Sentada
no banco do carona Elizabeth observava Miguel apertar o volante com ambas as
mãos. O carro, modelo mais recente da BTez, deslizava agilmente pela rua. Miguel
fervia de ódio. Vê-la se oferecer na rua como um pedaço de carne qualquer o
deixou chocado. Saber o que ela faz é diferente de ver. Tê-la conhecido daquela
forma, vê-la se oferecendo para ele era uma agradável lembrança, ver outro
tocar o que lhe pertencia era degradante. Precisava fazer algo para extravasar
a raiva que lhe tomava conta do peito antes que jogasse o carro contra o
primeiro poste.
-
Tira a calcinha e me entrega! – Disse-lhe estendendo a mão em sua direção.
-
Porque se nós estamos indo para um hotel? – Ele estava correndo muito. –
Diminui a velocidade, Miguel.
-
Cala a boca e tira a merda dessa calcinha!
Apesar
de responder agressiva, Miguel diminuiu a velocidade e assim pode desviar os
olhos da estrada e ver Liz erguer o quadril do banco e tirar a calcinha
vermelha minúscula para lhe entregar. Ela o encarava e não perdia o ar de
autoridade. Parecia achar ter razão no que fez. Ia fazê-la mudar de ideia.
Tomando a direção contrária ao centro da cidade, Miguel seguiu dirigindo mais
lentamente e apenas com uma das mãos. O destino da outra era a coxa branca e
macia exposta pela saia curta.
-
Afasta as pernas. – Pediu com o tom de quem dá uma ordem.
Elizabeth
estava gostando da brincadeira e fez o que ele mandou. Deu-lhe acesso livre ao
seu corpo e fechou os olhos para apenas senti-lo lá, tocando-a até fazê-la
gemer. Seus dedos hábeis a fizeram tremer tanto que já não ligava para a
velocidade do carro em movimento ou do risco de algum outro motorista vê-los.
Ele poderia levá-la ao céu e ela não veria o percurso. Até que Miguel lhe tirou
do sonho falando com aquela voz grossa e mandona.
-
Abre a minha calça e me chupa. Agora.
Elizabeth
levou alguns segundos para assimilar a ordem vinda do sempre educado e cheio de
delicadeza Miguel. Ele estava realmente mudado. Ao menos por aquela noite ela
teria um homem brutalmente excitado. Miguel parecia desejar usá-la de formas
que, para ele, eram degradantes, apenas para castigá-la por se oferecer para
outros homens.
-
Não entendeu, vagabunda? – Ele olhou-a nos olhos e Elizabeth viu o ódio em seus
olhos a raiva. Isso a excitou ainda mais.
Já
salivando por ele, Elizabeth desceu a braguilha da calça de Miguel e afastou a
cueca expondo o membro já inchado e duro. Ajoelhada no piso do carro, ela
começou a acariciá-lo com a boca.
Ela
perdeu um pouco a noção do tempo e do lugar, preocupava-se apenas em agradá-lo
com a língua e os dentes. Sentiu-o crescer até já não poder abocanha-lo
completamente. Apenas um solavanco do carro foi percebido por Elizabeth quando
o carro parou e ela passou a sentir Miguel segurar seu cabelo enquanto
xingava-a em espanhol. Logo viu-o começar a tremer e soube que sua boca seria
inundada pelo prazer de Miguel.
-
Engole. – Gritou ele ao gozar em seus lábios. – Engole tudo. Vagabunda é assim.
Se
ele pensava que aquilo lhe era um sacrifício, estava enganado. Elizabeth
engoliu e ainda lambeu o restante que lambuzou seus lábios.
-
Gostoso! – Disse provocando-o enquanto se tocava no meio das pernas. Ele tinha
gozado, ela não. Estava dolorida e frustrada por ele. Precisava de Miguel.
-
Cabrona! – Ele gritou e Elizabeth não
entendeu o significado. – No! No toque a ti mismo. Não!
No toque em ti chaquetearse.
Mesmo
sem entender espanhol, a mensagem de Miguel foi clara para Elizabeth. Ele lhe
estava ordenando para não se tocar.
