Quando
postou-se à frente da sede da Polícia Federal, Gabriela já não era dona de sua
habitual frieza. Tudo aquilo que levou anos junto de seu pai a estruturar com
todo o cuidado, agora desabava pelas mãos de uma policial insistente demais.
Agora ela percebia seus erros. O principal deles, concluíra, fora dar atenção
demais à irmã errada. Beatriz deveria ter sido morta na primeira oportunidade.
-
Foi um erro de julgamento. – Acreditava.
Errou
ao crer que com a jornalista sob sua posse, conseguiria manter a policial sob
controle. Elizabeth sempre soube que a irmã vivia. E esse sempre fora o seu
objetivo. Era um risco calculado. Enquanto houvesse esperança em Elizabeth, a
teria em suas mãos, pensava. Mas ambas
mostraram-se ardilosas. E, principalmente, teve de contar com algumas
surpresas. Jamais deveria ter confiado em Gregory e Samantha para algo tão
importante quanto guardar Beatriz. Ele demonstrou pouca inteligência, ela ciúme
e ganância.
-
Eu já livrei o mundo da presença de Gregory. – Esse pensamento lhe trouxe algum
alívio. Tanto que decidiu dar o mesmo caminho para ela. – Você irá encontrá-lo
no inferno logo, Samantha. Em algumas horas, eu diria.
Enquanto
Elizabeth esperava o táxi uma fina garoa começou a cair, molhando seu cabelos e
fazendo um calafrio atravessar sua espinha. O trânsito estava tranquilo,
fluindo bem apesar da intensa passagem de veículos ser intensa. Os anos de
serviço ensinaram Elizabeth a manter a atenção no que ocorria à sua volta,
independente do quão cansada estivesse. Por isso, o carro preto, parado do
outro lado do cruzamento e cujo condutor ela não conseguiu identificar num
primeiro olhar, lhe chamou a atenção. O carro não fora estacionado, porém o
motorista não aproveitou nenhuma das inúmeras oportunidades para colocá-lo em
movimento quando o fluxo de veículos deixava uma brecha. Estava ali observando
a algo. Ou alguém.
Se
a olho nú a distância impedia olhar a face do condutor, resolveu isso com o
celular. Tirou-o da bolsa e primeiro fingiu fazer uma ligação, depois mirou a
câmera e com o auxílio do zoom de longo alcance não apenas identificou quem
era, mas também fotografou.
-
Me seguindo Gabriela...peguei você. – Disse a si mesma.
Mesmo
confiante, foi com bastante preocupação que Elizabeth entrou do táxi e deu seu
endereço ao motorista. Pelo retrovisor, percebeu o carro de Gabriela
seguindo-os. Benício chutou em sua
barriga em reflexo ao nervosismo de sua mãe. Em outros tempos, apenas pediria
para o motorista guiar o carro à uma área deserta, sacaria a arma que sempre
trazia na bolsa e resolveria a questão. Com uma vida no ventre, porém, não
podia arriscar. Pegou novamente o celular e pensou em discar para Miguel.
Pensou, porém, que ele nada poderia fazer além de ficar preocupado. Então foi o
telefone de Rebeca a tocar minutos depois.
-
Estou em um carro em movimento e Gabriela está me seguindo. Loca entraremos na
Avenida Rebouças. Desconfio que assim que seguirmos para algum lugar mais calmo
ela tentará algo. – Disse pausadamente, vendo os olhos do motorista se
arregalarem. – Continue dirigindo, por favor.
-
O que você disse, Elizabeth? – Rebeca foi pega de surpresa.
-
Exatamente o que seus ouvidos captaram, Beca. Eu e Benício precisamos de uma
ajudinha.
O
carro guiado por Gabriela aproximou-se cada vez, a ponto de ficarem colados.
Elizabeth aproveitou para fazer mais uma foto. Essa comprovava a perseguição. A
ousadia da criminosa lhe dizia duas coisas. Primeiro que ela reconhecia o risco
que corria e tinha certeza de que seu tão eficiente disfarce, mantido por anos,
havia sido descoberto. Depois deu-se conta que Gabriela representava o pior
tipo possível de pessoa. Ela aproveitava-se da maldade dos outros para agir sem
sujar as próprias mãos. Se ela preferiu ficar enquanto Sebastian retornou aos
EUA, foi para limpar ela mesma o terreno. Gregory já estava morto. O arriscado
plano dessa noite era livrar-se da policial que dificultava sua vida.
