Elizabeth
colava-se a Miguel como se precisassem do contato pele com pele para
sobreviver. Ela não mais tentou descobrir com quem ele discutia ao telefone,
apenas terminou de arrancar as próprias roupas e passou a abrir as dele
enquanto mordia-lhe o corpo com violência.
-
Vem Miguel, atire-me nessa cama de uma vez. Fecha os olhos e finge que não sou
eu. É uma vadia de rua. Me trata como na nossa primeira vez. – Ela gritou completamente nua e tentando
arrancar-lhe o cinto e descer-lhe as calças. Estava enlouquecida.
Aquilo estava muito
longe de ser o desejo de Miguel. Mas não era homem de negar-se a receber uma
bela e quente mulher que se oferecia. E, tratando-se de sua noiva, ele, o único
a poder vê-la assim, despida das roupas e de qualquer pudor, tinha o dever de
lhe dar todo o esperado. No caso de Elizabeth, isso representava explosões
violentas e sexo sem limites. Isso vinha em ótima hora para lhe permitir extravasar
a raiva que sentia.
-
Noiva minha não é vadia. Você está proibida de falar isso!
Elizabeth
apenas sorriu frente a provocação de Miguel. Aquele fogo de desejo brilhando em
seus olhos lhe agradava bem mais do que o ódio vazio de alguns minutos atrás.
-
Você não me proíbe de nada, Miguel. – Elizabeth largou-o e deu um passo atrás
apenas para exibir suas curvas. – Não vai querer? Eu posso sair na rua e
procurar outro.
Isso
bastou para despertar o lado mais violento de Miguel. Mas não levou-a para a
cama. Seria no chão duro mesmo que pretendia tomar posse do que era seu.
Abocanhou-lhe o seio e mordiscou-lhe até ouvi-la gritar.
Elizabeth
alternava gemidos e gritos. Os dentes dele arranhavam, as mãos pareciam garras,
seu peso a pressionava contra o chão frio. Não eram carícias de amor. Era uma
demonstração de posse. E ela aproveitou casa instante, Na parte interna de suas
coxas Miguel deixou um rastro feito à base de mordidas.
-
Minha...toda minha. – Ele dizia e Elizabeth sentia-se no paraíso.
Ela
implorou para ser penetrada. Estava mais do que pronta e sentia-o duro contra
sua virilha. Miguel demorou para atender-lhe o pedido. Era como uma tortura.
Ela quis seduzir, agora tinha de lidar com tudo. Quando finalmente ele resolveu
atendê-la, a fez ficar de pé e prensou-a contra a parede.
-
Ah!!! – Ela gritou esfregando-se contra ele e sentindo-o entrar completamente.
-
Toma! Nenhum outro vai te dar nada disso! Nenhum. Toma!
A
força utilizada por ele era desproporcional e chegou muito próximo de
machucá-la de verdade. Por um momento, Elizabeth sentiu medo do ódio ardente
nos olhos de seu noivo. Mas depois percebeu que Miguel fazia exatamente o
pedido por ela, descarregava em seu corpo toda a raiva sentida antes dela
entrar no quarto. Deixou-se então levar pela estocadas violentas que a faziam
arranhar as costas contra a parede e continuou acariciando-o e esperando aquela
tempestade passar.
Quando
sentiu os músculos de Miguel relaxarem após gozar, segurou-o e o fez deitar no
chão mesmo. Abraçou-o e deixou-o descansar. Parecia tão doce, tão calmo. Tudo
menos o leão violento e feroz de poucos minutos antes.
Eles
ficaram ali, no chão, por mais de uma hora. E podiam ter ficado mais se seus
corpos não começassem a doer e reclamar de todo o abuso.
-
Não sei você, mas eu quero uma cama macia, Miguel. – Ela o acariciou calmamente
enquanto ainda estava no chão. – Vem, levanta.
-
Eu machuquei você, não foi? Me desculpa, Elizabeth...eu...eu...eu não sei o que
me deu e...
-
Calma. Você fez exatamente o que eu desejava. Relaxa! Agora me leva até aquela
banheira maravilhosa e mima esse meu corpinho tão desgastado.
Na
banheira, Miguel sentou-se e colocou-a à sua frente, com as costas encostadas
no seu peito. Prendeu-lhe os cabelos para não encostar na espuma e começou a
massagear-lhe as costas. A cada dia tornava-se mais dependente daquela mulher.
