Matt jantava junto de Paty num clima
leve, mesmo que os pensamentos de ambos estivessem na Rússia, na esperança de
Elizabeth trazer Bia de volta. Ainda assim, entre eles tudo estava bem. E
enquanto isso continuasse assim se sentiriam seguros e capazes de ajudar os
amigos. Aquela foi uma noite típica de casal. Macarrão preparado a dois,
cerveja ao invés de vinho porque era isso o que desejavam para aquele momento e
muito carinho. Estavam felizes.
- Sabia que eu não consigo mais
imaginar a minha vida sem você? – Patrícia disse ao namorado, quando já estavam
atirados no sofá da sala, procurando um filme para assistir. – Você mudou a
minha vida.
- Você também mudou a minha,
pequenina. Mais do que pode imaginar. Em outros tempos, numa noite como hoje,
eu teria saído para beber e provavelmente voltaria sozinho para casa.
- Acho difícil acreditar nisso. –
Paty não conseguia entender porque aquele homem esteve sozinho por tanto tempo.
- É a verdade. Eu nunca fui de
relacionamentos rápidos ou passageiros. Só uma noite, por melhor que o sexo
seja, não me satisfaz. Parece que falta algo. Não é o desejo que mantém um
homem junto de uma mulher, apesar de vocês acreditarem que somos movidos por
esses instintos.
- Quer dizer que o sexo comigo pode
ser ruim, desde que o resto compense? – Ela perguntou, achando graça daquele
comportamento do namorado.
Há alguns meses, falar sobre sexo
era algo difícil. Matt levou algum tempo para aceitar que estava apaixonado por
Paty, não apenas ajudando uma menina que vendia o corpo para sobreviver. E
quando finalmente deu vazão aos próprios sentimentos e declarou estar enamorado
pela então hóspede em seu apartamento, passou semanas lutando para não terem um
relacionamento sexual. Temia que Patrícia visse nele um ‘cliente’ a quem
precisava agradar na cama para manter o emprego e o teto onde mora. Adaptar-se
ao atual relacionamento e superar o passado foi algo difícil para os dois.
Hoje mantinham uma vida sexual como
a de qualquer casal. Dias de intenso desejo e outros sem a mínima vontade de
transar. E conviviam bem com isso. Paty aprendeu que Matheus desejava-a como
nenhum outro homem já a quis, valorizando seu corpo e zelando por ele. Enquanto
ela adaptava-se a isso, Matt entendeu já Patrícia tinha desejos e quando o
procurava na cama não era para agradá-lo, mas sim para matar a própria fome sexual.
- Se por ‘resto’ você estiver
falando de companheirismo, planos em comum e amor, sim, eu acho que compensa.
Mas, além disso, o sexo também é bom pra caramba. E essa conversa toda está me
deixando com vontade tirar a sua roupa.
- Achou que você deve obedecer essa
vontade.
- É, também acho. Mas antes...tenho
uma coisa para te dizer. Uma coisa bem importante.
- Diz logo. – Ela ficou ansiosa.
- Que ansiedade é essa?
- É pressa pra você tirar a minha
roupa. – Sem nenhuma timidez ela reconheceu.
- Ótimo! – Matt riu. – Porque é bom
saber que a mulher com quem eu pretendo casar me deseja tanto assim. Patrícia,
você aceita se casar comigo?
- Sim! Sim! Mil vezes sim! – Sem nem
um instante para pensar ela respondeu.
Logo Matt cumpriu a promessa e tirou
peça por peça das roupas que cobriam o corpo magro e proporcional da namorada.
Sem nenhuma pressa, ele acariciou a pele macia e perfumada que agora estava
arrepiada, antecipando as carícias que viriam. Quando lhe tirou a calcinha e
surpreendeu-a pela ousadia movimentando dois dedos dentro dela, Patrícia cravou
os dentes entre gemidos na curva entre seu ombro e pescoço.
- Você diria que esse sexo é ruim,
minha noiva? – Matt provocou, aprofundando a penetração e vendo-a não conseguir
se concentrar para falar. – Vamos Paty, eu quero uma resposta. Está ruim?
- Não. Está...está...é...é o
paraíso.
Satisfeito com essa resposta Matt
tirou as próprias roupas e levou a namorada para o quarto. Estava feliz em
conseguir passar aquela noite sem pensar nos problemas que ainda viriam. Matt
não comentava com Patrícia, mas quando Liz desmembrasse aquela quadrilha, suas
ramificações apareceriam e ele não tinham esperança alguma de que o passado de
Paty ficaria escondido. Apesar de não sentir vergonha, ele preferia poder
esquecer-se de tudo. Infelizmente não era algo possível. Então aproveitaria o
agora, naquele breve cessar fogo da guerra que ainda continuaria.
Elizabeth acordou em Moscou disposta
a invadir a Noxotb.
Logo após ela alimentar-se com um farto e saudável café da manhã. Miguel
chamou um táxi e eles circularam pela região das boates que há tanto tempo Liz
investigava. O problema é que ela lá estava como uma civil, em férias com o
marido. E seu distintivo nada valia. Sua única alternativa era conseguir um forte
indício e enviar para Rebeca. A policial, do Brasil, convenceria Tom a aprovar
uma solicitação de ajuda internacional. E numa ação conjunta, as polícias de
Brasil e Rússia estourariam uma das grandes quadrilhas de sequestro de pessoas
no mundo para fins de abuso sexual. Olhando da rua, porém, estava difícil
conseguir esse indício.
Elizabeth resolveu entrar. Mandou o táxi parar na frente
da Noxotb, mas, quando abriu a porta, Miguel a segurou pelo braço. Os dois não
discutiram dentro do veículo, apenas trocaram um olhar. Lá no fundo Liz sabia
que entrar sozinha, desarmada e sem distintivo em uma boate ilegal seria
arriscado e sem muitas chances ao sucesso da operação. Ela estava agindo com o
coração e agradeceu a sensatez de Miguel. Em um russo que misturava algumas
palavras de inglês ele falou com o motorista antes de retornar a atenção à
esposa.
- Ele disse que alguns homens frequentam aqui durante o
dia. Poucos, mas acontece. Se eu entrar, não vou atrair a atenção. Você sim.
- E o que você sugere fazer? Vai lá, contratará uma
menina enquanto eu fico aqui?
- Não. Eu vou lá, tentarei ver os chefes, gravar alguma
coisa que valha você mandar para Rebecca. Depois que lhes dermos algo
valioso...a polícia federal se sentirá feliz em ter uma investigadora,
coincidentemente, por perto e pedira que você interfira. Aceita o meu plano?
- Aceito. – Que alternativa tinha. – Mas você não é
policial, não tem treinamento para isso. Nunca lidou com essas pessoas.
Cuidado.
- Já frequentei muitas dessas casas de prostituição, Liz.
Não me orgulho disso. Mas sei como ligar com essas pessoas.
- Vá logo então!
- Ótimo. – Miguel voltou a falar em russo e ordenou ao
motorista a levá-la de volta a segurança do hotel. – Até depois, meu amor.
Miguel entrou na Noxotb muito seguro. Nunca esteve
naquela casa, mas já conhecia em detalhes muitas outras as quais, hoje, não
tinha dúvidas participarem do mesmo esquema ou de outros muito similares. Ao
entrar, viu um local discreto, porém, bem iluminado e limpo. A parte mais ao fundo
estava sendo limpa por duas mulheres. Nenhuma era Beatriz, mas, pelos trajes e
beleza, não teve dúvidas de que elas não eram apenas serventes da casa. Antes
de ter a chance de falar com alguma delas uma mulher alta, bela e negra se
aproximou.
- Posso ajudá-lo? – Perguntou num inglês que não era sua
língua mãe.
- Sim...eu...estou na cidade há negócios. Busco
por...diversão.
- Claro, senhor. E que tipo de diversão lhe interessa?
Homem, mulher, alta, baixa, loira, negra?
- Mulher. – Aquela conversa o estava inojando. – Gosta
das...brasileiras.
- Todos gostam. Temos uma festinha particular
acontecendo. Acho que o senhor irá gostar. Como posso chamá-lo?
- Sr. Alexander. Eu adoraria conhecer suas meninas.
- Ótimo...terceira porta à esquerda. Deseja beber algo?
- Whisky sem gelo, por favor.
