Sob o olhar de 150 convidados sentados à sombra de toldos
instalados no jardim da mansão dos Benitez, Miguel e Liz casaram-se numa tarde
ensolarada. A cerimônia civil que os uniu como marido e mulher pela lei dos
homens foi realizada discretamente no escritório da família horas antes. Agora
era hora do rito religioso. A igreja foi descartada porque Miguel já fora
casado anteriormente, mas o padre veio lhes dar uma benção. Eles também não
dispensaram a troca de alianças e o juramento.
A noiva chegou no horário, surpreendendo alguns dos
presentes. Apenas os mais distantes. Seus amigos próximos sabiam que não
deixaria os convidados esperando. Vestia um lindo e brilhante vestido. O modelo
estava longe das preferências e orientações de Rúbia, mas era do gosto da
noiva.
Todo bordado em pedrarias, a peça foi considerada pela
sogra um exagero para a cerimônia diurna e por esse ser o segundo casamento de
Miguel. Liza não levou em consideração a orientação e exibiu seu brilhante
tomara que caia, complementado por um elegante coque e maquiagem suave,
destacada apenas no batom carmim.
O noivo observou-a ser trazida lentamente por Matheus e
emocionou-se. Não estava apenas linda. Estava feliz. Apesar de todas as
dificuldades e de ter de superar as diferenças com Rúbia, Liza conseguiu
organizar o casamento ao seu gosto. E ele via a satisfação em seus olhos. Ela
estava feliz em se tornar uma Benitez, e isso lhe era o bastante.
- Eu Miguel De La Vega Benitez recebo por minha esposa,
a ti Elizabeth Santos, e prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te. Na
alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos
os dias da minha vida.
- Eu Elizabeth Santos recebo por meu marido, a ti
Miguel De La Vega Benitez, e prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te. Na
alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos
os dias da minha vida.
Com aplausos e sorrisos ao fundo, Miguel e Liz colocaram no cônjuge a
aliança.
- Que Deus abençoe esse casal e lhes permita encontrar a felicidade. –
Disse o Padre. – Pode beijar a noiva.
Aquele foi tocar de
lábios mais discreto e puro já trocado por eles. Era um sinal de respeito à
cerimônia e, também, um aviso de que a noite e o casamento estavam só
começando. Teriam muitos dias para beijos calientes. Seguiram para a valsa e os
cumprimentos dos convidados.
- Obrigada por aceitar
ser minha mulher, Liz. Eu te amo.
- Também te amo. Nunca
pensei que seria possível amar tanto.
Os sentimentos de duas
convidadas ali presentes destoavam. Alejandra e Gabriella estavam ali, mas
nenhuma das duas era sincera ao desejar felicidade ao casal. Alejandra estava
presente por desejo de Rúbia. Alguns jornalistas já a tinham contatado desejando
uma declaração sua sobre o casamento. O que poderia dizer? Nenhum de seus
verdadeiros pensamentos podia ser externado.
- Disfarce esse olhar,
Alejandra. Há fotógrafos presentes. – Rúbia alertou-a.
- Desculpe. Eu não devia...mas
estava lembrando do meu casamento, dos votos, da aliança...é triste reconhecer
que não me recordo desse olhar devotado em Miguel nem mesmo no dia da nossa
cerimônia. Ele realmente nunca me amou. Não assim, dessa forma.
- Bobagem! Isso é o fogo
da paixão. Vocês tiveram um longo namoro, eram parceiros na vida. Miguel
deixou-se levar pelo desejo e esse se esvai logo. A convivência irá lhe mostrar
que o casamento vai muito além. Unir-se a uma mulher de outra classe social e
sem a mesma linhagem cultural cobra seu preço.
- Não diga isso, Rúbia.
Assim parece torcer para eles se divorciarem.
- E torço! Ela afirma
não desejar ser mãe! Que tipo de mulher se casa sem desejar dar herdeiros ao
marido?!?!? Eu quero netos! E já basta que você e Miguel adiaram tanto que eles
não vieram. Eu teria tanto orgulho de uma criança vinda de vocês.
Gabriella também observava os noivos à distância. Quando recebeu o convite teve certeza do envio ter sido iniciativa de Rúbia. Miguel não desejava vê-la. A policial, muito menos. Estavam certos. Ela veio apenas para não despertar desconfiança. Javier ter deixado o mundo dos vivos não significava o fim dos negócios. Ela lucrava com a exploração sexual dos brasileiros na Europa e, com um cargo respeitável nos EUA, estava protegida. Não precisava do pai. Ter uma policial na família era, no entanto, uma complicação. E um benefício. Enquanto lucrasse com ela, manteria tudo como estava. Depois, teria de tomar atitudes mais eficazes.
