Uma sala discreta na qual alguns
homens se acomodavam em cadeiras confortáveis enquanto mulheres colocavam-se
sobre um tablado alto. Luzes destacavam sua beleza, trajes e adereços. Tudo
normal. Não fosse o objetivo criminoso. Ali, não se vendiam roupas nem joias.
Elas eram a mercadoria. Cada uma delas estava prestes a deixar de ser uma
prostituta para tornar-se propriedade particular de alguém. Alguns homens
poderiam chamar de amantes. Outros eram mais objetivos e diziam ir ali para
adquirir uma escrava sexual. O nome não importava muito, o objetivo final é o
mesmo.
Bem vestidos e servidos pelo garçom,
cada cliente segurava um copo de bebida, Whisky e vodka eram os preferidos.
Nenhum deles tinha menos de cinquenta anos e uma exigência para estar ali era
ser um cliente assíduo e de total confiança. Aqueles esporádicos eram muito
arriscados. Isso, é claro, além de ter muito dinheiro. Não se tratava apenas de
pagar pela garota. Mas de poder oferecer a vigilância necessária àquele tipo de
aquisição e, no caso de não conseguir evitar uma fuga, ter recursos para
encontrar a garota. Após fechado os negócios, todos ali seriam avisados que
caso permitissem que a mercadoria chegasse até um posto policial, teriam de
explicar-se sem colocar em risco a boate.
- Vamos começar, senhores. –
Samantha deu início ao leilão. – Naomi é a nossa primeira peça de hoje. Tem
apenas 30 anos, de origem oriental e perfeita saúde. Naomi está conosco há
vários anos e jamais ofereceu problemas de indisciplina. Tenho certeza de que
será uma grande aquisição para qualquer um dos senhores.
Samantha deixou de informar aos
clientes que Naomi já tinha sido leiloada uma vez quando trabalhava em outro
país. Retornou após tentar assassinar o novo dono. Ele preferiu não arriscar
uma nova oportunidade e como ofereceu abrir mão do valor pago, o organizador do
leilão a aceitou de volta e passou a Gregory a tarefa de colocá-la no serviço
novamente. Samantha passou semanas castigando-a duramente por ter ousado
atentar sobre uma decisão deles e só depois permitiu que iniciasse seu
‘trabalho’ no salão. Agora ela seria novamente leiloada.
- Eu ofereço U$10 mil. – Gritou um
homem ao qual Naomi atendia com frequência. – A quero e agora.
- Alguém mais? – Samantha perguntou,
divertindo-se. – Nesse caso, ela é sua, Sr. Dervishi. Vai querer vistoriar a
mercadoria?
- Não. Conheço como a palma de minha
mãe. Se você me garante que está saudável, levo-a agora mesmo.
- É claro. – Samantha não poderia
estar mais satisfeita. – Naomi. Vá se preparar e encontre o Sr. Dervishi na
saída em alguns minutos. Ele passará no caixa antes e acertará tudo com Gregory
antes de levá-la.
A próxima a ser colocada em destaque
foi Natacha. Com seu olhar forte e desafiador, não disfarçada seu horror em
estar ali. Ao contrário da maior parte das mulheres colocadas a leilão, Natacha
não tinha um cliente fixo do qual esperava um lance. Poderia sair dali com
qualquer um ou não despertar o interesse de ninguém. E ela não sabia qual
destino era mais apavorante. Se estava ali é porque os administradores não a
consideravam mais importante aos negócios, não mais dava lucro e, se era assim,
não iriam mantê-la ali.
- Natacha é brasileira. E isso por
si só já explica sua sensualidade. Muitos aqui já a conhecem por seus tempos de
Noxotb. Apesar do rosto e corpo de menina, tem 25 anos
e está há oito conosco. Depois dessa imensa experiência, podem imaginar do que
ela é capaz na cama de um homem. Vamos lá garotos, façam seus lances.
- Ofereço U$7 mil por ela. Mas quero conferi-la antes de
fechar negócio. – Um homem que há tempos frequentava a boate gritou. Ele já
tinha saído com Natacha várias vezes.
A conferência não passaria de uma demonstração de poder.
- Dou U$8 mil. – Gritou outro
cliente. – Essa carinha emburrada dela me conquistou. Vou adorar tirar esse
ranço da menina.
O primeiro não quis brigar por
Natacha. Ao que parecia, ele estava realmente interessado e haveria outros. Não
havia razão para brigas.
- Quer conferi-la de perto, Srº
Lancelot? A sala ao lado está a disposição para isso.