-
Não será tão fácil assim. – Decidiu.
-
Senhora...é verdade que... – O motorista, que ao ela entrar no táxi já tinha as
roupas amassadas pelo dia de trabalho, agora as tinha grudada ao corpo devido a
transpiração. Ele segurava o volante com ambas as mãos e do banco traseiro
Elizabeth as via tremer.
-
Sim, estamos sendo seguidos por uma assassina em potencial. Preciso que o
senhor mantenha a calma, olhe para a frente e dirija. O resto deixe comigo.
-
Não deveria chamar a polícia?
-
Eu sou a polícia.
Sentindo-se
culpada por não avisar ao marido que o filho deles estava em risco, Elizabeth
voltou a pegar o telefone. Dessa vez ele demorou a atender.
-
Fale senhora Benitez. – Ele lhe cumprimentou. – Cheguei em casa um pouquinho
mai cedo e estou preparando um jantar. Espero que chegue logo para poder ficar
com você na banheira e depois curtir você e meu filho. Benício está bem?
-
Bem agitado, eu diria. Mas não posso culpá-lo nesse momento.
-
O que foi?
-
Fique calmo e não faça nenhuma bo...
-
Fale, Elizabeth! – Ficar calmo esteve longe da sua realidade.
-
Estou em um táxi seguindo em direção a nossa casa e Gabriela está logo atrás,
em um carro próximo, muito próximo, eu diria. Ela está me seguindo desde que
saí da PF. Já pedi por reforço. – Informou e esperou pela explosão do marido.
Naquele
tempo de relacionamento com Liz, Miguel aprendeu que a vida deles jamais seria
calma. Não com ela sendo uma policial tão dedicada a sua profissão e ele membro
de uma família que comprovadamente teve envolvimento criminoso. Já se habituara
a isso. Agora, porém, somente pensar em Elizabeth e Benício em risco o faziam
tremer.
Ele
insistiu para ela dizer qual o caminho o taxista faria. Em seguida desligou o
fogo das panelas e saiu ainda mantendo-a na linha. A explosão que Liz esperava
não veio. Ou, ao menos, ele não transmitiu o que sentia. Ficou calado a não ser
para passar tranquilidade para a esposa. Tinha uma profunda confiança na
capacidade de ação de Elizabeth. Se alguém conseguiria sair daquela e de tantas
outras situações de risco, é ela que muitas vezes já provara ser capaz de lidar
com a tensão sem deixá-la atrapalhar seu raciocínio. Ainda assim, o medo fez
com que sua mão tremesse ao fechar o cinto de segurança.
-
Eu já estou chegando. Me diz o prefixo do táxi para eu identificar vocês.
-
Não quero que interfira, Miguel. Você é civil. Não se esqueça.
-
Sou seu marido, investigadora. Não se esqueça. – Foi a única resposta oferecida
por Miguel. Não iria prometer manter-se distante. Não quando tudo o que deseja
era justamente colocar-se entre Gabriela e sua família.
A
calma abandonou Miguel guando ele percebeu que não chegaria em tempo de nada
fazer. A ligação foi cortada minutos depois por um forte estrondo seguido por
um grito de Elizabeth. Uma voz masculina e tremida também ecoou pelo telefone e
Miguel imaginou que fosse o motorista ao perder o controle do veículo.
O
que Miguel ouviu de Elizabeth não foi um grito de medo, mas sim de comando. Ela
viu Gabriela emparelhar os carros quando ambos passavam por uma elevada. O
risco, Liz percebeu, de ambas morrerem era altíssimo. E ainda assim fora justo
ali que Gabriela resolveu agir.
-
Você está louca, Gabriela. Demente. – Elizabeth concluiu. Por isso não temeu
mostrar o rosto durante o atentado. Preferia morrer junto a deixar a inimiga
viva.