Não vivia mais sem ela.
-
Porque você gosta disso, Liz?
-
Disso o que? De sexo? De ser tratada como mulher e não como uma boneca frágil?
-
Porque gosta de ser tratada como se fosse uma vadia de rua? É muito estranho
para uma mulher educada e maravilhosa feito você.
Liza
virou-se e encaixou-o pelas pernas, fazendo-o sentir a maciez dos seios contra
os músculos fortes do peito. Ela não tinha uma resposta pronta para aquela
pergunta.
-
Eu não sei. Parece mais completo assim. Os homens têm o estranho hábito de
acharem que nós mulheres somos frágeis. E não somos. Eu gosto de homem, não de
cavalheiro em cavalo branco.
Ele
apenas riu, observando-a desprezar tudo o que sua mãe e seu pai lhe ensinaram.
Um homem deveria tratar com carinho uma mulher, jamais erguer o tom de voz ao
falar com uma dama e ter com ela a mesma delicadeza necessária para tocar uma
rosa. Foi assim que sempre tratou Alejandra enquanto sua esposa e era esse seu
objetivo com Liz. Mas parecia necessário mudar os planos.
-
E você, Miguel? Porque traía Alejandra com putas? Sua ex é perfeita! Do que
sentia falta?
-
Da liberdade...de fazer qualquer coisa, sem pudores. E de não ter de mentir.
Depois era só pagar, dizer tchau e acabou. Não tinham explicações enganosas,
não tinha mentira. Eu...menti muito pra Alejandra.
-
Comigo você não precisa de pudor nenhum. Eu topo todas ao seu lado, Miguel.
Tudo. Sem titubear. Mas nunca minta pra mim. Seja o que for, fale. Nós
resolveremos juntos. Entendeu? Se me enganar, não terá perdão.
O
aviso preocupou Miguel. Em especial por saber que Elizabeth não era mulher de
ameaças vazias. Esconder algo era o mesmo que mentir? Se fosse, era bom
Elizabeth jamais saber que estava prestes a pagar a um chantagista para
manter-lhe a segurança e a carreira intactas. Apresar da preocupação, logo
adormeceu com ela em seus braços.
Decidida
a enfrentar a realidade de ser uma Benitez, Elizabeth não fugiu no meio da
madrugada ou escondeu-se de Rúbia. Ela e Miguel foram para a cama e dormiram
abraçados. Pela manhã, desceram as escadas de mãos dadas. Tranquilamente,
avisou à matriarca que Rebeca estava chegando para juntas trabalharem no
escritório.
-
Já que não tenho alternativa. – Ter uma equipe policial dentro de sua casa era
muito desagradável. – Juliana está à disposição para o que precisarem.
-
A senhora é muito gentil.
Elizabeth
ainda tinha mais de duas semanas afastada da Polícia Federal. Voltaria ao
trabalho apenas após seu casamento. E a cerimônia ainda tinha vários detalhes
para organizar. Só que a noiva era uma policial. E suas investigações não
seriam abandonadas.
-
Liz...será que a sua empregada pode trazer um daqueles capuccinos maravilhosos?
-
Ela não é minha empregada, mas acho que pode trazer sim. Agora eu agradeceria
se você se concentrasse nos nossos casos, Rebeca.
Tom
havia autorizado Rebecca a trabalhar na casa de Elizabeth durante todo aquele
dia. Para todos os efeitos, a policial estava de folga, visitando a amiga e
colega de trabalho. Tinham vários casos para dar andamento, alguns antigos
companheiros de Liza, outros recentes aos quais sua equipe passou a controlar
após seu afastamento. Os mais simples estavam com Fred e Carla, mas, alguns
precisavam da experiência de Elizabeth. Somente anos de vivência com criminosos
eram capazes de fazer alguém desmanchar uma quadrilha de crime organizado.
De
todos os casos, no entanto, nada tirava mais o sono de Elizabeth do que dúvida
quanto a morte de Javier. Não era apenas tirar aquela desconfiança de sobre si
mesma. Precisa dar a Miguel e sua família a verdade. Colocar o ponto final
naquela mancha na história da BTez.
- Nada tira da minha cabeça a desconfiança de que está tudo ligado. Rússia! É lá onde todos os caminhos terminam. Foi na capital, Moscovo, onde estouramos aquele cativeiro.
