Precisando ficar sozinha, Rachel deixou seus amigos e colegas
discutindo seu passado e foi para rua. Precisava pensar. Todos eles eram bem
intencionados, mas ninguém poderia entender o que se passava dentro dela. Peter
tentava antecipar as atitudes de um criminoso, Mozz estava deliciado com a
chance de investigar os mistérios de um líder político e Neal tentava se
equilibrar nisso tudo e ainda lhe oferecer algum apoio.
- Não preciso
de apoio. Quero respostas. – Ela dizia a si mesma.
Ela
ficou em um café que funcionava 24 horas e ali amanheceu. Repassou cada um de
seus passos ao lado de John. Seus treinamentos enquanto adolescente. A entrada
na MI5. Os planos secretos. A obsessão pelo diamante. Chegou ali nervosa, com
as mãos tremendo. Saiu bem mais segura. Impossível negar o óbvio. Teve de
aceitar que seu pai estava vivo e, possivelmente, sempre soube qual sua origem.
Mesmo assim, nunca a entregou por desejo de usá-la. Com os pensamentos em ordem
conseguiu organizar uma estratégia. Se John voltou após tantos anos, havia uma
razão. E nada seria tão importante para ele, a ponto de colocá-lo na mira do
FBI, a não ser o diamante que o tornou tão obsessivo. Tudo indicava que John
percebeu que ela se aproximava da pedra. Só podia ser isso. Ou seguia as mesmas
pistas que ela e, por isso, seus passos se cruzaram.
- Nunca
quis me reencontrar. E quando estivemos próximos, não hesitou em atirar.
Mas
John estava longe de ser a última peça de quebra cabeça. Três pessoas tinham
muito o que explicar. Nicole criou-a ao lado de John, chorou sua morte, sofreu
a viuvez e lhe estendeu a mão em cada necessidade. Não conseguia pensar na mãe
como alguém capaz de roubar um bebê. Por enquanto, pensava nela como mais uma
vítima. Assim como Dr. Richard. O médico que lhe ajudou tanto conheceu seu pai
e sempre agiu como se tivesse certeza de sua morte.
Eles
ficariam para mais tarde. Primeiro resolveria suas outras dúvidas e elas tinham
suas respostas em uma única pessoa: Melissa. Seu erro fora focar suas
desconfianças em Nohan. Ele
podia sim estar envolvido. Mas era a filha do primeiro ministro inglês a ter
segredos. Se tudo o que Mozz descobriu era verdade, e, normalmente, as
investigações de Mozz eram certeiras, ela e Melissa seriam irmãs. E ela, longe
de ser apenas uma advogada de embaixada, teria um diamante idêntico ao que
procurava.
Ainda
muito cedo ela estava tocando a campainha de Melissa. E, para sua surpresa, ela
não estava sozinha. Henry, seu amigo de longa data, que esteve ao seu lado
desde a adolescência enquanto John tentava afastá-los e lhe deu apoio quando
chorava a morte do pai, lá estava. Não podia culpá-lo. Ela mesma havia
incentivado aquele relacionamento, achando que Melissa era uma mulher
agradável, que combinaria com Henry. Agora estava arrependida. Quanto mais
descobria dela, menos a conhecia de verdade. Quando Melissa abriu a porta
estava com os olhos assustados, já devia saber o que ela veio buscar. E não
demorou a mandar Henry embora.
-
Rachel! – Henry também se surpreendeu. – Eu vim tomar café com Melissa. Tudo
bem?
-
Não, nada bem. Mas não me importa se você passou a noite aqui ou não, Henry.
Meu problema é com Melissa.
-
Você está nervosa. O que aconteceu? – Henry não queria abandonar sua amiga ali.
- Tenho
certeza de que não é nada demais, Henry. Preciso conversar com Rachel. Se você
puder ir embora agora é melhor. – Melissa pediu. – Vá tranquilo. Será apenas
uma conversa importante.
