Nada fez com que Bella concordasse a
ir para nossa casa. A solução foi instalá-la no melhor hotel da cidade e falar
diretamente com o gerente para que ele garantisse uma atenção especial com
minha mulher, grávida de trigêmeos. A última parte, falei com um imenso
sorriso! Eu e Bella combinamos então que ela passaria essa noite descansando e
eu viria almoçar em sua companhia e depois iríamos na médica cuidar de nossos
filhos. Dos três, nós não desistiríamos de nenhum deles.
Meu sono não foi tranquilo, também
não foi ruim. Tive um sonho lindo e acordei com lágrimas escorrendo pelo rosto.
Nele eu e Bella caminhávamos por uma linda campina onde nunca estivemos. Era
possível notar como estávamos mais velhos e maduros. Eu a abraçava, beijava,
acarinhava e a ajudava a se sentar sobre uma imensa toalha quadriculada, típica
de piqueniques. Em um piscar de olhos a toalha estava repleta de guloseimas
deliciosas, mas que não eram comuns na nossa alimentação. Além disso era muita
comida para nós dois! Logo depois eu ficava sabendo do por que daquele exagero
todo. Muitos gritos e risadas surgiram e três lindas crianças com olhos cor de
chocolate, um menino e duas meninas, se juntava a nós para devorar as
gostosuras.
Acordei chorando de felicidade.
O dia parecia mais bonito e menos
nebuloso que todos que o antecederam. Era porque agora minha família estava na
cidade. E agora nós éramos uma grande família de cinco integrantes! O correto seria
eu dar a notícia primeiro à minha mãe, mas Ana era quase isso e eu não me
contive. Queria me exibir dizendo que era pai de três crianças e não precisei
da ajuda de laboratório nenhum para isso.
- Ana, preciso falar com você. –
Falei enquanto comia algumas frutas sentado à mesa. – Senta enquanto
conversamos. Aceita um café?
- De onde vem tanta alegria? – Ela me
olhava desconfiada, mas sentou à minha frente. – Do que quer falar? É da Dona
Bella?
- Não exatamente. – Comecei com
cuidado afinal minha antiga babá já era uma senhora idosa. – Sabe Ana, estive
pensando e já é hora de melhorar o quadro de funcionários aqui de casa.
- Como assim? Eu não sirvo mais? –
Ela se revoltou.
- É claro que não Ana! Nem pense em
me deixar. Mas quero que tenha mais ajuda, que não se canse tanto.
- Não Edward! Agradeço, mas quem
coloca a mão em minhas panelas sou eu.
- Mas em breve, você precisará de
ajuda. – Era agora. – Não poderá cuidar de três crianças.
Ela ficou muda me
olhando...sorriu...e depois...ficou brava!!!!!!!
- Como você foi capaz! Só porque a
menina Belinha não pode ter bebês você mal se separou dela e já foi espalhar
crianças por aí? Três Edward? Três filhos e cada uma de uma mãe diferente?!
Isso é inaceitável!
- Não Ana, não é isso. Eu...
- É claro que eu vou amar a todos e
cuidar como cuidei de você, mas não agiu certo! E...
- ANA CALMA! – Eu disse e ela se
calou. – Meus filhos, os três, estão sendo gerados na mesma barriga. A única
mulher com quem eu quis um bebê é Bella e eu acabo de ser presenteado com três.
Bella espera trigêmeos.
- Senhor Jesus Cristo! – Ela disse
pálida.
A manhã passou rápida. Eu deveria ter
ido ao escritório trabalhar, mas o grande sonho de minha vida se realizando
triplamente, quem se preocupa com trabalho? Antes de ir ver Bella, fui ao
shopping comprar os primeiros presentes de meus filhos. A vendedora, depois que
contei a razão de minha felicidade, perguntou se já sabíamos se era misto, três
meninos ou três meninas. Saber eu não sabia, mas confiei na dica que o mundo
dos sonhos me trouxe na noite passada. Duas princesas e um garotão!
Fiquei um bom tempo babando nas
roupinhas, mas decidi que Bella tinha de estar junto na hora de comprar o
enxoval dos filhos. Pedi então que a vendedora me ajudasse a escolher uma
lembrancinha simpática e divertida para uma mãe que esperava três bebês. Por
fim escolhemos um trio de babadores de bichinhos sorridentes:
Dois tinham cores femininas (laranja
e lilás), era melhor evitar o rosa para não gerar brigas e para meu menino
escolhi um verde.
- Obrigada e volte à loja. – Disse a
simpática vendedora.
- Voltarei...tenho certeza.
- Motivos não irão faltar. Esses três
exigirão um grande enxoval.
Presentes comprados, ainda passei em
uma floricultura e escolhi um lindo arranjo para minha esposa ( prefiro evitar
o ‘ex’). Bati em sua porta duas vezes antes dela aparecer linda de jeans,
camiseta e jaqueta de couro. Pena que eu já comecei falando bobagem.
- Essa calça não aperta sua barriga?
Já deve ser apertado aí, não pode ficar apertando eles, tem de deixá-los
crescer.
- Eu sei tudo o que tenho de fazer
Edward. Minhas roupas estão bem largas.
- Sim, mas nós vamos resolver isso.
Você agora será bem cuidada. Eu vou pessoalmente supervisionar suas refeições
e...
- Nem termine essa frase Edward. Vou
repetir, caso não tenha ouvido. Eu sei tudo o que tenho de fazer Edward!
- Mas eu sou o pai e...
- E verá seus filhos sempre que
desejar, mas a mãe sou eu e não preciso que venha supervisionar nada.