- E resgatamos Kara e Olívia. – Rebecca lembrava-se bem de cada detalhe. Liza a fez estudar aquele caso diversas vezes depois que as testemunhas morreram misteriosamente e ela ainda acreditava ser possível terem deixado algo passar. – E foi ali que o nome BTez surgiu.
- Sim, num rabisco esquecido em um livro caixa da espelunca. Tudo na Rússia. E aquele homem que tentava aliciar novas garotas, o Pedro Ferraz, também tinham registros no passaporte de viagens para Rússia. E o ‘dono’ de Patrícia, o tal Nikolay, também é russo. Ela contou para Matt que quando Nikolay não a quis mais, resolveu usá-la como mula no tráfico de drogas.
- E resgatamos Kara e Olívia. – Rebecca lembrava-se bem de cada detalhe. Liza a fez estudar aquele caso diversas vezes depois que as testemunhas morreram misteriosamente e ela ainda acreditava ser possível terem deixado algo passar. – E foi ali que o nome BTez surgiu.
- Sim, num rabisco esquecido em um livro caixa da espelunca. Tudo na Rússia. E aquele homem que tentava aliciar novas garotas, o Pedro Ferraz, também tinham registros no passaporte de viagens para Rússia. E o ‘dono’ de Patrícia, o tal Nikolay, também é russo. Ela contou para Matt que quando Nikolay não a quis mais, resolveu usá-la como mula no tráfico de drogas.
- Temos de interrogá-la então? Fazer um retrato falado
desse Nikolay. – Rebeca respondeu.
- Sim. Eu cheguei a conversar com Matt sobre isso...mas
ele foi relutante. Não quer expô-la a esse assunto novamente.
- Não quero ser dura, Liza, mas ou conversamos com ela
agora, de forma extra oficial, ou esperamos você ter de volta o distintivo e
enviamos uma intimação.
- Não! Eu falarei com ela.
-
Está bem. Então você desconfia de que o tal Nikolay e Javier
integravam a mesma quadrilha. É isso?
- Talvez. Porque não? Isso é uma das coisas que passou
pela minha cabeça na noite em que fiquei na central analisando os casos
sozinha. Eu ia seguir nessa investigação, mas aí incendiaram meu carro e depois
disso tudo deu errado. Javier morreu e tudo desmoronou. Eu tenho de começar do
zero.
- E os atentados pararam depois disso. Você acredita que
tentaram te apagar para não continuar mexendo nesses casos?
- É o que parece. Todos os que tentaram desafiar essa
quadrilha morreram. Primeiro Kara e Olívia. Depois Natália Villa procurou
Miguel em busca de socorre e morreu logo depois. E o próprio Javier foi apagado
quando resolveu entregar os parceiros. Eu sofri dois atentados e passei a ser
seguida. Aquela foto minha e de minha e de Miguel, nos beijando no meio da rua,
que ajudou muito a ser afastada do FBI, só pode ter sido feita por alguém que
me seguia.
Elizabeth não dividiu com Rebeca, mas ainda temia quais
outros segredos seus o perseguidor poderia ter visto e até registrado. Ela
demorou a dar-se conta de que era um alvo grandioso demais e nem só atentados
fatais poderiam interessar.
Elizabeth desistiu de ficar o dia tudo sob o teto de
Rúbia, devolveu Rebeca para a central de polícia com a missão de ficar de olho
em qualquer novidade quanto a tráfico de pessoas ou de drogas para a Rússia.
Também avisou Miguel de que seria impossível almoçarem juntos e foi ao encontro
de Matt e Patrícia. Por mensagem de texto marcou o encontro com seu amigo num
restaurante próximo do escritório de advocacia dele.
- Pode falar, Liz. O que era tão importante? – Quando
Matheus e Patrícia se colocaram à sua frente ela pode ver que, mesmo sem
assumir, eles já eram um casal. Matt se colocava junto dela, como um protetor,
pronto para repelir qualquer um que a colocasse em perigo. – Porque deseja nos
ver?
- Eu preciso conversar com você, Paty. A respeito de Nikolay.
- Liz, eu já te pedi para...
- Para não aproximar Patrícia desse mundo. Eu sei. Mas
esse mundo ainda existe. E da ajuda dela muitas garotas podem depender nesse
momento para serem libertadas de homens como Nikolay. Então me permita explicar.
Sob o silencio de seus amigos e olhares curiosos e
aterrorizados, Elizabeth explicou suas desconfianças. Depois ficou aguardando
Patrícia falar.
- Eu não quero tocar nesse assunto novamente, Elizabeth.
Nem tenho como te ajudar. Não sei muito de Nikolay. Ele me comprou depois de um
programa e me manteve em Atenas, na Grécia, num belíssimo apartamento. Mas ele
passava dois ou três dias por semana lá. Não sei se sua casa era na Grécia.
- Eu preciso saber o que levou você a ir para Rússia. Sei
que não gosta de tocar no assunto, Patrícia. Mas vai ter de falar.
- Não vou falar coisa nenhuma! – Isso irritou Patrícia.
Elizabeth parecia autoritária demais. – É pessoal. Não tem nada a ver com seus
casos! Ele se desagradou de mim e não me quis mais como sua exclusiva. Me
colocou na vida novamente e depois de uns dias achou que transportar drogas era
a minha única serventia. Fim da história. Não sei mais nada dele. Isso basta?
-
Se for a verdade, basta. Mas vou precisar que descreva suas feições. Com um retrato
falado nós buscamos nos arquivos. Esse tal Nikolay já deve ter
alguma passagem pela polícia em algum lugar do mundo.
Matheus e Patrícia não conversaram durante a tarde. Matt
não assumiria, mas tinha medo daquele segredo todo. O que fez Nikolay desejar
expulsá-la de sua vida e lhe dar o que na sua visão seria o pior dos castigos?
Ela o traiu de alguma forma. Só podia ser algo assim. Não lhe perguntou nada
também por não terem passado toda a tarde juntos. Paty tinha um compromisso.
- Pronta para conhecer seu novo ginecologista? Dr.
Giancarlo é maravilhoso! – Disse Bia na sala de espera do consultório. – Eu te
espero aqui fora.
- Não...prefiro que entre comigo, se não se importar.
Eu...eu...nunca fui a um ginecologista. Bom, não um de verdade, pelo menos.
- Como assim? Sua mãe nunca te levou?
- Não. Quando comecei a menstruar ela estava tão ocupada
com o novo namorado que não teve tempo e depois, lá em Atenas, uma me dava
anticoncepcional. Mas era só isso. Nem entendia a língua dela direito.
- Bom... o Dr. Giancarlo você vai entender. – Bia estava
chocada. – e ele vai te examinar. Nessa salinha não entrarei, mas no
consultório eu vou junto, se você prefere.
- Prefiro.
A consulta foi longa e o médico pediu uma série de
exames. Patrícia foi sincera e contou o que fazia para viver até muito
recentemente. O médico olhou-a com um ar um tanto paternal e pareceu não
desgostar dela por isso.
- Independente da profissão, qualquer mulher deve se
cuidar intimamente. E você tem apenas 19 anos. É uma menina ainda. Volte aqui
com o resultado de seus exames e depois nós conversamos. Enquanto isso, eu vou
lhe receitar um anticoncepcional.
- Não há necessidade.
- Tem certeza, Patrícia? Uma moça jovem e bela como você
pode sempre ter um parceiro.
- Patrícia! – Bia manifestou-se. – Pegue! Você não vai
ficar só por muito tempo.
- Não quero. Não há razão para eu tomar pílulas.
Nos dias seguintes Miguel esteve agitado. Apreensivo. O
chantagista pediu R$ 500 mil reais. Pouco se comparado a sua fortuna. Vergonhoso
era ser obrigado a pagar e seguir nas mãos daquele bandido. Sabia ser aquele
apenas o primeiro pagamento. Seguiria nas mãos do chantagista.
Louis tentou adiar a entrega do pagamento por vários dias
na tentativa de forçar o chantagista a deixar uma pista que os levasse a
descobrir seu nome. Mas não conseguiam mais protelar.
- É 500 na minha mão hoje a noite ou todo mundo vai ver
sua noivinha gemendo no capô do seu carro. – A ameaça não era vazia. E Miguel
sentiu medo.
- Está bem. Como faremos a entrega?
- Peça ao seu advogado para deixar as notas não
sequenciais numa mala e largar ao lado da lixeira no portão três do aeroporto.