Ao entrar na sala indicada, Miguel
encontrou alguns homens sentados em confortáveis lugares enquanto mulheres de
biquíni dançavam sobre as mesas. Eram muito belas, com curvas fartas, longos
cabelos soltos e maquiagem reluzente. Logo Miguel estava falando com alguns dos
frequentadores e observando as mulheres. Todas pareciam profissionais. Não
havia nenhuma muito jovem nem com expressão facial que lembrasse nada além de
sexo e prazer. Eram bem treinadas para parecerem felizes com aquilo.
- Oi bonitão. – Não demorou para uma
sentar-se em seu colo e se oferecer para um atendimento particular. – Me leva
para o quarto. Não vai se arrepender.
- Posso apostar nisso. Qual seu
nome.
- Rubi. Sou boliviana.
- Você é muito bela, Rubi. Mas eu
procuro por uma brasileira para hoje.
- Veio ao lugar errado, queridinho.
Ontem foi feito um leilão...as brasileiras foram todas vendidas. Sabe como ela,
se não dá lucro de um jeito, vai dar de outro.
- É, eu sei. – Miguel ficou feliz em
ter aquilo gravado. Duvidava que algo assim não fosse encarado como prova de
que Liz estava no caminho certo. Ainda assim, para encontrarem Bia, era um
banho de água fria. – Mas não sobrou nenhuma?
- Não sei bonitão. Talvez. Mas...te
garanto que faço você esquecer qualquer uma no remelexo dos meus quadris. Vem,
vem...
- Não! Não é você quem eu quero.
Desista.
Miguel deixou a boate e correu para
o hotel. Precisava passar tudo aquilo para Elizabeth. Eles tinham muito a fazer
em pouco tempo. Afinal, se Bia foi vendida junto das outras brasileiras, teriam
de se apressar ou perderiam aquele rastro.
Quando Tom recebeu de Rebeca aquela
gravação, sentiu a raiva tomar conta de seu corpo. Aquelas férias improvisadas
de Elizabeth não poderiam mesmo ser coisa boa. Lá estava ela, como civil, na
Rússia, investigando por conta aquela quadrilha de importância mundial.
- Você sabia disso? – Ele pressionou
Rebeca?
- Sim, Senhor.
- Sabe dos riscos? Ela pode se ferir
ou ser morta ao tentar resolver sozinha ao que batalhões inteiros tentam há
anos e não conseguem. É um risco imenso!
- Ela está com Miguel, senhor?
- Sim, presumo que seja ele o “Sr.
Alexander”! Outro que não tem a cabeça no lugar! Podiam os dois já estarem
mortos por essa ansiedade em resolver as coisas. Elizabeth vai me ouvir quando
retornar. A se vai!
- Com todo o respeito, Sr., eu acho
que agora temos de correr para que o risco que Liz sofreu não seja em vão. Precisamos de
um mandato de execução do juiz e também temos de avisar a polícia Russa. É
urgente. – Rebeca afirmou.
- Está tentando me ensinar o meu
trabalho, policial?
- Não senhor.
- Ótimo! Agora trate de entrar em
contato com a polícia russa. Eu falarei pessoalmente com o juiz. Depois que
isso tudo se resolver, eu mesmo me acerto a Elizabeth!
- Sim, Senhor – Rebeca repetiu,
satisfeita com a conduta do chefe. Agora era só colocar tudo em prática.
Naquele momento, porém, Beatriz
iniciava sua nova vida. Já não era mais uma prostituta escravizada. Porém,
estava prestes a descobrir que ser propriedade de Sebastian não era tão melhor
como imaginava. O homem atencioso parecia novamente ter dado lugar a um
irritadiço e mal humorado homem.
Aquela noite ela passou solitária,
sem nem mesmo malas a arrumar. Primeiro porque não fazia questão alguma de
levar nada dali. Segundo porque, após ser deixada sozinha no quarto por algum
tempo, Gregory veio lhe falar e ofereceu alguns avisos e entregar um pacote.
Somente a ideia de nunca mais vê-lo mantinha sua felicidade.
- Seu dono quer que saia daqui
vestindo isso, sem nada levar.
- E meus documentos? Você ficou com
a minha identidade na noite em que me sequestraram?
