriam periciados. Mas não espera
descobrir muito. Enquanto mexia em suas coisas, Elizabeth tentava entender
porque Caleb fora morto. Havia ao menos três hipóteses claras.
-
Atentados frustrados contra mim. Preso numa chantagem pra lá de fajuta. E exposto
numa reportagem de capa no jornal. Quais outros erros irritaram seus colegas,
Caleb? – Ela queria muito descobrir isso. – Isso foi um ‘cala boca’.
-
Investigadora! Veja isso. – Ou policial lhe estendeu um jornal. A imagem de
Caleb estampada na capa.
-
Nosso assassino veio aqui bem informado. Apresse a perícia. Quero saber das
impressões digitais e o calibre da arma. Vocês podem ir. Farei eu mesma o
restante da varredura aqui. – Não era em vão. Tinha medo de algum policial encontrar as
fotos com as quais Caleb chantageava Miguel. Ela as tiraria da cena do crime.
Era errado, mas necessário.
-
Sim, senhora. – O jovem policial respondeu.
Naquele
momento, Miguel agradecia o fato de Liz ter cancelado o almoço. Caso tivesse
vindo à BTez, teria pego Alejandra em seu escritório. E não por sua vontade. Ao
entrar em sua sala após uma reunião, a secretária lhe informou que a ex entrou
sem ser autorizada e ainda gritou com a equipe.
-
Miguel, finalmente! Eu espero você já faz quase meia hora! Você não almoça mais
não? – Ela teve a ousadia de ainda reclamar ao vê-lo.
-
Quem te autorizou a entrar aqui, Alejandra? Nunca mais faça isso! Eu não
combinei nenhuma reunião com você.
-
Não mesmo, querido. Até porque somos íntimos demais para agendarmos reuniões.
-
Fomos, não somos mais. Qual é o seu problema!?!?! Estamos separados há anos!
-
Preciso lembrá-lo do que aconteceu no início dessa semana, Miguel? De todo o
prazer que tivemos juntos? Eu lembrei, Miguel, de como era bom quando éramos
felizes. De como é gostoso ter você dentro de mim.
-
Então trate de esquecer novamente. Porque na minha memória só há lembranças das
nossas brigas infernais. Eu não estou te reconhecendo, Alejandra! Você esteve
no meu casamento, droga! – Mas ele era obrigado a reconhecer ter errado muito
ao ir para cama com a ex. – Me desculpe pelo que eu possa ter dado a entender
naquela noite. Eu amo a minha mulher, Ale. E não há chance alguma de eu
deixá-la para reatar algo com você. Isso nunca passou pela minha cabeça.
-
Nem pela minha, Miguel. – Por dentro Alejandra ria da expressão confusa dele. –
Você é um péssimo marido. Não me leve a mal, mas essa é a verdade. Em
compensação, é um amante fabuloso. Sabe dar prazer para uma mulher, mas não
consegue respeitá-la como esposa.
-
O que você está sugerindo, Alejandra?
-
Eu já estive no lado ruim. Fui a esposa traída e humilhada. Sabia que você
tinha outras na rua e engolia o desaforo para não assumir publicamente a
vergonha. Até que a sua traição virou capa de revista. Eu me divorciei e fui me
esconder em Madri.
-
Você sempre amou a Espanha. Sua vida é lá, na sua clínica e com a sua família.
-
Não! Minha vida tornou-se o Brasil no dia em que me casei com você! Eu voltei
para lá por vergonha da humilhação que você me fez passar. E se pensa que uma
indenização milionária apagou a vergonha, está enganado!
-
Eu peço desculpas. Errei com você, Ale. Deveria ter pedido o divórcio assim que
nosso casamento se mostrou falido. Mas eu era muito jovem e achava que na rua,
com outras mulheres, resolvia o problema. Eu não tenho como voltar no tempo.
Hoje sou outro homem. Meu casamento com Elizabeth é completamente diferente.
-
Não, Miguel. Você é o mesmo. Procura na rua o que não tem em casa. E por isso terminou
aquela noite nos meus braços. Eu não quero você como marido...quero ser sua
amante. Um acordo bom para os dois. Você sabe que não é homem deu uma só mulher,
Miguel. Você precisa de mais.
Ele
não sabia se sentia pena, raiva ou desprezo por Alejandra. Ela sim estava se
humilhando terrivelmente. Nunca pensou se tratar de uma mulher tão carente. E
aquilo o fazia valorizar Elizabeth ainda mais.
-
Eu não pretendo ter amantes, Alejandra. E você estaria fora de cogitação, se
fosse esse o caso. Então saia do meu escritório antes que eu chame os
seguranças. E suma da minha vida!
