Quando chegou
a casa Ana encontrou Grey nervoso. Era como se desconfiasse que algo muito
grave aconteceria. E ele estava certo.
- Onde se meteu dessa vez? Não perde
a mania de desaparecer!
- Eu demorei?!?! – Ela se aproximou
olhando em seus olhos. – É porque fui visitar uma certa cabana no fim do mundo.
Algo muito propício a um monstro! O que me diz Christian? Sabe de que lugar e
de qual monstro eu falo?
Grey percebeu que seu plano havia
sido descoberto. Mas como? Jéssica sempre lhe fora fiel. Mas Anastásia era
esperta e de alguma forma tinha descoberto. Agora devia estar fazendo planos
para ir embora.
- Diga, GREY! DIGA! Quem é o monstro?
- Monstro é quem mata alguém. E você
é responsável pela perda de duas vidas!
- Duas? O Que eu fiz agora?
- Não seja falsa Anastásia! Você é a
responsável pela morte de meu irmão e sabe que, além disso, também matou um
inocente. O filho de vocês.
- A sua loucura está ficando pior a
cada dia, Christian. Essa é a sua ultima oportunidade de acreditar em mim, por
isso ouça: eu nunca tive nada como Emmett e jamais estive grávida. Eu não sou
uma assassina!
- É sim! Assassina, vagabunda e
mentirosa!
Jurando para si mesma que jamais
perdoaria tantas ofensas, Ana correu pela casa até entrar no quarto de
Christian. Sabia que lá ele guardava um revólver. Era hora de ensinar seu
marido a não ofender uma mulher. Em especial uma que o amava e odiava na mesma
medida. Mas ele a alcançou antes que pudesse pegar o revólver e a atirou sobre
a cama. Achou que seria agredida pelo marido. Coisa que, salvo surras sensuais
no quarto de jogos, jamais ocorreu.
Grey tinha olhos vermelhos. Tinha o
coração dividido entre a paixão que sentia por aquela mulher, agora presa em
seus braços, e o ódio por ela, por ele mesmo e pela situação em que se
incluíram. Pensou em esbofeteá-la, chegou a desejar isso. Descontar com murros
toda a raiva que sentia. Mas a ideia a ferir aquele rosto que o atormentava de
tão belo é ainda mais dolorosa. Lembrou do machucado no rosto de Gail...sabia
que não poderia fazer isso em Ana.
Liberou-a
achando que finalmente ela ficaria quieta, talvez por medo. Errou feio. Ana
parecia uma leoa mostrando as garras. Atirou sobre ele tudo que tinha à mão e
alcançou a gaveta onde estava a arma. Era hora de decisão. Apontou o revolver
na direção do marido.
-
Pare com isso, Ana. Você não vai atirar em mim.
-
Será que não, Grey? Eu não sou uma assassina? Então? Se eu já matei Emmett e
fui capaz de matar meu próprio filho, acho que posso muito bem matar você.
Por
um momento ficaram assim. Um apenas analisando o outro.
-
Eu quero que você repita o que disse há pouco! Repete! Vai! Diz de novo o que
eu sou. – Aproximou ainda mais a arma da cabeça do marido. – Agora eu quero ver
suas provas Grey. E, se não provar que eu sou a vagabunda assassina, vou te
fazer engolir.
Ela
tremia as mãos, sabia que nunca atiraria nele. Mas a magoa estava forte. Tinha a
foto no bolso de trás da calça. Sabia que era inocente e não aceitaria mais
nenhuma ofensa. Mas abaixou a arma e foi facilmente desarmada por Grey. Agora
era ele que estava armado.
-
Não se preocupe em tentar me matar, Christian. Se você conseguir provar o que
diz que fiz, eu mesma acabaria com minha vida. Não deixaria você se transformar
num assassino.
Lentamente
Grey pegou uma caixa guardada na terceira gaveta do armário. Tirou de lá três
coisas. Um lenço, um envelope e outro papel dobrado. Ana pegou primeiro o
envelope. Dentro um cartão postal assinado apenas como A. Sabia de quem era
aquela letra que escrevia uma declaração de amor.
-
Você o enganou. Não adianta negar. – Grey disse e Ana não respondeu.
Foi
olhar a folha. Era a cópia da fatura de seu cartão de crédito de muitos meses
atrás. Não entendeu do que se tratava.
-
Aí tem o registro de pagamento de um exame ginecológico. Só que não foi o
exame. Foi aí que você fez o aborto.
-
Eu nunca estive nessa clínica, Christian. Precisa acreditar em mim.
-
É o seu cartão Ana.
Agora
Anastásia percebia que a armação fora ainda maior. Seu cartão deve ter sido
clonado.
-
Seu tio me confirmou isso.
-
O que? Como assim? Meu tio Ray jamais te confirmaria isso. É mentira!
-
Ele soube o que você fez, Ana. E achou bom nós nos casarmos e morarmos longe.
