Três
dias depois....
O relógio marcava 7h30min da manhã e
Neal estava dando a mamadeira de George. Ele já comia muitas papinhas e seu
primeiro dentinho estava saindo, mas seu café da manhã era uma mamadeira.
Ele já estava pronto, vestido para o
trabalho como todos os dias, a não ser por um detalhe: não usava mais perfume.
O aroma suave que ele sempre adorou agora estava proibido porque como Rachel
disse, era dar adeus ao perfume ou voltar a usar tornozeira com raio de
quilômetros de distância dela! O perfume a fazia enjoar ainda mais. Não que
ficar sem perfume garantisse algo. Todas as manhãs eram dramáticas. Não
importava o quão leve fosse o jantar ou a forma como Rachel levantava da cama,
ela sempre começava o dia vomitando. E isso era garantia de uma mulher
irritada. Ultimamente, sua namorada estava alternando três estados de ânimo.
Conseguia em um curto espaço de tempo chorar por se sentir feia, ficar irritada
e brigar com ele por qualquer coisa e, ainda ataca-lo sexualmente com um desejo
estranho até para eles. Ele já antecipava que não sofreria de monotonia nos
próximos meses.
Um problema permanecia. Além de Ell,
apenas Mozzie sabia da gravidez. Com ele passando tanto tempo no apartamento,
era praticamente impossível esconder. Seu amigo foi tipicamente Mozzie ao
receber a notícia. Primeiro duvidou, depois o parabenizou e perguntou se eles
pretendiam repovoar Nova York. Afinal tinham um bebê de 7 meses e outro a
caminho.
No dia seguinte Mozz apareceu com uma
pasta.
- O que é isso? – Neal perguntou sem
entender nada.
- Uma pesquisa completa sobre controle
de natalidade e métodos contraceptivos. Acho que você e Rachel faltaram nessas
aulas. Acho que deveriam ler.
- Mozz...- Porque achavam tão grave?
Ele estava achando ótimo ter outro filho.
- Neal! Você já pensou em quantos
filhos pode ter por aí? Se a Rachel servir média e nós multiplicarmos pelas
namoradas que você teve isso dá um resultado de...
- Chega Mozzie! Eu não tenho mais
nenhum filho por aí! – Não tinha a possibilidade. – Eu me descuidei com a
Rachel porque nós temos uma relação estável.
- Estável? Eu deveria ter te trazido um
dicionário também.
Neal acabou deixando a opinião dos
outros de lado. Ele estava mais que orgulhoso. Nos últimos dias, alguns colegas
no FBI vinham perguntando da onde vinham tantos sorrisos. Ele realmente não
conseguia nem desejava esconder sua felicidade.
-
É porque agora a Rachel pode ficar na casa dele. – Jones gritou. – Não
precisa mais contar os segundos para o final de semana. Não é Caffrey?
- É, é isso sim. – Por enquanto era
melhor manter o segredo.
Eles trabalharam normalmente nos dias
que se seguiram e Rachel vinha conseguindo manter a aparências. Apenas uma
tontura foi percebida por Diana. Era complicado porque se comia, ela sentia
enjoo, se não comia ficava tonta. Então era sempre uma preocupação. Mesmo que
os dois dias anteriores tivessem sido bem calmos, sempre que ficava nervosa
acabava passando mal. E nervosismo era algo muito natural para Rachel.
O pior foi ontem quando Sara apareceu
no apartamento. Rachel não tentou impedi-la de ficar. Mas também nos os deixou
a sós. Melhor. Assim não teria porque ter uma crise de ciúme depois.
-
Oi, boa noite. – Ela entrou muito tímida. – Eu não queria atrapalhar nada.
-
Não está atrapalhando. – Ele respondeu. – Quer beber algo?
-
Não. – Ela olhou para Rachel. – Eu só vim...pedir desculpas por ter mandado te
prender. Eu precisava cumprir minha obrigação, Neal. Você entende?
Foi
muito constrangedor vê-la pedir desculpas por não confiar nele quando, no final
das contas, o quadro original estava bem guardado por Mozzie. Rachel sabia e
aceitou facilmente. Ela era como e aceitou que se Mozzie teve a oportunidade,
fez o certo. Ninguém se daria conta mesmo. Mas se Sara soubesse, ele não
passaria mais nenhuma noite em casa. Ela voltaria a colocar a polícia em sua
cola. Sara era profissional, não deixava os sentimentos prevalecerem. Achava
bonito isso nela. Porém, cada um lutava com as suas armas.
-
Não se preocupe, Sara. Vamos deixar as mágoas no passado. Esquecer esse mal
entendido. – Deu seu sorriso mais sincero. – Quando você volta para a
Inglaterra?
-
Não volto!
-
O que? – Dessa vez foi Rachel a se manifestar. – Já tem seu quadro. E um cargo
lá lhe esperando. Não?