-
Mas eu quero você. Preciso de você Miguel. Apenas você teve prazer até agora.
-
E porque você acha que eu tenho de me preocupar com o prazer de uma vadia? Se
fosse minha namorada, antes de me satisfazer eu iria garantir que você
estivesse no céu de tanto prazer. Mas não é isso que você deseja, não é isso
que você é.
-
É...não sou...sou a vadia que você pegou na calçada. – Ela disse apenas para
provocá-lo. Não queria Miguel arrependido ou preocupado. Queria ele raivoso e
deliciosamente bruto. – E se não fosse você
seria outro.
Só
a ideia dela ajoelhada em outro carro, com os lábios em outro homem, fez Miguel
ver tudo em tons de vermelho. Sem pensar, puxou Elizabeth pelo braço fazendo-a
sair do carro e empurrando-a com força por sobre o capô do carro. Ela não fazia
ideia de onde estava, mas via se tratar de uma rua escura e abandonada. Só o
céu claro os iluminava junto com os faróis do carro.
-
Eu decido se você vai ou não ter prazer nessa noite. No momento, estou tentado
a dizer que não. – A raiva estava em cada uma de suas palavras. Era ciúme puro
que Elizabeth via e preferia atiçar ao invés de acalmar. – Tira a roupa. Tudo!
Agora!
Achando
aquele Miguel muito mais interessante do que qualquer outro, Elizabeth fez o
ordenado por ele. Tirou a blusa e o sutiã para, logo após, voltar a provocá-lo.
Miguel estava nervoso e isso era bom, mas desejava fazer aquilo por desejo e
não simplesmente pó raiva. Queria que ele curtisse aquilo. Iria exibir-se pra
ele até fazê-lo esquecer do que os trouxe até ali e lembrar apenas de querer se
perder dentro dela.
-
Assim? Gosta do que vê? - Ela tocava os
próprios seios e incentivava-o a repetir o gesto. – Vem! Me toca! Aperta! Vem!
-
Você gosta, não é? Tá adorando ficar exposta encima de um carro! É bem
vagabunda mesmo! – Miguel puxou-a para a beirada do capô e cruzou as pernas
dela em torno de sua cintura. Tinha um dos seios preso na palma da mão. O
mamilo sendo torturado por dedos hábeis enquanto a outra mão a segurava pelos
cabelos e fazia-a lhe encarar nos olhos. – Diz que você é minha! Diz!
-
Sua vadia...sua vagabunda...
-
Minha? Você ia se deitar com outro!
-
E você ia ficar com sua ex! Estamos quites! – Aquilo ele tinha de ouvir. Por
mais que se sujeitasse a ele, não tinha esquecido. Mas ia deixar de lado por
agora. – Fica calado! Tem coisas melhores pra fazer com essa sua boca gostosa.
Era
verdade. Já estavam ali e ambos queriam consumar o ato de qualquer forma. Com
pressa, Miguel apenas subiu a saia de Elizabeth e enquanto lhe chupava um dos
mamilos, enfiou dois dedos profundamente e sentiu-a contrair os músculos,
pronta para recebê-lo. Em um movimento só, deu um passo atrás, tirou-a de cima
do carro e a fez virar de frente para o veículo ande debruçá-la sobre ele.
Elizabeth
não gostou da nova posição. Talvez tenha sido apenas a surpresa. Achava que ele
iria penetrá-la de frente mesmo. Agora percebia uma mudança de planos que,
talvez, não fosse de seu agrado.
-
Eu não curto anal. – Avisou-o sabendo que estava e exposta demais deitada de
bruços sobre um carro, com os seios tocando a lataria gelada, a saia enrolada
em sua cintura, a bunda à mostra e pés sem tocar o chão.
-
Eu te como do jeito que quiser. – Ela ouviu-o dizer, mas sentiu-o penetrando-a
na vagina. – Pra uma vadia até que você é bem apertadinha...gostosa, essa noite
eu vou te comer tanto que você não vai nem pensar em abrir as pernas pra outro.
