Morta? Como assim morta? Teria sido
louca a ponto de se matar por Grey tê-la abandonado, sofreu um acidente ou
algum atentado?
-Qual o seu problema Grey? Só se
mete com louca? Vai me dizer que ela se atirou da ponte por depressão quando
você a abandonou?
- Não Ana. Ela foi assassinada.
- Nossa! – Agora Anastásia estava em
choque.
- Encontraram o corpo num terreno
abandonado assim que o sol clareou. A polícia acha que a morte ocorreu no meio
da noite, início da madrugada. – Ele sorriu triste. – Veja...agora você é o meu
único álibi.
Não estava nos planos de Ana sair
por aí dizendo que passou não só a noite, mas também a madrugada com seu
ex-marido e patrão. Só que jamais poderia permitir que Grey tivesse problemas
com a justiça tendo ela a oportunidade de sauvá-lo.
- Onde que eu tenho de ir depor?
- Faria isso?
- Claro. – Ela pensou antes de
completar a resposta. – Não vou deixar meu filho ter um pai presidiário.
Ela saiu do carro, mas ele
acompanhou-a.
- Você não foi convidado para subir,
Grey. Teddy acorda cedo. Logo estará de pé e se te ver, vai te alugar pelo dia
todo.
- E se eu quiser ver o garoto? – Ele
perguntou inocentemente.
- Você não quer.
- Quero, Ana. – Dessa vez não houve
clima sensual no elevador. Falaram sério. – Eu não percebia o quanto estava te
machucando Anastásia. Se soubesse, teria feito alguma coisa. Teria me esforçado
mais,sei lá.
- Amor não exige esforço, Christian.
Quer saber? Eu é que sou a errada aqui. Eu não posso te obrigar a amar o Teddy.
Simples assim.
- Calma com essas suposições Ana. Eu
posso não ser o pai modelo, mas...mas...é claro que eu gos...eu amo ele, Ana.
Eu não sei bem como demonstrar, como tratar ele, mas eu sofri ouvindo ele
chorar aquele dia na maternidade. Até hoje eu lembro do som. Ele chorava mais
forte que todos os outros bebês. Era a fome! Essa sensação eu lembro bem.
Querer alimento e não ter. Ali eu sabia o que fazer. Precisar lhe proporcionar
o que comer. Mas depois...eu não sei. Eu entrei em pânico.
Ana abriu o apartamento em silêncio.
Sentia um nó se formar em sua garganta. Podia ver a sinceridade das palavras de
Christian. Ele nunca fora tão aberto quanto aos seus sentimentos. Para ter
privacidade, Ana foi liberar a babá.
- Obrigada por tudo. – Pagou a moça
e abriu a porta sem deixar de notar que ela observava Grey na sala. – Até uma
próxima.
Depois voltou suas atenções ao ex.
- Agora nós. Teddy está dormindo
ainda. Então podemos terminar nossa conversa.
- Eu não sei ser pai Ana. – Uma lágrima
escorreu silenciosa pelo rosto de Grey. – Se eu tentar, eu vou fracassar.
- Não tem como saber isso. Você
adorava a Mia quando era bebê. Vive mimando a Ava. – Ana procurava um
argumento.
- Eu não tinha responsabilidade por
Mia e a não tenho por Ana. Ser irmão, tio e amigo é fácil. Mas pai? É ter
autoridade Ana. E eu não sei dosar a autoridade. Você sabe bem como eu reajo
quando algo me desagrada.
Ana tremeu imaginando Christian
batendo no filho e afastou o pensamento.
- Você nunca iria agredi-lo. Eu sei
que não. – Afirmou.
- Como pode ter certeza?
- Entre outras razões, porque sabe
que eu faria pedacinho de você caso desse UM tapa no Theodore!
- É um bom argumento, Ana. Mas e se?
Ana não tinha resposta para isso.
Era apenas uma questão de insegurança. Mas ele teria que resolver. Não ela.
- Já falou com Flynn quanto a isso?
- Não vou às consultas faz um
tempinho.
- Então acho bom voltar e seguir com
o seu tratamento, Grey. Vai precisar
dele se quiser aproveitar essa última oportunidade de ser feliz com o seu
filho.
- Mas Ana...
- ÚLTIMA Grey, não esqueça.
Ele ia responder, mas foram interrompidos
por Teddy. Com cara de sonolento e agarrado ao seu cobertor ele estava
irresistível.
- Papai! Você veio! Eu mandei meu
desenho e você veio!
Ana se aproximou tomando uma
decisão. Talvez Grey precisasse de uma ajudinha para ver o que estava a sua
frente. Pegou o filho no colo.
- Meu pequenino já acordou. –
Apertou bem Teddy e decidiu o que faria. – Você lembra o que você pediu pra
falar pro papai?
- Pra ele vir me ver, vir brincar
comigo.
- E aqui está o papai. Vai pro colo
dele, vai.
Ana viu Grey estender os braços, mas
manter um olhar assustado.
- A mamãe vai tomar um banho pra
gente tomar café e sair. Eu, você e o papai. Tá bom? – Ela disse.
- Claro!!!!! Papai eu quero ir no
parque com você, quero jogar futebol! – Theodore estava animado.
- Ana! Mas eu...
- Última, Grey, não se esqueça. –
Ele entendeu o recado. – Vou tomar banho e já volto.
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