Para evitar novas brigas me calei.
- Bom e...essas flores são para você.
- São lindas, obrigada.
- Eu não sabia quais são suas flores
favoritas estão trouxe rosas. Acertei?
- Não, eu prefiro orquídeas.
Normalmente são resistentes e duram muito se bem cuidadas. Mas mesmo tendo
convivido por algum tempo, nós não nos conhecemos Edward, por isso você não
tinha como saber disso.
- Que bom que Deus nos deu essa nova
oportunidade.
- Eu não vou colocar os nossos erros
na ‘conta’ de Deus.
- Erros? Meus filhos não são erros. –
Com essa fiquei ofendido. – Se não os quer pode...
- Não coloque palavras em minha boca!
Eu quero meus filhos e vou ficar com eles!
- Só não esqueça de que fala de bebês
que também são meus. – Resolvi aliviar o clima. – Bom...eu trouxe um presente
para eles também. Acho que o mais justo é que você abra, afinal, eles estão aí
dentro né? – Disse apontando para sua barriga.
Ela abriu o simples pacote com
desenhos infantis e viu os três babadores. Gostou do presente.
- São lindos. Quando penso na
confusão que será quando os três estiverem correndo por aí...chego a ficar com
medo. – Como era lindo vê-la sorrir sonhadora dessa forma.
- Eu contei para Ana e ela já está
planejando ajudá-la. Aliás, ela quer ver você o quanto antes. Sei que não
deseja ir em nossa casa então...
- Em sua casa Edward. Aquela casa é
sua. Ela pode vir aqui quando quiser.
Almoçamos tranquilamente e Bella
comeu bem, disse que há tempos não sentia tanta fome. Fiquei feliz dizendo para
mim mesmo que podia ter algo a ver com isso.
- O que quer de sobremesa?
- Não sei. Na verdade, não sei se
consigo comer mais nada.
- Bobagem, grávidas precisam comer
bem. E você come por quatro agora!
- Ou seja, vou virar uma bola. – Ela sorria
falando. – Mas, se esse é o meu destino, ao menos será gostoso. Eu quero uma
mousse de chocolate.
Depois que ela estava devidamente
alimentada e adoçada, fomos ver a Dr. Carmen. Depois de muitos exames, ela deu
seu parecer.
- Nem tanto ao céu, nem tanto ao
inferno. Bella, você sempre soube das dificuldades que teria para ser mãe e,
junto a Edward, assumiu o risco. Eu realmente acho que vocês devem um imenso
agradecimento a Deus pelo milagre que receberam.
- Eu agradecerei, quando tiver os
três em meus braços. – Disse Bella.
- Só que a luta não terminou Bella.
Não posso lhe esconder que é uma gestação de risco.
- Quero saber o que pode acontecer.
Quais são as melhores e piores hipóteses que temos? – Eu pedi.
- Nós podemos sair dessa com 100% de
vitória. Isso seria Bella dar a luz tranquilamente, os três bebês nascerem bem
e não haver nenhuma lesão no útero. O que lhes permitiria ter mais filhos no
futuro.
- E complicações? – Insisti.
- Temos quatro vidas envolvidas nisso
Edward. No caso dos bebês, o risco está em o útero de Bella não conseguir se
manter o peso dos três até o final dos nove meses e nós tenhamos que fazer o
parto antes. Assim, dependeríamos da maturidade dos órgãos de cada um dos seus
filhos. É comum gêmeos nascerem com tamanhos diferentes por um ter se
desenvolvido melhor.
- Eu não vou desistir de nenhum
deles! – Bella disse.
- Eu sei e não pedirei isso Isabella.
Mas terá de se cuidar. Até porque, se houver complicações, você também poderá
ter sequelas.
- O que quer dizer? – Eu queria
filhos, muito, mas não as custas da vida de Bella.
- É alta a porcentagem de gestantes
com quadros como o seu em que, se temos complicações, é necessária a
histerectomia.
- Por favor Carmen, seja mais clara.
– Bella pediu.
- Histerectomia é a retirada do
útero. Há quadros clínicos onde é necessário. – Por impulso segurei a mão de
Bella. – Eu não estou dizendo que ocorrerá. Apenas sendo clara quanto as
possibilidades.
- O que podemos fazer para isso não
ocorrer.
- Não é uma garantia total, mas com repouso,
tranquilidade, uma pressão arterial adequada, exercício físico, boa alimentação
e um pré-natal podemos ter final feliz para essa história. Temos seis longos
meses de trabalho.
Saímos de lá apreensivos e fomos
direto para o hotel. Bella estava preocupa e eu tinha uma proposta para lhe fazer.
- Vou ser direto. Não acho que viver
num hotel seja o melhor para você e, se minha casa não lhe agrada...
- Ela não me traz boas lembranças.
- E a fazenda? As minhas lembranças
de lá são ótimas.
Ela sorriu antes de me responder.
- Sim, ótimas. Só que aquele tempo
não vai voltar. Não precisa, mas lá você terá tranquilidade, boa alimentação,
ar puro e muitas opções de exercícios leves. E não é tão distante, além de ter
acesso por helicóptero. Além disso eu me comprometo a não ir lá sem sua
permissão.
- Mas o lugar é seu.
- Não importa. Estou dando minha
palavra! Quando quiser vê-los, você e os bebês, vou ligar e perguntar se posso.
O que me responde.
Ela pensou por alguns minutos...
- Sim, eu aceito.
- Ótimo. O trovão vai gostar da sua
companhia.