Christian saiu
relaxado do apartamento de Ana. Irritado com sua teimosia, mas, conhecendo sua
mulher há uns seis anos, estava cansado de saber que tudo com ela levava tempo.
-
Ela vai ceder, claro que vai. – Disse dirigindo nas ruas ainda tranquilas.
Sabia
que tinha muitas vantagens. Nunca deixaram de sentir desejo pelo outro, a cada
encontro saíam faíscas. Cada vez era ainda melhor. Além disso, Ana ama o garoto
e é natural que prefira ter o pai biológico por perto.
-
E Teddy gosta de mim. – Pensava já imaginando quanto tempo levaria para
convencer Ana a voltar a ser sua esposa. Podia até demorar, mas ela viria...com
Teddy, aí estava o problema. – Mas a casa é grande e o menino tão tranquilo.
Não pode ser tão ruim.
Entrou
sorrindo em casa e subiu rumo ao segundo pavimento pulando de dois em dois
degraus.
-
Senhor Grey! Já estava acordado? – Gail se surpreendeu.
-
Sim. E muito bem disposto! – Ele respondeu indo usar o computador. Já tinha um
plano arquitetado.
Anastásia precisava ser
reconquistada. Iria cortejá-la novamente.
De: Christian Grey
Para:
Anastásia Stell
Hora:
8h57min
Assunto: lembranças deliciosas
Ex e futura Sra. Grey
Tive com você uma noite maravilhosa.
Mais uma. E não pense que será a última ou que vou esperar pelo próximo
aniversário infantil para te agarrar novamente. Quero você novamente em minha
vida Ana. Você é minha!
Então facilite as coisas e mande
aquele meio homem para fora de sua vida. Ele pode até ser bom para crianças,
mas hoje você deixou bemmm claro que com ele, você não é uma mulher satisfeita.
É domingo, você não
trabalha. Venha pra cá...pode trazer Teddy. Vou encontrar algo que o distraia.
Garanto uma tarde bem agradável...MINHA fogosa Ana.
A resposta não
demorou a chegar.
De:
Anastásia Stell
Para:
Christian Grey
Hora:
9h32min
Assunto: lembranças deletadas
Faça uma limpeza nos seus arquivos,
senhor Grey.
O que se passou foi um erro, dos
grandes.
Por favor, esqueça. Eu não devia ter
feito o que fiz.
Eu e Theodore já temos
compromisso...com meu namorado. E ele não é MEIO homem coisa nenhuma!
Teddy e ele se dão
muito bem.
Ele já esperava por algo assim. Não
era de desistir fácil.
De:
Christian Grey
Para:
Anastásia Stell
Hora:
9h39min
Assunto: lembranças salvas em arquivo
seguro
Com sempre, dona de respostas rápidas
e espirituosas senhora GREY.
Eu faço backup de tudo que é muito importante para mim. Certas coisas eu não aceito perder.
Aceite que é a mim que você quer, não
o namorado que te deixa insatisfeita. Duvido que ele faça amor com você a
madrugada toda e te faça gritar em todas as vezes.
Aaaa e é grande sim,
mas não é um erro!
De:
Anastásia Stell
Para:
Christian Grey
Hora:
9h50min
Assunto: vá pro inferno!
Sexo não é tudo!
Agora me deixe seguir
com a minha vida.
De:
Christian Grey
Para:
Anastásia Stell
Hora:
9h56min
Assunto: vou te levar pro céu...
...todas as noites, manhãs e tardes
que você desejar.
Cuidado! Sexo não é tudo, é papo de
mulher insatisfeita. E hoje você teve todo o prazer que merece.
Sua vida é comigo Ana.
Me dá mais uma
chance?
-
Desgraçado! Desgraçado! Desgraçado! Desgraçado! E gostoso. – Ana repetia
olhando para a tela do computador.
O
que fazer se, por mais que desejasse negar, ele estava certo. Por mais raiva
que tivesse. Por mais mágoa. Por mais ódio. Nada nunca conseguiu ser maior que
o amor. Ainda amava Christian exatamente como no dia em que se casou. E depois
dessa noite, como seguir longe dele sem lembrar do cheiro, do toque, do
paladar?
Raff...havia
traído Raff. Ele não merecia isso. Como pode passar a noite dando para um homem
sabendo que outro viria buscá-la para passarem o domingo juntos? Um piquenique
no campo onde os meninos poderiam brincar. Mas como encarar Raff agora?
Talvez
seu erro tenha sido tentar seguir vivendo ali, trabalhando na empresa dele. Era
próximo demais. Mas no fundo não quis privar Teddy da chance de, aos poucos,
conquistar o coração do pai. E isso vinha acontecendo. No início Grey não
queria nem ver Theodore, depois, com a ajuda de Grace e Mia eles começaram a
conviver nos finais de semana. Hoje podia apostar que Grey sentia a falta do
filho. Mas ele não participava, não se responsabilizava...era como se estivessem
firmado um vínculo de amizade. Isso era bom. Só que Theodore não precisa de
amigo e sim de pai.
