Matheus
estava irritado naquele entardecer. Não. Na verdade esteve irritado por todo o
dia. E seu mau humor teve início com seu desentendimento com Patrícia logo
durante o café da manhã. Sentindo-se culpado por ter ido até o médico dela e
feito perguntas indiscretas, Matt contou para ela seu erro e pediu-lhe para se
abrir. Estava muito claro que Paty guardava um segredo. Ela não era franca em
todos os assuntos. E ele, estranhamente, queria conhecer cada segundo de sua
vida, os bons e os ruins.
-
Você é um intrometido! – Paty acusou-o.
-
Sim, eu sou. Mas é por uma boa causa. Eu só desejo o seu bem e sinto que fica
se policiando para não falar demais. Se eu saber de tudo, vai se sentir melhor.
Eu não vou te julgar por nada. Se for algo ilegal eu...
-
Você já me julgou e condenou, Matt. – Ela levantou-se da mesa sem terminar de
comer. – Eu não fiz mais nada de ilegal. Tem coisas na minha vida um tanto
desagradáveis. E eu não estou a fim de ficar falando. Vou pro escritório.
-
Espera! Paty! Vai comigo...saio em cinco minutos!
-
Eu pego um ônibus!
No
escritório, ela fez o seu trabalho com a mesma dedicação e gentileza de sempre.
Podia não ser perfeita nem entender de todos os trâmites jurídicos do
escritório, mas era atenciosa com os clientes e alegrava seu dia. Mas não
naquele dia. Patrícia trabalhou e não lhe deu atenção em nenhum momento.
Chegou, inclusive a lhe pedir para trazer um café. Ela obedeceu ao chefe...sem
dar papo ao amigo. Também recusou o convite para almoçar e com isso deixou-o
mais chateado.
Para
piorar, teve uma reunião com seu sócio e Raúl lhe desagradou muito. O motivo?
Patrícia. Sempre ela. Raúl tinha se mostrado contra a contratação dela alguns
meses atrás. Agora estava encantado pela auxiliar de escritório. Encantado
demais.
-
Ela está distraindo os estagiários. É bonitinha, gostosinha e facinha...se é
que me entende.
-
Como é que é? – Nenhum daqueles ‘inha’ o agradou. – Eu não gosto desse tipo de
insinuação.
-
Em especial da sua queridinha, eu já imaginava. Não se ofenda! Eu estou falado
como seu amigo e seu sócio. Ela é sua amiga, é sua colega de apartamento...e
você está louco para levá-la para cama. E anda desatento e irritadiço. Eu
entendo. Repito: deve ser gostosinha. Mas é mulher da vida. E nossos
estagiários sabem. Logo isso pode chegar aos clientes e isso vai nos dar
problemas.
Matheus
observou Raúl por um instante enquanto tentava se acalmar e decidir qual
atitude tomar. Raúl era seu amigo de longa data. Já ajudou-o muito na vida. E
era um brilhante advogado. Mas não iria ouvi-lo, não dessa vez.
-
Patrícia fica onde está, Raúl. E em nome da nossa amizade eu peço que você meça
suas palavras. Ela é alguém importante pra mim. E se algum dos nossos
estagiários ou clientes tiver problemas com a antiga profissão de Paty, eu me
responsabilizarei pelo problema.
-
Se você quer assim.
-
Eu quero. Quanto a desatenção e irritação, irei resolver a causa disso ainda
hoje. Não se preocupe.
-
Está bem, Matt. – Ele bateu nas costas do amigo três vezes. – Conta comigo para
o que for necessário.
Matheus
abandonou o escritório sem dar explicação e pediu que sua agenda fosse
cancelada. Isso era raro. E Patrícia soube que era a responsável por isso.
Matheus queria descobrir o seu passado. E ia acabar conseguindo. A questão era
se ela estava pronta para mostrar-se por completo. Sua apreensão começou a
piorar quando recebeu uma mensagem.
“O intrometido aqui
já foi castigado
o bastante.
Estou te esperando
com o jantar pronto.
Vem logo”.
Não
tinha como negar-lhe nada. Não depois de tudo o que ele lhe deu e dava a cada
dia. Não era dinheiro, nem casa, nem trabalho. Era confiança. Matheus abriu a
sua vida para ela entrar. E mesmo que fossem apenas amigos, não estava pronta
para dispensá-lo.
Quando
chegou em casa, pediu a Matt alguns minutos para tomar banho e se arrumar para
o jantar. Quando voltou, foi recebida por um Matt relaxado e vestido
casualmente. Ele estava tão mais tranquilo que chegava a parecer mais jovem.