-
AAAA Miguel! – Elizabeth sentia-o sair todo para logo após voltar preenchê-la
completamente, até não haver mais nenhum centímetro dele para entrar. Ficava cravado
dentro dela, pulsando, à espera de mais prazer ao senti-la contrair-se. – Mais,
mais Miguel.
Ele
lhe deu mais. Com repetidas e fortes estocadas, a fez gritar quando finalmente
chegou ao orgasmo derretendo-se e cravando as unhas nos ombros do parceiro. Também
temporariamente saciado, Miguel deitou-se sobre ela no capô do carro e deixou
os músculos relaxarem por algum tempo.
-
O que nós vamos fazer agora? – Elizabeth perguntou quando recuperou o fôlego.
-
Descansar...antes de seguir viagem.
-
Viagem pra onde?
-
Para onde estávamos indo antes de eu parar aqui. Isso foi apenas uma escala,
Elizabeth. Eu quero você a noite toda, em cada uma das posições que eu puder
imaginar.
Enquanto
isso, na casa de Miguel, Alejandra e Rúbia conversavam. Nervosa apenas com a
possibilidade de Miguel estar envolvido com a investigadora de polícia, Rúbia
desabafava nos braços da amiga após pedir a Willian que fosse procurar o amigo
e o trouxesse de volta ao lar com segurança.
-
Não posso acreditar que descerá tão baixo! A policial que vem jogando nosso
nome na lama!
-
Acalme-se, Rúbia. Minha querida, você não conhece Miguel? É apenas mais uma com
quem vai passar algumas noites e depois substituir por outra. Só isso.
-
Mas você viu como ele correu atrás dela?
-
Vá deitar-se, Rúbia. Eu lhe levarei um chá. Tenho certeza de que Will
encontrará Miguel e o trará. Seu filho sabe qual é o perfil de mulher que
precisa ao lado. As outras não passam de rápidos entretenimentos.
Will
não poderia estar mais longe de Elizabeth e Miguel. Não que realmente tivesse
tentado procurá-los, ao contrário. Sabia que o melhor para eles era privacidade
para resolverem seus problemas. Mas, essa era uma boa oportunidade para
conhecer a casa de Elizabeth e, obviamente, rever a outra moradora. Esperava
encontrar Beatriz nervosa à espera da irmã. Mas teve de tocar o interfone
quatro vezes para ela vir atendê-lo. Acordou-a. E demorou para ela acreditar
que realmente era o amigo de Miguel.
-
Eu não devia ter deixado você entrar. Um homem ver uma dama sem maquiagem, no
meio da madrugada é pecado! – Ela disse ao abrir-lhe a porta, já indo para a
cozinha preparar um café.
-
Então seu futuro marido nunca poderá acordar no meio da noite. – Era uma piada
sem graça que ele arrependeu-se de fazer assim que concluiu.
-
Já fui casada. E ele me via de cara limpa sim. Talvez por isso tenha dado
errado. – Beatriz perguntou-se porque falou algo tão intimo a um desconhecido.
E, principalmente, o que um desconhecido fazia ali naquele horário. – O que
deseja, Willian?
-
Elizabeth esteve na casa de Miguel, viu-o com a ex mulher e saiu correndo.
Miguel foi atrás e eu tenho a missão de encontrá-lo. Pode me ajudar?
-
Não. Não sei de Liza nem de Miguel. E acho que eles não querem ser encontrados
ou atenderiam ao celular. Deixe-os aproveitar a noite, Will.
Will
surpreendeu-se ao ver Beatriz pegar uma mamadeira de dentro da geladeira,
colocar leite e colocá-la no micro-ondas. Havia uma criança na casa. Beatriz
não estranhou o olhar surpreso. Os homens tinham a aversão a mulheres com
filhos. Ela já estava acostumada.
-
Eva, minha filha, tem um ano, mas ainda acorda na madrugada pedindo um mamá. –
Ela riu antes de provocá-lo um pouco mais. – Já pode sair correndo, Willian.
Você tem cara de quem nunca chegou perto de um bebê.
