Os escritórios da JRJ nunca pareceram
a Márcia tão sufocantes. Ela olhava para os documentos que precisava assinar,
mas não conseguia encontrar concentração. Tinha de preparar uma apresentação para
reunião com Jonas e Rafael e a inspiração não chegava. Até mesmo o café
delicioso que sempre recebia na sala, naquela tarde, pareceu frio e sem sabor.
O mundo parecia estar fora do eixo.
Talvez fosse tudo culpa dela.
Provavelmente era culpa dela. Mal saíra de um divórcio espinhento e ali estava,
permitindo-se um envolvimento com ninguém menos que seu advogado. E um homem
acostumado a dormir com uma mulher a cada noite, incapaz de manter-se fiel. Ela
não podia estar pensando bem. Fechando o relatório, desistiu de ler o documento
e resolveu sair da sala para espairecer. Não esperava, porém, encontrar Raul e
sua secretária numa argumentação árdua. A garota insistia que ela dera ordem
para não ser incomodada. Mas Raul sabia insistir.
-
Tudo bem. – Falou à secretária, tentando evitar um clima ruim nos corredores da
empresa. – Entre Raul. Eu ia fazer um intervalo mesmo.
Quando
fechou a porta, porém, seu sorriso educado deu espaço a uma expressão dura. Bem
lá no íntimo, Márcia reconhecia que vê-lo lhe fazia muito bem. Mas esse
reconhecimento ficaria bem guardado dentro dela, por mais que isso lhe doesse o
peito. Ela acreditava ser melhor sofrer agora que chorar no futuro por
infinitas traições. E a vida já havia lhe ensinado como aquelas coisas
funcionavam.
- O
que você quer?
-
Você tem que melhor a sua receptividade aos visitantes, querida Márcia. –
Apesar da acolhida pouco simpática, Raul não se ressentiu. Na verdade, aquele
jeito um tanto xucro de Márcia só fazia atraí-lo um pouco mais. Ainda mais
agora que a conhecia na intimidade, por baixo dessa couraça tão falsa quanto aparentemente
impenetrável. – Vim te ver. É tão difícil assim de acreditar?
- Eu
acredito, sem grandes dificuldades. Afinal, não é a primeira visita imprópria
que me faz.
-
Imprópria? – Com um sorriso provocador nos lábios, Raul aproximou-se de Márcia
até ficar cara a cara, afastar os cachos de seus cabelos e poder falar ao seu
ouvido. – Eu acho que a visita foi bastante gostosa. Você tem alguma
reclamação?
Quando
Márcia percebeu já estava encostada à sua mesa de trabalho, com Raul encaixado
às suas pernas e a boca provando de seu pescoço. A sensação era tão gostosa que
apenas a ideia de afasta-lo já doía demais. A sensatez lhe lembrava que a porta
do escritório estava aberta e poderiam ser pegos naquela situação indecorosa.
Mas seu corpo, traidor, lembrava-se do prazer oferecido por Raul e já estava
desejoso por mais. Quando ele pousou uma de suas mãos na curva farta de seu
quadril e desceu beijos pela linha de seu decote, alcançando o vale entre os
seios, ela esqueceu os temores.
- Não
estou ouvindo reclamações. – Ele ainda a provocou.
-
Você sabe que mexe comigo. Não precisa fazer isso para provar nada. – Márcia
respondeu, com a voz tremida e o corpo aquecido pela paixão.
- Não
precisa se envergonhar disso. – Ele agora colava-se ao corpo dela e mostrava o
quanto seu corpo também ansiava por repetir o encontro anterior. – Eu quero o
mesmo que você.
Agindo
feito adolescentes afoitos, apesar da idade e das responsabilidade, eles se
entregaram ao beijo. Não algo roubado, nem discreto. Nada de selinho rápido. Um
encontro apaixonado, digno de lhes tirar o fôlego. Márcia queria abraçá-lo com
braços, pernas e todos os tentáculos mais que seu corpo permitisse. Raul sentia
que estava indo demais e que, quando o furor passasse, ela iria culpado pela
explosão sexual dentro do ambiente de trabalho. Mas ele também sentia o corpo
reclamar por mais e chegar a doer, aprisionado dentro das roupas.
