Fui em uma clínica no centro da
cidade rezando para ser o mais discreta possível. Não fui lá por vontade,
apenas porque meu estômago não me deu alternativas. Nos últimos meses
frequentei tantos hospitais que desejava férias desses ambientes. Foram tantos
acidentes, além do trabalhoso tratamento hormonal que me daria mais chances de
gerar o bebê tão desejado por Edward. Tudo jogado fora! Meus hormônios estavam
ótimos, estavam em suas melhores condições para eu obter fecundação, mas a
inseminação artificial não foi feita.
- Isabella Swan, por favor, pode
entrar. O médico a aguarda.
Fui sem nenhuma vontade e contei
tudo o que se passou comigo nos últimos meses. Ou a parte que podia contar. No
final ele mandou eu fazer uma bateria de exames e eu fiquei perambulando pelo
centro até a hora de buscar os resultados. Nada poderia ser mais surpreendente.
- Senhorita Swan, você não está
doente, está grávida.
- Isso não é verdade, não pode ser
verdade! – Por mais que eu desejasse que fosse.
- Como pode ter certeza? Você fez um
forte tratamento hormonal e manteve relações sexuais frequentes sem
preservativos. Está grávida, não há dúvidas.
- Mas eu tenho endometriose. Não
posso engravidar naturalmente.
- Não foi totalmente natural, afinal
tomou muitas medicações.
- Mesmo assim...- Eu não conseguia
acreditar.
- Isabella, acredite na bênção que
recebeu de Deus. A reprodução humana é uma das áreas mais ricas da medicina. Já
vi tantos milagres ocorrerem. Aproveite o seu.
- Sim, é claro. – Antes eu só
precisava decidir se estava feliz ou triste.
- E se cuide. – Ele pegou algo da
gaveta. – Aqui está o cartão de uma médica de minha total confiança. A doutora
Catherine poderá atendê-la.
- Obrigada!
Cheguei no apartamento onde vivia com Alice com uma
tontura. Isso nada tinha a ver com o bebê que meu ventre abrigava, ao menos não
fisicamente. Minha cabeça não aceitava o fato de que em poucos meses eu teria
um bebê nos braços. Teria? Como ficava meu acordo com Edward? Meu bebê foi
concebido em nosso casamento e, mesmo que nasça depois do divórcio estar
oficializado, teria Edward o direito de ficar com ele?
- Não vou entregar meu filho!
Essa foi a primeira decisão que tomei. Por outro
lado, não podia negar a Edward a notícia de saber que vai ser pai. Por mais
descontrolado que meu marido tenha ficado, por mais loucuras que tenha feito,
estaria cometendo o grande pecado de minha vida esconder isso dele. Sem falar
que estaria negando ao meu filho a chance de conhecer e ter contato com um pai
maravilhoso. Não posso negar isso ao meu filho, mas também não posso
abandoná-lo.
Agarrada ao meu travesseiro, passei algumas horas
sozinha, pensando no que faria. Talvez o mais inteligente fosse fugir, sumir no
mundo e dar a luz longe de todos. Mas não, não faria isso. Alice entrou no meu
quarto e ficou me olhando sabendo que eu tinha algo para contar. Dela eu não
conseguia esconder nada.
- Estou grávida. Vou ter um bebê.
- Bella! Parabéns! – Disse minha amiga me abraçando.
– Porque está com essa carinha triste? Você não o quer?
- Não é isso. É que eu nunca realmente pensei em ser
mãe e esse filho é de Edward. Ele não abrirá mão dele.
- Tenho certeza que podem entrar em um acordo.
- Mas nossas vidas estarão atadas para sempre. – Eu
me perguntava se isso era ruim.
- Estarão não amiga, já estão. O que vai fazer?
- Por enquanto nada. E preciso que você não conte
nada para Jasper.
- Você não vai contar para Edward?
- Agora não. Preciso antes que saia o divórcio. Se
eu contar antes, tenho medo dele não assinar o divórcio.
- Eu não falarei nada amiga.
POR: Edward
- As semana têm passado lentamente.
Por mais que antes eu achasse que Bella apenas atrapalhava minha vida, agora eu
sentia como se minha vida fosse vazia. Eu vou para o trabalho, assino
documentos, participo de reuniões, cuido de centenas de empregos, mas tenho a
sensação de que nada faço de realmente importante.
- Você sabe que não é assim. Sabe
que tem responsabilidades. – Disse Aro, meu terapeuta.
- Responsabilidades não me faltam,
tenho de sobra. Me falta é um motivo para viver, eu joguei minha chance de ser
feliz fora.
- E antes de Bella, Edward, como
era? Com suas antigas namoradas?
- Passaram muitas mulheres por minha
vida. Peguei muitas em festas, em viagens, nunca durava muito.
