Neal
e Rachel seguiram para a casa num abraço natural. Ele havia passado por
momentos difíceis nas mãos de Thomas Carter, mas, no fundo, e talvez nem tão
fundo assim, sempre teve a certeza de como e pelas mãos de quem aquele
sequestro terminaria. Rachel não era mulher de desistir. E jamais o
abandonaria. Essa segurança era uma sensação boa. Ter alguém com quer contar
independente da situação. Neal sorria sem perceber e apertava a mão da esposa
mais firmemente.
-
Porque tem esse sorriso bobo no seu rosto, Neal Caffrey?
-
Enquanto você falava com Diana, Peter me deu um resumo dos últimos dois dias.
Eu preciso reconhecer que gostoso saber do que a minha mulher é capaz para me
defender. – Neal voltou a beijá-la e acariciar os cabelos avermelhados com uma
das mãos. A outra estava presa fortemente em sua cintura. – Foi bom brincar de
‘tiro ao alvo’?
-
Foi...relaxante poder extravasar minha raiva em James. Ele me chamou
demônia. Pode acreditar?!
-
Não. Ele está errado. Você é uma mulher fantástica e da qual eu nunca vou me
separar. Nunca outra mulher poderá me dar o que você oferece.
-
É bom saber. Porque se você deixar outra tocar no que é meu...eu posso brincar
de tiro ao alvo nesse seu lindo corpinho e eu não ia gostar de vê-lo ferido,
querido! – Era brincadeira, mas tinha um fundo de verdade. – Fiquei com medo de
atirarem em você. Thomas
é louco.
-
Ele tentou. Fui salvo pela minha escultura. – Ele desejava esquecer aquilo
tudo. – Além disso, você já me deu um tiro uma vez, Senhora Caffrey.
-
Sim. Mas você estava querendo me prender. Então foi merecido. Além do que, sou
sua esposa. Eu posso!
Quando
chegaram em casa, tudo o que desejavam era ter alguns poucos momentos em família. Neal foi
abraçado por June e recebeu os cumprimentos de Mozz. As crianças, graças aos
amigos, estavam bem e já na cama, adormecidas.
-
Eu li para George enquanto June deu mamadeira para Helen. Eles devem dormir até
amanhã cedo. Então boa noite. – Mozzie saiu em retirada.
-
É, Senhor Caffrey, acho que agora você é todo meu! – Rachel disse fechando a
porta atrás de si.
-
E se eu estiver cansado demais amor? – Neal a provocou. – Você se importaria se
deixássemos para amanhã de manhã?
-
Deixar o que para amanhã? Sexo? Você me jogar nesse tapete e me amar por horas?
Sim, Neal, eu me importo. É agora. E você não vai se arrepender.
Depois
de meses presa e hospitalizada, finalmente tinha Neal e o resguardo havia
acabado. Pretendei esbaldar-se naquele corpo que era só seu. Eles arrancaram as
roupas um do outro. Não era apenas desejo, tratava-se de um encontro carnal,
mas cheio de sentimento. Ela chegou perto de perdê-lo. Isso acrescentava mais
fome à sua imensa vontade de comer. De devorá-lo.
-
Essa sua bunda firme é deliciosa, Neal. Gostosa mesmo. – Rachel disse apertando
o marido. – É por ela que a mulheres se viram para olhar por onde você passa.
-
Pensei que fossem os meus olhos. – Ele já arrancava seu sutiã e deliciava-se
com os seios, fartos pela amamentação.
-
Não. É a bunda. Mulher gosta de homem com bunda bonita. E a sua é demais!
Alguns
diriam que ela estava ‘subindo pelas paredes’. E estariam certos. Foram meses
demais sem seu homem para deliciar-se nele como quem saboreia um vinho fino e
delicado. Estava voraz e dispensando a finesse e elegância habitual de Neal
Caffrey.
-
Quero rápido e forte. Contra essa porta mesmo. – Avisou-o.
-
Não era para eu deitá-la no tapete da sala?
-
Estou fazendo adaptações. Não consigo esperar tanto. Vai Neal...preciso de você
dentro de mim, vem, agora.
Com
um único puxão Neal rasgou a calcinha preta e rendada usada por ela. Era sexy.
E tinha transformado-se em um retalho instantes depois. Foi ali mesmo, contra a
parede e forte como ela pediu. Impossível não analisar e apreciar seu belo
corpo. Poucas semanas após dar a luz ela já ostentava um corpo firme e bem
torneado, fruto dos exercícios físicos que praticou a vida toda. Rachel nunca
seria magra como as modelos que desfilavam em passarelas, nem delicada como
elas. Era uma mulher com carnes e músculos nos lugares certos. E ele gostava do
fato de conhecer cada centímetro dela.