-
Aceita uma taça de vinho?
-
Matt...Matt...assim você me confunde. Às vezes me afasta, às vezes me atrai.
Ele
preferiu não responder. Talvez por não saber qual seria seu argumento. Lhe
faltavam palavras, algo raro para um advogado. Então redimiu-se com gestos. Nas
horas em que ficou sozinho pensou muito e decidiu não pressionar Patrícia.
Podia conviver com os segredos da vida dela. No presente, ela deixava sua vida
bem mais agradável. Comeram e beberam sem que ele lhe fizesse nenhuma pergunta
inconveniente. Na sobremesa ele já estava comemorando o sucesso da ‘operação
desculpas’. Paty ria contente e relaxada.
Aí
foi a vez dela surpreendê-lo.
-
O que você deseja saber, Matt? Pergunte. Eu vou responder.
-
Não! Não! Eu decidi que posso conviver com isso.
-
Pode. Mas não vai. Eu também pensei muito Matt. E acho você o cara mais
maravilhoso na face da terra. Tanto que não gostaria de te contar coisas
desagradáveis. A ideia de vê-lo desapontado comigo não é boa. Mas estou
apostando na verdade para ver se você me dá uma chance...uma chance de te fazer
feliz.
-
Você já me faz feliz, Paty. – Ele levou-a para a sala. – Sou todo ouvidos.
Comece me dizendo por que abandonou sua família e insiste em não procurá-los.
-
Nasci no interior de Minas Gerais, Matt. Não conheci meu pai e tive alguns
padrastos até um em especial me incomodar. Daí fui embora de casa.
-
Ele abusou de você? Vivia na sua casa? – Como era possível odiar assim alguém
de quem sequer o nome conhecia. – Podemos dar queixa e...
-
Feche a boca e escute, Matt! Não é nada disso. E nunca me atacou sexualmente.
Mas queria ser meu pai, ditar regras e me castigar. No dia em que ele usou seu
cinto contra mim, eu fui embora. Minha mãe disse que eu precisava respeitá-lo.
Nem pensar! Fui para Belo Horizonte, depois SP e o resto você sabe.
Com
Patrícia era importante abrir a mente para um mundo muito diferente. Prometeu
não julgá-la. E precisava cumprir mesmo, internamente, não aceitando as
decisões dela. Por mais desagradável que fosse morar com um padrasto violento,
era pior do que se prostituir e muitas vezes ser agredida por diferentes
homens?
-
Eu não esperava terminar como terminei, Matt. Mas eu dei adeus a minha mãe
quando ela preferiu aquele homem. Eu sou sozinha no mundo. Já superei isso. –
Ela tinha um sorriso quase sincero no rosto. – Próxima pergunta...
-
Não é uma pergunta. Só a constatação de que você tem algum segredo ou algo que
te incomoda muito. Sua atitude na pracinha com Eva foi estranha. Eu cheguei até
a pensar que você teve um filho, Paty!
Seus
olhos ficaram muito tristes e Matheus perceber estar perto, muito perto da
verdade.
-
Não tenho nenhum filho perdido por aí, Matt. Desse pecado você pode me isentar.
-
Eu não quis ofender.
-
Eu sei. Relaxa. – Antes de falar ela tornou a encher sua taça de vinho. – Tem
um fundo real nessa sua teoria. Eu já estive grávida. Esperei um filho de
Nikolay. – Ela parou esperando por uma interrupção de Matt. Apenas silêncio em
resposta. Ele estava deixando-a falar no seu tempo. – Eu já era exclusiva dele
há algum tempo. Tinha uma vida confortável, mas era vigiada o tempo todo. Vivia
trancada, esperando-o para satisfazê-lo quando desejasse. Ele ia e vinha de
suas viagens e eu ficava presa naquele apartamento. Num desses períodos
sozinha, passei mal e a médica que foi chamada deu o diagnóstico: três meses de
gravidez. Eu nem desconfiava. Alguém avisou Nikolay e a ordem dele foi clara
para resolverem o problema antes dele retornar.
Pálido,
Matheus ouvia Patrícia narrar a história triste com um nó se formando na
garganta. Ela tinha razões para estranhar o convívio de crianças. Em cada rosto
deveria ver o de seu bebê. A cada momento sentia um ódio maior por Nikolay.