Largue e saia sem olhar pra trás. Alguém da minha confiança pegará. Se estiver
tudo certo, aquelas fotos e vídeos adormecerão. Se faltar um centavo na mala,
prepare-se para o maior escândalo da sua vida.
- Não faltará nada. A noite terá seu dinheiro. E que
garantia eu tenho de que nunca mais ouvirei sua voz?
- Eu não tenho de dar garantias, Benitez. Sinta-se feliz
por manter sua noivinha feliz e segura por enquanto.
Conforme combinado, Louis fez a entrega do dinheiro e
Miguel sentiu-se aliviado por poder dormir tranqüilo, mesmo sabendo que aquela
paz era temporária. Quando o dinheiro chegasse ao final, o bandido voltaria a
lançar mão de chantagem.
Duas coisas não passaram despercebidas de Miguel. O
chantagista sabia que Miguel tinha um advogado como braço direito. Deveria
observá-los dia e noite. E depois ele citou a segurança de Elizabeth. Isso o
fez temer ainda mais. E se não fosse algo aleatório? E se a pessoa a flagrá-los
transando não estivesse apenas buscando por um vídeo comprometedor, mas fosse
também o responsável por atirar em Elizabeth e incendiar seu carro? Miguel
começava a se arrepender de ter cedido à chantagem.
- Louis! – Em plena madrugada, do banheiro do quarto e em
voz baixa para não acordar Liza, ele ligou para o advogado. – Preciso que
continue tentando encontrar esse cara.
- Você já me pediu isso, Miguel. E, ao menos legalmente,
é impossível.
- Então saia do ‘legalmente’! – Ele estava desesperado. –
Acho que pode ser o mesmo homem que tentou matar Elizabeth duas vezes. Descubra
quem é e fique a postos. Na próxima vez que vir nos chantagear, teremos uma
carta na manga.
- Não acha que é hora de falar com sua noiva?
- Não, Louis, não acho. Eu vou acabar com esse cara.
- Está falando em entregá-lo para algum coleguinha de
Elizabeth ou acabar mesmo? Seja claro, Miguel.
- Faremos o que for necessário. Tudo o que for necessário
para tirar de cena quem estiver colocando minha noiva em risco. Entendeu ? –
A ameaça dita em sussurros era inegável. Miguel estava disposto a cometer um
crime.
- Está bem. Vou investigar esses atentados. Talvez eles
nos levem até nosso amigo misterioso. Boa noite, Miguel.
- Boa noite, Louis.
Após alguns instantes em silêncio, Miguel ouviu a batida
na porta do banheiro.
- Miguel? Você está bem?
- Sim. Eu já vou voltar pra cama, Liz. Me dê apenas um
minuto.
Elizabeth via as mudanças de Miguel. Mas fingia ignorar.
Não queria ser uma esposa chata. Seguiu com os preparativos do casamento sem
esquecer de suas investigações. Entre provas do vestido, experimentar
‘bem-casados’ e verificar possibilidades de destinos de lua de mel, ela e
Miguel seguiam com suas rotinas profissionais. Agora já contavam com um retrato
falado de Nikolay. Rebeca tentou encontrá-lo nos registros, mas, até o momento
nada. Mesmo assim ela seguia convicta de que a Rússia era o ponto de ligação
entre todos aqueles casos e seguiria investigando assim que retornasse da lua
de mel e recebesse seu distintivo de volta.
Durante o almoço com Miguel eles definiram o destino da
rápida viagem após as bodas. Cinco dias no Caribe para descansarem e iniciarem
a vida de casados. Era o que a agenda de ambos permitia.
- Eu queria te levar para Paris. Mas precisaríamos de
mais tempo para conhecer a Cidade Luz devidamente. – Ele desculpou-se como se o
Caribe fosse pouco.
- Bobagem. O Caribe será maravilhoso ao seu lado. – As
vezes Elizabeth percebia o quanto Miguel se dedicava a ela e, muitas vezes, sua
atenção não era devidamente agradecida. - Eu te amo tanto, Miguel. Você me faz
feliz.
- É só o que desejo. A sua felicidade.
Apesar dos problemas com o ex, Beatriz manteve sua rotina
agitada no jornal enquanto mimava Eva e curtia Will sempre que possível. Os
dois tinham horários de trabalho muito difíceis de conciliar. Então,
piqueniques no parque junto de Eva e almoços rápidos e românticos tornam-se a
especialidade do casal.