Do
outro lado do jardim, vestindo um longo azul, Patrícia tentava convencer Matt a
lhe conceder uma dança. Ele tentava se manter afastado de sua colega de
apartamento, funcionária e amiga antes dela ganhar ainda mais importância em
sua vida. Mas estava difícil.
Na
ânsia de descobrir o que Paty lhe escondia, fez algo de que depois se
arrependeu. Foi até o médico dela. Soube que fez exames. E, por um momento,
desconfiou de que o segredo de Patrícia era algum problema em sua saúde. Dr.
Giancarlo ofendeu-se com a sugestão de revelar detalhes da intimidade de sua
paciente, mas afirmou que ele não tinha com o que se preocupar.
-
Sua namorada é uma moça saudável. – Disse o médico e Matt não viu razão para
corrigir.
Eles
dançaram abraçados e beberam champagne. Ela aproveitou para senti-lo bem
pertinho. Cada músculo estava ali, bem cuidado, apesar de Matt ser um homem
esguio. Percebeu, também, como dançava bem. Não entendia porque ele não gostava
de dançar.
-
O álcool te deixou muito animadinha, Paty.
-
Não foi a bebida, foi você.
Enquanto
isso, Willian tentava fazer Bia relaxar. Aquele era o primeiro final de semana
de Eva com o pai. Deveria ser bom poder aproveitar a noite com o namorado
enquanto a menina estava sob a responsabilidade do ex. Porém, ela estava
angustiada, sem tirar os olhos do celular e Eva de seus pensamentos.
-
Além de Rafael, há os pais dele. Eva está bem. E será bom conviver com a
família paterna!
-
Eu sei. Mas....é difícil ficar longe dela.
-
Eu vou distraí-la.
Quando
a festa chegou ao fim, os noivos já estavam longe. A bordo de um avião fretado
voaram para o Caribe, seu destino nos próximos cinco dias. Em poucas horas
chegariam numa das mais belas praias do mundo. De águas cristalinas, quentes e
repletas de vida marinha. Era o mais próximo do paraíso que poderiam chegar.
-
Você esperava que eu a despisse e comesse bem aqui no avião? – Miguel perguntou
beijando-a. – Não farei isso. Você é a minha mulher e eu desejo amá-la com
calma. Usufruir do que é meu segundo a lei dos homens e de Deus por toda a
madrugada.
-
Por isso quis o casamento à tarde?
-
Sim. Para desembarcarmos ainda na madrugada na praia. Quero você nas areias do
Caribe. Àquelas águas vão finalmente conhecer uma sereia de verdade.
No
avião e com a ajuda do noivo, Elizabeth tirou o vestido de noiva e soltou os
cabelos. Quando chegaram ao Caribe ela já ostentava um visual muito mais
praiano. De vestido azul com finas alças e sandálias rasteiras nos pés,
Elizabeth recebeu seu presente de casamento das mãos de Miguel.
-
O noivo não dá o seu coração para a esposa? – Ela respondeu recebendo a caixa
aveludada. Era uma joia. Um colar com pingente em formato de coração. – É
lindo.
-
O verdadeiro, que bate dentro do meu peito, é seu desde o dia em que te vi.
Esse é apenas um símbolo do nosso amor. Eu quero que ele esteja sempre no seu
pescoço. Lembrando-a do dia do nosso casamento.
-
Nunca irei tirá-lo. Jamais.
O
local escolhido para a primeira noite era na beira da praia, mas não ao
relento. Uma área coberta, iluminada e com bela mesa de frutas e bebidas
esperava por eles. Algumas taças de vinho depois, uvas, morangos e chocolates
foram esquecidos. A pele do outro parecia bem mais saborosa.
-
Eu quero ser sua bem devagarinho, bem gostoso. Pra não esquecer nunca mais. Mas
não sei se consigo, Miguel. Eu estou queimando, ardendo feito brasa. E é por
você.
-
Vai ter de conseguir, minha Liz. Porque eu não pretendo deixá-la dormir antes
de te dar todo o prazer que seu corpo puder suportar.
Um
arrepio correu pela espinha de Elizabeth quando Miguel soltou as tiras do
vestido e o tecido fino escorregou por sua pele até encontrar a arreia fina da
praia e formar uma falsa poça azul aos seus pés. Apoiada nele, deu dois passos
à frente sem timidez alguma em exibir os seios nus. Vestia apenas a calcinha e
as sandálias.