- Não preciso de sala alguma para
isso. – O homem alto e forte, apesar dos cabelos completamente brancos
respondeu caminhando até ela e tocando-lhe o corpo sobre o vestido. Seios,
cintura, bunda e toda a extensão das pernas foram apalpados à frente de todos.
– Firme. Pele ainda jovem. Está em bom estado. Vou levá-la. - Ele falou então
em seu ouvido – É bom tirar essa cara amarrada. Ou eu tirarei de um jeito que
você não vai gostar.
Garota por garota, o leilão avançou
lentamente. Algumas tiveram mais de um interessado, o que alongou a disputa,
lance a lance, dólar por dólar. Vários homens pediram para olhá-las de perto,
conferir o que estava comprando. Outros estavam ali a pedido de uma delas e não
a expuseram a mais aquela humilhação.
Uma delas, Cléo, não recebeu nenhum
lance. Não lhe faltava beleza nem clientes, mas nenhum homem desejou comprá-la.
Assim como Beatriz, ela tinha um cliente fixo, que sempre a deixava reservada
quando estava na cidade. Mas ele não se interessou em comprá-la. Após o
silêncio da plateia informar que não a desejavam, Samantha mandou que Cléo se
retirasse. Nenhuma das garotas ali presentes soube se ela estava feliz ou
triste, talvez Gregory ao cumprisse a ameaça e simplesmente deixasse
trabalhando quem não recebesse lances. Era essa a esperança de Bia. Sem
Sebastian, ela esperava não chamar a atenção de mais ninguém e seguir na Noxotb até que ele voltasse à Rússia e viesse procurá-la. Talvez então
pudesse convencê-lo de que o melhor era ele tomá-la como exclusiva.
Cada uma por vez, as garotas foram sendo chamadas,
colocadas a venda, compradas ou desprezadas e retidas do salão. A madrugada era
já alta quando restou Beatriz no palco. Essa foi mais uma das formas encontradas
por Samantha para provocar a mulher que mexeu com Gregory, despertou o
interesse de Sebastian e a quem Gabriela tinha como inimiga. Samantha obrigou
Beatriz assistir o sofrimento de todas as demais e antecipar o seu próprio
antes de enfim selar seu destino.
- Nossa última garota se chama Beatriz. Tem 32 anos, mas,
como podem ver, pele, corpo e cabelos ainda muito satisfatórios. É brasileira,
fala com clareza, tem instrução e sabe se comportar.
Samantha estava divida em seus desejos. Desejava livrar-se
daquela mulher que colocava em risco seu casamento, mas, também, lá no fundo,
nutria o contraditório desejo de que ninguém desejasse Beatriz. Serviria para
humilhá-la. Mostrar-lhe que não era desejada por todos aqueles homens
poderosos.
- Ofereço U$ 7 mil. – Um homem alto e magro gritou.
- Eu dou U$10 mil. Outro disse no mesmo minuto. Esse
negro e de constituição mais forte.
- Subo a oferta para U$12 mil. – O primeiro elevou o
lance.
- U$15! – O negro mais uma vez superou o outro.
Sem muito entender, Beatriz assistia
a troca de lances sem torcer por nenhum daqueles homens. Não os conhecia.
Nenhum lhe era melhor ou pior. Já estava satisfeita em saber que sairia dali em breve. Porém, a ideia
de que a desejavam não era boa notícia. Melhor seria tornar-se propriedade de
alguém a quem pouco interessasse. Assim, lhe daria mais liberdade logo de
início e não a caçaria quando fugisse. Quanto mais altos os lances, menores as
chances dele lhe permitir ir embora.
Sebastian
estava na Rússia desde aquela manhã. Não por desejar participar do leilão. Veio
para fechar a compra de um estaleiro que após meses de negociação enfim foi concluída.
Mas o convite de Samantha esteve presente em seus pensamentos durante todo o
dia. Quando o relógio marcou o horário em que o leilão começaria, ele estava em casa. Tomou banho,
bebeu e tentou concentrar-se em outras coisas.
Quando
viu passar da meia noite disse a si mesmo que àquela hora ela já devia
pertencer a outro homem, que nada mais poderia fazer. Ainda assim, o amargor
típico de uma desilusão seguia em sua boca. Estava desiludido com sigo mesmo. E
estaria assim em qualquer situação. Afinal, que tipo de homem é aquele que
deseja comprar uma mulher? Mas do que poderia ser chamado, da mesma forma, o
homem que deseja comprar e não o faz por pura acomodação. Esses homens, que
estavam todos dentro dele mesmo, despertavam seu desprezo.
Por
um instante, um breve instante, pensou que poderia comprar Beatriz e não fazer
dela sua escrava, mas sim lhe dar a liberdade. Não. Se a tivesse para si um
dia, jamais conseguia lhe libertar. Ao contrário. Garantiria que fosse sua,
somente sua, para sempre. Que nenhum outro homem a visse, para não desejá-la.
Também pensou em como poderia ter sido caso não tivesse conhecido Beatriz como
uma garota de programa. Se a tivesse encontrado num daqueles aborrecedores
jantares da alta sociedade a que precisava frequentar. Poderia tê-la cortejado,
chamado para dançar, levado-a para jantar naquele restaurante que tanto
apreciava em New York
ou para caminhar pelas ruas de Paris. Beatriz poderia tomar chá com sua mãe e
brincar com Luísa. Quantas vezes a menina lhe disse desejar uma mãe?
Mas
nada disso é possível. Não com Beatriz sendo quem é. Não demoraria para que a mídia
descobrisse seu passado de prostituta. E mesmo reconhecendo nela elegância e
cultura típicas de quem teve oportunidades na vida e desconfiando que havia
nela algo de muito especial, a verdade é que Beatriz não servia para ser
apresentada à sociedade como a senhora Gonzáles. E se já não mais seria
possível tê-la esporadicamente na Noxotb, não mais a teria de forma alguma.
-
Ainda precisará dos meus serviços, patrão? Não pretende sair...ver a senhorita
Beatriz? – Francisco disse após bater à porta.
Sebastian
riu antes de responder.
-
Senhorita? Ou você é muito simpático, ou simpatiza com ela.
-
Ela é uma jovem muito agradável e simpática. Difícil não simpatizar. Não irá
vê-la?
-
Não...Hoje um homem a irá comprá-la, Francisco. Estão....droga! Eu tenho
vergonha até de dizer. Não posso participar disso.
-
Ao saber que outro a comprará, o senhor já está participando. Se me permite
dizer...
-
É claro. Há quantos anos você é meu segurança, Francisco? Pode falar. Acha que
eu devo ir até lá, dar um lance e comprá-la?
-
Ou chame a polícia e avise que estão vendendo mulheres. Isso é crime. Então
Beatriz será libertada e voltará para sua casa, seu país.
-
E eu nunca mais a verei. Não sei se consigo ser tão altruísta assim.
-
Nesse caso, acho que o senhor deveria fazer o que tem vontade. Duvido que a
senhorita Beatriz prefira um desconhecido, que talvez vá maltratá-la. – Mesmo
constrangido, Francisco resolveu falar. – Ela me parecia muito feliz em vir
atendê-lo.
-
É...você está certo. – Não sabia se o leilão já não havia ocorrido, mas
resolveu tentar assim mesmo. – Vamos na Noxotb.
Beatriz
já estava cansada daquela disputa quando o homem alto, magro e de pele clara
ofereceu $50 mil dólares para tê-la como sua e o outro disse que aceitava a
derrota. Samantha tinha os olhos brilhando em felicidade. Não
pode dizer a Bia que ninguém a desejava, mas conseguiu uma alta quantia. E a
brincadeira ainda só começava.
-
Ótima oferta para uma ótima aquisição, Sr. Frashëri. Mas tenho certeza que
depois de esperar tantas horas para comprar Beatriz e sem conhecê-la
anteriormente, o senhor irá desejar utilizar a sala ao lado para conferir com
seus próprios olhos a mercadoria pela qual está disposto a dar $ 50 mim. –
Samantha ofereceu, pensando em machucar Beatriz o quanto fosse possível.
-
Não preciso de sala alguma. Não há mais ninguém a comprar e os outros podem ir
embora. – Rafael Frashëri disse e Bia concluiu que se tratava de um homem
prepotente. – Tire a roupa, Beatriz. Quero ver o que esse lindo vestido
esconde.
Ficaram
na sala apenas o comprador, Gregory e Samantha. Beatriz tirou o vestido tomara
que caia e a calcinha, ficando apenas com a sandália de salto fino.
-
Bons seios, querida. E belas coxas. É uma mulher e tanto, reconheço. Vale cada
centavo pelo qual paguei. Vire de costas. – Ele sorria falando, quase salivava
de desejo por tocar o que acabará de comprar para si.
Ela
virou de costas, mantendo a mesma distância – cerca de quatro passos – de seu
comprador. Seu olhar era tão desesperado, tão voraz e violento que ela começava
a temer aquele desejo todo. Havia orgulho em sua voz. Orgulho por ela agora ser
sua propriedade.
-
Belo quadril. Você é muito bela, Beatriz. Venha até aqui. Você está muito
distante e quero tocar o que me pertence. Venha!
-
Toque. – Ela o desafiou, olhando em seus olhos.
Rafael
Frashëri não se fez de rogado. Tocou Beatriz começando pelo rosto, sentiu seu
cabelo, sentiu o perfume com uma delicadeza que surpreendeu a ela. Depois
tornou-se mais ousado e fez uma das mãos descer pela cintura até pousar sobre o
quadril e apertar a carne firme das nádegas, puxando-a para mais perto.
-
Gosto da sua textura. É firme e é macia ao mesmo tempo.
Suas
mãos passaram algum tempo acariciando o ventre dela. Não era repartido por
músculos trabalhados, era macio e trazia algumas marcas que nenhuma mulher
gostava mais que, sendo mães, dificilmente não têm. Beatriz não se importava em carregá-las. Mas se
sentiu incomodada quando Rafael tocou-a ali.
-
Imperfeições. – Ele então olhou para Samantha. – Isso deveria ter sido dito
antes dos lances. Não gosto de me sentir enganado.
-
E não foi. Se queria perfeição, Rafael. Deveria ter buscado por alguém mais
jovem. – Gregório afirmou. – Mas, se desejar, podemos cancelar o negócio. É
para isso que oferecemos uma vistoria antes do pagamento.
-
Não...vou levá-la assim mesmo. Daqui em diante ela terá um programa alimentar e
de exercícios para se manter perfeita. Não gosto de nada menos que a perfeição.
– Ele voltou a analisá-la e passar as mãos em corpo. – Eu gosto do conjunto da
obra.
Foi
assim que Sebastian viu-os ao entrar na sala onde ocorria o leilão. Beatriz
completamente nua, linda e sensual enquanto um homem a tocava e os
administradores do lugar assistiam.
-
Sebastian... – Gregory caminhou até o recém chegado, antecipando a tempestade
que se aproximava. – Acabou. Rafael Frashëri a comprou. É melhor você sair
agora, vá ao salão. Há meninas jovens.
-
Fique longe de mim Gregory! E você, afaste-se dela. – Sebastian sabia não ter o
direito. E não se importava. Nada ali era legal, por isso sentia-se livre em desrespeitar
qualquer regra.
-
Quem é você para me dar ordens dessa forma? – Frashëri disse, estranhando a
situação, mas mantendo-se calmo.
-
Sebastian Gonzáles. Beatriz é minha acompanhante fixa e não deveria ter participado
desse leilão. Se o senhor já pagou o lance dado, tenho certeza que Gregory não
hesitará em reembolsá-lo...
-
Sebastian não é assim... – Samantha tentou interrompe-lo.
-
Cale sua boca! – Sebastian sequer olhou-a. Esteve o tempo todo observando Beatriz
e o homem que ainda a tocava. – Creio que poderei contar com sua compreensão.
Venha até aqui Beatriz, por favor.
Pela
primeira vez naquela noite Beatriz sorriu. Ali estava ele, exigindo-a como sua,
mesmo que aos olhos dos outros já não fosse. Ela fez menção de caminhar até
ele, mas sentiu Rafael Frashëri a segurar pela cintura.
-
Ainda não. Vamos esclarecer algumas coisas aqui. – Frashëri disse, antipático a
tudo que ali era dito. – Gregory, você me permitiu comprar uma mulher que já
tem dono? Já lhe disse hoje: não gosto de ser enganado. E fiz um lance de $ 50
mil dólares.
Rafael
Frashëri tinha gostado de Beatriz desde o início do leilão. Mas não nutria por
ela nenhuma obsessão. Não o que via nos olhos de Gonzáles. Além disso, conhecia
seu nome e sua reputação. Tratava-se de um homem perigoso, a quem ele preferia
ter como aliado. Naquele instante Rafael avaliava se realmente desejava comprar
aquela briga por uma mulher que nem mesmo lhe era importante.
-
Eu não paguei por ela ainda. Estava conferindo se ela era do meu agrado...e nem
mesmo a considerei tão perfeita quanto esperava. Se ela é tão importante. Fique
com ela.
-
Ela é. Venha Beatriz. – Sebastian despiu o blazer do terno e quando ela se
aproximou, cobriu-a com a peça. – Eu cubro a oferta de pagamento, Gregory.
Beatriz vem comigo.
-
Se assim agrada a todos, que seja. – Gregory concedeu. – Vá se trocar Beatriz.
Eu vou fechar o negócio com Sebastian.