-
Eu fui levada até uma clínica e saí de lá sem o bebê e cólicas terríveis. A
gravidez já estava avançada e uma complicação apareceu. – Ela seguiu e Matt
percebeu que o pior ainda estava por vir. – Depois de uma hemorragia fui levada
ao hospital. O aborto tinha sido mal feito e deixado sequelas. Eu nunca serei
mãe, Matt.
-
Desculpe fazê-la reviver tudo isso. Se eu soubesse...
-
Não se desculpe. É a minha vida e eu tenho de conviver com ela. Depois disso
Nikolay me colocou na vida novamente. Eu saí dos mimos e do luxo que ele me
dava para voltar aos alojamentos imundos com vários clientes por noite.
Passadas algumas semanas ele apareceu na boate e me pegou para passar a noite.
Me bateu. Disse que eu poderia ter sido dele pra sempre se não tivesse
estragado tudo. Mas que ia me tirar do alojamento para eu trabalhar em outro
ramo dos negócios. Falou que não desejava ‘ninguém revirando o seu lixo e
comendo dos seus restos’. Eu não tinha mais serventia pra ele então viraria
mula para servir de leva e trás de drogas.
-
E isso é pior que se prostituir?
-
Muito. Matt, isso é brincar de roleta russa. Quem faz, morre de medo de ser
pego ou morrer de overdose por algum papelote estourar no estômago durante a
viagem. É ter medo o tempo todo.
-
Eu sinto muito Paty. Muito mesmo. Por tudo isso. Queria poder apagar todas
essas coisas ruins da sua história. – Ele lhe acariciava o rosto. – Quer me
contar mais alguma coisa?
-
Não. Agora você sabe de tudo.
Matt
sentia uma estranha atração por Patrícia. Deveria repeli-la após aquilo tudo.
Era uma história digna de pena. Não era esse o seu sentimento. Estava orgulhoso
dela. Patrícia foi forte o bastante para sobreviver a tudo isso. E estava ali,
lutando...por uma vida melhor. E por ele também. Ela já tinha lhe dito isso. E
ele não respondeu. Várias vezes. Agora um súbito SIM gritava em sua mente.
Desejo de beijá-la, acarinhá-la, zelar por ela. Mostrar-lhe que era muito
diferente de qualquer homem que já conheceu. Lentamente aproximou-se e puxou-a
para seus braços. Calma e constantemente, salpicou-lhe beijos por todo o rosto.
Depois aterrissou seus lábios sobre os dela. Estavam doces e macios. Era bom
explorá-la assim, com calma, sem apressá-la.
-
É bom te beijar. – Paty disse docemente.
-
Então beija...me beija Paty.
Ela
devolveu o carinho com intimidade e...experiência. Era um beijo gostoso. Mas
tinha algo de mecânico. Profissional. Não gostou de imaginá-la repetindo todo
seu repertório sexual. A sensação piorou quando ela tirou a blusa e o sutiã.
Patrícia achava que iriam transar.
-
Calma...um passo de cada vez.
-
Não me quer?
Agora,
conhecendo Patrícia, notava que ela nunca teve um relacionamento saudável.
Provavelmente jamais fez sexo sem ser por dinheiro. Nunca foi amada com a
delicadeza merecida. Nunca ninguém tocou-a mais preocupado com a parceira do
que com si mesmo. Isso ia mudar, ao seu tempo.
-
Quero. Quero muito. Mas não do jeito como os outros te queriam. A gente tem
tempo, Paty. - Depois de mais um doce
beijo, ele tornou a falar. – Vista-se e vá para a cama. Nessa noite nós não
vamos passar desse beijo.
-
Por quê?
-
Porque já é tarde e você bebeu vinho. E também porque quando a gente se amar eu
quero tempo o bastante pra dar todo o carinho merecido pela minha namorada.
-
Namo...namorada?
-
É...namorada. Se você quiser, é claro.
-
Eu quero, eu quero eu...nunca tive um namorado. – Seu riso de menina deixou
Matt mais do que satisfeito. – Agora, vá dormir namorada! Amanhã Elizabeth e
Miguel voltam da lua de mel e vamos jantar juntos.
-
Boa noite, namorado!
Miguel
e Elizabeth aproveitavam sua última noite no Caribe dançando colados ao sol de
‘El dia que me queiras’, de Luis Miguel. https://www.youtube.com/watch?v=mnRSYyPMPuU
E no balanço da canção
cheia de declarações e promessas, Miguel ia conduzindo-a pelo salão. Estava
perdido na música e por vezes cantava trechos no ouvido da esposa.