Afoitos
como estavam, a porta tornou-se a última preocupação. Minutos se passaram.
Márcia não percebeu. E o horário marcado para encontrar-se com Jonas e Rafael
chegou e foi embora sem que ela se desse conta. Ela sequer viu o celular
vibrar. A executiva compenetrada dava lugar à amante apaixonada. Sem saberem o
que acontecia e sem compreender o atraso, os sócios foram à sala da colega. Ela
jamais se atrasava. Algo devia estar ocorrendo. E quando ouviram da secretária
que Márcia e seu advogado estavam há mais de meia hora na sala dela,
estranharam.
-
Será que devemos ir socorrer o rapaz? Invocada como ela é, acho que seria
melhor. – Jonas brincou, passando pela secretária e indo em direção à porta.
- Ela
deve estar discutindo alguma ação pessoal importante e não pode nos atender.
Melhor não atrapalhar. – Rafael disse.
Era
tarde demais. Após uma rápida batida na porta, Jonas abriu-a e deparou-se com
uma nova versão de Márcia. A executiva, fria e durona, era pega num quem amasso
com seu representante legal. A camisa social que chegara ao escritório
impecável, agora tinha botões abertos e estava bastante amassada. E o penteado
já vira melhores momentos.
Quando
Márcia enfim viu os sócios olhando a cena pouco apropriada, empurrou Raul e
tratou de descer da mesa e ajeitar a roupa. Envergonhada, com raiva e disposta
a qualquer coisa para livrar-se daquele constrangimento, ela se desculpou.
-
Eu...eu... sei que isso é inaceitável e.... – Começou enquanto via Raul ajustar
a calça após recolocar a camisa.
-
Relaxe, Márcia. – Rafael minimizou o ocorrido enquanto Jonas só fazia rir da
situação. Ele e Melissa já tinham feito coisas assim. E ele duvidava que
algumas das visitas de Emily à construtora não tivessem tido objetivos
semelhantes. Não era um pecado imperdoável, pelo menos na visão deles.
Mas
era constrangedor. E surpreendente. Sobretudo pela cena ser protagonizada por alguém
tão cheia de regras quanto Márcia. Aquele advogado tinha mexido com ela de uma
forma como ninguém esperava. Os sócios saíram, sabendo que o estranho casal,
que agora se encarava de forma estranha precisava de privacidade.
- A
gente faz a reunião mais tarde, Márcia. Estaremos em minha sala. – Rafael saiu,
levando com ele Jonas e toda aquela péssima sensação de invadir a vida alheia.
- Não queríamos
atrapalhar vocês desculpa.
Como Raul já esperava, Márcia não
demorou a culpá-lo pelo que ocorrera. E dessa vez ele reconhecia estar errado
ou, no mínimo, ter passado do ponto. O que ocorrera ali seria o mesmo que serem
pegos transando em pleno tribunal, à frente de um juiz e com uma plateia. Foi
invasivo e deselegante para aquela mulher, uma dama que merecia mais respeito.
Por isso, dessa vez ele não revidou seus questionamentos.
- Está vendo o que você fez? O que
vão pensar de mim agora? Vá embora, antes que eu te mate! – Ela gritou, indo
para o banheiro anexo à sala para molhar e ajeitar os cabelos.
- Está bem...você está certa.
Desculpe-me. – Disse e saiu, caminhando.
Márcia foi pega de surpresa. Fechou
a torneira e voltou ao escritório.
- Você vai sair assim, sem revidar,
sem dizer que eu tive culpa, que poderia tê-lo freado se realmente quisesse
e...
- Não. Você sabe tudo isso. E, dessa
vez você está certa em ficar furiosa comigo. Você...merecia mais respeito que
isso. Não tenho como me desculpar...apenas posso dizer que não consegui me
segurar porque...porque te quero, simples assim. É melhor eu ir embora e parar
de atrapalhar p seu dia. – Aquele fora o mais sincero Raul que Márcia já tinha
encontrado.