Peça
por peça, Miguel despiu-se de sua camisa e calça claras e, nu, expôs todo seu
desejo por ela. Vendo-o, Elizabeth achou ainda mais improvável levarem até
muito mais longe aquele prelúdio de amor. Miguel deitou-a sobre a areia e
beijando-lhe os pés retirou cada uma das sandálias. Restava a calcinha branca de
renda delicada. Poderia facilmente rasgá-la à dentadas, mas preferiu retirá-la
devagar, beijando a pele desnudada.
-
Quero sentir seu gosto. – Ele afastando-lhe mais as pernas e acomodando-se
entre elas antes de saboreá-la.
Logo
todo o prazer refreado nas horas de voo veio à tona. Derretendo-se em sua boca
feito o doce mais saboroso, Liz sentia que iria gozar e tentava segurar-se.
Erguia os quadris na tentativa de afastar Miguel. Ele a segurava no lugar e
castigava-a numa tortura ágil e deliciosa, mordiscando-a intimamente. Ela
sentia sua língua tocá-la e tinha vontade de gritar.
-
Chega Miguel. Chega! Eu...eu...vou gozar...
-
Essa é a intenção, querida.
Instantes
depois, Miguel sorveu com prazer as provas da explosão de sensações
experimentada por Elizabeth. Ela estava devastada. Era como se Miguel a tivesse
virado do avesso. Quando seus pensamentos pareciam apenas voltado ao lugar,
pôde sentir seu membro finalmente invadi-la enquanto a boca dividia-se entre
chupar-lhe os seios, morder o pescoço ou provocar-lhe os lábios. Ele ia fundo.
E logo Elizabeth estava gritando novamente.
-
Com meu corpo, minha mente e alma, eu venero você, minha Liz. Eu não existo sem
você.
A
lua cheia foi testemunha do amor dos dois na areias caribenhas. Adormeceram sem
pensar em mais nada. E acordaram quando o sol já estava alto no céu. Por mais
vontade que tivessem, ficar ali não seria bom. Primeiro porque desejavam tirar
a areia do corpo e proteger-se do sol. E também porque os demais turistas não
precisavam assisti-los transar. Então seguiram para o hotel com o objetivo de
tomar café. Lindos, relaxantes e sensuais cinco dias os aguardavam.
-
Bom dia, meu marido. – Liz disse ao marido da sacada do hotel.
-
Bom dia, minha esposa. Alguma reclamação da noite passada?
-
Nenhuma. – Ela respondeu rindo enquanto observa a praia e a rua do alto.
Percebeu dois carros que os acompanhavam desde o aeroporto. – Eles não
assistiram nada de ontem, certo?
-
É claro que não. Ficaram bem distantes. Mas os seguranças são necessários, Liz.
Ignoremos.
-
Está bem. Mas apenas porque ainda não recebi meu distintivo. Depois, com minha
arma...eu mesma defendo você.
-
Bom saber disso. – Miguel sorria, mas, na verdade, já se preocupava em como
convencê-la a ter segurança privada quando retornassem. Talvez tivesse de
contratar alguém para protegê-la sem seu conhecimento. – Vá tomar seu banho
enquanto espero nosso café. Logo te acompanharei. Depois sairemos para passear.
Miguel
tinha motivos para se preocupar. Não apenas seguranças aguardavam o casal sair
do hotel. Pagar R$ 500 mil não foi o bastante para livrá-los dos olhos atentos
e criminosos de alguém que já se considerava íntimo. Não que ele desejasse
estar ali. Preferia estar gastando o dinheiro dos Benitez no outro lado do
mundo. Mas recebia ordens.
-
Sim, eles estão no meu campo de visão. Estão no hotel depois de fuderem pela
madrugada toda na praia.
-
Tem certeza de que essa policial não está usando essa viagem como desculpa pra
investigar nenhum caso por aí? Ela vive para o trabalho. – A voz no comando de
tudo respondeu pressionando-o a ficar atento.
-
Não, chefe. Ela só tem olhos pro maridinho. E ele parece bem disposto a pagar
pela segurança dela. Já arranquei meio milhão dele.
-
Fature o quanto quiser, não me interessa. Mas não esqueça de que um dia essa
fonte seca. O Benitez pode até não saber ainda, mas nem todo o seu dinheiro será
o bastante para manter a esposinha viva. Ele será viúvo logo logo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário