Andando de um lado para o outro, cada
instante mais agitada, Ariella evitou conversar com Diego. Sabia que, no andar
de cima da casa, ele fazia acertos para rumar à Argentina e iniciar uma caçada
a Afonso. Ele tinha seus motivos para nutrir aquele ódio. E nem mesmo o amor da
filha pelo pai conseguia amenizar aquele entendimento. Porém, isso não amainava
seu medo.
A lembrança do Diego do passado, que só se
importava em vingar-se ficava a cada momento mais atual. Evitar aquele acerto
de contas parecia impossível. E o desfecho não seria bom, independente de quem
saísse ganhando. Por isso ela se decidiu. Seria ela a frear Afonso, era o mais
seguro a fazer quando ele jamais seria capaz de machucá-la enquanto não
hesitaria em ferir Diego.
-
Espero que não fique magoada comigo. – Ele lhe disse ao descer as escadas,
segurando o celular numa das mãos e uma pequena mala na outra. – Estou fazendo
o necessário, o melhor pela nossa família. Só depois teremos paz.
-
Está bem. – Foi a única resposta que ela lhe ofereceu.
Quando
ouviu o carro de Diego se afastar, Ariella pegou o celular e conferiu alguns
horários de voos disponíveis. O marido certamente pegaria o primeiro voo para
Buenos Aires e de lá iniciaria sua busca. Levaria pelo menos até a noite
seguinte para descobrir o paradeiro exato de Afonso. Ela tinha outros planos.
Seguiria para Porto Alegre e lá fretaria um avião que a levaria para Mar del
Plata, local onde seu pai sempre manteve uma casa, muito discreta. Ela não era
a única na família a gostar do mar. Com sorte, ao amanhecer estaria com Afonso
e teria com ele uma conversa derradeira.
Não tinha esperanças tolas. Apenas palavras
não o freariam. Ainda mais se ele estava mesmo tão pressionado por criminosos a
ponto de atentar contra a via de uma senhora idosa e, ainda mais, da forma tola
e arriscada conforme agiu. Apenas dinheiro – muito e em espécie – faria Afonso
mudar de ideia. E dessa vez ela estava pronta para lhe entregar tudo, caso isso
servisse para comprar sua paz. Aceitaria ficar sem sua fortuna para poder viver
com tranquilidade ao lado de Diego e do filho.
-
Também espero que não fique magoado comigo, Diego. É pela nossa família.
Somente
quando chegou na cidade que abrigava seu pai Ariella lhe telefonou. Apesar de
deixar os toques se estenderem até quase a ligação ser cortada pela operadora,
Afonso atendeu a chamada. Desconfiava daquela ligação. Sobretudo depois de seu
plano ter tomado rumos terríveis na Espanha e agora ele ser considerado um
foragido da justiça.
O
incompetente que enviou para fazer o serviço não apenas descumpriu as ordens e
fez uma lambança completa na casa dos Bueno como também não hesitara em lhe
delatar em depoimento à polícia espanhola. As acusações de tentativa de rapto
de uma idosa foram anexadas ao processo já existente contra ele. E agora a
polícia brasileira e argentina acreditava um pouco mais nas acusações feitas
por Diego e que o vinculavam ao ataque a casa de Ariella, que resultou em tiros
contra o espanhol.
Se
antes ele, apesar de já não contar com a antiga fortuna, ainda podia se
orgulhar o bom nome circular pelas ruas de Buenos Aires de cabeça erguida,
agora ela estava a prêmio. E tudo o que lhe restou foi retornar à antiga e bela
Mar del Plata, por tempo indeterminado, contando que nem a polícia nem seus
antigos aliados não lhe descobrissem, e esperando que conseguisse encontrar uma
saída rápida para a situação em que se encontrava. A ligação de Ariella o
trouxe desconfiança, mas, diante da falta de saídas, podia representar uma
saída.
-
Alô, querida filha. A que devo tão doce ligação?
-
Vamos economizar as mentiras, papai. Estou chegando, libere o portão. – Ela
estava dessa vez tão fria e direta quanto ele.
-
Chegando onde?
-
Nós dois sabemos para onde você costuma ir nessas horas. Abra o portão e me
deixe entrar.
-
Ariella...
-
Abra e escute a alternativa que tenho a lhe fazer. Ou me deixe de fora e eu
terei de ligar para a polícia e dar seu paradeiro. – Ela disse e desligou, não
se surpreendendo ao ouvir o trinco do portão se abrir. Ele não era assim tão
surpreendente.