Assim você se envolveria em menos confusão. Ele também tem uma cópia dessa
fatura e o médico confirmou que você fez um aborto. Pare de mentir.
-
Não!!!! Isso tudo é mentira! – Agora ela pegou o lenço e viu o que tinha dentro.
– O broche com a letra A.
-
Sim. Você cometeu um erro ao dar seu broche para Emmett. É a maior prova de
todas.
Sem
pensar duas vezes, Ana foi até seu quarto e pegou o próprio broche. Unindo os
dois achava que ira surpreender Grey. Estava errada.
-
Eu sempre soube que são dois, Ana. Porque você está com o de Alice? Para me
enganar?
-
Não, Grey! O meu sempre esteve comigo. Jamais daria pra ninguém.
-
Alice usava o broche quando conheci vocês duas. Na noite da festa ela usava.
-
Usava o meu! Porque o dela tinha sumido!
Pela
primeira vez Grey pensava na possibilidade de estar errado.
-
Alice não conhecia Emmett. Ela mal o tinha visto.
-
Isso é o que você acha. Eu conheço muito bem a letra nesse cartão postal,
Christian. Eu só não sei como fraudaram meu cartão de crédito, mas, se alguém
fez realmente esse aborto, não fui eu.
-
Mentira! É mentira! Você está tentando me enfeitiçar novamente. E eu te odeio. Odeio
tanto quanto te amo!
-
Você é um idiota, Grey! Você estragou a nossa vida juntos. – Ela tirou a foto
do bolso e mostrou a Grey. Alice e Emmett abraçado intimamente. A cabeceira de
uma cama aparecia atrás – Acha mesmo que eles não se conheciam?
-
Onde você conseguiu isso? – Christian sentia a terra fugindo de seus pés. Seria
possível ter errado tanto assim? – Não é verdade, não pode ser...
-
Você quer tanto assim que eu tenha culpa? Não consegue sequer pensar em outra
pessoa? Você errou feio, Grey! E com esse erro você jogou fora a nossa chance
de ser felizes. Agora eu vou embora. Eu vou provar pra todos o que realmente
aconteceu. E você vai se arrepender amargamente pelo que me fez passar aqui,
Christian Grey!
-
Ana...
-
Eu nunca vou te perdoar.
Ana
deixou o quarto de cabeça erguida. Saia da fazenda quando viu o padre. Ela não
estava chorando. Suas lágrimas por Christian já tinham acabado. Agora precisava
começar uma nova vida.
-
Anastásia, minha filha, o que houve? Posso ver que não está bem.
-
Fique com o Christian, Padre. Cuide dele e não permita que venha me procurar.
Estou indo embora.
Antes
de ir, no entanto, foi na garagem pegar um carro e encontrou Kate.
-
Vai nos deixar? – A bela loura perguntou.
Ana
observou-a por algum tempo antes de responder. Gostava de Kate. Era uma grande
amiga.
-
Vou pra São Paulo. Pegue sua filha e venha comigo, Kate. Eu preciso reconstruir
minha vida, você também. E não será fugindo, Kate.
Antes
ainda passariam em outra casa. Ana queria dar a Gail a oportunidade de ser
feliz longe de James. Homens difíceis haviam complicado a vida das três. Juntas
ela iam se reerguer.
-
Você quer ir, Gail?
-
James não está em casa agora. Chamaram ele na fazenda, Ana.
Por
um momento Ana temeu pelo marido. Mas estava concentrada em seu futuro. Grey
estava colhendo o que plantou.
-
Ótimo. Pegue algumas coisa e venha. Tem que decidir agora, Gail. Venha comigo
ou fique com James e apanhe o resto da vida.
Havia
um motivo muito sério para James ter sido chamado na fazenda. Quando Padre Henrique
entrou na casa ouviu gritos descontrolados. Correu ao quarto do casal. Grey o
havia destruído e estava com a arma nas mãos. Correu até ele e tentou tirar a
arma de seus dedos. Nervoso, Grey apertou o gatilho e sangue começou a jorrar
em sua cabeça.
-
Não! Grey! – O Padre se desesperou. – Chamem o médico!!!!
Deitado
na cama Christian recebeu os primeiros socorros. Por sorte e agilidade do
Padre, a bala passou de raspão. Mesmo assim, havia perdido muito sangue.
-
Eu tenho que procurar Ana. Me deixem ir procurar minha mulher. – Disse tentando
se erguer.
-
Fique deitado, homem! E se prepare para alguns dias nessa cama.
-
Não posso!
-
Então não devia ter dado um tiro na própria cabeça. Agradeça a Deus por ter me
feito intervir. Se não, estaria morto. – Repetiu o religioso.
Enquanto
isso, Ana, Kate, Bianca e Gail chegavam ao cais e recebiam a informação de que
Jacob deixou autorizada qualquer ordem de Anastásia. Podiam ir embora. E assim
o fizeram. Iriam recomeçar.
Quem
desejar, pode ver o cap da novela. Tem umas coisas diferentes, mas a briga e a
fuga estão lá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário