Após uma semana na fazenda os
compromissos de todos exigiam atenção. Alice ainda ficaria em Boston por mais
um dia então poderia passar o dia com Bella. Jasper foi cuidar de seus
compromissos e eu voltei ao escritório. Sobre minha mesa estavam convites de
diversos eventos. Apenas um deles me interessou. O baile de caridade
tradicional em Boston.
O baile foi criado décadas atrás
para arrecadar fundos para regiões mais pobres e também para ter recursos em
caso de desastres naturais. Hoje, no entanto, ele servia apenas para a
sociedade da cidade se exibir. As famílias mais competiam para ver quem doa
mais que realmente se preocupam com a causa. No ano de meu casamento o evento
ocorreu apenas um mês após o escândalo e eu compareci apenas para ser motivo de
chacota e assunto de todas as rodas de conversa. Chegara a hora de dar o troco
em toda aquela gente mesquinha. Eles veriam eu e minha mulher muito felizes.
Meu celular
tocou. Era a médica de Bella.
- Alô? Edward falando.
- Senhor Cullen, bom dia.
- Bom dia. Houve alguma coisa com
Isabella?
- Não. Apenas estou com os
resultados de alguns exames.
- Nós estávamos viajando então estou
com minha agenda bem cheia, mas pedirei que ela vá ao consultório para concluir
o tratamento. Estou ansioso para fazer a inseminação.
- É exatamente sobre isso que
preciso lhe falar. É que os exames que Isabella fez na semana antes de viajar
tiveram resultados ótimos. Digamos que ela está com os hormônios a flor da
pele. É a hora ideal para fazer a inseminação. Fiz questão de contar porque sei
o quanto quer esse filho.
- Sim doutora. Fiquei imensamente
feliz. – Estava emocionado. – Façamos assim. Até o fim dessa semana eu faço a
coleta.
- Certo. Depois eu marcarei para a
retirada do óvulo para depois implantarmos após a fecundação. Tenho fé que dará
certo. Agora ligarei para Isabella.
- Claro, faça isso e saiba que eu
adorei a notícia.
Ficar feliz era pouco para explicar
como me sentia com a notícia de que estava na hora de fazermos a inseminação. Bella
estava pronta para ser mãe! Minha vontade era sair gritando isso. Nós agora sim
seríamos uma família e isso me lembrou de uma pendência que deixei instalada
num de meus apartamentos.
- Hora que lembrou da minha
existência. – Estranho como antes ela me parecia tão linda e curvilínea e hoje
tudo soava artificial. – Entre...a casa é sua.
- Bom que você lembra disso. – Disse
entrando na casa. E vi algo estranho ali. – Recebeu visitas?
- Não, por quê? – Ela ficou nervosa.
- Tem cigarros no cinzeiro e você
não fuma. – Eu mostrei o recipiente cheio de butucas pretas, as de cigarros
mais fortes.
- Comecei depois que você me
abandonou.
- Certo. – Era mentira, mas não quis
perder tempo com isso. – Acabou Tânia! Preciso que deixe essa casa até o fim da
semana.
- Ela enfeitiçou você novamente né?
- Não vou discutir minha relação com
Bella aqui!
- Relação em que você só levou
chifres né?
- Cabe a boca! – A peguei pelos
braços e a ergui até estar a minha altura. – Você tem até o final de semana
para sumir de minha vida. Não me provoque Tânia. É isso ou eu mando virem
arrancá-la daqui e jogá-la na próxima esquina.
Saí de lá deixando Tânia furiosa,
mas com alma lavada, pronto para seguir com meu casamento. Naquela noite eu e
Bella saímos para jantar em uma cantina italiana simples e deliciosa. Enquanto
ela se deliciava com a sobremesa de chocolate eu a observava e sorria.
- Você está ainda mais bonita hoje.
- Lambuzada de chocolate?
- Também. – Lembrei da ligação da
médica. – Devem ser seus hormônios. Segundo sua médica eles estão a flor da
pele..
- Sim, ela me ligou também e disse
que você já marcou tudo.