Elizabeth
nada pode fazer, mesmo com sua arma em punho. Se o carro despencasse, cairiam
sob os que trafegavam no nível inferior e dificilmente sobreviveriam. Foi a
perícia do motorista que salvou a todos. Na primeira vez que Gabriela forçou o
choque entre os veículos, o experiente profissional conseguiu manter o controle
da direção. Instintivamente, pisou no freio. Foi quando Elizabeth assumiu o
comando.
-
Não! Acelere. Coloque carros entre nós. Precisamos ganhar tempo até recebermos
ajuda. – Gritou.
O
homem até tentou, mas Gabriela mostrou-se boa motorista. No momento em que
sirenes foram ouvidas e eles já desciam ao nível do solo, a mulher
descontrolada que dirigia o outro veículo causou uma nova batida. E então
Elizabeth sentiu o carro bater forte contra uma mureta, se cinto de segurança
apertar o ventre e o airbag se abrir fazendo seu rosto doer.
Confusa
e com dores pelo corpo, Elizabeth não sabia dizer exatamente quanto tempo ficou
no carro antes de ser socorrida. Abriu os olhos ao ser colocada em uma maca. E
então já avistava Miguel e Rebeca. Sem coração acalmou-se imediatamente quando
sentiu Benício mexer na barriga. Lembrava-se das palavras lidas no livro de
gestantes “quando o bebê mexe é porque está bem”. Saber que ele estava vivo lhe
trouxe uma sensação de alívio e de felicidade tão grande dentro do peito que,
naquele instante, Elizabeth entendeu o que era amar um filho, amar alguém acima
de tudo, amar outro ser mais do que a si mesma.
-
Liz, Liz... – Miguel repetia incansavelmente. – Fala comigo.
-
Eu te amo. – Ela falou o que ele precisava ouvir. Mas então voltou à realidade.
– Gabriela....o que aconteceu com ela?
-
Ela conseguiu manter o controle do carro e seguiu pela rodovia quando vocês
bateram. Ela fugiu, provavelmente acreditando ter conseguido tirá-la de mim.
-
Meu celular....eu a gravei...agora tenho como provar. Vou indiciá-la como
tentativa de assassinato. Gabriela irá presa. Não é bem pela razão que eu
planejava, mas vou prendê-la.
-
Eu irei atrás dela, Liza. – Rebeca afirmou. – Você irá ao hospital. E não
adianta nem reclamar.
Uma semana depois...
Sebastian
pedira que Luísa avisasse Beatriz que ele precisava lhe falar no escritório. O
que tinha a lhe dizer não era algo fácil, mas a realidade se impôs entre eles.
Há vários dias eles haviam conversado, toda a verdade veio a tona, ao menos da
parte dela. Ela jamais lhe tinha contado detalhes da própria vida. Hoje chegara
esse dia. Ira colocar todas as cartas na mesa, para logo depois dar adeus a
mulher que entrou em sua vida para mudá-la por completo. Por mais que doesse,
reconhecia que viver trancada naquela casa não era o destino de Beatriz.
-
Chamou? – Ela chamou, sorrindo da porta.
-
Sim. Entre. Temos que conversar. Mas antes, dance comigo.
Aquela
semana lhe apresentou dias lindos ao lado dela. Alguns momentos passaram com
Luísa, numa relação familiar que afagou o coração daquela menina tão
necessitada de carinho. Outros dias passaram a sós. E Sebastian aproveitava
qualquer folga no trabalho para ficar junto dela. Quase numa despedida. Agora a
tinha em seus braços, cheirava seus cabelos e guardava na memória aquele
momento bonito, que antecedia tempos difíceis. Quando a música acabou, se fez
necessário encarar os problemas.
-
Você disse que quer me conhecer de verdade. Não é mesmo? Não quero que saia da
minha vida sem saber de tudo.
-
Não quero sair da sua vida. – A resposta dela fez o coração dele acelerar.
Porém, era preciso não se enganar.
-
Há coisas que não dependem do nosso querer. – Ele indicou que ela se senta-se e
fez o mesmo. – Sou filho de uma imigrante latina com um trabalhador americano.