Quando
se viram sozinhas no cômodo, Melissa não se esquivou de Rachel. Sabia que não
havia mais para onde fugir, nem razão para tanto. Ela já sabia do ressurgimento
de John Turner. E já tinha informado seu pai. Logo ele deveria estar nos EUA.
Só que Rachel não parecia nada interessada em esperar.
Rachel
observava Melissa agora com outros olhos. Assim, frente a frente, parecia tão
óbvio. Como ela não percebeu? A mesma pele clara, mesmos olhos azuis e com a
intensidade de quem sabe o que quer. Mas soube o que a impediu de reconhecer a
semelhança. A cor dos cabelos. Melissa escondia os fios ruivos tingindo-os de
castanho claro. Elas eram parecidas demais para haver um erro, uma coincidência.
-
Por que não me disse? E antes de pensar em inventar mentiras, lembre-se de quem
eu sou. Já que você sabe bem quem eu sou.
-
Sim, eu sei, Rachel. E parece que você também agora já sabe quem você é.
-
Fale! Tudo! Agora! – Ordenou com a voz tremendo.
-
Não é de mim que você terá suas respostas.
-
Fale! Eu não vou sair daqui sem minhas respostas. – Não desejava se
descontrolar, mas via tudo avermelhado. – Por bem ou por mau você vai falar.
Antes
de oferecer qualquer resposta, Melissa observou Rachel. Não sentia medo dela.
Não após observá-la por meses. Hoje orgulhava-se de Rachel. Eram irmãs gêmeas,
mas não idênticas, mesmo que muito parecidas. E após tantos anos de
afastamento, entendia que ela tivesse a sensação de ter sido traída, roubada e
enganada.
-
Vai me ameaçar? Agredir a sua irmã? – Era a verdade. E elas não tinham porque
evitar a palavra. – Eu acho que não. Eu tenho certeza que não.
Descontrolada,
Rachel tinha as mãos trêmulas e algumas lágrimas correram por seu rosto. Então
era mesmo verdade. Não um devaneio sem valor, nem um sonho infundado. Ela e
Melissa eram mesmo irmãs.
-Irmã.
– Rachel repetiu. – Como pode vir aqui, frenquentar a minha casa, estar com
meus filhos. E não me contar?!?!
-
Eu não podia. E ainda não posso. Nem eu, nem minha mãe...a nossa mãe.
-
Onde...Brígida está? – Ainda não conseguia chamá-la de mãe.
-
Teve ir para Londres. Logo retornará. Ela quer muito te abraçar, te chamar de
filha e ser chamada de mãe por você.
-
Eu já tenho uma mãe! Dela eu quero apenas respostas!
- Rachel,
ela se emocionou muito ao ver você. George e Helen são muito amados por nós.
Eles têm uma família, Rachel!
-
Eles têm a mim e ao Neal. Mais ninguém! Não precisam de vocês! Gente que nos
enganou!
- Acalme-se,
por favor. Chiara está dormindo e prefiro que permaneça assim enquanto
conversamos.
-
Me acalmar? Fácil pra quem sabe de tudo! Pra quem não tem que ficar tentando
descobrir qual é a sua vida, a de mentira e a de verdade. Fácil pra quem teve a
chance de escolher o que queria ser na vida! Ninguém tomou a sua vida!
-
Não foi uma escolha da nossa família, Rachel. Mamãe passou anos desejando te
conhecer. E logo você irá entender tudo.
-
Agora!
-
Não é possível. Papai está vindo e ele conversará com você. Ele não gosta de
ser contrariado.
-
A não? Pois avise ‘papai’ que eu não gosto de ser feita de idiota! – Ela disse
e saiu, batendo a porta, percebendo que não conseguiria nada de Melissa.
-
Ele sabe, Rachel. Ele sabe. – Foi a resposta dita por sua irmã antes de pegar o
telefone para ligar para a mãe. Brígida esperava ansiosa por aquela notícia.
-
Fale de uma vez, Melissa! Como sua irmã está?