-
Então minha cara está longe de representar a verdade. Eu sou pediatra. Já
cuidei de alguns desses.
-
Ouuu me desculpe. É que os homens normalmente se assustam quando...
-
Quando descobre que a mulher linda que conheceu outro dia já tem um bebê. Eu
imagino. Mas comigo não, Bia. Posso te chamar assim? Me chama de Will.
-
Está bem Will.
Um
choramingo vindo dos quartos interrompeu aos dois.
-
Eu vou embora pra você poder cuidar da Eva. Boa noite pra vocês. – Ele pegou o
cartão do bolso. – Fica com meu número. Se a pequena precisar de alguma coisa
você me liga.
-
Tá, mas...até quando você fica no Brasil?
-
A princípio por mais nove dias. Mas...eu gosto muito daqui então...eu não sei,
talvez fique mais. Tchau, Bia.
-
Até outro dia Will.
-
Até...espero que esse dia esteja próximo. – Will disse antes de sair e deixar
Beatriz sem jeito. Fazer entrevistas era mais fácil que receber visitas como
essa.
Enquanto
Rúbia já deitada esperava por notícias de Miguel e Willian retornava sem
nenhuma novidade, mesmo que muito feliz por toda essa algazarra ter lhe
permitido rever Bia, Elizabeth e Miguel não pensavam em nada além dos próprios
problemas. Eles chegaram ao motel e Liza surpreendeu-se ao ver que ele cumpriu
a palavra e não a levou para nenhum hotel de luxo. Era sim um motel de beira de
estrada.
-
Nem o sexo te acalmou, Miguel.
Ele
riu da insinuação antes de responder. Mas logo depois ficou sério e Elizabeth
percebeu o quão raivoso ele continuava.
-
Era com isso que você contava? Só teria de abrir as pernas e eu esqueceria que
te vi, na rua, se prostituindo?
-
Realmente muito feia a minha atitude. Mas você mesmo já cansou de sair com
prostitutas. Sendo casado! Isso não é condenável, Miguel?
-
Esqueça o meu casamento! Acabou!
-
Esqueço porra nenhuma! Não pareceu ter acabado com o que vi hoje cedo!
-
Você não tem o direito de me cobrar nada, Elizabeth. Me disse que não teríamos
nada até encerrar a investigação.
-
É isso mesmo! E você não pode me cobrar se me prostituí ou saí com outro homem.
Regras são regras, Miguel.
-
Essas regras que vão pro inferno! – Ele se aproximou dela e beijou-a
violentamente. Os dentes arranhando-lhe os lábios. – Você não vai sair com
nenhum outro. Você é minha. Somente minha. E eu nem sei o que fazer com você
pra esquecer a cena que vi mais cedo. – Ela havia ajeitado a blusa e a saia
antes de entrar no carro e agora ele voltava a apalpar-lhe os seios e enfiar a
mão por baixo. – Talvez eu devesse fazer justamente o que você não gosta. Devia
comer seu cu sem dó só pra mostrar quem manda aqui.
-
Isso não está em oferta, Miguel. – Ela falava sério. Não ia fazer o que não
sentia prazer. Não tinha negociação. Mas via que Miguel, mesmo sem reconhecer,
precisava de algo violento para extravasar a raiva. Pensando em lhe dar essa
oportunidade, tocou-lhe o cós da calça e tateado soltou seu cinto. Tirou,
dobrou e estendeu à sua frente. – Quer me castigar pelo que fiz? Me dá a sura
que eu mereço. Você não acha que eu mereço uma surra?
-
Você quer apanhar? – Ele ficou em choque. Nunca tinha batido de verdade numa
mulher. Daria uma surra em Elizabeth?
-
Porque não? Você iria relaxar e eu...eu ia curtir sim. – Ele estava receoso e
Elizabeth resolveu provocá-lo. – Não acha que é justo? Se você não tivesse
chegado naquela hora, onde eu estaria? Com quem? Será que aquele cara já teria
terminado comigo? Quantas vezes você acha que nós teríamos transado? Ele
parecia bem gostoso...quem sabe um dia nós não...