-
Sim. Mas eles me oferecem o mesmo cargo na unidade daqui e eu aceitei. Fui pra
lá na esperança de descobrir algo da minha irmã e não consegui. Então vou ficar
aqui.
-
Legal Sara. – Neal respondeu já antecipando o problema que isso traria. Ela e
Rachel na mesma cidade seria o caos.
E
ele estava certo em antecipar problemas porque quase instantaneamente Rachel
passou a sentir ciúme de Sara. Ainda bem
que ele conseguiu contornar a situação com muito carinho. A gravidez tinha deixado
Rachel mais carente. A viu entrar na cozinha abatida.
-
Bom dia. Tudo bem?
-
Bom dia. – Ela respondeu com um sorriso tímido. – Tudo. Tive pouco enjoo hoje.
-
Toma café e come alguma coisa.
-
Não! Nem pensar. Meu estômago está tranquilo...vou manter ele assim.
-
Você já perdeu peso, Rachel! – Ela estava mais magra de tanto vomitar e evitar
comida. – Tem que comer.
-
Não começa com sermão, Neal. Depois eu como. – Eles virão Mozz entrar e ir
direto ficar com George depois de lhes dar um animado bom dia. – Vamos para o
trabalho?
No
FBI a manhã prometia ser calma e monótona. Só prometia! Quando Rachel e Neal
colocaram os pés lá dentro, todos os olharam. Algo de errado acontecia. Havia
um silêncio pairando no ar. Rachel e Neal se olharam. O que poderia ser. Diana
se aproximou.
-
O que foi? – Rachel perguntou.
-
A MI5 está aqui...acho que é por você Rachel. – Ela ouviu e empalideceu no
mesmo segundo. Sem perceber, apertou a mão de Neal mais forte e levou a outra
sobre a barriga. – Peter disse para você ir lá quando chegar.
-
Claro..eu já vou. – Mas não deu nenhum passo em direção a escada.
- Vamos juntos, Rachel. – Neal disse.
-
Acho que o recado era apenas para mim.
-
É...mas recados podem ser mal compreendidos. Eu vou junto. – Ele a abraço e
discretamente tirou sua mão de sobre a barriga. – Mantenha a calma. Não podem
simplesmente te levar para Europa. Há um acordo com o FBI. E pensa sempre que
se algo mudar, nós temos alternativas.
Foi
pensando assim que Rachel ergueu a cabeça e entrou na sala de Peter sendo
seguida de perto por Neal. Não sabia se o que viu era positivo ou negativo. Seu
antigo superior e seu parceiro estavam com Peter. Todos se levantaram e a
observaram com expressão fechada. Peter se levantou e falou.
-
Rachel, acredito que se lembre dos agentes Edbert Shepherd e Henrique Bezhani.
Rachel explicou para Neal.
-
O Agente Edbert foi meu supervisor. Era o chefe da minha divisão...além de ter
sido parceiro do meu pai por muito tempo. E Henrique foi meu parceiro em
algumas investigações.
Neal
olhou Henrique observando Rachel com olhar neutro, quase carinhoso.
Dificilmente representaria problemas. O mesmo não podia dizer do mais velho.
Edbert podia ter tido uma relação carinhosa com o pai de Rachel, mas seu olhar
não era de nenhum sentimento bom. Se tivesse que apostar, diria que se tratava
de um homem rancoroso.
- Turner! – Chamou com voz séria.
- Senhor! – Ela respondeu
endireitando a postura. Era como se voltasse ao tempo em que estava na sede da
MI5 sob as ordens daquele homem. – É uma surpresa vê-lo.
- Imagino. Eu esperei muito para pôr
os olhos em você novamente. – Ele olhou para Neal. Conhecia a fama do ladrão e
falsificador. – E você, Neal Caffrey, vejo-o tocando-a na cintura. Eu fiquei
sabendo do ‘belo’ casal formado. Só não sabia que o FBI permitia isso nos
corredores...e Peter acaba de me explicar que a condenada passa as noites na sua
casa. Depois de tudo que você fez, Turner, você ganhou a condenação que pediu
aos céus!
- Eu devo dizer que não há nada de
errado em eu tocar a cintura de minha namorada. – Neal confirmou que não
gostava dele.
- Eu não falei com você! – Ele se
voltou para Peter. – Você se aliou aos melhores e piores ao mesmo tempo. Espero
que saiba controlá-los.
- Eu respeito sua opinião, mas Neal
Caffrey trabalha comigo há cinco anos e é de muito valor para a equipe. E até o
momento, Rachel Turner vem nos ajudando muito. Não tenho reclamações.
- Sim. Eu também pensei assim. Até o
dia que ela me apunhalou pelas costas. – Ele lhe deu um olhar frio. – Não confie
nessa mulher. Ela não é o que aparenta. Me deixem sozinho com ela, por favor.
- Acho que nós podemos resolver
isso...- Neal tentou interferir.
