Quando Bella acordou eu estava ali,
ao seu lado, pronto para oferecer meu apoio. A questão era... ela iria aceitar?
Eu desejava ser um homem correto e isso incluía não me aproveitar de um momento
de carência e de medo vivido por ela. Eu esperava ser recebido de forma nada
amigável no quarto, mas não foi assim. Ela estava desconfiada, amargurada,
profundamente triste, mas desejosa de carinho.
- Oi. – Disse timidamente ao entrar
no quarto.
- Oi... te devo um agradecimento.
- Não, nunca me deverá nada Bella. É
a obrigação de um homem proteger àqueles que ama.
- De qualquer forma, obrigada. Nunca
iria me perdoar algo acontecesse ao meu filho.
- Nosso. Nada de ruim acontecerá ao
nosso filho.
Ficamos em silêncio apenas nos
observando por alguns minutos, de certo modo dividindo a felicidade de saber
que, apesar de nossos erros, o bebê estava bem e traria alegrias para nós.
Achei que seria um bom momento para fazer o pedido e que ela não me negaria.
- Será que...bom...será que você
deixa eu ver o ultrasom? Eu queria muito ver nosso filho.
- Claro. Só que Edward eu preciso que
você saiba...não vou abandonar meu filho. Ele é meu.
- Não Bella, ele é nosso.
- Mas está dentro de mim. – Ela
insistiu.
- Você sabe o quanto eu sonhei com
esse bebê Bella. E enquanto eu o desejava, você nem ligava, nem queria ser mãe.
- Mas agora serei. E não abrirei mão
dele!
Resolvi não discutir em respeito ao
seu estado de saúde.
- Ok, não quero que fique irritada
agora.
Logo depois uma enfermeira entrou no
quarto dizendo que Bella deveria ser preparada para o exame. Eu fiquei
esperando na sala ao lado e quando entrei, ela estava vestida numa camisola
verde aberta no ventre e deitada na maca. Logo o gel transparente era espalhado
na pele branquinha da mãe de meu filho e o Dr. passava um pequeno aparelho em
seu ventre. Enquanto isso, íamos conversando.
- Você tem de se alimentar melhor. –
Disse o médico.
- Sim, eu sei. Mas não é por falta de
tentativa. Só que eu não consigo comer.
- Pois terá de insistir até
conseguir. Isabella, eu vou lhe receitar vitaminas e complementos, mas nada
substitui uma boa alimentação. – O médico foi duro.
Assim, enquanto falava e fazia suas
indicações. O médico seguia passando o aparelho pelo ventre de Bella e
registrando as imagens. Em um certo momento ele ficou quieto, calado e sem nos
indicar o que ele fazia. Bella ficou angustiada e, para meu alívio, segurou
minha mão. Só que eu também não me sentia bem, confortável. Havia algo de
errado.
- Dr., o que há?
- Um instante, por favor, Sr. Cullen.
Mais alguns minutos de análise
silenciosa do monitor e o médico nos sorrio.
- Temos algo inesperado nessa
barriga.
- Como assim Dr.? A única coisa que há
na barriga de minha mulher é meu filho! – Nessas horas não faz sentido dizer
‘ex’. Ela era a mãe de meu filho e nós continuávamos juntos, agora por nosso
bebê.
- Fale, seja o que for, fale. – Disse
Bella.
- Calma...os dois. Eu disse que era
algo inesperado e não algo ruim. – Fiquei mais calmo. – Agora senhor Cullen,
por favor, me diga o que vê no monitor.
- Manchas. – Fiquei com vergonha. –
Desculpe se deveria ver mais, mas no momento só me parecem manchas.
- É só o que o senhor conseguiria ver.
Mas me diga agora você Bella. Quantas manchas vê?
- O que? Eu...vejo...três...mas não
pode! O que o senhor quer dizer?! – Ela gaguejava. – Eu não posso...é
impossível. Apenas um já é um milagre e...
- Acalme-se senhora.
- Não pode...isso deve estar errado.
Eu não posso ser mãe... não podia. Então como posso ter TRÊS bebês dentro de
mim.
O médico seguiu falando calmamente,
explicando para Bella que, em função do grande tratamento hormonal feito por
ela, ter uma gravidez múltipla não era assim tão raro ou inexplicável.
- Devo lhe dizer, inclusive, que
apesar de respeitar sua fé, isso não tem nada de milagre. É algo minuciosamente
pensado e estudado na medicina. Como a senhora tinha uma dificuldade para
conceber, sua médica elaborou um tratamento que lhe proporcionasse uma maior
facilidade. É claro, ela contava com fazer uma seleção dos espermatozoides mais
fortes e implantar apenas o selecionado. Agora, a senhora deve conversar com
ela e decidir se seguirá com a gestação de todos os fetos. Pode, no seu caso,
ser um pouco arriscado.
Depois de todo esse discurso feito
pelo profissional, Bella, ainda atônita, saiu de seu estado de congelamento.
Até eu me assustei.