-
Gostosa, você é uma Diaba Ruiva e gostosa pra caramba, Rachel. Eu quero passar
minha vida toda em você.
-
Que bom, Caffrey. Porque eu não ia te dar alternativa.
O
restante da semana dividiu-se em duas grandes atividades para Peter Burke. Uma
era liderar e reorganizar nova caçada a Thomas Carter. Ele não deveria estar
longe e, possivelmente, estava assustado com a impossibilidade de seguir no
mesmo golpe. Carter gostava de se repetir. Armou um plano e o repetiu até ser
descoberto. Provavelmente não sabia o que fazer agora. Eles coloram barreiras
nas estradas, espalharam cartazes e ofereceram recompensa. Mas até o momento
nada.
-
Fique tranquilo, Stone. Vamos conseguir encontrá-lo. E Carter não tentará
explodir nada já que o golpe foi descoberto. Ele não conseguirá roubar e fingir
que destruiu.
A
explicação era lógica e pareceu acalmar o chefe do FBI. Mas não fez Peter
diminuir a intensiva. Encontrar Carter era questão de honra. Ele havia invadido
o FBI, os desafiado e sequestrado um membro da equipe. Iria pegá-lo.
Mas
quando o sábado chegou, Peter teve outro compromisso. Bem mais pessoal, porém,
tão importante quanto. E com seus colegas de FBI todo presentes lá. Sophia
completava 7 anos e exigiu uma grande festa. Mesmo envolvidos com a chegada de
Valentina, Elizabeth e Peter faziam de tudo para Sophia não se sentir
rejeitada. Ela era filha deles. E muito amada pelo casal. Agora lá estava ela animada
em seu vestido de princesa. Tudo inspirado no filme Frozen, seu preferido.
Apesar de ela e George discutirem bastante esse assunto.
-
Frozen é legal. – A menina sempre dizia.
-
Mas Valente é mais! – George sempre respondia.
-
Só porque a Merida tem o cabelo da sua mãe. – No fim das contas a discussão
nunca passava disso e os dois se divertiam com todos os seus filmes.
Mas
hoje a tarde era de Frozen e Elizabeth esmerou-se em fazer tudo do mais lindo
para sua filha mais velha. O salão foi decorado em tons claros e tudo lembrava
o filme. Principalmente a mesa de doces.
-
Você está feliz, minha princesa? Gostou da sua festa? – Peter perguntou ansioso
por fazer sua filha feliz.
-
Sim, papai!
Sophia
brincou, pulou, correu e no parabéns já estava com o cabelo desfeito e o
vestido amassado. Ninguém se incomodou com isso. Principalmente as crianças.
George, Teddy e os outros aproveitaram cada instante da festa.
Exausta,
mas feliz, Elizabeth batia palmas e cantava ao lado da filha quando avistou um
casal desconhecido. Quem eram aqueles dois, afastados, vestindo roupas de cor
escura e sem interagir com as crianças? Já vira muitos penetras em festas. Mas não nas
infantis. Logo depois das fotos, caminhou até o casal misterioso.
-
Boa tarde. Meu nome é Elizabeth Burke, sou mãe da aniversariante. Posso saber
quem são vocês? – Ela foi direta. Seu instinto de mãe lhe dizia para ficar
atenta.
-
Olá, Elizabeth. É bom conhecê-la. Somos Patrícia e Talles Harris.
Os
nomes não significaram nada para Ell.
-
Desculpem-me, mas não os conheço.
-
Sim, você não conhece. Mas sua filha sim. Somos tios de Sophia. E viemos lhe
trazer um presente. Você não se importará, não é?
Ell
ficou em choque. Quando Sophia
entrou em suas vidas, ela não tinha ninguém. Havia perdido os pais biológicos e
adotivos. Ficou em um abrigo. Ninguém solicitou sua guarda. Estava abandonada à
própria sorte aos quatro anos. Então ela e Peter abriram sua casa e seu coração
para Sophia. Isso foi há quase três anos. Como seria possível agora o
aparecimento de tios simpáticos e carinhosos? Não. Havia algo de muito errado
nessa história.
-
Isso é mentira! Minha filha não tem parentes vivos. Eles foram procurados no
falecimento de seus ‘antigos’ pais. Não havia ninguém. Vocês estão mentindo.
-
Não nos ofenda. – Talles disse. – Não nos encontraram porque buscaram por
parentes dos pais adotivos, Mariah e Patrick, que tinham a guarda de Sophia. Eu
sou irmão de Ricardo Harris, pai biológico de Sophia. Não se preocupe. Queremos
apenas abraçar nossa sobrinha.