Eu dediquei a maior parte da minha vida a fazer dinheiro. E consegui. Meu pai
não conseguiu ver tudo isso, mas consegui oferecer à minha mãe o melhor. Muito
ocupado com esse objetivo, demorei muito a desejar formar a minha família. Então
surgiu Lílian, uma mulher de beleza comum e que ainda assim se destacava pela
classe e postura.
-
Você a amou muito? Ainda a ama? – Beatriz ousou interrompê-lo.
-
Para uma prostituta, Bia, você romantiza demais as relações. – Havia um
profundo amargor nas palavras ditas por Sebastian. – Não sei mais por qual
sentimento chamar. Foi bom por algum tempo. E então ela me traiu e eu reagi de
uma forma que...não me orgulho, mas também jamais me arrependi. Eu a matei,
Beatriz. Sou o assassino de Lílian.
-
Isso não é verdade! Ela morreu em um acidente. Dona Angelina me contou do carro no precipício!
-
Não seja ingênua, Beatriz. Minha mãe lhe contou o que todos repetem por aí, mas
ela sabe a verdade. Até hoje somente eu e ela dividíamos esse segredo que,
agora, você também saberá. Eu espanquei Lília naquela tarde enquanto mamãe
cuidava de Luísa no andar de cima. Não via nada à minha frente além da mulher
que havia me desrespeitado. Ela poderia ter morrido em nossa casa, mas ainda
teve forças para ir embora dirigindo seu carro. A queda do precipício foi
apenas o golpe final e um ótimo disfarce. Quem a matou de verdade, fui eu.
Beatriz
assustou-se com a cena que se descortinava para ela. Queria poder desacreditar,
pensar que aquele homem descrito não representava o tão bem conhecido por ela. Mas
a negativa ficou presa na garganta. Tinha muito forte na memória a lembrança de
garotas da boate relatando agressões praticadas por Sebastian. Por lá, ele era
temido. Muitas encaravam a notícia de que iriam atendê-lo como um castigo.
-
Eu nunca tinha agredido nenhuma mulher antes de Lílian. Mas espanquei muitas
depois dela. – Ele reconheceu. – Você tem razão em me olhar assim. Não sou uma
boa pessoa, Beatriz. E sempre me surpreendi por você não me temer, como as
outras temiam.
-
Você jamais me bateu. Nem vai. Eu tenho certeza disso. – E essa afirmação foi
100% sincera, apesar de todas as revelações.
-
Isso é verdade...até porque não terei chance. Essa será a nossa última noite
juntos. – Sebastian colocou à frente dela dois documentos. Estavam ali o
passaporte e uma carta de apresentação da embaixada brasileira. Por fim, ele
lhe estendeu o telefone. – Ligue e diga aonde está. Eles irão ajudá-la a
retornar ao Brasil e...
-
E você irá preso. Não! Não será assim.
-
Não há alternativa, Beatriz. Você quer voltar ao Brasil, quer rever a sua irmã,
quer embalar nos braços Eva. Não posso mais mantê-la aqui.
Queria.
Precisava. Seu coração gritava por rever a filha. Mas não podia aceitar
simplesmente a proposta, sem importar-se no que ocorreria com ele. Não quando
haviam vivido juntos momentos tão importantes nas últimas semanas. Há muito
tempo tornaram-se mais do que amantes. Agora tinham sentimentos demais
entrelaçados para poder abandoná-lo sem nada fazer.
-
Não vou em embaixada alguma. Não ainda, pelo menos.
-
Beatriz...por favor...
-
Preciso de acesso a um computador com internet. Vou mandar uma mensagem para
Elizabeth. Ela saberá como nos ajudar.
Sebastian
fez o que Beatriz pediu. No íntimo, porém, duvidava que Elizabeth Benitez
tivesse alguma motivação em ajudá-lo. E, ainda pior, não tinha razão para
condená-la por isso. A irmã de Beatriz não tinha razão alguma para ver nele
nada além de um homem sem caráter, capaz de comprar uma mulher. Ela sabia, ele
tinha certeza. Por isso fez questão de ficar frente a frente com ele no Brasil.