- Não existem mais. Beatriz, aquela
mulher não existe mais. Você não é mais uma mulher...é uma mercadoria pela qual
Sebastian pagou e vai usar conforme seu desejo. Aconselho você a lhe obedecer
cegamente. Você não sabe como ele pode ser brutal quando irritado.
- Está com medo por mim?
- Você pode até debochar, pequena
Beatriz, mas eu sempre tive simpatia por você. Desconfio que muito em breve
você verá que não fez uma grande troca. Sebastian apenas a comprou para ter uma
cadelinha particular e não permitir que mais ninguém lhe toque ou a veja. Vai
lhe enclausurar dentro de um quarto e aparecer quando tiver vontade de fazer
uso da mercadoria. Simples assim.
- Ao menos não terei mais de olhar
na sua cara nojenta.
- Nem na cara de mais ninguém, sua
idiota. – Ele sentiu vontade de lhe espancar ou de tomá-la uma última vez. Mas
irritar Sebastian não era boa ideia. E as ordens dele foram claras. “Ela não é mais sua. É minha agora. Eu
paguei por Beatriz. Toque nela e eu mesmo cuido para que não toque em mais
ninguém nessa vida”. Ainda assim, vontade não lhe faltava. - Você apenas
mudou de carcereiro. Você pode pensar que estava no inferno, mas logo verá que
há coisa ainda pior.
Gregory deixou o quarto e entrou na
porta ao lado. Nela, meninas recém chegadas esperavam assustadas. Pegou uma
delas pelo braço e levou de lá até um dos quartos. Precisa extravasar a raiva
que sentia em perder
Beatriz.
- Socorro! O que você quer? Nãoooo!
– Ela tentava se defender e era contida pelas mãos e pernas de Gregory.
- Calada! Aprenda que sua única
função aqui é abrir as pernas. Quanto mais se negar, mais apanha. – Mais um
tapa estourou na face dela. – Entendeu?
Indiferente a tudo que ocorria, no
Brasil e na Rússia com intuito de encontrá-la, Beatriz deixou a boate em um
carro guiado por Francisco. Sem nada falar, ele entrou com o carro na garagem
de um hotel, abriu a porta e acompanhou-a até o carro. O segurança que os
seguia e postou-se ao lado da porta não lhe representava boas notícias. Jamais
se sentiu não vigiada.
- Onde está Sebastian? Achei que ele
estaria aqui.
- Ele virá mais tarde, depois vocês
vão viajar juntos e ele te instalará num local seguro. Por enquanto ficará
aqui. Sem ataques de coragem ou de burrice, Beatriz. Se souber lidar com o
patrão, terá o melhor dele. Mas se der um passo em falta, perderá sua confiança
e terá o seu pior. E não irá gostar. Há roupas para você no quarto. Naquelas
sacolas têm produtos de higiene e comida. Não precisa se preocupar com nada,
mas esteja pronta, bela e com um sorriso nos lábios quando Sebastian chegar.
Nervosa, Beatriz banhou-se na
banheira do quarto com toda a calma. Comeu vestindo apenas o roupão do hotel. E
quando o relógio marcava que passava do meio dia, foi olhar as roupas de que
dispunha. Não gostou de nada. Porque em cada uma delas havia escrito a palavra
‘vagabunda’, se combinadas, sentia vergonha em vesti-las e perguntava-se qual a
mensagem que Sebastian queria lhe passar com tudo aquilo. Sugestivamente, não
havia calcinha entre as roupas. Mais um humilhante recado. Pensou em ficar
exatamente como estava, de roupão e cabelos bagunçados. Mas desistiu ao
perceber que bater de frente com aquele homem seria pior.
Quando Sebastian entrou no quarto,
encontrou-a vestindo o vestido escolhido por ele. Era de uma grife inglesa
conhecida e qualquer mulher deveria se sentir honrada em receber a cara peça de
presente. Numa mulher longilínea ficaria discreto e harmônico. Provavelmente,
muito elegantes. Nela, porém, tornou-se chamativo e vulgar. O tecido ficou
muito justo em suas curvas. Na região do quadril marcou as nádegas livres de
calcinha. E os seios fartos pareciam saltar pelo decote.
