Os
acontecimentos se precipitaram pela madrugada. James, o médico da cidade, foi
chamado para cuidar de Ana, mas logo avisou que ela deveria ser transferida
para um hospital com melhores recursos. Ali não poderia fazer muita coisa por
ela.
A ideia inicial era apenas levá-la a
cidade mais próxima onde pudesse receber atendimento. Assim que a família de
Ana ficou sabendo do que se passava, no entanto, exigiram que ela fosse tratada
no melhor hospital de São Paulo. Ray entrou em desespero ao saber que a ‘filha’
por um telefonema de Grey que a ‘filha’ tinha sofrido um grave acidente. Ele
tinha a sensação de que havia algo lhe sendo escondido.
- AQUI! Ouviu bem, Grey! Eu quero
Anastásia aqui em São Paulo. O helicóptero irá buscá-la na fazenda para
trazê-la até a pista mais próxima. De lá um jatinho a trará. Aqui nós
conversaremos.
- Eu concordo. – Respondeu Christian.
- Eu não perguntei se concordava. Se
não a trouxer, eu mesmo a busco!
- Senhor eu...entendo que esteja
nervoso, mas...estou fazendo o possível e...
- Está? Será mesmo?! Primeiro Ana
telefona aparentando estar infeliz e agora esse acidente. Você no mínimo não
cuidou de minha menina como deveria. Nós temos muito o que esclarecer, Grey!
Com problemas o suficiente com que
se preocupar apenas no translado de Ana, Christian deixou de lado a ameaça velada
feita por Ray. Sabia que teria graves problemas caso Ana dissesse o que se
passou na fazenda, mas, naquele momento, ver a esposa imobilizada em uma maca e,
mesmo inconsciente, gemendo de dor, o estava destruindo.
- James! O que você acha que é? Por
que ela aparenta estar sofrendo tanto e não acorda? – A culpa o consumia.
- Ela não aparenta ter fraturas
então eu acho que pode ser alguma hemorragia interna. Ou eu não consegui
diagnosticar a fratura...uma das costelas pode estar pressionando um órgão.
- Não tem nada que a gente possa
fazer?
- Nada...só levá-la o mais rápido
possível.
...Horas depois, já
em SP.
Ninguém trazia notícia alguma.
Sentia-se isolado no hospital. Por todos os lados familiares e amigos de Ana
conversavam, dando apoio uns aos outros. Ele sentia-se sozinho. Ninguém
entendia, nem mesmo ele, o que sentia.
- Eu queria que você sofresse! Eu quero que você pague pelo que fez!
Então porque não consigo sentir satisfação?! – A imagem do sofrimento dela
durante toda a viagem mais a angústia de não saber o que se passava naquele
momento o estava agoniando.
Quando finalmente ela foi levada
para o quarto, o médico do hospital o chamou e a James para ouvir o
diagnóstico.
- Primeiro devo parabenizar ao Dr.
James por ter feito o melhor por ela, mesmo sem as melhores condições. A
rapidez em transferi-la, salvou-lhe a vida. – Olhou-o seriamente. – Sua esposa
chegou muito perto de morrer devido a uma inflamação no fígado. Estamos
controlando a situação.
- Ela não corre mais risco de vida? –
Perguntou.
- Ainda depende de alguma evolução,
mas temos perspectivas. Também depende muito da sua vontade de viver. Agora é administrar
medicamentos para diminuir seu sofrimento. Ela deve recuperar a consciência em
breve. O senhor pode vê-la.
- Obrigada, Doutor.
Passou algum tempo apenas
observando-a imóvel na cama hospitalar. Não tinha o que fazer a não ser
deixá-la se curar e aceitar que os parentes viessem vê-la. Mesmo que ela se
queixasse, era o marido e ela não poderia simplesmente expulsá-lo de sua via.
De repente ela abriu os olhos aparentando uma fragilidade muito grande.
- Ana...eu estou aqui. Tente não se
mexer. – Tentou agir como se aquele fosse um casamento normal. Mas não era e
Ana, mesmo machucada, lembrou-o disso.
- Você não conseguiu...não me matou.
– Disse olhando-o nos olhos. – Sua vontade não se realizou.
- Eu não tentei te matar! Não sou um
assassino!
- É um mentiroso.
- Eu podia ter te deixado morrer na
fazenda.
- Está muito enganado se pensa que
eu vou te agradecer. – Ela se calou tentando recuperar o fôlego. Parecia muito
sofrida e cansada. – Vamos Grey...termine o serviço...completa sua vingança
imbecil. Mata! Se me sufocasse aqui ninguém ia desconfiar que se casou comigo e
me torturou todo esse tempo pra vingar o seu irmãozinho.
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