“Acaricia
mi sueño
El
suave murmullo
De tu suspirar”
Os
olhos de Elizabeth estavam marejados. Miguel podia ser muito romântico e
exageradamente dedicado ao seu amor. Ela gostava, qualquer mulher gostaria. Mas
às vezes era assustador. Miguel não tinha temor algum em demonstrar seu amor.
“Como
ríe la vida
Si tus
ojos negros
Me quieren mirar”
Aquele
cantarolar doce e melodioso em sua língua mãe era apenas uma das inúmeras
demonstrações de afeto de Miguel dirigidas à esposa nesses dias e noites
destinados apenas a reverenciar o amor. Ele sentia-se muito bem mimando-a e
declarando-se por ela. Esse não era o perfil de Elizabeth. Ela não sabia como
receber amor. E por vezes, ele percebia, a esposa tentava expressar o
sentimento. E não sabia como. Ele pretendia ensiná-la a amar e ser amada sem
medo.
“Y
si es mío el amparo
De
tu risa leve
Que
es como un cantar
Ella
aquíeta mi herida
Todo,
todo se olvida”
-
Senhor De La Vega Benitez, o senhor está ainda mais romântico nessa noite.
-
Senhora De La Vega Benitez, você está deliciosamente encantadora nessa noite.
Levando
a esposa para casa, tiveram uma madrugada de despedida ao sabor de morangos e
chocolate. Liza já conhecia seu marido o bastante para antecipar seus desejos e
dar-lhe exatamente o que necessitava. Começou agradando-o com a boca. Sentiu
seu sabor único nos lábios, temperado pelo chocolate. Ele tinha um saber
exótico e que ia melhorando conforme provocava-o mais e mais e começava a
ouvi-lo gemer.
-
Liz...você se supera minha amada.
-
Tudo pelo meu amado marido.
Eles
não puderam passar a madrugada toda no sexo. Tinham poucas horas até embarcar
de volta ao Brasil. São Paulo, a Polícia Federal, a BTez e todos os problemas
os aguardavam. Depois de saciados, no entanto, ficaram ainda abraçados e
revivendo os inúmeros momentos doces vividos naquele lugar belíssimo.
-
Não quero perder nada disso ao voltarmos, Liz. Quero que cada dia do nosso
casamento seja exatamente assim.
-
Aqui tudo é belo e fácil, Miguel. Lá é diferente. Lá temos problemas. Lá
viveremos na mesma casa que sua amável, mãe. E lá teremos repórteres enxeridos
na nossa cola.
-
Nós sobreviveremos.
-
Pode apostar nisso!
-
Sentirei falta de velejar ao seu lado sem me preocupar com nada a não ser o
tamanho do seu biquíni.
Miguel
tinha reclamado de algumas das suas roupas. Essa foi uma faceta nova de seu
marido. Miguel ciumento era docemente irritante. E ela soube contornar a
situação sem perder sua característica independência.
-
Miguel, alguma vez eu reclamei de você exibir esse seu abdômen sarado por aí?
-
Não.
-
Exigi que escondesse esses olhos azuis?
-
Não.
-
O proibi de abrir a boca para não encantar mais nenhuma mulher com esse sotaque
espanhol charmosíssimo?
-
Também não. – Ele sabia bem onde ela ia chegar e já tinha fechado a cara.
-
Ótimo! Então não banque o chato e desista de tentar me regrar ou eu posso
resolver externar todo o meu ciúme e, nesse caso, você teria de usar burca.
Entendeu?
A
expressão de surpresa que viu nos olhos de Miguel foi deliciosamente engraçada.
Para ele, ciúme era uma forma de demonstração de amor. E ele sentiu-se muito
amado vendo a esposa desfilar sua insatisfação por outras terem acesso ao que
era seu.
-
É. Velejar foi maravilhoso...mas muito quente. – Elizabeth lhe disse retornando
ao presente. – Acho que preferi o frescor de nadar com você a noite naquelas
águas límpidas.
Exímio
nadador, todas as manhãs e noites ele seguia para a praia a fim de dar algumas
braçadas. No geral ia sozinho. Elizabeth não tinha o mesmo gosto por atividades
aquáticas. Mas dependia da atividade.
-
A água daqui é bem quente...e nós poderíamos fazê-la ferver.
-
Miguel, assim eu entro em combustão. E você teria de me trazer para o quarto e
apagar meu fogo.