Apesar
da afirmação, foi Samantha a falar com Sebastian enquanto seu marido despachava
Rafael Frashëri. O comprador de Bia pagou pela aquisição e, ao que deu a
entender, teria pago muito mais se fosse necessário. Aquilo incomodou Samantha.
Desejava que Beatriz fosse castigada a cada dia por seu comprador e aquele não
parecia seu destino, a julgar pela forma como Sebastian a olhava. Teria de
fazer algo.
-
Para onde pretende levá-la?
-
Não é da sua conta. Bem longe daqui. – Foi a resposta, pouco educada ou
esclarecedora.
-
Não é por intromissão. É só que...segundo Gregory essa é a sua primeira
aquisição. Preciso lhe dar algumas orientações, Sebastian, ainda mais com
Beatriz.
-
Por que “ainda mais”?
-
Porque ela é...perigosa. O que para você se torna um grato desafio.
-
Diga logo o que tem a dizer, Samantha. Meu tempo é curto. – E por alguma razão
Samantha o irritava demais.
-
Mantenha-a presa em algum lugar seguro, sem acesso a internet ou a telefones.
Nem pense em dar-lhe liberdade em sair sozinha. Ou ela fugirá na primeira
oportunidade.
-
Ok, já ouvi seus conselhos agora...
-
Falo sério, Sebastian. – Agora ela sabia contar com sua atenção. – Conheço cada
uma dessas garotas. Beatriz é a mais traiçoeira. Você deve tratá-la com rédea
curta, ela precisa temer você, temer ser castigada por você. Beatriz precisa
saber que sua vida depende de agradá-lo ou logo ela lhe dará uma rasteira, vai
a polícia, cria problemas para nós e acaba com a sua reputação. E o que era a
sua diversão sexual, torna-se uma grande decepção.
-
E o que você me sugere, Samantha? Colocar uma coleira com minhas iniciais no
pescoço dela e chicoteá-la?
-
Nada tão cinematográfico, Sebastian. Mas tire esse olhar adocicado do rosto e
aprenda a dar-lhe comandos. A repreenda quando lhe desobedecer e não a mime
excessivamente. E, principalmente, mantenha seguranças de olho nela. Lembre-se,
você não comprou uma namorada, mas sim uma escrava sexual.
Ao
contrário do que esperava, Beatriz não foi embora com Sebastian naquele
momento. Ele apenas avisou-a que na manhã seguinte viria buscá-la.
Entristeceu-se ao saber. Principalmente porque notou nele uma atitude
diferente, mais fria e dura ao lhe falar.
-
Pensei que ia para o hotel com você.
-
Pensou errado. Estou muito ocupado. Amanhã Francisco a buscará e vamos direto
ao aeroporto. Vou instalá-la em um lugar.
-
Na sua casa nos EUA?
Ele
riu e Beatriz entristeceu-se ainda mais.
-
Não. Certamente não. Lá é o último lugar onde eu esconderia uma mulher como
você. E já está perguntando demais. Não precisa saber onde estará. Apenas que
quando eu for vê-la, deve estar bela e à minha disposição. Até amanhã, Beatriz.
- Com um beijo Sebastian despediu-se e
deu-lhe as costas.
Elizabeth
e Miguel desembarcaram em Moscou quando o sol nascia. Ela completamente exausta
após não conseguir dormir por nenhum instante durante todo o longo voo. Nem
mesmo durante as duas escalas feitas, conseguiu relaxar. Ela apenas ficou
quieta, tentando descansar enquanto Miguel cochilava.
Conforme
o tempo passava, Miguel foi se preocupando mais. Elizabeth não desligava, não
repousava. Ela não se permitia nem mesmo alguns instantes de paz, antes da
batalha que viria ao chegar.
-
Enfim, aqui estamos. Vamos deixar as malas no hotel e eu vou até aquela boate
e... – Ela disse enquanto ainda estavam no aeroporto.
-
Nem pensar. Você vai dormir primeiro, nem que eu tenha se sedá-la. Liz, por
favor, há um bebê, nosso filho dentro de você.
-
Mas...
-
Depois que você dormir algumas horas, eu mesmo te ajudo a investigar essa boate
e a encontrar Beatriz. Mas antes você cuidará do nosso filho. Nem mesmo se
alimentar você conseguiu.
- Está bem. Eu comerei e dormirei antes.
Concordar com Miguel não a fez desistir de seus planos.
Depois de entrarem no quarto do hotel e tomarem um banho relaxante juntos,
Miguel pegou o telefone para pedir uma refeição e ela ligou o computador para
continuar suas pesquisar. Daria algumas horas de repouso ao seu corpo, mas logo
seguiria no rastro dos que sequestraram e agora escravizavam sua irmã.