Três
semanas de intenso trabalho policial se seguiram. Elizabeth encontrou e deletou
as fotos íntimas dela e de Miguel. Com isso, alterou provas do processo
criminal. Mas, levando em consideração que o bandido já estava morto, não fazia
sentido mantê-la. A perícia apresentou resultados imprecisos e isso a irritou
além do normal. Precisava de uma única pista que a levasse até os assassinos de
Caleb. Aquele fio a levaria até o líder da quadrilha.
Foram
dias de muito estresse. Só nos momentos com o marido e os amigos conseguia
relaxar. Nesse momento, viviam um raro
encontro triplo. Não era comum terem todos uma noite livre. Ainda mais agora
que Beatriz tornou-se uma jornalista conhecida do público e vinha sendo
requisitada pelo jornal em matérias bem mais importantes. Aquele encontro tinha
ainda uma outra razão. Elizabeth e Patrícia organizaram tudo para reaproximar
Bia de Will. Eles faziam um belo casal. E após uma grave discussão vinham
ensaiando uma reconciliação. Mas ela demorava a aparecer. Jantar, vinho,
risadas, carinhos e ao fim só os dois ficariam na mesa.
-
Bia fez um grande trabalho. Depois da reportagem e da morte de Caleb, ela
cobriu toda a investigação. O jornal apresentou matérias muito legais. –
Matheus elogiou.
-
Quando Liz destruir essa quadrilha farei uma grande matéria. Será manchete!
-
Isso ainda levará muito tempo, minha irmã. Infelizmente não consegui encontrar
o fio que leva até o líder. – Liz lamentou.
-
Ainda! – Miguel tentou animá-la. – Conhecendo sua competência, tenho certeza de
que conseguirá! E então Bia terá sua manchete!
Willian
observava calado e não conseguia entender toda aquela empolgação. Essa era a
profissão de Elizabeth. Prender bandidos deveria sim animá-la. Mas, por isso,
ela tinha treinamento policial, sabia atirar, usava colete à prova de balas nas
ações e, acima de tudo, era capaz de perceber o momento certo de parar. Primava
pela sua segurança. Bia não. Ela não tinha freio. E foi isso a por fim no
namoro deles. Mesmo que ainda a amasse acima de tudo. Queria vê-la em segurança. E se ela
não fosse achá-lo um homem das cavernas e rechaçar a ideia, a pediria em
casamento e diria para ser apenas dona de casa e mãe de Eva em tempo integral.
Mas sabia a resposta. Beatriz não abandonaria o jornalismo. Deixou isso bem
claro ao preferir a matéria ao namoro deles.
-
Bom, eu e Matt temos um encontro com o nosso cobertor. Então boa noite. – Paty
disse logo depois de recusar a sobremesa.
-
Acho que eu e Miguel também vamos aproveitar o momento. Tchau para todos. – Liz
disse levantando-se e pegando a mão do marido.
-
Bom...se é assim... – Bia ficou constrangida com a situação.
-
Não Bia. – Will tocou-lhe a mão antes de pedir que ficasse. – Eu te levo
depois.
Levou
algum tempo para eles realmente conseguirem conversar sem desculpas. Estava
claro que ainda havia sentimentos entre os dois. Mas daí a abrir mão de seus
objetivos pessoais era muito para Beatriz. E ela via em Willian a necessidade
de uma vida tranquila. Ele queria uma esposa tradicional, um porto seguro de
amor e atenção sempre em casa quando ele chegasse do hospital. Ela respeitava
isso. Simplesmente não se enquadrava no papel.
-
Quero você Will, mas também quero meu trabalho. Perigoso ou não. Ele me mantém
viva.
-
Eu e Eva não bastamos para te manter viva? Os filhos que nós possamos ter?
-
Descalça e grávida na cozinha? Não. Esse não é o meu sonho, Will. Preciso da
minha profissão. Como você precisa da sua.
-
Eu abandonei o meu trabalho na Espanha para vir pro Brasil. Por você! – Não era
uma acusação, mas podia soar como.
-
E veio trabalhar em outro hospital aqui. Não abandonou a medicina.
-
Você não irá nem mesmo pensar...
-
Não tenho porque pensar em algo para o que já sei a resposta. Eu não quero te
perder Will, mas não irei abandonar meu sonho. Consigo ser jornalista e ser
mãe. Também posso ser namorada nem desistir do resto. Se você me quiser.
Ele
quis. Não teve alternativa. Isso lhe garantiu muita preocupação no futuro, mas,
em compensação, a teve de volta em seus braços. Isso acalmou seu coração.
Sentiu muita falta dela. Beatriz sabia como fazê-lo feliz. Seguiram para o
apartamento dela e, após, pagar a babá e verificar que Eva dormia o sono dos
anjos, seguiram para o quarto. Mereciam aquele momento de prazer.
Foram
beijos de posse. Ela nunca tinha sentido Will tão possessivo. Ele mostrava sua
paixão como nunca antes. E deixava seu corpo marcado. Além de muito saciado.