-
Chocada, é claro. Mas ela é forte. Tem estrutura para se reerguer. Mesmo assim,
é bom você e papai se apressarem. Rachel não é paciente.
-
Sim, é claro. Nós estamos embarcando agora mesmo. Cuide dela, enquanto isso,
Melissa.
-
Eu vou tentar. Mas ela não quer ser cuidada, mãe.
Melissa
até podia ter vontade de segurar Rachel, porém, estava longe de conseguir.
Enquanto Brígida e ela ainda conversavam por telefone, Rachel já se encaminhava
para casa de outra mulher, àquela a que cresceu chamando de mãe e, mais uma
vez, tornava-se alvo de desconfiança.
Ela
apenas adiou sua chegada ao destino para atender a ligação de Neal. Ele estava
lhe telefonando há horas e ela não atendia. Não tinha nenhuma esperança de
desconhecerem os lugares por onde foi. Não com aquela tornozeleira controlando
seus passos. Isso significava que atendia o telefone ou o FBI logo a
encontraria.
-
Oi, Neal. Não se preocupe, estou bem. – Disse assim que atendeu, antes dele ter
chance de falar algo.
-
Ótimo! Porque eu não estou nada bem! Porque não falou comigo antes? Estamos
todos aqui preocupados!
-
Eu sei, me desculpe. Mas eu precisava ficar sozinha.
-
Não vai perguntar sobre os seus filhos? – Ele estava irritado e estressado.
-
Não. Porque sei que estão bem, com você. Eles têm um ótimo pai. Você nunca
faltará a eles.
-
Nem você. Volta ao FBI, por favor. Juntos nós vamos resolver tudo isso.
-
Logo, antes verei minha mãe. Nós temos assuntos de família para resolver. Fique
tranquilo. Não sairei do perímetro. Eu te amo, Neal. Muito.
-
Também te amo. Demais. Você não está sozinha. – Neal respondeu antes de
desligar.
A
ligação pode ter acalmado seu coração de marido, mas não minimizou o problema
policial em que se encontravam. Enquanto monitoravam os movimentos de Rachel,
faziam suas próprias buscas. John sumira. Não havia nenhuma pista. Mozzie,
sempre uma esperança de conseguir informações pelos meios menos usuais, também
não conseguiu descobrir nada. Estavam todos apreensivos. Se tinha frieza para
atirar na própria, John Turner poderia ser capaz de qualquer coisas.
- Henrique!
Marque depoimentos com todos que possam nos dar alguma informação. Isso inclui
seu ex chefe, Shepherd foi parceiro de John e terá
como nos ajudar. Ele terá de abandonar a sua aposentadoria.
- Tenho certeza de que,
para ajudar Rachel, ele não se importará.
- Ótimo! Quero que
convoque Nicole Turner, Henry Roussel, aquele médico que é amigo de Nicole. –
Peter tentava recordar-se do nome.
- Dr. Richard. – Neal
lembrou-o.
- Isso. Quero ouvir
Nohan e Melissa também. Tudo isso envolve o passado de Rachel. E eles têm
envolvimento.
Nicole
recebeu a filha calorosamente, como sempre fazia. Perguntou de Neal e dos
netos. Mas havia algo de errado. Rachel ficou feliz em saber que ainda conseguia
perceber quando a mãe mentia. Hoje ela não teria escapatória.
- Sejamos
diretas, mãe. Meu amado pai reapareceu. Estou vendo em seus olhos que você sabe.
A pergunta é: você participou dessa farsa? Ajudou-o a fingir sua morte? Ajudou
a me enganar.
-
É claro que não...eu também fui pega de surpresa. Nunca imaginei que...estou
tão em choque quanto você. Não desconfie de mim, Rachel. Eu te amo. Sou sua mãe.
Jamais quis te fazer sofrer.
-
Então me diga se faz ideia do que ele quer. Porque reaparecer depois de tanto
tempo?
-
Eu não sei. Eu...estou tão no escuro quanto você.