- Mas você teve uma companheira
enquanto esteve afastado de sua esposa. – Ele insistiu.
- Sim Tânia, mas não era uma
companheira, era apenas sexo. E no fim, nem era tão bom. Tânia jamais conseguiu
me entorpecer como Bella e eu nem sei onde ela anda. No final ela percebeu como
eu nunca deixei de amar minha esposa e sentiu muito ciúme. Acabou armando para
nos separar e eu a coloquei para fora de minha vida.
- E você não acha que precisa deixar
outra mulher entrar em sua vida? Seguir em frente com Tânia ou com qualquer
outra.
- Não! – Isso não. – Não seria justo
com essa mulher. Eu estaria com ela pensando em Bella.
- Ok. Você chegou a avisar ela do
divórcio?
- Sim. E mandei todas as suas coisas
para o apartamento que dividi com uma amiga. Mandei também um e-mail
explicando, mas ela não respondeu.
- E o que você sentiu ao escrever
para ela?
- Morto. – Porque os terapeutas
pensam que a gente entende os próprios sentimentos? Se entendesse não
precisaria de um.
- Não pode pensar assim. Tem de
seguir com sua vida. – Ele insistiu. – Deu andamento no divórcio?
- Sim. Em três semanas a
documentação estará pronta e eu enviarei para ela assinada. Será o ponto final
e eu estou decidido a nunca mais atrapalhar a felicidade dela.
E assim eu fiz. Segui com minha
vida, mesmo sem nenhuma vontade de viver. Emment tentou me mostrar algumas de
suas amigas e eu neguei a todas. Um dia me chamou para jantar com ele e, para
minha surpresa, apareceu uma moça chamada Victória. Linda, ruiva, independente,
definitivamente fantástica. Pena que não era minha Bella. O
jantar foi agradável, talvez eu devesse dar uma oportunidade a Victória.
As três semanas passaram e os papéis
chegaram. Os peguei das mãos de meu amigo e advogado Emment. Assinei com
lágrimas me enchendo os olhos e os devolvi para Emment com a ordem de que
deveriam correr os tramites com a maior agilidade possível. Duas semanas depois
Emment me ligou para informar que estava feito.
- Você está oficialmente divorciado.
- Saiu o advogado e chegou o amigo. -
Que tal sair para comemorar sua solteirice?
- Não tenho motivos para isso Em,
mas obrigado. Bella já foi informada?
- Sim. E ela não aceitou nenhum
retorno financeiro. Nem a pensão ou o apartamento oferecidos por você.
- Ok. – Teimosa.
Pela primeira vez nesses dois meses
de afastado de minha agora ex-mulher, dormi bem. Estava em paz com minha
consciência. Depois de tanto tempo só
errando, havia finalmente feito algo certo na vida. Nos dias que se seguiram eu
até consegui alguma felicidade. Trabalhava com mais ânimo, saía com os amigos,
continue com as consultas com o terapeuta e saí em uma noite com Victória. Ela
foi uma companhia agradável, na hora de encerrar a noite trocamos um beijo
tranquilo e eu fui embora surpreso por ela não ter tentado me convencer a subir
para seu apartamento. Era realmente uma mulher fantástica. Pena que a conheci
na hora errada. Mas nada me deixou mais feliz do que atender do que atender o
telefone e ouvir de minha secretária:
- Senhor Cullen, sua esposa...
desculpe, sua ex-esposa está aqui e desejava lhe falar.
- O que? Bella está aqui? Aqui em
Boston? – Eu devo parecer um idiota.
- Aqui na recepção de sua sala. Devo
deixá-la entrar ou chamo os seguranças para retirá-la?
- Peça que entre, Sarah, por favor!
Alguns segundos
depois vi Bella entrar em minha sala e perdi a voz.
- Olá Edward, é bom rever você. –
Ela entrou usando um vestido longo, larguinho na cintura, com jaqueta e botas.
Estava linda, parecia ter um brilho diferente, a liberdade lhe fez bem.
- Fico feliz em vê-la. – Por mais
que desejasse, não me aproximei para tocá-la.
- Vim cumprir uma obrigação. Não
podia deixar de fazer isso. – Ela disse abrindo a bolsa.
- Bella se você veio aqui devolver
as joias que te encaminhei, não faça isso, são suas, foram presentes.
- Edward, não é desses presentes que
eu estou falando, você me deu uma coisa muito mais especial. – Bella tirou um
envelope da bolsa e me entregou. – Leia você mesmo.
Eu peguei o conteúdo do envelope e
li. No início não entendi nada. Até que focalizei o canto superior esquerdo
onde dizia:
CONCLUSÃO
PARA GRAVIDEZ: POSITIVO
Não disse nada, apenas abracei
Bella.
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