Agora
ele pedia por mais uma chance. O que iria fazer? Depois de tantos anos sozinha,
havia encontrado em Raff a chance de formar uma família. Ter alguém com quem
dividir as angústias e comemorar as alegrias. Logo depois que o divórcio saiu
oficialmente José tentou uma aproximação. Ela disse não afinal, além de não
amá-lo e estar em um momento muito tumultuado, tinha que pensar em seu bebê.
Ficar com um homem estando grávida de outro seria impossível. José seguiu ao
seu lado como um bom amigo. Agora tinha uma namorada firme e estava preparando
uma nova exposição fotográfica.
-
Quero a minha modelo favorita! – Tinha dito ele.
-
Nem pensar. – Havia respondido.
-
Vai Ana, por favor. Deixa eu fotografar você e o Teddy. – Ele continuava
insistente.
-
Vou pensar.
No
final ela havia concordado e teria de ir à exposição que teria imagens dela e
do filho. Era sempre bom nutrir aquela amizade.
A campainha lhe fez
deixar os pensamentos de lado. Deveriam ser
Raff e Gabby para o passeio, mas estavam adiantados. Nem estava pronta.
Mas ao abrir viu que era apenas um entregador carregando um imenso buquê de
flores brancas. Christian! No cartão uma mensagem sugestiva. “A paz pode ser
muito mais prazerosa que a guerra. Te peço apenas mais uma oportunidade”.
- Como se fosse
fácil!
Guardou o cartão em
local seguro. Afinal agora tinha um filho alfabetizado! Se ele lê aquilo....é
confusão na certa. Foi correndo se preparar para sair. Quando chegaram,
Gabby entrou correndo para brincar com
Teddy. Com um discreto beijo Raff entrou no apartamento e ficaram na sala. O clima estava estranho.
Porque ele não lhe dava um beijo apaixonado que a fizesse esquecer tudo o que fez
na noite passada?
- Você sumiu da festa
ontem. Nem se despediu de mim. – Ana disse para puxar algum assunto.
- É. O Gabby já tava
cansado e você tão ocupada que achei melhor assim. Além disso, seu ex não
gostou muito de nos ter por lá. – Ele respondeu.
Ana não sabia o que
responder. Já estava mentindo para ele.
- É, mas não o culpo.
É uma situação estranha.
- Claro. – De repente
ele viu as flores. – Lindas. Quem enviou?
- Um amigo...pelo
aniversário. – Disse uma desculpa qualquer.
- Alguém manda flores
para uma criança de quatro anos? – Era obvio que ele não tinha acreditado.
Droga! Mas o que
poderia falar? Que seu ex mandou flores? Contar tudo? Não! O jeito era mentir!
Foi salva pelas crianças que entraram correndo. Mas logo o clima pesou.
- Mamãe eu vou levar
a bola que o papai me deu. – Teddy falou.
- Que legal Teddy.
Seu pai te deu uma bola de aniversário? – Raff perguntou e a resposta de Teddy
foi justamente a que Ana mais temia.
- Sim. Ele veio
ontem, me deu a bola e contou uma história antes de eu dormir. – Disse o menino
empolgado.
O olhar de Raff
deixou claro que ele já tinha juntado as peças. Grey havia entrado na disputa
definitivamente. Inferno! Para piorar Teddy foi todo o caminho tagarelando de
como seu pai era legal, gostava dele, da história que lhe contou, que vão jogar
futebol juntos e etc.
Já no lindo parque
onde iam fazer o piquenique, as crianças foram brincar enquanto Raff
descarregava o carro e Ana estendia a toalha e comidas no chão de grama. Depois
ficaram ali, deitados, olhando-se. Raff pegou em sua mão.
- Ana, seja sincera,
o que está acontecendo?
- Nada.
- Grey mandou as
flores? – Raff insistiu.
- Sim.
- E por que você
mentiu pra mim? Não sou um menino, Ana, não gosto de ser enganado. Nossa
relação tem de ser franca.
- Eu sei Raff. – Como
explicar. – É que é complicado. Você é viúvo, não tem de conviver com a mãe de
Gabby. Desculllpe, eu não quis dizer que sua situação é mais simples, nem que
gostaria de ser viúva...é só que...não é fácil.
- Eu entendo. Mas
você tinha me dito que o Grey não participava da vida do filho e que vocês
nunca se viam. Agora ele visita sua casa e organiza festas para o menino?!
- É. Ele agora parece
estar querendo participar mais.
- Então terá de dar
um freio no seu ex. O comentário é que se trata de um homem estranho,
solitário. Não pensa em ninguém e por isso acumula tanto dinheiro. Tenho a
impressão que ele era até bruto, talvez violento, com você. Eu entendo que você
tenha sido infeliz com ele e resolveu viver sozinha. Mas agora tem a mim. Eu
vou te tratar com toda a delicadeza que você merece Ana. Não pode deixa-lo
entrar na sua vida novamente.