- É claro agente Shepherd. Pode utilizar a minha sala...só peço que
seja breve. – Peter permitiu.
Peter
saiu junto com Neal e Henrique. O jovem não disse uma palavra e saiu
contrariado. Logo Peter o afastou.
-
Jones, por favor, leve o agente Henrique Bezhani, da MI5, para tomar um café.
Eu e Neal precisamos ver uma coisa. Tudo bem Henrique?
-
É claro, senhor. – Ele respondeu polido.
Neal
não queria ver nada. Mas acompanhou Peter. Os dois entraram numa sala pouco
utilizada. E Peter ligou o computador e conectou um pendrive.
-
Ninguém me expulsa da minha sala para interrogar um agente meu! Não gostei do
tom daquele homem. Fique com esse fone! – Ele tinha dois fones de ouvido nas
mãos.
-
Você tem uma escuta na sua sala?
-
Para emergências como essa! Agora vamos ouvir essa conversa tão simpática!
Ambos
se calaram e ficaram atentos ao som que vinha dos fones.
-
Eu mandei olhar pra mim, Turner! – Dizia Edbert Shepherd. – Será que até mesmo
a disciplina e a hierarquia você desaprendeu!?
-
Com todo o respeito, Agente Shepherd, meu atual supervisor é o agente Peter
Burke e eu lhe trato com o respeito que merece. Ele nunca fez nenhuma
reclamação. – Com toda a educação, Rachel desafiava o antigo supervisor.
-
É claro que ele não reclama. Você lhe dá resultados e isso o satisfaz. Comigo
também foi assim. – Ele apenas a observou por algum tempo. – Você foi a melhor
agente que eu tive. E a minha pior decepção, também.
Doeu
em Rachel ouvir isso. Ela ergueu o queixo antes de responder.
-
Eu sinto por isso, Senhor.
-
Sente? Será que sente mesmo, Rachel? – Seu olhar já não era raivoso, só magoado
e saudosista. Rachel percebeu que aquela conversa iria para um tema
desagradável. – Seu pai passou anos me dizendo que a ‘sua menina’ seria a agende
mais fantástica já vista. E nesse tempo, você realmente era uma menina! Ele se
orgulhava do caminho que você trilhou.
Peter
e Neal trocaram um olhar preocupado. Peter achava que o risco era Rachel
explodir e responder de forma desaforada. Ele não queria problemas com a MI5.
Neal tinha receio de que todas essas referências ao pai não lhe fizessem bem.
Eles tinham uma história que ela não gostava de dividir com ninguém.
-
Peço que deixe meu pai descansar em paz, Senhor. – Ela respondeu simplesmente.
Mas a voz denunciou sua emoção.
-
E ele estava certo. Você era brilhante como agente. – Shepherd ignorou o pedido
de Rachel. – Sempre fria e segura no campo. Sem um resquício de medo. Forte
física e emocionalmente, você sempre se arriscou mais que os outros. Era motivo
de orgulho. Então seu pai se foi e você mudou. Simplesmente mudou. Eu achei que
fosse apenas o luto se manifestando, afinal vocês eram muito ligados. Mas você
estava diferente porque já estava envolvida com corrupção. Foi bom seu pai ter
morrido antes. Ele teria vergonha de ver no que você se transformou, Turner!
Rachel
apertou o maxilar para garantir que não gritaria nem choraria. Aquele homem não
sabia de nada! Nada! Precisava apenas se livrar dele e seguir com sua vida. Mas
engolir aquilo calada seria impossível. Quando Peter percebeu que ela
responderia, resolveu interferir antes que eles brigassem de verdade.
-
Está errado, Senhor! Eu conheci meu pai melhor do que ninguém. E eu sei que ele
jamais sentiria vergonha de mim. Se meu pai estivesse vivo, estaria ao meu
lado. Eu sei. E não será o senhor a julgar a relação que tivemos. Com todo o
respeito, o senhor não sabe de nada! – Isso não era nada perto do que desejava
falar, mas serviu como desabafo.
-
Eu não sei...eu trabalhei com seu pai, vi você criança! Então não ouse me
desafiar! Ou eu garanto que te devolvo para uma cela! E esse seu acordo não...
-
Com licença, agente Edbert Shepherd, mas Rachel tem atribuições a cumprir. Por
isso se pudermos seguir com nossa reunião, eu agradeceria. Nós temos muitos
casos para cuidar. – Peter entrou encerrando a discussão.
Neal
olhou-a e viu a palidez estampada no rosto de sua namorada. Ela estava prestes
a passar mal. Tocou-lhe o rosto sem se preocupar com quem os via.
-
Tudo bem? Quer uma água?
-
Eu...eu estou bem. Quero apenas resolver isso de uma vez. – Respondeu olhando
para Peter. Era um pedido para seguirem logo ao que trouxe seu antigo chefe ao
FBI.