-
Ele estava seguindo a pista do diamante. Só não contava em dar de cara comigo.
Ele atirou em mim! Me deu um tiro!
-
O que?!?! – Nicole apavorou-se com aquela informação. – Não! Você precisa se
cuidar e preservar as crianças. Onde Helen e George estão?
-
Com Neal, em segurança. – Ela não tinha dúvida disso. – E eu garantirei a
segurança deles sim, pegando John. Eu não vou parar até pegá-lo.
Aquela
ida à casa de sua mãe fora perda de tempo. Rachel, segura de que ela não
participou de todo aquele plano de John despediu-se de Nicolle e notou o quão
forte ela lhe abraçou. Sua mãe, mesmo apenas adotiva, a amava mais do que tudo
no mundo. E certamente não concordava com o que John estava fazendo.
-
Prometa-me que vai se cuidar. – Ela implorou.
-
É claro, mãe. Eu não esqueci de nada do que John me ensinou.
Quando
Nicole fechou a porta, tinha a mão tremendo contra a maçaneta. Estava sim muito
nervosa pela filha e feliz em vê-la se afastar. Durante toda a conversa temeu
dizer algo que gerasse o início de uma guerra, bem ali, no centro de sua sala.
-
Nossa menina é realmente fantástica! Eu me orgulho dela, da fortaleza em que a
transformei. – John disse, rindo enquanto descia as escadas.
-
Como pode atirar contra ela? A nossa filha! Nossa menina!
-
Ela não tinha nada de se colocar no meu caminho. Fiz o que ela também faria, se
aprendeu tudo o que lhe ensinei.
-
É a nossa menina! Você se transformou em um monstro.
- Não
seja tão trágica, Nicole. Foi apenas um arranhão, um aviso. Que, pelo que ela
lhe disse, não surgiu efeito. Talvez da próxima vez eu tenha de lhe dar um
corretivo mais eficaz.
-
Nunca! Ouviu bem?!?! Nunca ouse machucar a minha filha!
-
Não grite comigo! Se quiser sair viva dessa nossa amigável conversa! Da Rachel
eu ainda preciso, para me levar até minha pedra. De você não. – Ele ameaçou
friamente.
-
Teria coragem de me matar? Eu, que estive ao seu lado por duas décadas como sua
esposa. Fui sua companheira leal mesmo quando fez coisas com as quais não
concordava.
-
Sim, teria. Não tenha dúvida disso. Mas eu guardo por você um grande carinho,
Nicole. Foi apenas para agradá-la que eu fiquei com Rachel, naquela noite.
-
Maldita noite, maldito acidente que a colocou nos nossos caminhos! Como me
arrependo de tê-la pego para criar. Se não tivéssemos encontrado-a, minha
Rachel teria sido criada por uma boa família, talvez encontrado seus
verdadeiros pais. E não teria sido usada por você a vida toda!
-
Acidente?!?! Você acredita mesmo nisso, Nicole. Permita-me lhe contar uma
história.
Houve
sim um acidente, mas não da forma como Nicole se lembrava. No trabalho da MI5
ele ficou sabendo de uma quadrilha que planejava roubar um diamante. Ainda era
jovem e acreditava naquela instituição. Mas, aos poucos, foi perdendo essa
característica. E quando entendeu o que aqueles criminosos fariam, não desejou
pegá-los. Passou a invejá-los. O líder da quadrilha? Joseph Harabo. Ele atuava
numa rede de tráfico de crianças e há muito o investigava. Mas quando descobriu
porque ele planejava roubar aquela criança, resolveu lucrar encima daquela
informação.
-
Eu armei aquele acidente. Nós não estávamos lá à toa, andando por aquela
estrada. Pra mim, não faria diferença se a criança saísse viva ou morta, mas eu
desejava o diamante que sempre estava junto dela. Mas não estava. – Ele seguiu
contando, pela primeira vez abrindo o jogo.
-
Mas e as pistas? E a história de se tratar de uma pedra de família? Aquilo que
você sempre disse à Rachel?