- Espera! Ok, vá embora...mas espero você hoje
para jantar lá em casa. – E aquele convite era a confirmação do que já não
adiantava negar. - Precisamos conversar sobre tudo que está acontecendo entre a
gente. E retomar seu caso de guarda.
- A guarda, claro. – Raul já exibia
um largo sorriso. – Eu estarei lá às 21hs, hoje à noite. - Até mais tarde, meu
bem. - E antes de sair ainda roubou um
beijo dela que, feito menina, empurrou-o porta afora enquanto, na verdade, o
que desejava era um repeteco do amasso de minutos atrás.
Enquanto isso, Jonas e Rafael
tentavam adiantar os assuntos que podiam ser resolvidos sem Márcia. O assunto,
porém, não podia ser outro. Ao voltarem para sala de Rafael, eles riam da
situação e lembravam de coisas parecidas, vividas décadas atrás, quando estavam
na faculdade. A diferença estava na idade dos envolvidos.
- Quem diria, aquela mulher durona, toda
certinha, dando uns pegas, aqui no local de trabalho. As coisas mudam! – Jonas
não cansava de achar graça no que presenciara.
- Melhor essa Márcia que a certinha.
Não acha? – Rafael argumentou.
- Sem dúvidas, meu amigo. – Jonas
voltou ao estilo normal e retomou a postura de executivo. - Agora vamos esperar
ela para falar da nova obra, discutir os planos de custos e...
Com uma batida bem menos discreta à
porta, Márcia anunciou sua chegada. Estava recomposta, novamente bem vestida e
até seu tom de pele havia voltado ao normal. Ninguém diria ser a mesma mulher.
Mas ela não tentou ignorar o que aconteceu.
- Se um de vocês falar alguma coisa
sobre o que viram, nem queiram saber o que faço. Fui clara? – Era a velha
Márcia de volta. Rafael e Jonas só conseguiram rir feito meninos.
- Opa! Não queremos saber. – Rafael
não resistiu à piada. - Nossas esposas não iriam gostar.
- Dá para parar de graça? E vamos
começar logo a trabalhar.
Porém, foram interrompidos pelo
celular de Rafael, que atentou a ligação. A fala foi breve, mas ele pareceu
estar preocupado e assim que desligou parecia outro homem, pouco aberto a
brincadeiras.
- Peço desculpas, mas terei de sair
para um compromisso pessoal.
O compromisso de Rafael era mais do
que simplesmente pessoal. Era algo familiar, ou assim ele esperava. Quem lhe
telefonou foi Marta. E quando ela ligava era por algo bastante importante.
Aquela senhora tinha a imensa responsabilidade de zelar pela criança que ele,
Mel e Tális queriam em sua família. Por isso, a ligação dela seria sempre uma
prioridade.
Dessa vez, o que ela precisava não
podia ser resolvido numa ligação rápida. Marta pediu que ele fosse ao abrigo
para conversarem sobre as inseguranças de Isabely. Além disso, ela pediu que
ele fosse sozinho. Afinal, por mais bem intencionada que Melissa fosse, ansiosa
como estava, ela poderia atrapalhar a menina.
Ao chegar ao local e discretamente
se encaminhar ao escritório de Marta, Rafael soube que seu filho ali estava
também, no pátio, conversando com Isa. Pediu que eles não fossem avisados de
sua visita. Melhor resolver os assuntos de adultos enquanto eles se divertiam.
Cada vez mais ele se sentia feliz em saber que o filho acolhia tão bem aquela
menina.
Marta começou a conversa lhe
relatando o que ocorria com Isabely, suas angustias e medos, tão típicos
daquela fase da vida. No caso dela, porém, eles eram exacerbados pelas
tristezas vividas. E superar não era uma tarefa simples. Isa precisava de uma
família. Mas também precisava de uma rotina estável. E tê-los como pais significava
abrir mão daquela rotina.
- Ela tem medo de deixar as outras
crianças do abrigo. Por isso, sempre que uma possível família adotiva se
aproxima, ela foge. Isabely tem medo de perder o único lar de verdade que já
conheceu e, depois, descobrir que a família é como a sua biológica ou as quais
passou depois. – Marta relatou. – E tudo isso está fazendo muito mal para a
cabecinha dela.