-
Ótimo. – Peter falou e pegou o telefone. – Peça ao agente Henrique Bezhani para
voltar ao meu escritório. Que venham Jones e Diana também. – Desligou o
telefone. – Pode nos interar do assunto, Shepherd.
Quando
todos estavam reunidos o velho agente da MI5 começou a falar:
-
Há muitos anos nós, o FBI e outras agências mundiais tentamos agir contra um
dos crimes mais cruéis que pode existir: o tráfico de crianças. É como secar
gelo, quando enquadramos alguma quadrilha, nunca chegamos ao chefe e ele acaba
seguindo com seus negócios em outro lugar, com outros comparsas. Agora estamos
muito perto de uma quadrilha...e eu desejo o apoio de vocês. Eles agem retirando
crianças de pequenos países europeus e vendendo-as para famílias americanas que
não podem ter filhos, ou para fins ainda menos nobres. O caminho oposto também
ocorre, em especial com filhos de imigrantes latinos que vivem ilegalmente
aqui. Eles não podem recorrer a lei americana quando têm filhos levados.
-
O FBI tem inúmeras investigações nessa área...mas não a divisão de Colarinho
Branco. Dificilmente esse tipo de crime vem para nós, Shepherd. – Peter
afirmou.
-
Esse virá para vocês por solicitação minha. – O chefe na MI5 respondeu. – Por
dois motivos. O primeiro é que você tem uma agente que só está aqui porque eu
concordei com um acordo. Sei o quanto ela é boa e quero testar se essa ‘coleira
chipada’ que mantêm nela a faz ficar na linha.
-
Não sou cadela pra usar coleira! – Ela explodiu com o homem. – E tenho nome!
-
Rachel, por favor... – Neal tentou acalmá-la.
-
Não! – Ela já estava naturalmente nervosa para suportar desaforos. Olhou nos
olhos de Shepherd. – Nós temos um acordo que é bom para todos! Quer eu me
arrisque num caso seu! Não sou imbecil! Não foi por nada que viajou um
continente e veio aqui! Então vai me tratar com educação e respeito!
O
velho riu.
-
Você quer educação e respeito? – Shepherd disse com desprezo.
-
Sim. – A resposta teve o mesmo tom. – Eu quero. A pena que tenho a cumprir não
lhe da o direito de me espezinhar. – Agora o olhar e o tom de voz tinham
deboche. – Nós dois sabemos que recorreu ao FBI porque quer a minha ajuda. Me
devolver para a prisão agora seria ruim, por tanto.
Ele
primeiro apenas a encarou. Henrique e Neal olhavam nervosos a cena. Sabiam que
interferir só serviria de combustível. Depois de algum tempo calado, espaço no
qual Peter não sabia se teria que devolver Rachel ao presídio por desacato a um
federal, Shepherd voltou a se manifestar.
-
É bom ver que você não perdeu a impetuosidade. Mas fale comigo nesse tom
novamente e seu próximo amanhecer será na pior e mais rigorosa prisão que eu
puder encontrar no território europeu. – Foi um aviso e, como tal, não esperava
resposta. – E não seja tão presunçosa, senhorita Turner. Não foi apenas a sua
presença nessa divisão que nos trouxe ao FBI.
-
Que bom que retornamos ao que interessa. – Peter disse. Estava irritado. Tinha
uma pilha de processos para cuidar e aquele homem vinha trazer problemas. –
Qual a ligação desse caso com a Colarinho Branco?
-
Quando essas crianças são retiradas ainda bebês de seus pais, algumas roubadas
e outras vendidas, elas recebem documentos falsos. Fornecidos pela mesma
quadrilha. E falsificação de documentos é sim um crime investigado pela Colarinho
Branco, certo?
-
Certo. – Mas era um elo fraco demais. Havia mais ali. – Tenho o palpite que
você ainda não disse tudo.
-
Não, não disse. – O velho homem ficou ainda mais sério. – Eu investigo essa
quadrilha há muitos anos...você era um bebê, Rachel, quando eu e seu pai
começamos a atuar nisso. Achei que nunca chegaria ao núcleo deles. Mas agora
chegamos perto.
Rachel
não gostava quando Shepherd trazia seu pai para as discussões. Por que não o
deixavam descansar em paz?
-
Um homem nos procurou há cerca de 6 meses falando que sua filha havia sido
roubada há mais de 4 anos e ele sabia onde ela estava, nos EUA. Mas a história
não encaixava. Ele nos deu pistas muito perfeitas que levavam até a quadrilha
para ser apenas uma vítima.
-
Ele havia vendido a filha. – Neal deduziu.
-
Sim. – Shepherd confirmou. – Nós investigamos e deduzimos isso. A pista era
quente, a quadrilha existia, mas o pai da criança, um russo que vivia na França
há muitos anos com a esposa também russa, não era inocente. Eles havia se
livrado da menina e...não sei se por arrependimento ou apenas para se vingar,
denunciaram o golpe.