...
Viajando com Murilo, Dulce estava nervosa.
Por meio do marido soube o que ocorreu com a avó de Diego e no quanto isso iria
bagunçar a vida de Ariella novamente. Porém, o que mais a inquietava era a
notícia de que Afonso estava foragido e que Diego fora para a Argentina
procurá-lo sem o conhecimento da polícia. Tratava-se de um acerto de contas
particular. O fato de Ariella ter ficado no Brasil não a convencia. Aquela
postura não combinava com sua amiga. E a cada vez que seus telefonemas caíam na
caixa postal, ela tinha mais certeza de que Diego fora enganado pela esposa e
ela não estava em segurança coisa nenhuma.
-
Por mais que eu goste de Diego, meu amor, e eu o tenho como a um irmão, não
podemos ficar interferindo assim na vida deles. – Murilo tentava acalmar a
esposa. – Se Ariella não atende seus telefonemas, deve ter as suas razões para
isso.
-
Não...você não está entendendo! Murilo! Diego quer acabar com Afonso...e
Ariella...eu nem sei o que ela deseja. Mas não é algo bom. Ariella está se
metendo em algo arriscado, eu sinto isso.
-
Eu acho que você está paranoica.
-
Paranoica? Eu? Você também me disse isso 10 anos atrás quando eu fui da
Argentina até Madri procurar minha amiga que tinha sido sequestrada! Ainda bem
que naquela época eu não caí nessa sua lábia, não é verdade? – Ela o provocou
enquanto pegava o telefone para mais uma vez conferir as redes sociais de
Ariella em busca de alguma notícia.
-
Sim...e ainda bem que você foi paranoica o bastante...ou eu não teria te
conhecido.
-
É, ainda bem mesmo. – Mas a atenção de Dulce já não estava na conversa com o
marido e sim no celular. – Veja isso, Murilo.
No
feed de notícias aparecia a chamada de um dos jornais de Buenos Aires. A coluna
de fofoca o flagra obtido por um fotógrafo afirmava que a artista plástica
Ariella Amaral havia retornado ao país após diversos anos e em meio a mais um
capítulo de sua estranha relação com o pai, o empresário Afonso Amaral, que
naquela semana havia se transformado num fugitivo da justiça. Depois de fazer
um breve resumo das acusações que pesavam contra Afonso, do relacionamento de
Ariella com o ex-marido, da gravidez dela e possível retorno da união entre os
dois a qual nenhum deles confirmava nem negava. E, principalmente, detalhavam
as acusações que Diego fazia ao sogro. No final do texto, a publicação ainda
afirmava que a passagem de Ariella pela Capital argentina fora rápida, já que
ela teria alugado um jato e seguido para Mar del Plata.
-
Mas que droga Ariella pensa que está fazendo? Diego tem de saber disso. –
Enquanto ligava para o amigo, Murilo via Dulce correr para o quarto. – O que
você vai fazer?
-
Ir para meu país. Eu sei muito bem para onde Ariella vai e quem ela pensa em
encontrar lá. Isso não vai terminar bem.
-
Dulce...você levará dois dias de viagem. Ariella sequer estará mais lá.
Raciocine, meu amor.
-
Se ela já tiver ido embora, vou para o Rio encontrá-la. Mas aqui não fico
enquanto minha amiga estiver correndo risco. – Ela reafirmou, e então Murilo
soube que argumentar seria inútil. – Avise Diego...ele está na Argentina tem
condições de chegar brevemente lá. Diga que ela encontrará com o pai. Ele tem
lá uma casa muito antiga. Diga que lhe passarei o endereço...e que ele corra.
...
Ariella
postou-se diante de Afonso ainda relembrando fatos de toda a sua vida. A mãe,
doce e passiva de sua infância. Um Afonso todo sorridente e disposta a mimá-la
quando criança e ainda mais quando adulta. O sequestro quando adolescente. O
medo que sentiu no cativeiro. A troca dela por uma fortuna em dinheiro. Fortuna
que seu pai não se importou em pagar e que jamais pareceu lhe fazer falta. A
entrada trágica de Diego em sua vida. A felicidade e a decepção. Ser
enclausurada numa casa de luxo, porém sem vida. E depois de ter as asas
quebradas, reaprendido a voar. Tudo, até reencontrar Diego e vê-lo quase morrer
para defendê-la, passou por sua cabeça. E então Ariella percebeu que seu pai,
mesmo quando esteve distante em cada momento doloroso de sua vida, Afonso teve
participação em tudo.