- Eu entendo o que me diz, Marta.
Mas não sei como resolver isso de imediato. Essa confiança só virá com tempo. –
Rafael argumentou.
- Eu sei, querido. Mas como mãe de
tantos, que sempre serei, tenho meus temores. Preciso me certificar de que
realmente cuidarão dela.
- O que preciso fazer para que
confie em minha palavra? Não estou brincando aqui, Marta. – Rafael estava quase
ofendido com a desconfiança. Jamais brincaria com os sentimentos da criança.
- Apenas peço que pense bem. – Marta
temia a reação de Rafael, mas precisava ser direta. – Veja, eu conheço Isa. Sei
que ela pode ser muito difícil, sobretudo quando quer afastar uma família...ela
exige firmeza e amor na medida certa. E a tendência das famílias é não aguentar
essa pressão. O resultado é mais sofrimento pra ela. Isa não suportaria outro
abandono.
- Ela não será abandonada. Agora sou
em quem pede, Marta. Confie na minha palavra. Eu quero ser um pai de verdade
para Isabely. Quero amá-la e educá-la. Melissa a quer. Tális a quer. Não vamos
desistir, independente da dificuldade.
O coração de Marta acreditou naquela
afirmação tão segura. Estava segura de aquele era sim o melhor caminho para sua
menina e que, quando as dificuldades chegassem – elas viriam, sem dúvida –
aquela família saberia enfrenta-las.
- Ótimo. Era tudo o que eu desejava
ouvir. – Marta festejou. – E então, se é assim, penso que não temos porque
esperar mais. Vamos entrar com o pedido de família acolhedora. O senhor
concorda?
- É claro! E tenho certeza que minha
esposa também concorda. – Já que era assim, ele teve uma ideia. – Então, será
que esse final de semana a Isa pode ir lá pra casa?
- Vou falar com ela e providenciar a
papelada.
- Ótimo. Enquanto isso, acho que vou
ao pátio ver as crianças.
Crianças talvez não fosse o melhor
termo. Tális conversava com Isa sobre os novos jogos de vídeo game que comprou.
Depois falaram da escola. E continuaram trocando ideias sobre suas bandas
favoritas. Eles estavam naquela fase de transição em que não se tinha
maturidade o bastante para ser adulto, nem se desejava permanecer criança.
Rafael passou alguns minutos
observando-os e, só se aproximou quando viu o filho atender ao pedido de
algumas crianças mais jovens e se afastar de Isabely para jogar futebol com as
crianças. Passo a passo, com quem se aproxima de um velho amigo. A diferença é
que, em geral, as reações de velhos amigos podiam ser esperadas. Já as de Isa
eram sempre surpreendentes.
- Posso me sentar aqui com você? –
Começou perguntando.
- Claro. Seu filho tá ali.
- Eu vi. Quero conversar com você
mesmo. – Rafael disse e ficou observando a menina. Ela não fugiu do seu olhar.
Tinha fibra, queria enfrenta-lo. E nisso se parecia muito com Melissa. – Isa, quero
lhe fazer uma pergunta e desejo que você seja sincera.
- Tá legal. Pergunta o que quer
saber.
- Você gostaria de ir lá pra casa? –
Tomando fôlego, como um adolescente afoito, ele falou num sopro só. – Não me
refiro a visitas, nem a finais de semana esporádicos, mas em morar, de verdade,
todos os dias. Nós seremos seus pais e você pode vir aqui quando quiser, para
visitar.
- Meus pais?
- Seremos a sua segunda família...
você pode vir aqui quando quiser. Basta pedir, nos avisar apenas. Não precisa
fugir. Você é livre para fazer o que quiser. Aceita?
Um silêncio pairou no ar. Pareceu
bem mais longo a ambos do que realmente foi. Nessa hora, Tális vê seu pai e
mesmo de longe percebe o clima pesado entre eles. Por um momento achou que
estivessem brigando, mas, quando se aproximou e ouviu o que falavam, não
resistiu a intervir.
- Fala! Vai Isa! Aceita. – Ele
gritou para a amiga, soando como quem brigava com uma irmã. – Aceita logo Isa!