-
Você encontrou a menina e... – Peter estava intrigado.
-
Encontrei, mas ela nunca retornou aos pais biológicos porque eles foram
assassinados pouco depois de fazer a denúncia. Ela vive aqui em NY e pode ser a
prova de que aquele casal falou a verdade. Se conseguirmos comprovar a adoção
ilegal, existência de documentos falsificados e vinculá-los a quadrilha,
desbaratamos o caso. Além de descobrir até que ponto os pais adotivos
participaram da ilegalidade e puni-los também.
-
Então irão tomar a menina da família que a cria por anos e jogá-la em algum
abrigo? – Rachel questionou.
-
Se eles forem criminosos, sim. Ela irá para algum abrigo. E será a prova viva
do que essa quadrilha faz. – Ele tornou a dar atenção a Peter. – Será uma
missão longa. Nós vamos monitorar a quadrilha na Europa e vocês o casal aqui e
descobrir se os pais mantêm alguma ligação com eles daqui dos EUA. Quando
tivermos tudo muito bem amarrado, estouramos o esquema.
-
Ok, acho que está bem planejado. É claro que vamos colaborar. – Foi a resposta
de Peter.
Shepherd
apertou a mão do chefe de operações da Colarinho Branco e ia saindo com
Henrique, que manteve-se sempre calado. Despediram-se discretamente. Da porta,
Shepherd ainda deixou dois recados. O primeiro para Peter:
-
Envie para minha equipe todos os relatórios de casos com a participação de
Turner...quero revisá-los e ter certeza de que sua conduta por aqui respeita o
acordo.
O
segundo recado foi dito diretamente a Rachel:
-
Por agora pode não me interessar te prender, Turner. Mas isso não significa
para sempre. Ande na linha.
O trabalho na divisão de Colarinho
Branco seguiu normalmente naquela tarde. Havia outros dois casos para serem
investigados com prioridade. E isso manteve Neal e Rachel separados durante
todo o dia. Rachel ficou com Diana investigando uma fraude na importação de
livros. Neal, Peter e Jones foram até o porto onde havia uma denúncia de
que em um armazém estava sendo escondida
uma carga de barras de ouro roubadas. Provavelmente seria levada para fora do
país em alguma embarcação.
O dia foi difícil para o dois, mas
no fim da tarde puderam voltar juntos para casa e encontrar George. Era o tipo
de rotina que fazia todo o resto valer a pena. Pretendiam uma noite calma e a
sós...mas a rotina do apartamento raramente permitia isso.
Enquanto Rachel dava banho em George
e Neal começava a pensar em algo para fazerem depois do jantar, Mozz entrou.
Ele tinha saído não fazia nem uma hora. E já estava de volta.
- Eee onde está a sua ‘diaba ruiva’?
– Perguntou sorridente.
Dessa vez até Neal perdeu a voz.
- Você chamou minha namorada de que?
- Diaba Ruiva! Vai negar que é
perfeito?
- Não. – Depois daquela manhã no
FBI, a expressão ‘diaba ruiva’ realmente fazia sentido. Mas não achava que ela
iria gostar. – Porém, ainda acho que não é a melhor forma de chamar a Rachel!
Ela nem está mais ruiva, Mozz.
- É...bom...mas ela É ruiva. Na
personalidade sempre será. E ‘anja ruiva’ não combina, não é? Relaxa, Neal!
Sabe que gosto da Rachel. Sempre achei que ela era a parceira ideal para Neal
Caffrey! Ela está com menino George?
- Sim.
- Ótimo...porque preciso lhe
falar...da Sara. Eu investiguei! Ela realmente não vai voltar para Inglaterra!
O que significa que a sua diab...a sua doce namorada ficará de olho em você.
- Só o que me faltava.
Quando Rachel entrava na sala, a
campanhinha tocou. Mais uma visita. Essa ao menos não entrou direto. Ao abrir a
porta, Neal se surpreendeu ao encarar o ex parceiro de Rachel. Henrique ali
estava.
- Boa noite. – Finalmente Neal ouviu
sua voz. – Poderia falar com a Rachel?
Sem dar tempo a Neal de responder,
Rachel veio até o rapaz e o abraçou. Neal não gostou nada. Se não bastasse
Henry, agora outro amiguinho. Parecia que o passado estava sempre causando
crises de ciúmes entre eles. Primeiro Alex e Henry. Agora era Henrique e Sara.
- Henrique! Que bom que apareceu. Estava
tão quieto hoje...achei que iria contra sua antiga parceira. E você até já
tinha meu endereço. – Rachel disse sorridente.
- Não foi difícil descobrir. Eu
aprendi com uma ótima investigadora. – Eles entraram praticamente juntos na
MI5, mas Henrique nunca escondeu o orgulho de ser parceiro de alguém como
Rachel. Para ele, ela era a melhor. – Fiquei calado para evita atrito com o Shepherd. Eu não queria acompanhá-lo, mas fez
questão de me arrastar aqui.
-
Não queria me ver?
-
Sim. Mas não com ele ao lado. – Ele riu. Parecia mais jovem do que o Federal
carrancudo que aparentou mais cedo. – Ele anda um demônio desde que você fugiu.
Quando o FBI pressionou por esse seu acordo, parecia ter feito uma viagem ao
inferno. Gritava que isso era debochar das leis. Que você merecia um castigo
exemplar por tudo o que fez e tal.
-
Uhuuu é...e aqui está ele confiando a mim um caso. A vida dá voltas.
Discretamente,
Neal explicou para Mozz quem era Henrique e de quem eles falavam. Ele não
gostou nada das novidades.
-
Agora além do FBI, sua casa ficará infestada de engravatados europeus?!?! Nós
teremos que mandar dedetizar, Neal! Assim não dá! Não posso viver desse modo. E
também não é saudável para o menino George!
-
Venha ver meu filho, Henrique. Ele já dormiu. – Rachel levou o amigo até o
berço e Neal e Mozzie continuaram na varanda, observando de longe.
-
Tá, tá, tá...eu já entendi, Mozz. Não posso expulsar o amigo dela. – A
campainha voltou a tocar. – Está pior que aeroporto isso.
E
se Neal já estava descontente, ficou ainda pior quando abriu a porta e viu o ex chefe de Rachel e atual superior de
Henrique: Shepherd.
-
Boa noite, Cafrey! – Ele entrou sem ser convidado e já saiu falando. – Sei que
meu agente está aqui. Quero falar com ele. Agora. Diga para Turner que não
adiante tentar camuflar nada. Eu já estou acostumado aos truques dela.
Neal
só conhecia aquele homem há poucas horas e já estava saturado dele.
-
Escuta aqui...eu respeitei o senhor lá no FBI, mas se pensa que vai entrar na
minha casa para ofender a minha mulher, está bem enganado. É bom baixar o tom
de voz que meu filho está dormindo. – Mozzie riu discretamente da quantidade de
‘MEU’ que Neal vinha usando nas frases. Ele estava possessivo ultimamente.
-
Sua mulher...eu não vi nenhuma aliança no dedo dela. – Mas o velho voltou a ter
compostura. – Eu não vim aqui ofender ninguém. Ao contrário. Acho que me excedi
e vim falar com ela.
-
Estou ouvindo. – Rachel retornou a sala carregando George e sendo seguida por
Henrique. – Conheça meu menino, Shepherd.
O
velho agente sorriu para a criança.
-
É um belo garoto. – Depois tornou a ficar sério novamente. – Dá forma como
concluímos hoje pareceu que desejo que você volte a cometer ilegalidades. Não é
assim. Eu, pela amizade que tive com seu pai, gostaria que você trilhasse outro
caminho.
-
Sim, claro. – Ela respondeu. – O caminho de uma pena perpétua a ser cumprida na
pior cadeia que puder encontrar em território europeu. – Ela repetiu suas
palavras de mais cedo. – Já revisou os relatórios de meus casos? Tenho com o
que me preocupar?
-
Não. Nada. Atuou perfeitamente, como sempre. Eu realmente prefiro tê-la ao
nosso lado do que correndo de nós...meu único receio é quanto tempo isso irá
durar. Vamos embora, Henrique. Estou precisando de você! – Disse Shepherd.
Ela
não respondeu. Apenas se despediu deles. Queria jantar e depois apenas o
descanso de uma cama. Neal também observou seu cansaço. Ela já tinha olheiras
sob os olhos. Não demorou muito para ele expulsar Mozzi, delicadamente. Eles
queriam e necessitavam de paz.
-
Venha, você precisa descansar. – Neal disse ao colocá-la na cama. – Esse final
de semana a gente vai sair, espairecer. Chega dos problemas do FBI.
Naquele
mesmo momento, na casa dos Burke a noite também estava sendo longa e difícil.
Elizabeth havia chego no seu limite de paciência. Eram 15 anos de casados e Peter
continuava lhe negando um filho. Por anos aceitou calmamente. Agora não.Também
queria um bebê para chamar de seu. Só de olhar para as bochechas rosadas de
George, imaginava um filho dela e de Peter. Eles mereciam isso. E o fato de
Rachel estar novamente grávida e em pânico pela reação de Peter a havia
demonstrado que era hora de dar um tratamento de choque em seu marido. Ele
teria de se acostumar a ter mulheres grávidas e bebês por perto.
- Nós já conversamos sobre isso,
Ell.
- Sim, há 10 anos nós falamos sobre
o assunto. Mas eu mudei, eu envelheci e hoje ter um filho se tornou muito
importante pra mim. – Ela estava decidida.
- Mais importante do que o nosso
casamento? – Peter não conseguia acreditar que depois de um dia terrível, ainda
teria de enfrentar com briga com Ell.
- Tão importante quanto! Eu quero
que você seja o pai do meu filho, Peter!
- Ao menos isso me consola! – Ele
respirou fundo. – Olha, querida, o dia foi péssimo...vamos deixar o assunto pra
outra hora, ok?
- Não! Não está ok! Eu já adiei por
tempo demais o ‘assunto’! Eu ou o FBI importa mais na sua vida?
Ele nuca imaginou que Elizabeth o
colocaria contra parede dessa forma. Ell estava decidida demais, não ia
desistir fácil. Só que ele não pretendia ceder. Mulher grávida e crianças não
eram serem que combinavam com o FBI. Ela ficaria exposta. Sua esposa já havia
sido sequestrada 3 vezes. Viveria em desespero se tivesse um bebê em uma
situação assim. Melhor ficarem apenas com o cachorro!
- Você. Nada é mais importante que o
nosso casamento. – Foi até a cozinha e pegou um cerveja na geladeira. – E por
isso não vou arriscar te perder. Seremos sempre só nós dois, Elizabeth.
- Essa é a sua decisão final?
- Sim, é.
Ell não discutiu mais. Apenas subiu
as escadas calada. Peter não teve nem tempo de terminar a cerveja até que ela
retornou carregando uma pequena mala. A mensagem era clara. Elizabeth estava
deixando-o. Após 15 anos com raríssimas brigas, sua Ell o estava abandonando e
ele percebia que não sabia viver sem ela.
- Ell...pra onde você vai?
- Pra casa de uma amiga...não se
preocupe.
- Você está me deixando? Vai se
separar de mim? – Ele estava arrasado.
- Estou dando um tempo...não sei
Peter. Não sei se estou disposta a abrir mão do meu sonho porque você não tem
coragem o bastante. – Ela sabia que aquela frase iria provocá-lo. – Quando eu
decidir o que farei te aviso. Até, Peter. Não esqueça de dar comida pro
cachorro.
O resultado dos problemas de cada um
da equipe fez com que todos chegassem estressados para trabalhar naquela
sexta-feira. Peter estava cabisbaixo e irritado. Neal nervoso e Rachel enjoada.
Quando Peter os chamou na sala para pedir atualização sobre alguns casos, ela
levou a mão ao rosto e empalideceu.
- Nossa, Peter! Que perfume
terrível! – Gritou esquecendo de com quem estava falando.
- A Ell adora. – Tudo o fazia
lembrar de Ell.
- Não sei como. – Ela saiu correndo.
– Droga! Vou vomitar!
- O que ela tem...meu perfume não é
tão ruim assim!
- Nada de mais...estresse. A MI5
cavando aqui mexeu com ela. – Neal percebeu que Peter e distraído. – E você?
Está estranho.
- A Ell se separou de mim.
Por essa Neal não esperava.
- Ela...não sabe se está disposta a
abrir mão de certas coisas para ficar comigo e eu não posso dar o que ela quer.
– Ela resolveu mudar de assunto. – Vá ver se Rachel está bem e depois voltem
pra gente dar andamento nos processos.
Com essa situação entre Peter e
Elizabeth, o final de semana a dois de Neal e Rachel foi cancelado. Seus amigos
formavam um casal perfeito demais e estava sofrendo separados. Pretendiam
animá-los. Mas ninguém sabia a razão da briga. Rachel ligou para Ell e marcou
um final de semana feminino. Ela, Ell, Nicolle e Diana iriam fazer compras no
shopping. Mozz, Neal e Peter iriam assistir um jogo de futebol.
Teddy e George já tinham ganho
várias roupinhas. As quatro haviam feito uma verdadeira festa em uma loja de
sapatos que estava em liquidação. Os bebês dormiam tranquilamente em seus
carrinhos enquanto almoçavam e, depois, elas foram comprar acessórios. Sairiam do
shopping carregadas de sacolas e sorrisos. Até mesmo Ell tinha passado o dia
feliz.
Quando chegou a hora de irem embora,
Rachel viu em uma vitrine um kit de recém nascido. Era lindo. Todo amarelo e
com um ursinho de pelúcia. Seus olhos se encheram de lágrimas.
- Rachel...o que há? – Diana perguntou.
- Nada...eu só lembrei de uma coisa
e enfim....deixa pra lá. – Ela disfarçou.
Rachel olhava para a vitrine e reconhecia
que havia sido péssima durante a gravidez de George. Passou os nove meses dizendo
que o daria para alguém. Não se preocupou com ele, nem com seu enxoval. Não
escolheu um nome. Nem desejou ir ao médico.
Ell percebeu o que se passava.
- Garotas! Lembrei que uma amiga
está para ganhar bebê e eu não comprei o presente....Rachel, você me ajuda a
escolher?