-
Enfim, frente a frente. Se não um reencontro familiar o que você busca,
Ariella, diga o que deseja. E vá embora. Sua chegada à Argentina já atraiu
holofotes que não me beneficiam.
Aquela
frieza, por mais que refletisse o seu próprio comportamento, já servia para
ferir Ariella um pouco mais. A relação deles havia alcançado tamanha degradação
que nem mesmo as antigas máscaras se faziam necessárias.
-
Minha visita lhe será bastante útil, garanto.
-
É bom que seja mesmo. E por ser objetiva?
-
É claro. Você quer dinheiro, eu tenho para lhe dar. Com algumas condições.
-
Sumir da sua vida e deixá-la ser feliz ao lado daquele garoto imbecil e
obcecado por mim? – O velho homem riu, destilando todo seu rancor. – Você deve
ser tão doente quanto ele. Voltar para aquele pirralho mimado e deixá-lo fazer
um filho em você. Será que é tão burra a ponto de não notar que seu objetivo é
apenas me atingir? É provável que ele durma com você, sua idiota, pensando em
mim.
-
Basta! – Ariella gritou. – Não vim aqui discutir minha relação com Diego. Vim
saber da nossa.
-
E nós temos alguma relação, querida filha?
-
Infelizmente sim. Eu quero a verdade de toda a minha vida. A verdade sobre
mamãe, sobre o meu sequestro, sobre a mãe de Diego e... – A ela já não segurava
o tom frio e via a emoção tomar conta de seu corpo.
-
Sobre o assalto à sua casa? – Afonso estava disposto a lhe dizer tudo. – E o
que eu ganho para ser tão sincero?
-
Sua liberdade. Transfiro todo o meu dinheiro para a conta que você indicar e
lhe dou acesso ao jatinho que me trouxe aqui...segue para onde bem entender.
Basta falar a verdade, se é que você é capaz.
Incomodado
com a pressão que Ariella lhe fazia, porém, sem alternativas, Afonso contou
tudo. E a cada detalhe cruel no planejamento de cada minúcia, a filha
apavorava-se diante da maldade que sempre existiu no pai. Ariella então
conheceu um Afonso jovem, pobre e ganancioso. Com urgência em fazer fortuna,
ele não estava preocupado com o trajeto a seguir, pensava apenas no ponto de
chegada. Fora para a Espanha interessado em casar com alguma jovem herdeira
desmiolada, que lhe desse o controle de seu dinheiro em troca de algumas noites
de prazer e falsas juras de amor.
Encontrou
Silvana Bueno. Uma mulher tola, mal casada, carente de afeto e a vítima
perfeita. Casada com um Conde e vivendo rodeada de luxo, ela parecia ter a vida
perfeita. Mas era infeliz. Tinha a alegria de um filho pequeno, mas via seu
casamento desmoronar aos poucos. Mal se lembrava do que era ser tocada por um
homem.
-
Foi quase uma caridade o que fiz por ela. – Ele debochou, para desgosto de
Ariella.
-
Você destruiu aquela família. Acabou com a infância de Diego. – Ela acusou o
pai.
-
Pobre menino rico. Dane-se, Ariella. Apenas ofereci a Silvana o que Ramón Bueno
há muito não lhe dava.
Mas
terminou de uma forma que nem mesmo Afonso poderia prever. Silvana morta e ele
com muito menos dinheiro do que esperava. Ele teve então que rumar de volta
para o seu país de origem e começar a procurar outra vítima. Não tardou a
encontrar. O casamento com Martina não passou de um roubo. Ele se aproveitou de
sua saúde frágil para fazer dela o que quisesse e depois isolá-la do mundo e da
filha. Até que a morte a levou, embalada pela depressão nascida do abandono.
-
Você tem a beleza de sua mãe. Mas não sua fraqueza. Pode me acusar e tê-la
tratado mal, mas, ela adoeceu por suas próprias razões não sou culpado disso.
-
Roubou minha mãe...e tentou ficar com minha herança. Como pode roubar da
própria família dessa forma? – Ariella não entendia como pode passar tantos
anos cega.
-
A necessidade muda um homem, minha querida.
Afonso
ainda confessou o uso indevido do dinheiro da filha e os intensos e frequentes
erros administrativos que o levaram à falência. Mas o único arrependimento que
Afonso realmente nutria fora o de não crer na força da vingança de Diego.