- Não a pressione Tális. – Rafael corrigiu
o filho. - Essa é uma decisão difícil, que deve ser tomada por Isabely, sem
pressões. Só cabe a ela.
- Tá bem. – O menino aceitou, um
tanto amuado.
- O que me diz? – Rafael voltou a
perguntar. - Você não irá agora comigo, porque precisamos da autorização do
juiz, mas no final de semana você já poderá ficar conosco. Aceita?
Isabely ainda não estava segura para
responder. Por um lado queria ir. Mas uma parte sua também desejava ficar. E
essa insegurança a angustiava. Se fosse poderia perder Marta e todos os que ali
estavam. Se ficasse iria magoar Tális e deixar de viver algo que, caso fosse
sincera, reconheceria o quanto lhe faria falta.
- Aceito sim...eu vou pra casa de
vocês. – Ela enfim respondeu. - Mas as condições são as mesmas que já
conversamos hem...não vou ser a filhinha boboca de vocês. Marta vai sempre ser
a minha mãe...eu só vou passar mais tempo com vocês. Tenho casa!
- Ok...a gente pode aceitar as suas
condições. – Rafael respondeu, abraçando a nova filha e sorrindo para Tális.
Uma família estava nascendo. E tudo
o que ele queria era correr para casa para contar a Melissa tudo o que
acontecera. Afinal, cada passo dado por ele era realizado pela felicidade de
Mel. E fora ela quem primeiro enxergou aquela família com mais uma integrante.
...
Em outro ponto de São Paulo, num
apartamento bem mais fino e bem mobiliado, outra família era formada. Com muito
jornal espalhado pelo chão. Tintas alcançando bem mais que paredes. Roupas
remangadas. Muita sujeira. E sorrisos sem fim. Assim estavam Milena, Nathan e
Maria Fernanda. A pequena estava realizada junto de seus pais.
Quando o quarto de Maria no
apartamento de seu pai enfim ficou pronto, Nathan percebeu o quão feliz foi
aquela tarde junto da família. E, também, como aquela noite avizinhava-se
triste após elas irem embora. Talvez essa sensação de vazio dentro do peito
fosse o que seus amigos da juventude comentavam após encontrar a mulher de suas
vidas. Quando ele, solteiro, queria sair e eles não, os comprometidos afirmavam
sentir a falta delas em cada minuto longe das amadas. Naquela época ele não
entendia. Hoje sim.
- Vocês podem tomar banho aqui
enquanto eu preparo o jantar. – Ele já tinha lhes dito para dormirem ali, mas
Milena negou sem lhe dar nenhuma possibilidade de argumentação.
- Não temos roupas. – Foi a melhor
desculpa que Milena conseguiu dar.
- Emprestar uma camisa para você não
é problema. E tenho certeza que podemos encontrar um jeito de agasalhar Maria.
Ou prefere ir para o hotel suja desse jeito?
- Está bem. Mas é só um banho e depois
jantar nós iremos embora.
Não nos planos de Nathan. Mas por
enquanto ele se sentiu satisfeito com a batalha ganha e preferiu não responder.
- Podem usar o meu banheiro. Lá tem
o que vocês precisam. Vou pegar algumas roupas. – Nathan então resolveu
provocar. – Também vai querer uma cueca?
- Pode ser. – Um tanto vermelha,
Milena entrou na brincadeira.
Quando voltaram, Milena e Maria
encontraram uma mesa posta. No ar o aroma do jantar aumentava a fome de todos.
Ao olhar pai e filha juntos, Milena reconheceu que dificilmente iriam embora
naquela noite. Primeiro porque Maria dava sinais de que logo adormeceria. E
também porque eles queriam a companhia um do outro. E ela nisso tudo? Era essa
a preocupação de Milena. Porque a relação de Maria Fernando e Nathan parecia a
cada dia mais forte e clara do que nunca. Difícil era entender a relação dos
adultos.
- Está muito gostoso o jantar.
Obrigada. – A educação nesse caso era quase como um muro, correto, porém frio.
- Não precisa agradecer. Só estou
alimentando minha família.
- Nathan...
- Não adianta reclamar porque falei
a verdade, Milena.
Seria
uma noite longa...
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