- Claro! – Rachel respondeu agradecendo
mentalmente a Ell.
- Nós vamos pagando o estacionamento
e depois nos encontramos então. – Disse Diana já saindo com Nicolle.
Quando entraram na loja, Rachel
explicou a Ell o que houve, o que sentiu.
- Eu fui a pior grávida do
mundo...eu me arrisquei sem pensar no George. – Ela começou a chorar no ombro
de Ell. - O tempo todo eu fiquei escondida. Não aproveitei a gravidez...não fiz
compras. Eu não escolhi nada para o meu filho. E eu nem olhava para o que minha
mãe comprava.
- Ei! Calma! Dessa vez será
diferente. Vamos comprar o primeiro presente do seu filho! – Ell respondeu. –
Eu também quero comprar uma roupinha de bebê.
- Você está grávida? – Rachel se
surpreendeu.
- Não! Mas vou ficar! Com Peter
querendo ou não! – Ela estava decidida. - Foi por isso que saí de casa.
Era justamente o assunto bebês falado
no apartamento de Neal naquele momento. A chance de conversar com Peter lhe
pareceu boa quando marcou aquele encontro entre rapazes. Até combinou com Mozz
de deixá-los sozinhos em algum momento. Mas quando Peter contou que estava
separado de Ell justamente porque não aceitava a ideia dela engravidar, Neal
viu que devia ficar calado. Se nem mesmo Elizabeth ter saído de casa fazia
Peter desejar uma criança, a chance dele permitir Rachel grávida trabalhando no
FBI era de 0%.
- Não acha que está sendo muito
rigoroso, Peter? – Ele ainda tentou argumentar.
- Não! Não estou. Um filho nos deixa
desatentos. Veja Diana, teve que se afastar porque o trabalho no FBI não condiz
com uma gestante e mesmo agora, se algo com Teddy dá errado, ela sai do eixo.
Vai ver o filho. É normal. Agentes não devem ter filhos, Neal.
- George não impede eu e Rachel de
trabalhar. – Disse já com poucas esperanças.
- Porque Mozz fica de olho nele
sempre que vocês precisam e a Rachel não estava na ativa quando estava grávida.
Passou o tempo todo escondida. Lembra o que você sentiu naquela tarde em que
ela invadiu seu antigo apartamento e levou um tiro? Você ficou desesperado,
Neal. Eu me sentiria responsável por qualquer coisa que acontecesse a Ell. Não!
Nem pensar! Ela perceberá que tenho razão.
Carregando mais aqueles pacotes, Ell
e Rachel se juntaram a Diana e Nicolle novamente. Mas já estava na hora de irem
para suas casas. Ell levou Rachel em casa e a ajudou a subir com George
adormecido e todas as sacolas. Os três rapazes ainda estavam bebendo e
conversando.
Foi constrangedor para Ell encontrar Peter. Queria que ele
simplesmente falasse que havia mudado de ideia.
- Ell, que bom te ver. – Peter foi cumprimentá-la
enquanto Rachel equilibrava uma pilha de caixas e sacolas. – Vejo que fizeram
muitas compras.
Num descuido Rachel deixou cair da
sacola uma minúscula meia branca de recém nascido. Tinha comprado a peça por
impulso e agora estava em apuros. Era obvio até para Peter que aquilo não era
para George.
- O que isso? – Ele olhou para as
duas confuso. – É muito pequeno.
Neal viu que Peter iria juntar suas
perguntas sobre bebês e aquela meia e, em poucos segundos, iria chegar a
conclusão que expulsaria Rachel da Colarinho Branco. Elizabeth também percebeu.
E num lance arriscado, ajudou seus amigos...e ainda provocou Peter.
- É meu! Essa sacola é minha. Eu te
dei por engano, Rachel. Me desculpe.
Todos na sala viram Peter
empalidecer. Acharam que ele ia desmaiar ou ter um enfarto ali mesmo.
- Você...Ell...vo...vo...você
comprando...isso... – Ele não conseguir formular a frase.
- Por ‘isso’ você quer dizer
roupinhas de bebê. Sim, Peter Burke! Eu comprei. Algum problema?
- Ell...você está grávida?
Elizabeth até pensou em fazê-lo
sofrer um pouco mais, mas decidiu que preferia manter o coração de Burke
funcionando pelos próximos anos.
- Não. Ainda não. Mas pretendo ficar
logo. Então já adiantei umas comprinhas.
Agora a cor voltava ao rosto dele.
Vermelho de raiva.
- Vai ficar?!?!? E eu posso saber como?
– Afinal Ell havia saído de casa.
- Muito simples, Peter Burke! Se
você não tomar uma atitude, encontrarei alguém mais interessado! – Elizabeth pegou
sua bolsa e saiu apenas com um aceno aos donos da casa. – Passe bem ‘Agente
Burke’!
Nenhum comentário:
Postar um comentário