Aquela criança que ele vira uma única vez na Espanha, chorando abraçado à perna
do pai, tornara-se uma sombra sem a suas costas, disposto a tudo para derrubá-lo,
inclusive lhe roubar a filha.
-
Ele me odeia mais do que ama a própria vida. E ele soube me derrubar. –
Reconheceu, referindo-se a descoberta da herança de Ariella, quando ele teve de
abrir mão do dinheiro que administrava sem o conhecimento dela.
-
Eu lhe dei muito dinheiro. – Ariella lembrou-o. – Com a condição de que se
mantivesse longe de nós, que não mais interferisse em minha vida. E o que você
faz? Volta a me atormentar. Coloca uma criminosa dentro de minha casa, planeja
me sequestrar, mais uma vez na vida. Porque hoje eu sei que não foi a
primeira...
-
Menina esperta, minha filha. Você levou anos...mas enfim entendeu. – A
confissão foi clara.
Àquela
altura, ele já não tinha mais pudores em revelar o que fez. Tinha sim forjado
em sequestro quando ela tinha 14 anos. Era algo necessário. Havia se envolvido
com gente muito perigosa e precisava pagá-los. Porém, os acionistas da empresa
não permitiriam uma grande retirada da empresa sem boas explicações e ele não
tinha reservas próprias. O resultado saiu 100% como planejado. Os acionistas
aceitaram a retirada que, ao invés de pagar sequestradores, quitaram a sua
dívida e ele ainda saiu com algum dinheiro por fora.
- Fraudou a própria empresa. – Ariella acusou.
- Fiz o necessário.
- Assim como foi necessário mandar invadirem a minha casa
e atirar contra Diego? O que seus homens fariam se ele não estivesse lá?
Atirariam contra mim?
- Não! O combinado era apenas arrancar algum dinheiro da
frágil e solitária artista manca. Mas o seu Conde metido a salvador da pátria
intrometeu-se. Até que se saiu bem...por mim poderia estar morto.
- Seu desgraçado! Hipócrita! Como pude acreditar tanto em
você! Devo ser mesmo muito ingênua e burra.
- Nisso nós concordamos, minha filha.
De
repente, por mais que aquilo comprasse sua paz, a ideia de aquele homem sair
pelo mundo em paz e detentor do seu dinheiro lhe soava ainda mais injusta. Não
era por se desfazer do dinheiro, poderia viver sem ele. Mas não poderia viver
com a certeza de que aquele homem, seu genitor, capaz de tantas crueldades,
aproveitava-se do dinheiro que em parte vinha da família de sua mãe. O bebê que
carregava no ventre deveria herdar aquela fortuna não seu pai.
-
Agora vamos deixar o passado descansar, Ariella. E cuidar do futuro. Quero o dinheiro
e o jatinho. Agora.
-
Não! Nem pensar! – Entre lágrimas, Ariella gritou. – Depois de ouvi-lo
confessar isso tudo sem nem um instante de arrependimento, não posso premiá-lo
com uma fortuna.
-
Você me deu sua palavra!
-
Para o senhor ver como eu sou realmente uma Amaral. Adeus, papai. O máximo que
posso fazer por você é não denunciar o seu esconderijo às autoridades. – Ela
aviso e deu-lhe às costas, seguindo em direção à porta.
Afonso
viu sua última janela de fuga se fechando e percebeu que não mais podia ficar
parado, caso quisesse ficar longe da cadeia. Se Ariella o abandona-se, ele
seria preso, sem mais poder contar com ninguém. Então fez o que mesmo para ele
soava errado. E sacou a arma que estava na gaveta ao lado, apontando-a para a
única filha.
-
Infelizmente, dessa vez não poderei fazer a sua vontade, bela Ariella.
...
Logo
que recebeu a ligação de Murilo, Diego não perdeu tempo e rumou para Mar del
Plata acompanhado de homens da sua confiança. A distância, porém, não era tão
curta quanto ele desejava. Durante todo o caminho tentou entender o que Ariella
pretendia escondendo dele a localização de Afonso e indo vê-lo sozinha. Talvez
quisesse proteger o pai, auxiliá-lo numa fuga ou fazer às pazes. Essa
possibilidade o enfurecia, pensar que ela se colocava ao lado de Afonso era
como aceitar uma traição. Mesmo assim, tentava compreendê-la.
-
Amor entre pais e filhos não se julga. – Dizia a si mesmo.