- O que você quis dizer com:
‘conversar com ela e decidir se seguirá com a gestação?’ O que há para decidir?
- Isabella, você precisa pensar nessa
possibilidade. Afinal será um gestação de risco e, entre escolher o bebê que
tem mais chance de ‘vingar’ e tentar ter o três e colocar em risco a sua vida e
a de todos...talvez o melhor seja...
Eu...estava sem ação. Fui da alegria
completa ao pânico. Como assim? Eu acabo de descobrir que agora tenho quatro
vidas para proteger apenas para, um segundo depois, ouvir do médico que deveria
escolher um filho e matar os outros dois para assim garantir a segurança dele e
de Bella? Ela foi mais ágil e dura em sua decisão praticamente instantânea.
- Seu açougueiro desgraçado! Pensa o
que? Fique sabendo que eu sonhei a vida inteira em ser mãe e não achava que era
possível carregar uma vida. E, se você não acredita em milagres, eu SIM. E meus
três bebês nascerão saudáveis! Vamos Edward, eu não fico nesse hospital mais
nem um segundo! Irei consultar com minha médica e esse assassino de bebês nunca
chegará perto de meus filhos.
- Senhora, por favor, eu não quis
dizer isso. Apenas preciso ser franco diagnóstico.
- O senhor foi franco até demais. Nós
seguiremos o tratamento com a médica que tratou Bella desde o início. – Falei
de forma firme.
Estava tão perdido quanto Bella e por
isso não questionei quando Bella disse que desejava ir para casa. Levei-a
diretamente para o apartamento dividido com Alice. Ela entrou, sentou à mesa da
cozinha e por alguns instantes sorriu sozinha. Isso era outra surpresa para
mim. Bella não cabia em si de tanta alegria.
De onde veio tanta maternidade dentro dela, tamanho desejo de ser mãe
onde antes não havia nada se não desejo por dinheiro e liberdade? ‘Sonhei a
vida inteira em ser mãe e não achava que era possível’, disse ela enfurecida ao
médico que ousou sugerir um aborto para duas das crianças.
Precisava esclarecer isso.
- Bella, precisamos conversar. Aquilo
que você disse ao médico...
- Eu sei que me exaltei. Mas como eu
posso escolher Edward? Como eu posso simplesmente dizer qual deles terá a
chance de viver e quais devem perder a vida entes mesmo de nascer? Como eu
poderia, daqui a muitos anos, olhar nos olhos de meu filho e não lembrar dos
demais? Dizer para ele que eu matei seus irmãos?
- Ei?! – Ela achava que eu concordava
com o médico? – Eu entendo e teria ficado muito decepcionado se você pensasse
diferente. Só acho que temos de marcar uma consulta médica e você precisa ter todo o acompanhamento
médico.
- Sim, eu sei.
- Mas eu preciso esclarecer
Bella...você sempre desejou ser mãe?
- Sim Edward, sempre. Desde muito
menina eu sonho em ter meus bebês.
- Então porque sempre foi tão
negativa com a ideia de ter meus filhos?!
- Eu não gosto de sonhar com o que
não posso ter Edward. Fui muito jovem avisada dos problemas que a endometriose
me traria e me conscientizei de que era impossível. Eu repetia para mim mesma
de que poderia ser feliz sem isso.
- E conseguiu?
- Sim...até você entrar na minha
vida. Você e sua obsessão me perturbavam.
- Mas você deseja esses bebês, tem
algo para agradecer à minha obsessão.
- Sim, se não fosse isso, eu jamais
faria o tratamento. Fiz apenas para agradar você e ganhei esse presente. – Ela
disse com lágrimas escorrendo pelos olhos.
- Presente triplo. – Já eu sorria de
orelha a orelha.
- Sim!!!!!!
Meu Deus...como, depois de tudo que
ouvi de Bella eu poderia sequer pensar em afastá-la de nossos filhos? Seria
imperdoável. Sem desejar pensar a respeito disso, decidi encarar outros
assuntos.
- Precisamos ligar para a Doutora
Carmem. Ela poderá aconselha-la melhor que esse médico daqui. – Disse
calmamente.
- Eu sei, mas tenho medo dela dizer o
mesmo. Não vou tirá-los. – Ela caiu no choro novamente.
- Calma Bella, calma. – Achei que
precisava levá-la para Boston e tirar logo esse medo de seus olhos. – Vamos
vê-la agora, o que acha?
- Eu...eu quero.
- Ótimo.
Não pensei duas vezes e liguei para
Dr. Carmen que já nos tranquilizou:
- Se ela está de três meses, já temos
uma boa indicação. Os pequenos vão ficar cada vez ficar mais fortes. Venham
logo para eu examinar essa grávida tão emotiva.
Depois disso eu segui no telefone
enquanto Bella arrumava uma mala. Liguei para o aeroporto e reservei nossos
lugares. Depois avisei Jasper de tudo o que aconteceu e pedi que desse o recado
para Alice. Talvez ela pudesse estender seu final de semana e fazer companhia à
Bella.
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