Elizabeth
foi interrompida quando Miguel, tendo o cinto nas mãos, sentiu a raiva maior que
a razão. Ela primeiro percebeu o aperto no braço se intensificar para obrigá-la
a ficar de costas e, após, ouviu o chiado do couro cortando o ar, para só
depois perceber o estalar quente da tira tocando sua pele suave das coxas.
-
AI! – O grito veio acompanhado de um salto. Era uma mistura de dor, prazer e
surpresa.
-
Você pediu por isso! Agora não reclame. – Miguel respondeu vendo um vergão se
formar na pele clara e preparando-se para dar a próxima cintada.
Foram
oito golpes divididos entre as coxas e as nádegas. Mas com a bunda protegida
pela saia, Elizabeth sofreu mesmo com as que riscaram suas pernas. Esse
sofrimento, porém, só fez intensificar a umidade em seu sexo. Tinha vontade de
se tocar, mas queria que Miguel pensasse naquilo como um castigo e não como
prazer. Quando ele jogou a cinta no chão e empurrou-a por sobre a cama, ela fez
cara feia pela pele machucada roçar nos lençóis. Miguel riu.
-
Amanhã, quando você estiver sentada na sua cadeira, dando ordens feito uma
rainha naquela delegacia, vai estar com a bunda doída. E vai lembrar-se de tudo
o que fizemos.
-
Vou Miguel. Vou lembrar que sou sua.
-
Só minha. Vamos tirar essa roupa. Tenho muitas coisas para fazer com você
ainda. – Tinha nos planos utilizar a madrugada toda para ter prazer e conhecer
os detalhes daquele corpo.
Quando
faltava menos de uma hora para o dia clarear, Miguel e Elizabeth descansavam acordados
na cama do motel sem sequer prestar a atenção nas paredes. Ela estava
satisfeita, relaxada e louca por um banho. Ele também, tudo isso, porém
inseguro com o que tinha feito. Não estava acostumado a tratar uma mulher
daquela forma.
-
Precisa ir trabalhar hoje? Não está dolorida demais? Elizabeth eu...
-
Sossega, Miguel. Eu vou trabalhar, não está tão ruim assim e você só fez o que
eu quis que fizesse. Eu pararia você a qualquer momento, caso não estivesse a
fim. Ok?
-
Então você é adepta ao sadomasoquismo?
-
Não sou. – Ela o viu ficar surpreso. - Miguel, eu sou adepta do que me dá
prazer. Nunca tinha apanhado de cinta.
-
O que? Fala sério? Elizabeth! Eu achei que...eu te machuquei e...
-
Machucou na medida certa. Na nossa cama não existem regras, Miguel. A gente faz
o que está com vontade. Eu posso sim apanhar na cama se estiver a fim e dar
ordens na delegacia logo depois. Porque não é a investigadora federal quem
estava aqui, é a fêmea que precisava de você. E ela saiu muito satisfeita.
-
Nós estamos bem agora? Vamos nos assumir?
-
Não vamos assumir nada até eu finalizar o caso...mas reconheço que não posso
ficar longe de você até lá. Vamos nos ver sempre que der. Isso se você não
quiser reatar seu casamento. Estavam lindos dançando.
-
Chega disso, Elizabeth. Eu e Alejandra não temos nada. Foi só uma dança.
-
Que fique nisso, Miguel. Não gosto de ser enganada. Entendeu?
-
Acredite, Liz...você me basta em todos os sentidos.
O
dia começou sem nenhum instante de sono para os dois. Miguel deixou Liz em seu
apartamento por volta das 6h30 e foi para casa tomar banho e comer antes de ir
para a BTez. Ao se barbear, pensava que com Elizabeth sua vida seria tudo menos
monótona. Ela era várias numa só.
Quando
desceu para tomar café, encontrou Will e Alejandra à mesa. Rúbia tinha apenas
deixado o recado de que ele deveria encontrá-la no escritório após comer.