-
Era uma versão da verdade. Um incentivo para Rachel querer me ajudar. A
história que está nos livros que eu e Rachel pesquisamos é verdadeira, porém,
incompleta. As pedras foram encontradas na década de 40. E estiveram com David
Williams por alguns anos.
-
O político? – Nicole surpreendeu-se.
-
Sim, hoje Primeiro Ministro inglês. Que deu às filhas, paridas por sua amante.
-
Então...você está dizendo que...
-
Sim. Filha do Primeiro Ministro. – Ele ria, como se narrasse a trama de um
filme, não da vida de sua própria filha. – Veja como é uma pedra de família.
Nisso eu não menti. Na época pensei que Harabo havia pego o diamante. E ficar
com a menina não me serviria de nada! Fiz de tudo para pegá-lo. E o ódio era
retribuído na mesma medida. Desejávamos um a morte do outro porque, no fundo,
eu sempre achei que o diamante estava com ele. E Harabo achava que estava
comigo. Nenhum dos dois jamais teve sua posse.
- Porque
não devolveu Rachel aos pais? – Nicolle estava destroçada com aquilo tudo. Como
pode viver ao lado daquele homem por duas décadas e não ter visto isso? – Você
é um mostro!
-
Sou o que a vida me fez ser. Exatamente como Rachel. Porque a sua filha é como
eu. Ela é o que eu a tornei. Alguém capaz de matar, de torturar, de trucidar
sempre que for necessário!
-
Não! Não! Ela não é assim!
-
Finja, se lhe agrada. Mas a verdade é que Rachel é minha obra mais perfeita. Eu
não a entreguei aos pais primeiro porque David Williams não merecia. Depois
porque você não parava de choramingar por causa daquela criança perdida. Mas
depois Rachel me conquistou! Ela tinha tudo de que precisava para se tornar uma
grande mulher e eu a ensinei a ser firme, a ter força e a não levar os
sentimentos em
consideração. A não sentir. Ela venceu pelo que eu a ensinei.
-
O que você a ensinou levou-a para um presídio. Ela tornou-se uma fugitiva!
Poderia ter morrido em disputas com policiais. Você não sabe o que diz!
-
Gente fraca como você, Nicole, não entende o que eu falo. Mas Rachel sim.
Porque ela é como eu e sempre foi mais ligada a mim do que a você. Ela encarou
Harabo para vingar minha morte. Primeiro o navalhou. Depois matou. Minha menina
me deu um grande orgulho.
-
Harabo quase a matou! A fez perder uma filha! E enquanto tudo isso, você estava
se fingindo de morto. Eu mesma tenho vontade de matá-lo por isso! Só por ter
magoado a minha filha.
-
Felizmente nós dois sabemos que você é fraca demais para isso. Harabo morreu achando
que eu estava no inferno. Deve ter se decepcionado ao chegar lá e não me ver.
-
Então faça um favor a nós dois e volte para o mundo dos mortos! Eu odeio você e
Rachel está decepcionada. Ela não o quer mais como pai! Suma!
-
É uma pena. Mas eu não ligo para o que Rachel quer ou deixou de querer. Ela se
deixou levar pelos sentimentos. Casou, pariu e tornou-se dependente
emocionalmente daquele rapaz. Ele é bom ladrão. Os dois podiam fazer coisas
fantásticas. É triste ver tanto talento desperdiçado. Mas se ela quis assim,
dane-se! Agora eu vim buscar o que me pertence.
-
Suma das nossas vidas!
-
Logo, minha esposa amada. – Ele era amargo, debochado e cruel sem nenhum
resquício de carinho. – Assim que me der o que busco. Quero todos os avanços de
Rachel nas buscas ao meu diamante. Ela e Neal podem estar comportados, mas eles
fizeram pesquisas. E eu as quero.
-
Não sei nada disso! E, caso as tivesse, não lhe diria nada. Não trairei minha
filha.