Agora,
enquanto observava seu filho crescer no ventre de Ariella percebia o quão forte
aquele vínculo poderia ser. Deveria ser. Um filho ou uma filha são os seres
mais amados da existência de seus pais. Pelos filhos os pais deveriam querer
viver e erguer-se após qualquer derrocada. E os mais jovens devem crescer tendo
nos seus antecessores um exemplo de força e caráter. Tudo muito diferente do
que ele e Ariella tiveram. Mas o que eles planejavam oferecer ao filho que em
breve nasceria.
Quando
chegou ao endereço indicado por Dulce, Diego surpreendeu-se com o local
afastado e simples para os padrões de Afonso Amaral. Não era um casa, um lar,
apenas a sua fortaleza. Não havia nenhum veículo do lado de fora, o que dava a
entender que Ariella veio até ali com algum serviço de transporte. E não teria
como ir embora facilmente. A inconsequência de sua mulher o surpreendia.
Entrar
não foi difícil. O local era discreto e afastado, mas não contava com muitos
muros nem proteção. E Ariella pareceu ao menos ter a sensatez de deixar o
portão entreaberto, o trinque foi impossibilitado de fechar porque uma pedra
fora colocada no caminho. Ao que parecia, ela não confiava mais no pai e sabia
que ele poderia tentar impedi-la de sair. Ele entrou e começou a circular pela
casa, espiando pelas janelas e tentando ouvir. Não demorou para escutar gritos,
choro e pedidos de socorro vindos de Ariella.
-
Se não fizer o que combinamos, não sai viva daqui! – Diego ouviu Afonso ameaçar
a filha. Pelo barulho que veio em seguida, deve tê-la golpeado com algo. – Não
seja inconsequente garota. Seu Conde é rico...você não precisa desse dinheiro.
Tem um herdeiro na barriga.
-
Não fale do meu filho!
-
Faça o que digo ou não haverá filho algum. – Afonso ameaçou.
Ouvindo
os gritos de Ariella, Diego ordenou que a casa fosse invadida. Derrubar Afonso
era essencial ou ele usaria Ariella como escudo. Porém, matá-lo não estava nos
planos. Isso iria ferir Ariella. E hoje ele tinha prioridades maiores que a
vingança.
-
Não! – Mesmo assim, ela gritou ainda mais vendo o tiroteio que se seguiu a invasão
à casa.
Afonso
atitou contra Diego e os seguranças que o acompanhavam. Eles responderam. E em
instantes conseguiram render o criminoso e chamar à polícia para concluir o
serviço. Restou a Diego cuidar de Ariella que, ferida e emocionada só pode
abraçá-lo.
-
O que vai acontecer com ele? – Ela quis saber.
-
Vai preso...vai pagar pelo que nos fez, além de todo o resto. – Diego a
beijou. – Eu sei que é duro. Mas estou
aqui.
-
Ainda bem, ou eu não suportaria. – Ela sentiu que lhe devia uma explicação. -
Eu não quis te mentir. Apenas...
-
Shiiiiii. – Diego a calou com um beijo. – Não precisa falar nada. Fez o que seu
coração mandou. Você está bem, está salva. É isso o que eu preciso. Agora vamos
embora e você vai passar num hospital.
-
Está bem...mas só pelo nosso bebê
Juntos,
apesar do impacto da dor e das revelações vividas, eles sabiam que agora
poderiam ser felizes. Sem mentiras, sem passado a atrapalhar. Juntos eram só
planos e a expectativa de felicidade.
Algum tempo depois...
Ariella deu à luz na Espanha a um menino saudável,
batizado como Luiz Henrique Amaral Bueno. A mãe cogitou não colocar seu
sobrenome no menino, em respeito a dor de Diego. Mas foi o pai quem garantiu
não ser necessário. O passado já não o afugentava feito um fantasma. Ele
aprendera a manter a dor guardada num pequeno espaço do seu coração para assim
liberar todo o resto para a felicidade.
Além disso, aquela fora a sua chance de agradecer Ariella
pelas vezes em que ela abriu mão dos próprios medos em função do amor. Quando
Diego já estava aceitando a ideia de ficar na América do Sul, ela lhe comunicou
estar pronta para retornar à Espanha. E ser feliz na terra de seu marido.
- Nosso filho será espanhol. E nós seremos felizes aqui.
Eu tenho certeza. – Ela lhe disse, olhando para o menino, tão parecido com o
pai.
- Já somos, meu amor. Já somos.
De longe, Dulce, Diego, Anita, Olívia, Ítalo e tantos
outros que viram as voltas necessárias aquele encontro de sentimento tão
sinceros, agora festejavam o amor.
FIM
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