-
Eu não quero que você nunca mais brigue comigo por ciúme. – Ela lhe disse
quando eles vestiam algo para dormir abraçados.
-
Não é ciúme. Não sinto ciúme por você porque sei do seu amor.
-
É ciúme sim. Confesse! – Ela ria e salpicava beijinhos em seu rosto. – Ciúme da
minha profissão. Do meu tempo.
-
Não. Nada disso. – Willian tentava explicar o seu ponto de vista. – Eu só tenho
medo pela sua segurança. Apenas isso.
-
Eu estou segura! Não se preocupe comigo. Nada irá me acontecer. Eu prometo. –
Com um beijo ela selou aquela promessa. No fundo, no entanto, sabia que não
tinha poder para lhe garantir aquilo.
Beatriz,
Elizabeth e Patrícia eram mulheres muito diferentes. Mas com uma qualidade em comum. Eram fortes.
Arcavam com as responsabilidades de suas atitudes sem reclamar ou revoltar-se.
De formas muito distintas, a vida de cada uma delas havia cruzado com aqueles
criminosos.
Agora
elas sentiam-se seguras em suas vidas, ao lado dos parceiros. Mas não estavam.
Não faziam ideias do risco que corriam. Desde que a matéria de Bia foi
publicada, ela vinha sendo seguida. E não foi difícil para eles identificar as
ligações entre as três mulheres. Naquele momento Pedro Ferraz analisava as
informações de sua equipe. E não poderia estar mais feliz. Tinha novidades surpreendentes
para passar à chefe.
-
Eu recebi seu e-mail. – Ela disse assim que atendeu. – Tem certeza?
-
Sim. As três são um risco. A jornalista é irmã de Elizabeth. Por isso teve fácil
acesso as informações da investigação. E Patrícia foi nossa agenciada na Grécia.
-
Eu vi as fotos das três, mas a loirinha não me disse nada. Nada mesmo.
-
Ficou pouco tempo. Nikolay a comprou pouco tempo depois que a colocamos pra
trabalhou. Ficou louco com a carinha de anjo e colocou para ser sua exclusiva. Nunca
mais soubemos dela. É amiga das outras duas e vive com o namorado.
-
Me pergunto se ela é ou não um risco que valha matá-la.
- E
podemos acabar com todas. Juntinhas. É só você me dar aval e eu acerto as três
num golpe só. Pode ser uma explosão quando estiverem reunidas. Um acidente de
carro. As alternativas são várias. Faço parecer uma triste tragédia.
-
Gostei do plano. Mas vou pensar. Não quero mais erros como os de Caleb. Eu me
enganei com Elizabeth. A subestimei. Deveria ter matado no início, quando não
jogaria os holofotes sobre nós.
-
Antes tarde do que nunca. – Pedro queria matá-las. Teria prazer nisso. Ela estava dividida entre
a vontade de matar e o medo de se expor.
– Nem
sempre a morte é o melhor. Ter a todas ou apenas uma delas em nossas mãos
poderia ser muito interessante. Assuste-as. Mande ameaças. Vamos impedir que se
aproximem. Aguarde minha próxima ordem.
No
dia que se seguiu, cada uma delas recebeu um pacote. Um presente nada desejado.
E que fez um tremor tomar conta de seu corpo. Uma não sabia da outra. Estavam
completamente no escuro.
Beatriz
recebeu uma única rosa na redação do jornal. O pequeno cartão dizia ‘O peixe
morre pela boca. Cale-se. Ou você pode ter o mesmo destino’. Não era a primeira
jornalista a ser ameaçada. E ela preferiu ignorar. Não se curvaria a nenhuma
ameaça. Ao contrário. Naquela noite mesmo voltaria a rua para encontrar o
substituto de Caleb. Aquele homem com quem conversou poderia levá-la até o
ponto mais alto do grupo. Ela não iria parar. Também não falaria nada sobre a
ameaça. Seria preocupar os outros em vão.
Patrícia
recebeu uma ligação em seu celular. Numa voz grave e sem sotaque ouviu ‘A vida
dá voltas. E pode trazê-la para nós novamente. Fique de boca fechada’. Ela
entrou em desespero. Não
sabia o que fazer. Era impossível terem informações suas. Ela se abriu com Matt
e ele pensava da mesma forma.
-
Não se preocupe. Você é uma testemunha protegida da justiça. – Mas qualquer possibilidade
dela estar em risco deixava-o nervoso. – Eu vou falar com Elizabeth.
Naquele
momento a própria Elizabeth recebia uma encomenda. Uma pequena caixa na qual
havia um bilhete. ‘Você tanto tenta que conseguirá nos alcançar. Mas não sairá
viva disso e acabará levando seu marido junto ao túmulo’.