Naquela noite eles teriam um encontro raro e especial.
Ambos estavam de folga e Matt comprometeu-se a pegar Eva na escolinha. Ele e
Paty cuidariam da menina. Cinema, jantar e uma noite de amor. Esses eram os
planos de Beatriz. Eles já namoravam firme há algumas semanas e ainda não
haviam transado. Will não tinha reclamado de nada, nem a pressionado, mas Bia o
queria e tinha pressa.
- Você não devia ter me deixado escolher o filme. Foi
romântico e bobinho demais. – Bia riu durante o jantar. – O mocinho era todo
derretido.
- Eu também sou romântico e bobinho demais só por estar
completamente derretido por você?
- Não. Você é perfeito justamente por isso. E eu estou
completamente apaixonada por você.
Os dois terminaram o jantar sem pedir a sobremesa. Will
disse ter sabores bem mais agradáveis por vir ainda naquela madrugada. Bia não
se arrependeu por esperar, nem por passar vários minutos escolhendo aquela
lingerie. Willian pareceu apreciá-la como se fosse uma obra de arte.
- Perfeita. Linda. – Lhe dizia entre beijos.
- Você é um belo mentiroso...e eu estou adorando ser
enganada assim. – Bia derretia-se com aqueles carinhos. – Nenhuma mulher tem
corpo perfeito após ter um bebê.
- Você tem. E não me distraia, Bia. Estou muito ocupado
por aqui. Tenho muito da sua pele para beijar ainda.
Enquanto o casal divertia-se sabendo que Eva estava bem
cuidada, Matt e Patrícia olhavam a pequenina dormir na cama improvisada. Eles
juntaram vários colchões no chão da sala do apartamento. E os três estavam prontos
para dormir ali mesmo. Quase como num divertido acampamento.
- Ela apagou. – Paty disse acariciando o cabelo da bebê.
– Também, depois de correr naquele parquinho.
- É. Eles têm uma energia sem fim. E nos cansam um monte.
Eu estou acabado.
- Mas você adora, Matt. Eu o vi no parque jogando futebol
com as crianças maiores.
- Criança é maravilhoso. E não venha me dizer que você
não gosta! Eu a vi olhando para os bebês nos carrinhos. Você tem vontade ser
mãe, Paty?
- Não! Nenhuma. Isso está fora dos meus planos.
Matheus não entendeu. Aquela resposta simplesmente não
combinava com a Patrícia dedicada a Eva que via sempre nos momentos junto aos
amigos. E ela só faltou se oferecer para embalar os bebês do parque. Mas então,
nada daquilo era novidade. Patrícia era cheia de segredos. E cada vez mais ele
sentia a necessidade de decifrá-la.
Na manhã seguinte Bia veio buscar a filha bem cedo. Mais
cedo do que o esperado. E na sua expressão Matt viu haver algo de muito errado
com a amiga. Ele colocou um xícara de café fumegante em suas mãos e deixou-a
falar.
- Chegou um comunicado da justiça! Deram a Rafael o
direito de passar uma noite por semana e dois finais de semana por mês com Eva!
O que eu posso fazer?
- Nada. – Ele foi direto.
- Como nada? Matheus! É a Eva! A sua afilhada!
- E filha de Rafael, Bia. Ele sempre teve o direito de
ver a filha e nunca desejou exercê-lo. Agora, a menos que ele faça algo de ruim
à filha, que justifique entrarmos com um recurso para a juíza rever a decisão,
será perda de tempo.
- Mas ele não quer Eva. É só para me atingir. – Ela
estava revoltada.
- Mesmo assim. É um direito dele.
Beatriz tomou o café da manhã com os amigos antes de
levar Eva para casa. Não lhe passou despercebido o olhar de Matt para as pernas
de Paty quando ela acordou e veio na sala com uma camisola curta. É, aquele
plano de seduzir o amigo estava dando certo.
- Nos vemos ainda essa semana? Ou só no casamento? – Ela
perguntou ao sair carregando a bebê.
- Bia, será que você pode me ajudar a encontrar um vestido
para eu ir ao casamento? Vou acompanhar Matt e não quero fazer feio.
- Ótimo! Vamos sim. E você, Matt, até sábado. Liza está
emocionada por você levá-la ao altar.
- Eu não permitiria outra nessa função. Tchau, Bia.
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