Não passava pela cabeça de Christian
matar ninguém, nem mesmo Anastásia, ainda que ele não merecesse viver depois de
ser a responsável por duas mortes. Mas jamais sujaria suas mãos de sangue. Ela
só podia estar delirando.
- Você está descontrolada! Vou deixar
você descansar. – Sua aparência ainda não era boa. – Depois conversamos.
- Peça para minha família entrar.
A ideia de José ficar a volta dela,
paparicando-a, o irritava terrivelmente. E nada poderia fazer. Com toda a
família dela ali, precisava se manter distante e torcer para ela não fazer
nenhum escândalo sobre o relacionamento deles.
Saiu para verificar o andamento de
alguns negócios pelo celular e, ao voltar, passou na cafeteria. Lá viu Alice,
sentada enquanto mexia em seu tablet. Parecia aborrecida.
- Alice? – Disse ao se aproximar. –
Achei que estaria com sua prima.
- É...bom...o quarto está cheio de
gente. A família e os amigos de Ana também apareceram então...melhor eu não
atrapalhar.
- Mas vocês são primas...
Nesse momento Alice teve a ideia que
poderia resolver seus problemas. Precisava afastar Ana e José novamente. Afinal
ele estava novamente ao lado dela e, com ou sem noivado, se continuassem assim,
ele voltaria a ter esperança e não aceitaria casar. Estava na cara que
Christian era apaixonado e possessivo por Anastásia...tinha que usar isso a seu
favor.
- Nem pude contar para a prima que
eu e José vamos casar...se bem que...com ela assim tãoooo próxima de José,
talvez nem haja casamento?
- Vocês estão noivos, não é? Seu tio
me comentou. – Mas por que ela dizia isso? – Ana ficará feliz por você.
- Não...eu sei...e ela também sabe
que no fundo é dela que o José gosta. E ela disse pro tio que não está feliz...-
Fez sua melhor expressão de arrependimento. – Desculpe, Christian. Eu não quis
dizer nada de ruim.
- Não se preocupe, Alice. Ana teve
dificuldades em se adaptar à fazenda, não tenho como negar isso. Mas ela é
MINHA mulher e seguirá assim. Portanto...se você irá ou não casar com José não
é um problema nosso.
Surpreso,
Grey viu Alice começar a chorar. Ficou comovido com o nervosismo da moça com
quem nunca teve muito contato. Ela tinha uma aparência frágil, delicada, sem a
garra de Anastásia. Era uma mulher fraca e, também por isso, não lhe despertava
nenhum sentimento. Ela realmente tinha razões para se sentir inferior. Não
chegava nem perto de Ana...em beleza, carisma, garra, sensualidade ou o que
desejasse avaliar.
-
Me ajude...por favor. – Ela choramingou.
-
Eu não tenho como te ajudar, Alice. – Bem que gostaria de ver José casado e
longe de Ana. – Já tenho meu casamento para cuidar.
-
Afaste José de Ana! Faça isso por mim.
-
Como?
-
Leve Ana para a fazenda!!!! Ela não está tão mal assim. Trate dela em casa!
-
Não posso simplesmente colocar Ana em um avião. A equipe médica ainda está
avaliando. Ana não corre risco de morte, mas ainda sofre muitas dores. Não vou
levá-la enquanto ela estiver sofrendo tanto. – Isso podia afirmar.
Só
que Alice não estava disposta a aguardar Ana sarar completamente. Já tinha o
plano armado, mas precisava da ajuda de Jasper para conseguir colocar em
prática.
-
Tem certeza? E se matar a garota? – Ele questionou.
-
Não seria tão mau...mas não. Os médicos disseram que ela está fora de perigo.
Nunca vi! Cai do cavalo e não quebra o pescoço! É uma inútil!!! Me traz o
remédio ainda hoje!
-
Qual o plano?
-
O Grey parece ser tão incompetente como homem quanto o irmão. A Ana está
visivelmente insatisfeita com a vidinha no campo. Se ela abrir a boca e voltar
pra casa o José gruda nela e banca o enfermeiro. E lá se vai o meu casamento e
a nossa grana! Ela precisa dormir...muito pelos próximos dias. A gente vai
apagar a Ana e, aos poucos, eu coloco na cabeça do Grey que ele precisa levar a
mulher dele embora.
-
Garota você é perversa! – Brincou Jasper. – Vai estar com você o mais rápido
possível.
-
Ótimo.
Assim
que consegui a medicação, Alice se ofereceu para ficar com a prima enquanto os
outros familiares iam lançar. Foi fácil colocar o medicamento no soro.
Por
suas constantes interferências, no pouco tempo em que ficou consciente, Ana não
conseguiu conversar o que desejava com os tios e agora Alice garantia que ela
não conseguisse pedir para voltar para casa.
-
Priminha...olha como eu sou boazinha...vou ajudar você a dormir bastante. Só
vou deixar você acordar na maldita fazenda e, me faça um favor...se for se
acidentar novamente, morra de uma vez!
Vídeo
da cena minuto 20:15 até 21:18
Dois dias se
passaram e Ana pouco ficava acordada. Quando abria os olhos parecia estar com a
mente confusa. Por mais que seu corpo estivesse aparentando melhora, a mente
parecia confusa. Mesmo acordada ela não ordenava os pensamentos e apenas balbuciava
palavras.
- Ti...t...tio
eee eu que...
- Descanse,
querida. Quando estiver melhor a gente conversa.
Ninguém
desconfiava de que aquele sono não era natural. Para a equipe médica, era bom
que Anastásia dormisse para se recuperar. Christian também não gostava de não
poder ouvir a voz de Ana ou vê-la sorrir.
Ele se dividia entre o hotel e o hospital e na terceira manhã encontrou
Alice saindo esbravejando.
- Que bom que
te encontrei! Vá lá no quarto e vai ver o José se colocando aos pés da sua
mulher. Se cuida Grey! Se depender deles, a Ana vai assinar o divórcio aqui
mesmo! Eu ainda não casei...mas você vai fazer papel de corno pra todo mundo
ver! – Bradava ela.
Não era nada
tão grave, mas ao chegar no quarto Christian realmente encontrou Ana e José
sozinhos. Ela dormia enquanto ele beijava sua testa e acariciava suas mãos
enquanto falava baixinho em seu ouvido. Era impossível ouvir o que José dizia
para sua esposa adormecida, mas, após a explosão de Alice, imaginava o rapaz
fazendo planos para lhe tirar Ana. Não!
- Como ela
está? – Perguntou.
- Na mesma.
Ela não abre os olhos. – José não percebeu o tom irritado de Grey.
Christian
pensou rapidamente e resolveu que sua única chance de manter Ana era seguir o
conselho de Alice. Tinha que levar Ana embora! Já!
- Vou na
diretoria do hospital! – Viu o olhar do José mudar. – Resolvi que Ana já pode
se tratar em casa. Vou levá-la ainda hoje. – Disse e saiu. Precisava ser rápido
para Ray e José não tentarem impedir.
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