-
A é? Não sabe? Eu sei que está com você, Nicole. Eu já revirei a casa onde ela
vive com o ladrão e as crianças, lá não tem nada. Então está aqui!
-
Não está!
-
É bom você se lembrar, Nicole. Ou eu posso achar que você não serve de nada e
resolver que ser viúvo é melhor. Fale!
Rachel
chegou ao FBI sem fazer ideia do que sua mãe passava. Peter havia transformado
a sala de conferência, que um dia já havia servido de quarto para ela, num
quartel general de procura a John Turner. Todos ali sabiam o que não estavam à
procura de um criminoso qualquer. Neal lhe apertou os ombros e puxou aos seus
braços assim que a viu.
-
É tão bom te sentir. – Ela respondeu ao carinho logo após beijá-lo sem ligar
para quem assistia a cena. – George e Helen estão bem?
-
Sim. Estão com Ell. Mozz está tentando pegar algum rastro de John e
praticamente todos os nossos amigos estão nos ajudando.
-
Ótimo. Obrigada por tudo, meu amor.
Foi
Peter a encerrar o clima de carinho. Estava ansioso por conversar com Rachel.
Ela tinha de poder acrescentar algo que pudesse ajudá-los.
-
Posso contar com você inteira nesse caso, Rachel? – Peter perguntou. – Porque
se for para tê-la com a cabeça confusa, prefiro que se afaste da investigação.
-
Não se preocupe com isso, Peter. Serei tão fria quanto John me ensinou a ser. –
Era assim que se sentia. Fria, direta e objetiva. – Qual evolução o caso teve?
Vamos trabalhar. Não temos tempo para perder.
-
Rachel, não precisa ser assim. Não é demonstrar fraqueza tentar se afastar
desse caso. Nós entendemos que ele é o seu pai. – Neal via a dor em seus olhos,
por mais que ela disfarçasse.
-
Ele não é meu pai, nunca foi. – Ela sofria para dizer as palavras. – E eu sou o
caso. Por isso não vou me esquivar. Conte comigo, Peter. Com o melhor de mim
para pegá-lo.
-
Ótimo. Comece me dizendo o que conseguiu de Melissa Williams. Sua tornozeleira
nos disse que você passou algum tempo no apartamento dela.
-
Sobre John nada. Mas parece que a teoria de Mozz era verdadeira. Eu sou filha
de David Williams e ele virá falar
comigo.
-
Sabe o que isso representa? É um dos homens mais influentes do mundo! – Peter
estava em choque.
-
É. E ele sabe onde eu estou há bastante tempo e nunca veio me ver. Isso deve
dizer algo. – Doía quase tanto quanto sua decepção com John.
-
Bom...nós chamaremos Richard, Henry, Shepherd
e sua mãe para depor. Todos eles tiveram contato com John e podem nos ajudar em algo. Melissa e
Nohan também terão de prestar esclarecimentos. E até o David Williams. É bom que o Primeiro Ministro
esteja vindo pra os EUA.
-
Quando falaram com minha mãe ela confirmou algo? Pra mim disse não saber de
nada. Acredito nela. – Rachel disse.
-
Nós não falamos com sua mãe, Rachel. – Diana informou. Rachel pareceu surpresa
demais e todos a olharam. – O que foi, Rachel?
-
Fale, amor. Você ficou pálida. – Neal insistiu.
-
Nicole sabia que John está vivo. Não ficou surpresa quando eu falei. – Era como
se mais uma bomba caísse sobre Rachel.
-
Nós não ligamos pra ela ainda porque sabíamos que vocês iam conversar e achamos
melhor marcar um depoimento oficial. – Peter esclareceu.
-
Ela estava nervosa. John estava lá. Ele foi lá! John estava lá com ela quando
eu cheguei e ela estava nervosa por isso. – Antes mesmo de terminar de falar
ela já saía.
Dessa
vez Neal e Peter a acompanharam enquanto Diana e Henrique já sabiam que
deveriam mandar reforço.