Seu sentimento foi dúbio. Ao abrir a
porta do quarto avistar o segurança e ter de destrancar a porta o fez se sentir
um criminoso. E o plano de voo falso que trazia na pasta comprovavam que ele
agia fora da lei. Iria fugir da Rússia em um avião particular levando com sigo
uma mulher comprada. A vergonha lhe corroía por dentro. Já demônio dentro dele
gostou de ver em oferta cada um dos atributos de Beatriz, sentada no sofá
próximo da porta, esperando-o com uma expressão que beirava o temor. Gostou,
principalmente, de saber que ela lhe pertencia. Saber que aqueles seios nunca
mais seriam tocados por outras mãos. Saber que o cheiro daqueles cabelos era
somente ao seu prazer.
Passara aquela noite organizando seu
futuro, agora com uma amante secreta. Preferia essa expressão a ‘escrava’, ela
lhe fazia sentir-se um pouco melhor. Comprou um apartamento em área nobre,
porém afastada da qual ele vivia com a mãe e a filha. Era em um condomínio de
classe alta, com infra-estrutura que permitiria a Beatriz ter uma vida agradável
sem deixar o local. Além disso, por lá era comum pessoas andarem com segurança
por perto. Ninguém estranharia se a nova moradora tivesse uma sombra a
percegui-la por todos os lados. Por se tratar da cobertura, ele poderia acessar
ao apartamento por um elevador privativo e nenhum vizinho o veria. Telefone e
internet foram cortados. Beatriz poderia se distrair pela televisão, livros ou
revistas, mas sem poder pedir socorro a ninguém. Depois de instalá-la, lhe
apresentaria as regras que deveria seguir e então poderia seguir com sua vida,
trabalhar, viajar e, ao voltar, ter Beatriz segura e a sua espera. Era um bom
plano, ele acreditava. Ainda assim, não apagava aquele gosto amargo da boca.
- É bom vê-la aqui ao chegar. –
Sebastian disse ao fechar a porta.
- Como se você tivesse alguma dúvida
do local onde eu estava. – Bia respondeu, sem esconder o mau humor de quem
passou horas trancada naquele quarto, enfeitando-se como se fosse uma boneca
que serviria de brinquedo para ele.
- Vejo que está irritada. Não
entendo por que. Esse ambiente me parece bem melhor do que aonde você viria.
- E é, sem dúvida. Mas ainda assim,
não passa de um cativeiro e você é tão feitor quanto Gregory.
- Será que sou mesmo? Aposto que
ele, por muito menos, já teria feito-a calar a boca a socos. Estou mentindo?
O silêncio foi a resposta de
Beatriz. Sebastian não a aceitou, foi até ela e segurou-a pelos braços,
fazendo-a temer por como aquela noite terminaria.
- Eu fiz uma pergunta. E exijo a
resposta.
- Não, é verdade. Mas o que me
garante que você não fará exatamente o mesmo assim que enjoar de ter uma
cadelinha de estimação?
- Você não tem garantia Beatriz. Por
isso é melhor me obedecer e não me causar problemas. Você não está em condição
de ter chiliques desse tipo. Gastei uma pequena fortuna para tê-la como minha e
tirá-la daquele buraco. Você ganhou na loteria! Poderia ter sido comprada por
um velho babão que a colocaria de joelhos esfregando o chão, louco para
chicotear esse seu belo traseiro.
- E os seus planos, quais são?
- Bem mais interessantes ao seu
traseiro, pode apostar. Olhe para o vestido maravilhoso que você usa e perceba
o quanto eu valorizo a minha mais nova aquisição.
- Valoriza tanto que esqueceu-se de
comprar a calcinha! – Beatriz sabia que estava indo longe demais, mas, não
conseguia se segurar.
- Então é isso o que te incomoda? A
vendedora disse ser a última moda as mulheres não usarem calcinha com vestidos
desse tecido. Fica marcado e incomoda, me disse ela. Mas na próxima, me
lembrarei de lhe enviar essa peça. Na sua nova casa, Beatriz, você poderá usar
calcinha sempre. Desde que eu não esteja lá, é claro. Nesses momentos você não
precisará de roupa alguma.
- Só servirei para sexo então? É só
essa a minha serventia?
- E qual mais seria, querida? Eu não
lhe comprei para discutir a queda da bolsa de valores. – Prepotente, ele riu da
pergunta. Agora tire a roupa. Eu já cansei de olhar a esse vestido.