-
Eu falarei com ela. – Ele sabia que o escândalo da noite passada poderia trazer
inconvenientes então resolveu esclarecer algumas coisas. E deixou outras em
segredo. – Nada do que houve ontem, sairá das paredes dessa casa. Elizabeth
precisava conversar comigo, eu a procurei e nós esclarecemos o que houve.
Ninguém pode saber que ela esteve aqui ou a investigação recomeçará do zero com
outra equipe policial e isso será prejudicial à BTez.
-
Sabe que pode contar conosco, Miguel. – Alejandra disse.
-
Sempre. – Will concordou.
-
Ótimo. Voy hablar con madre. – E saiu
em direção ao escritório no passado utilizado por seu pai.
Miguel
sabia o quanto a mãe o amava e preocupava-se com seu futuro. Ela o queria
casado, com alguns herdeiros para a BTez e aproveitando a vida ao lado de uma
bela e confiável mulher. E se julgava a pessoa mais indicada para escolher essa
moça.
-
Apenas me diga que eu entendi mal o que houve ontem a noite e que não está
envolvido com aquela mulher! Diga isso e meu coração de mãe vai se
tranquilizar.
-
Você sempre me disse que a verdade dura era preferível a uma mentira simpática.
Isso mudou?
-
Então é isso? Você vai ficar com uma mulher que está jogando tudo o que seu pai
conquistou na lama? Nosso nome, nossa história, nossa empresa...tudo vale menos
do que ela.
-
Não é assim, madre. Elizabeth e eu
não temos nada sério...ainda. Estamos nos conhecendo. E não é culpa dela se
Javier usou a empresa em atividades ilegais e ainda fugiu deixando-nos nessa
situação.
-
Você precisa de uma mulher a sua altura. Alejandra é superior a Elizabeth em
tudo. Beleza, elegância...
-
Chega! Alejandra não existe mais na minha vida particular. Se Elizabeth
permanecerá nela é algo que eu definirei mais para frente. – Ele voltou a
acalmar o tom de voz exaltado. – Já pedi para ela e Will manterem descrição
quanto a minha relação com Liz. Caso isso venha a público, a BTez sairá
perdendo. Então esse assunto morre aqui, mãe.
Elizabeth
não precisou dar nenhuma explicação em casa. Não ter pais tinha ao menos essa
vantagem. O paletó de Miguel ajudava a cobrir o que a roupa ousada não
escondia. Quando chegou, Bia já estava
correndo para arrumar Eva e legava para a escolinha. A cumplicidade entre as
irmã fez com que Bia apenas ao olhar para a irmã percebesse que estava tudo
bem.
Tomou
banho, passou creme para aliviar a ardência nas pernas e vestiu-se da forma
discreta, com sempre trabalhava, e comeu antes de sair. Desconfiando de que
seria um dia corrido, colocou algumas barrinhas de chocolate diet na bolsa e
saiu.
A
manhã foi de trabalho administrativo e andamento em algumas investigações. Era
quase meio dia quanto Tom lhe chamou em sua sala para passar os resultados deu
uma demanda solicitada por ela.
-
A polícia americana cercou a casa de Gabriela Alencastro. Por enquanto nada.
Também nos informaram que ela tem fixa limpa. Nunca foi presa e é funcionária
pública. No setor administrativo do tribunal de justiça.
-
Está bem localizada para ajudar ao pai.
-
É, mas a menos que tenha como provar, mantenha sua boca fechada, Elizabeth. –
Ele era duro com sua investigadora, mas admirava seu estilo agressivo. Ela era
competente – Tenho outra missão pra você.
-
Outra? Minha mesa já está cheia, Tom.
-
A de todos está, Elizabeth. Os crimes não param. É jogo rápido. A equipe do
aeroporto segurou uma garota na madrugada...ela dava sinais de que estava
passando mal.
-
Mula? – Perguntou ela referindo-se pelo apelido dado para quem transportava
drogas no próprio corpo nas divisas de países.
-
É. Caso clássico. Jovem, bonita, sem grana nem família pra orientar. Acabou
aliciada. Foi se prostituir fora do país e acabou servindo de mula. Levaram pro
hospital a tempo e ela tem sorte de estar viva. Quero que a interrogue
e...passe o caso para um defensor público.