-
Aaaaa mi mujer...eu apago sim o seu fogo, mas não precisaria te trazer para o
quarto. A vantagem da noite está justamente na privacidade. Nós podemos nos
amar nas águas caribenhas e ninguém nos ligará.
Eles
se amaram na água sentindo o gosto salgado na boca um do outro. Não era bem
esse o exercício imaginado por Miguel, mas relaxava e era bem mais prazeroso.
Porém, era tempo de dizerem tchau ao Caribe e colocarem fim na lua de mel.
Chegaram
em São Paulo na tarde de domingo, atrasando um pouco o almoço na casa dos
Benitez. Liza surpreendeu-se quando viu Louis na casa. O advogado e homem de
confiança de Miguel, na opinião de Liza, não entrava na categoria ‘amigo’. Ele
deixava Miguel nervoso, ou, talvez, fossem os segredos mantidos por eles que
faziam isso. Foi só Louis chegar para Miguel perder o sorriso e se retirar com
o advogado para o escritório.
-
Meu filho é um empresário! Não passará o dia aos seus pés. – Rúbia disse-lhe.
-
Nem eu aos dele. Isso é resolvido entre nós.
Depois
de se livrar da sogra, Elizabeth foi telefonar para a irmã. Era melhor do que
suportar o veneno e o mau humor da mãe de Miguel. Só a ideia de ter de vê-la
todas as manhãs no desjejum já era desagradável.
-
Lizaaaaa que bom ouvir você! Senti tanta saudade!
-
Também sentia a sua. Muito! Tudo bem por aqui? Como está sua relação com
Rafael?
-
Ainda estou me acostumando com ter de dividir Eva com ele. Mas Rafael não lhe
fez nenhum mal.
-
Que ótimo! – Era bom a menina poder contar com o pai, por mais estranho que
fosse para Bia. – E Willian nisso tudo? Não sentiu ciúme? Medo de uma
reconciliação?
-
Não. Ele é bem tranquilo. Está me ajudando muito. Sem ele eu não resistiria a
tudo isso. – Bia derretia-se pelo namorado. – E não tem nenhuma chance de
voltar com Rafael...não tendo Will aqui.
Enquanto
Liz estava distraída com a irmã, Miguel discutia duramente com Louis. Escondido
de Liz, ele manteve contato com o advogado e soube dos detalhes da
investigação. Sabia que o amigo estava aproximando-se da identidade o seu
chantagista. Conseguiram identificar o número de celular pelo qual as ligações
eram feitas, mas ainda não tinham um nome. E essa demora despertava a fúria de
Miguel.
-
Não é brincadeira o que me pediu!
-
Eu sei! – O problema era seguir vivendo com a possibilidade de novos atentados
contra Liz. – Os seguranças desconfiaram de que alguém nos seguia na viajem.
-
Fiquei sabendo. Espero que não tenha lhe dado mais arsenal para chantagens.
-
Não me privei de nada com minha mulher, se é essa a sua dúvida. – Não iria envergonhar-se
de tocar Liz. – Merda! Odeio essa sensação de que estou sendo sempre observado.
Preciso acabar com isso.
-
Aí está a questão. O que fará quando pregarmos ele?
-
Garantiremos que nunca mais chantageie ninguém. Eu não serei complacente com
quem coloca minha mulher em risco. Isso está decidido.
-
Está bem...o seu retorno da lua de mel está em todos os sites de fofoca. Eu
aposto que mesmo não tendo seguido você pelo caribe, nosso chantagista já sabe
de seu retorno. E aposto num reaparecimento em breve
-
Ótimo. Então, Louis, trate de cumprir a minha ordem. Quero informações dele
antes do meu telefone tocar exigindo mais dinheiro.
Logo
após encerrar a ligação com Beatriz, Elizabeth pensou em desfazer as malas. Mas
foi buscar por seu marido para fazê-lo descansar. Não resistiu a ouvir um
pouquinho da conversa dele com Louis. E não gostou nada do que descobriu.
Quando bateu e abriu a porta, foi recepcionada pelo olhar surpreso de seu
marido.
-
Louis...você pode fazer a gentileza de me deixar a sós com meu marido?
-
É claro, Elizabeth. Vou deixá-los ter privacidade.
Já
sozinhos, Liz encarou Miguel num misto de mágoa e raiva. Ele estava com um
problema grave e vinha escondendo dela.
-
Liz, calma. O que você ouviu...não é nada. Não se preocupe...
-
CHEGA! Chega de mentir pra mim! Quem está exigindo dinheiro de você, Miguel?
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