A
festa acabou ali para Elizabeth. Não era apenas isso. Ela sabia. Seu coração de
mãe gritava para ela manter-se atenta. Sua ideia confirmou-se quando Patrícia
aproximou-se de Sophia e a filha a afastou a mulher. Aquela tia estava longe de
ser querida. Elizabeth chamou Peter e contou o que se passava.
-
Calma, Ell. Nós somos pais dela, legalmente. Não há como tirarem nossa menina.
Acalme-se. Falarei com nosso advogado. – Ele tentou acalmá-la.
-
Ótimo! E eu falarei com Mozzie.
-
O que? Por quê?
-
Porque ele pode investigar essas pessoas e nos ajudar. Ele tem seu jeito.
-
Jeito que normalmente é ilegal. – Peter lembrou-a.
-
Não me importa! Nada importa! Só manter minha filha! – Ela começou a chorar e
Peter se assustou. Ele abraçou a esposa, acalmando-a.
No
domingo Peter chamou não apenas Mozz como também Neal e Rachel até sua casa. Os
olhares foram da surpresa a preocupação enquanto contavam o que se passou na
festa. Enquanto Valentina e Helen repousavam em seus respectivos carrinhos e
George brincava com Sophia no segundo andar da casa, os adultos conversariam.
-
Ok, eu entendi a preocupação quase paranóica de vocês. – Mozz disse. Ele sempre
desconfiava de tudo, porém, não via razão para tamanho medo. – O que eles podem
querer de Sophia? Não é como se ela escondesse um tesouro.
-
Na verdade é. Mesmo que ela não saiba. – Peter contou. Estava disposto a abrir
o jogo.
-
O que? – Rachel sentiu-se perdida na história. – Vai ter de esclarecer melhor
isso, Peter.
-
Como sabem, eu e Ell somos o terceiro casal a cuidar de Sophia. Ela nasceu de
Ricardo e Victoria Harris. Eles venderam a própria filha a Mariah e Patrick
Walker, que estavam envolvidos com uma quadrilha de venda de crianças para
adoção. Ricardo arrependeu-se e denunciou o golpe. Mas foi morto antes de poder
recuperar a menina. Quando nós chegamos a essa quadrilha, Mariah e Patrick, que
haviam se transformado em pais amorosos para Sophia, apesar de criminosos,
também tiveram suas vidas encerradas por alguém mais interessado em salvar o
próprio pescoço.
-
Você e Elizabeth são o melhor para Sophia. Até o juiz concordou! – Neal disse.
- Qual o problema?
-
Ninguém manifestou interesse nela. Sophia era uma criança sozinha num abrigo.
Ela não tinha nada. Então fomos aceitos como pais adotivos. – Ell falou entre
lágrimas.
-
Isso é perfeito, Ell. Adoções legais são praticamente impossíveis de serem
desfeitas. Fique tranquila. E se esse casal nunca criou laços com Sophia, não a
conheciam, porque iriam desejá-la agora?
-
Porque hoje Sophia não é mais uma criança sem nada. Hoje Sophia tem uma
fortuna. – Peter disse e olhou em volta absorvendo a surpresa de todos. -
Mariah e Patrick acumularam muito dinheiro, ilegal, mas mesmo com o governo
retendo altas quantias, uma parte, substancial ficou em nome deles. Com a
morte, Sophia tornou-se a única herdeira.
-
Quando saiu essa sentença? – A natural paranóia de Mozz agora via lógica em
tudo.
-
Há duas semanas. O juiz colocou o dinheiro sob nossa tutela até que Sophia
atinja maior idade. Eu o apliquei. Não pretendo mexer em nenhum centavo. Será dela
na hora certa. É algo que não nos pertence.
-
O juiz não colocou sob sua tutela, Peter. Colocou sob a tutela dos responsáveis
pela herdeira. Se os tios conseguirem a guarda de Sophia, terão o dinheiro
também. – Mozz ligou os pontos. – Não a querem. Querem sua herança.
-
Sim. Foi o que pensamos. É muita coincidência aparecerem justo agora. – Peter
respondeu.
Sem
muito pensar, Mozz largou sua taça de vinho, pegou seu casaco e se dirigiu para
a porta. Parecia realmente abalado com o que se passava. Nem mesmo subiu as
escadas para despedir-se das crianças. Ell chamo-o.
-
Onde você vai? Preciso de você, meu amigo. – Ela choramingou.
-
Fique tranquila. Ninguém tomará sua filha. Vou tomar minhas providências.