-
A garota vai passar uns tempos presa e sair de lá pronta pra outros crimes.
-
É o seu papel, Elizabeth. Ela cometeu um crime. – Disse Tom finalizando a
conversa.
Elizabeth
foi cumprir seu papel e quando viu a garota, percebeu que precisava fazer algo
por ela. A jovem foi identificada como Patrícia Silva, nascida em Minas Gerais,
mas criada em São Paulo. Tinha apenas 19 anos e já mostrava no corpo o quanto
uma vida no crime podia ser cruel. A fixa médica dizia que não era viciada em
drogas ilícitas, mas sim fumante. Era uma menina já muito judiada e sofrida.
-
Você veio me prender?
-
Por enquanto vim conversar com você. Me chamo Elizabeth. Você cometeu um crime,
Patrícia. Será presa por isso. E podia ter morrido. Você sabe como é perigoso
transportar drogas no próprio corpo? Se a embalagem tivesse se rompido, você
teria morrido por overdose.
-
E você acha que nos perguntam se a gente quer fazer isso? Você acha que eu tive
escolha, Elizabeth?
-
Então me conta como acabou nisso. Onde estão seus pais? Irmãos?
-
Eu não sei...saí de casa com 15 anos. Minha mãe tinha se casado com um cara
que...que não era legal. Eu não podia ficar lá. Então fui embora. Queria ser
modelo...eu era bonita. Mas não deu certo. Acabei na rua. Eu só tinha o meu
corpo e...um dia me ofereceram uma grana pra ir pra fora do país. Disseram que
lá os caras pagavam bem. Eu já me vendia aqui, lá seria o mesmo, mas ia ganhar
melhor.
-
E você foi. – Era sempre a mesma história.
-
É. Fui pra Grécia...mas eu não conhecia a língua deles e fiquei refém.
Trabalhava pra comer e nunca sairia disso. Então disso pra trazer droga não
levou muito tempo. Na verdade, se quer viver tem que fazer o que te mandam. Eu
gostei de ser presa...voltei pra casa. Aquele inferno acabou.
-
Só que a cadeia não é nenhum céu, Patrícia. – Ela sentia pena da garota. – Eu
vou tentar te ajudar. Você vai ser encaminhada ao presídio e receberá um advogado.
Se puder nos ajudar a pegar a quadrilha, poderá ter vantagens.
-
Obrigada, Elizabeth.
Quando
deixou o hospital, Elizabeth sabia exatamente quem iria defender Patrícia. Não
por ser especialista nesse tipo de crime, mas por entender o que é ser abandonado
no mundo e não ter alternativas. Pelo celular, ligou para Matheus.
-
Oi, Matt! Preciso da sua ajuda.
-
O que houve? Bia e Eva estão bem?
-
Sim...eu quero que você se ofereça para defender uma jovem acusada de
transporte de drogas. Ela estava servindo de mula e trouxe cocaína alojada no
estômago da Grécia para cá. Está no hospital e será transferida para o presídio
agora à tarde.
-
Essa não é minha especialidade, Liza. Você sabe!
-
E também sei que não vai me negar isso. Ela só tem 19 anos, Matt! E se depender
de algum defensor público com dezenas de casos assim, vai passar alguns anos
enrolada com a lei. Talvez nunca saia do crime.
-
E se eu te arranjar alguém mais qualificado? Eu posso não ser o ideal para
ajudar a moça!
-
Você é, Matheus. Por favor! Ajuda!
-
Mas porque eu que já não trabalho na área criminal há anos, Liz?
-
Porque essa garota estar assim é resultado de um sistema falho. Exatamente como
eu, você e Bia. Ela é sozinha como nós. Eu quero que ela tenha uma chance.
Aquilo
balançou Matt.
-
Está bem...a tarde eu irei ao presídio conversar com ela e farei o possível
para ajudá-la.
-
Obrigada, meu amigo. Eu sabia que podia contar com você.
-
Sempre!
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