Nada disso era
verdade. Christian não é esse monstro que seu namorado descrevia. Afastar pai e
filho? Como se seu objetivo sempre foi que Teddy convivesse com o pai? Não
podia concordar com o que estava ouvindo.
- Não Raff! Christian
é um homem bom. Ele não se mostra para as pessoas, mas se preocupa com os
outros. Por isso é engajado a projetos sociais. Acumula dinheiro porque é muito
inteligente nos negócios e trabalha 24 horas por dia. E eu não era infeliz com
ele. Separamos-nos por que ele não queria ser pai.
- E que tipo de homem
não quer uma criança maravilhosa como Teddy? – Raff fez a pergunta mais
dolorosa que Ana poderia ouvir.
- Sim. Esse é o
problema que nos mantém afastados.
Somente quando Raff
afastou-se e soltou sua mão foi que percebeu que havia falado demais.
- Então ainda o ama e
só não estão juntos por causa de Teddy?! É por isso que ele resolveu se
aproximar do filho Ana! E você será uma cega se não perceber que não é do
menino que ele gosta. Só está conquistando Teddy para você voltar com ele. –
Raff aconselhou.
Seria verdade isso?
Sempre soube que Christian era um homem possessivo. A ideia de ver a ex esposa
se relacionando com outro homem em uma relação séria deve tê-lo incomodado. Mas
a ponto de fazê-lo fingir um envolvimento com Theodore para fazê-la largar o
namorado e voltar a viver com ele? Será. Era assunto para pensar com calma.
Certo é que não podia
acabar seu relacionamento com um homem bom como Raff sem lhe dar uma
oportunidade. Dessa vez não iria ouvir sua Deusa Interior, mas sim a voz da
razão. Precisava dar uma chance para Raff. Ele sim estava ao seu lado e merecia
a oportunidade de lhe fazer feliz.
- Me beija? – Pediu.
Ele atendeu seu
pedido sorrindo. O toque dos lábios foi doce, as mãos em sua cintura delicadas.
Precisava parar de compará-los. Eram homens diferentes. Grey tinha um apelo
sensual e sexual muito maior. Era aquele homem que exalava masculinidade, que
todas na rua olhavam. Era um dominador. Raff não. Era um homem de família, pai,
responsável. Lhe oferecia amor e carinho. Mas na cama era frio. E nem sonhava
em fazer nada fora da cama. Com ele sua vida familiar seria perfeita, mas a
sexual enfadonha. Ele não gostava de coisas diferentes, posições novas ou
brinquedinhos. Que será que vai achar se eu pedir para ele colocar em mim uma daquelas
bolas tailandesas? A ideia lhe fez sorrir.
- Por que está rindo?
– Ele perguntou.
- Nada...me beija
mais. Quero saber se você me quer Raff, se me deseja.
- Claro que quero. É
uma mulher linda, mãe fantástica, competente no trabalho. Você é perfeita. Que
homem não gostaria de ter você? – Ele respondeu da pior maneira possível.
- Eu quis dizer na
cama Raff. Quero saber se você me deseja. – Ela baixou o tom de voz e sussurrou
no ouvido dele. – Você me acha gostosa? Quer trepar comigo toda hora?
Ele a afastou.
-
Eu acho você linda e te desejo sim. Mas, por favor, cuidado com o vocabulário.
Parece uma qualquer falando assim. – Ele se levantou. – Não quero a mulher que
eu amo falando dessa forma. Eu vou jogar futebol com os meninos.
-Melhor
eu comprar um vibrador. – Ana cogitava pensando sozinha.
Estava
dividida entre um homem que dizia lhe amar e querer uma família, mas com quem
não tinha nenhum envolvimento sexual e outro que ela amava desesperadamente,
que a desejava, mas que afirmava não servir para formar família. A dúvida era
cruel.
Já
o domingo de Christian também não foi nada agradável. Só de pensar em Ana e o
meio homem juntos ele se desesperava. Será mesmo que eles estavam transando?
-
Claro! Claro que estão. Qual homem não levaria Ana pra cama? – Desesperava-se.
Depois
de muito pensar, resolveu que teria de entrar em ação. Sua Ana tinha de ver
como eles combinavam, como ele era o homem certo pra ela e não o autorzinho. Ligou para sua
assistente. Era domingo, mas ela estava sempre disponível. Era exigência do
cargo e era remunerada para isso.
-
Eu tenho algum evento para comparecer que seja vinculado com a editora? –
Perguntou.
Ficou
sabendo que haveria uma festa de lançamento de três grandes livros em duas
semanas. Também aproveitariam a ocasião para apresentar os resultados da
empresa. Ele havia recebido o convite, mas, como normalmente ele não participa
desse tipo de evento, a secretária sequer o havia informado.
-
Ok. Mas tudo o que se referir a editora interessa. Confirme minha presença. E
avise que quero a presença de todos os editores na festa. Assim poderei
conversar com todos e ver os resultados de cada um.
-
Sim, senhor Grey.
Anastásia
até podia fugir do ex marido, mas não do patrão. Faria de tudo para terminarem aquela
noite em outra recaída.
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