- Sim, eu não vejo a hora de ver
você grávida. – Ela ficou chateada, era perceptível. – O que ouve?
- Nada... é só que não sei se vai
dar certo.
- A médica me garantiu que há boas
chances.
- Eu sei Edward. Estou falando é de
nós dois. Não sei se vai dar certo criarmos uma criança depois de tantas
coisas, tantas mágoas.
- Isso ficou no passado Bella!
- Será que ficou Edward?
Encerramos o jantar e seguimos para
casa. O ar de romance, o frio que fazia, o vinho, tudo colaborou para fazermos
unicamente o que desejávamos. A noite foi quente e deliciosa, mas sem o fogo ou
o desespero que tínhamos em nos amar. Dessa vez foi com calma e depois eu
preferi não arriscar declarações de amor, iria esperar ela dizer.
Cinco dias
depois...
Era sábado, dia do baile. Isabella não
ficou muito feliz em ter de encarar a sociedade em um evento desse porte e
ainda de vestido longo, mas aceitou me acompanhar. Para isso usou um vestido
que a fazia parecer um anjo caído do céu. Com os cabelos negros soltos ela
aparentava ser ainda mais nova e eu fiquei encantado com sua beleza e
delicadeza.
Ficar no salão, fazendo cara
sorridente e gastando dinheiro. Era isso que tínhamos de fazer, mas Bella não
gostou nada.
- São todos uns falsos que adoram
falar da nossa vida.
- Sim, são, mas temos que
suportá-los por pouco tempo.
A festa ia bem. Eu já tinha feito uma
gorda doação, já tinha jantado uma saborosa refeição e dançava com minha linda
companhia. Tudo perfeito até que avistei alguém que desejava jamais ter de
colocar os olhos novamente.
- O que há Edward? – Bella percebeu
meu nervosismo.
- Seu amante está aqui!
- O que? – Ela olhou para trás e viu
a quem eu me referia. – Edward, eu não tenho nada com Jack, não o vejo faz
muito tempo e eu não sabia que estaria aqui.
- Mas ele certamente sabia que você
estaria.
- Você quer ir embora? – Ela disse
visivelmente incomodada.
- Não! Não vou fugir de...como é o
nome dele mesmo?
- Jack.
- Jack...parecem bem íntimos.
- Pare com isso Edward. Não fale
como se eu fosse pular de sua cama para dele como uma qualquer.
- Dormiu com ele? – Perguntei
claramente.
- Eu não vou falar sobre isso! – E
sai da mesa. – Vou ao banheiro.
Ela foi e demorou muito. Eu fiquei
ali. No início estava com raiva...depois me arrependi de ter gritado com Bella.
Como ela poderia imaginar que Jacob aparecesse ali? Mesmo assim ela não negou
ter sido sua amante e ele poderia ter vindo ali atrás de minha mulher. Inferno,
ela não voltava. Liguei para seu celular.
- Bella, onde você está?
- Em um táxi. Não aguentava mais.
Nos vemos em casa.
Eu sabia que algo havia acontecido e
planejei forçar Bella a falar assim que chegasse em casa. Também me preocupava
o fato de não conseguir avistar mais o tal Jack.
- Calma! Tem muita gente aqui! –
Disse para mim mesmo.
Infelizmente meus planos foram por
água baixo quando encontrei Ana e esta me disse que Bella lhe pediu um remédio
para dormir e seguiu para o quarto.
- Bella...Bella...acorde! Precisamos
conversar!
Nada, ela estava completamente
apagada. Minha única alternativa era ir dormir e deixar a conversa para o dia
seguinte. Dormi abraçado a minha esposa, sabendo que algo muito ruim acontecia.
Na manhã seguinte ao acordar vi que
meu celular recebeu um número muito grande de chamadas. Desconfiado olhei a
capa dos jornais e não vi nada. Fui então ao meu computador e não precisei ler
matéria alguma. Apenas vi as fotos:
Joguei o
computador contra a parede e teria quebrado muito mais. Só parei por lembrar
que quem merecia meu ódio ainda dormia.
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