-
Miguel! Droga! – Ela podia não se importar com ameaças contra si. Mas não
Miguel.
Sem
muito pensar, Elizabeth não avisou ninguém na Polícia sobre a ameaça. E seguiu
em direção à BTez. Só ficaria tranquila após conversar com Miguel a respeito do
que acontecia e garantir que ele tivesse cuidado. Ele era um alvo natural
apenas por ser rico e ter uma vida social muito exposta. Casado com ela,
tornou-se ainda mais um risco.
Elizabeth
entrou na empresa preocupada, até mesmo estressada. Mas nada se comparado ao
seu estado de espírito quando deixou a BTez. A secretária não se opôs a sua
entrada na sala. Mas havia algo de errado em sua face. Só quando entrou e viu
Alejandra praticamente no colo de Miguel e dependurada em seu pescoço é que
entendeu por que. Claramente Miguel tentava se desvencilhar dela. Mas isso
estava longe de amenizar o problema. Bastava daquilo! Ela sequer entendia
porque há semanas aquela mulher continuava morando em São Paulo. Logo Miguel
estava olhando espantado para a porta. Apavorado com o que via. E Alejandra
estava interessada em piorar a situação.
- Não
é o que você está pensando, Liz. Acalme-se! – Ele empurrou Alejandra. – E você,
me largue! Quantas vezes vou dizer que não deve vir aqui nem se aproximar de
mim.
-
Agora fará o santo para enganar a esposinha? Oraaaa Miguel, Elizabeth não é
assim tão frágil.
-
Rua, Alejandra! Vá embora! Suma da minha vida!
-
Até parece que você não gostou naquela noite. – A espanhola respondeu sabendo o
estrago que aquela informação faria no casamento do ex.
-
Você não cansa de se humilhar, Alejandra? – Liz disse pegando o telefone de
Miguel de sobre a mesa. – Linda, loura e rica. E, ainda assim, se humilhando
por um ex marido que não te quer mais. É ridículo. – Ela discou o número um e
falou com a secretária de Miguel. – Por favor, chame a segurança aqui. Agora.
-
Quem você pensa que é para mandar em alguém dessa empresa?!!? Manda na sua delegacia
e só! – Alejandra provocou.
-
Ela é a minha esposa e isso torna a BTez parte do patrimônio de Elizabeth. Ela
manda aqui sim. – Miguel já tinha escolhido seu lado e ficou feliz por
Elizabeth ter se imposto como autoridade ali também. Mas sofria antecipando o
próximo e fatal gole de Alejandra.
- É,
ela é sua atual mulher. Mas quando ela te abandonou, foi na minha cama que você
procurou calor. Nos meus braços. E sempre será assim. Sempre vai ser bom entre
a gente. Vai ser gostoso. Porque eu combino com você. Não uma policialzinha que
não tem ideia do que é ser a esposa de um homem como você, Miguel.
-
Cala a boca! – Miguel entrou no exato momento em que os seguranças chegaram. –
Levem essa mulher daqui! Ela está proibida de entrar nessa empresa.
- Mas
a porta do meu quarto estará sempre aberta, Miguel. E você vai me procurar
novamente. Lembre-se disso!
Elizabeth
esperou os dois ficarem sozinhos. A verdade estava na cara de Miguel. Não tinha
como negar. Mesmo assim, queria ouvir. Precisava ouvir da voz dele. Miguel
teria de reconhecer que traiu os votos do casamento para ela conseguir
acreditar que, apensar de todo aquele amor visto em seus olhos, ele tinha
transado com Alejandra.
- É
verdade?
-
Liz...não é assim. Eu não sinto nada por Alejandra.
-
Vocês transaram? Sim ou não! Diga!
-
Não é tão simples.
-
Diga! – Ela precisava ouvir.
-
Sim.
-
Como pode fazer isso comigo? – Ela estava destroçada. Demorou tanto para
confiar em alguém e, quando finalmente pôde, ele provou não merecer a
confiança.
-
Eu estava mal com a nossa briga. Bebi muito. Ela apareceu e..eu...
-
Uma briga, Miguel. Bastou uma briga e você foi pra cama de outra.
-
Liz...por favor, me perdoa. Eu te amo!
-
Não seja ridículo! Se isso é amor para você então eu nunca deveria ter
confiado. – Ela saiu em direção a porta.
-
Liz! Não, por favor!
-
Acabou, Miguel. Eu vou pegar as minhas coisas agora mesmo na sua casa. Já posso
imaginar a felicidade da sua mãe. Eu não quero te olhar nunca mais. Adeus!
Miguel
teve vergonha até mesmo de tentar convencê-la. Não merecia Liz. Ela tinha razão
em não desejar mais o casamento. E ele não conseguia imaginar a vida sem ela
daqui para frente.
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