Beatriz ainda não conseguira prendê-lo, mas iria fazê-lo muito em breve. Viu
uma motivação tão grande em seus olhos que não ousava desacreditar. Deixou
Beatriz sozinha no escritório e foi passar algum tempo junto de Luísa. Em breve
ela estaria sentindo falta de um pai.
Com
um novo visual, Gabriela conseguira escapar do Brasil antes mesmo que Rebeca
conseguisse colocar barreiras nos aeroportos de São Paulo. Ao chegar em Moscou,
porém, soube que seu bom nome era passado. Fotos suas estavam espalhadas por
jornais e sendo reproduzidas em programas de TV. Imagens gravadas pela
investigadora federal Elizabeth Benitez comprovavam que ela agira em uma perseguição
e tentativa de assassinato contra a autoridade policial. “Apesar do susto, a
investigadora grávida de oito meses passa bem”, complementara a jornalista.
-
Vadia desgraçada. Não serve nem para morrer na hora certa. – Disse ao assistir
o vídeo pela internet.
O
fato dela ser prima do marido de Elizabeth colocou combustível nas discussões e
não tardou para que o escândalo da prisão de seu pai e as acusações de
Elizabeth à época, vinculando a BTez a um possível esquema que lavaria dinheiro
vindo da prostituição na empresa, forem novamente trazidos a tona. Ela era
agora chamada de psicopata e, possivelmente, a líder internacional de uma
quadrilha que lucrava a partir do tráfico sexual. Por enquanto não era
Elizabeth a se manifestas publicamente, mas sim outra policial.
-
Todos os indícios apontam para que Gabriela Alencastro esteve durante anos
lucrando através da escravização de mulheres levadas da América Latina para países
europeus. Com a ajuda de seu pai, Javier Alencastro Benitez, lavava o dinheiro na
BTez Motors sem que o presidente da companhia soubesse. Com um trabalho
detalhado e muito dedicado, a investigadora Elizabeth Santos conseguiu
desmembrar parte da quadrilha há cerca de um ano e meio na operação que prendeu
Javier. Ela seguiu fechando o cerco e aproximou-se tanto que Gabriela resolveu
ousar a ponto de uma tentativa de assassinato. – Rebeca afirmou em sua declaração
aos jornalistas.
-
A senhora referiu-se a investigadora como Elizabeth Santos, mas ela é casada
com Miguel Benitez, atual presidente dessa mesma montadora e, por tanto, com vínculos
familiares com Gabriela. Qual relação elas mantinham? – Um repórter bem
informado perguntou.
-
Nenhuma. Elas mal se conheciam. – Rebeca respondeu, seca.
-
A investigadora chegou a culpar publicamente essa quadrilha da responsabilidade
pelo sequestro de sua irmã. Ouve alguma mudança nisso?
-
O sequestro da senhora Beatriz foi investigado pela Polícia Civil. Por isso nós
nada temos a dizer. E agora, se me permitem...
-
Apenas mais uma questão, policial. – Outro repórter insistiu. – Qual o próximo
passo da polícia?
-
Fechar as algemas em Gabriela Alencastro. E não demorará. Ela pode esperar. –
Foi uma ameaça dita em tom firme. Quando Elizabeth visse, sentiria orgulho da
parceira.
Pela
primeira vez na vida Gabriela sentia medo. Passou uma semana escondida, sem
andar pela rua nem falar ao telefone. Teve de reconhecer que o cerco se fechara
de uma forma grave demais. Não poderia mais pisar no Brasil, nem nos EUA. E
mesmo na Rússia precisaria manter-se escondida ou não demoraria a ser presa. Ao
menos enquanto a poeira baixava, teria de assumir Moscou como a sua casa. Instalou-se
em um hotel muito mais simples do que o de costume e resolveu ir até a boate de
Otto por fim ao problema chamado Samantha. Tudo o que não precisava era de mais
aquele problema vivo por aí, disposto a derrubá-la. Seguiu em direção aquele
buraco na intenção de matá-la rapidamente. Seria indolor e sem gritos. Nada a
preparou para a cena que lá encontrou.
-
O que se passa aqui? – Gritou atirando uma garrafa de bebidas contra a parede!
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