Uma semana depois...
O atentado contra Elizabeth não foi explicado. Envolvida em tantas
investigações, ela não podia acusar ninguém de tentar matá-la. Fato que não a
impedia de silenciosamente acusar Javier. Suas atenções estavam naquele momento
sobre ele. E o empresário, agora preso no Brasil e a sua disposição para
interrogatório, seria o mais beneficiado caso tivesse morrido na explosão.
O
laudo da perícia indicou que a bomba fora instalada na noite anterior a da
explosão já que as câmeras de segurança do prédio da polícia federal apontaram
que ninguém se aproximou do veículo enquanto ele esteve no estacionamento.
Elizabeth não disse para ninguém, mas as possibilidades eram três: quando
deixou o caro próximo a BTez, no hotel onde passou a noite com Miguel ou na
frente de seu apartamento quando foi trocar de roupa. Qual fosse a opção, o
sabotador podia ter visto cenas íntimas dela com Miguel. Eles conversaram a
esse respeito, mas ele não se preocupou muito. Logo assumiriam o relacionamento
e ninguém os cobraria nenhuma explicação. Para Miguel, mais importante era a
segurança dela.
Aquela
noite fora de grande desespero para ele. O restaurante do qual saía ficava
distante da sede polícia federal e durante o trajeto, pelo rádio, confirmou seu
temor. O plantão noticiário dava conta de um atentado ao prédio policial. Até
aquele momento, eles não tinham informações sobre feridos ou sobreviventes.
Logo que se aproximou da confusão de sirenes, carros policiais, dos bombeiros,
ambulâncias e pessoas uniformizadas, viu que tudo estava isolado por uma faixa
listrada em preto e amarelo. Tentou entrar e foi barrado.
-
Eu preciso de notícias da investigadora Elizabeth Santos. Preciso vê-la. –
Pediu ao primeiro homem fardado que lhe deu atenção.
-
Não tem como encontrar ninguém agora. Todos estão trabalhando por conta dessa
explosão. Tente o celular dela. Daqui o senhor não passa.
-
Você não está me entendendo! Ela estava ao celular comigo na hora da explosão!
Eu preciso vê-la!
-
A única ferida foi encaminhada ao hospital de pronto socorro. Se for ela, deve
estar lá.
No
hospital ele facilmente encontrou Elizabeth. E pode tranquilizar-se quanto ao
ver que o ‘ferida’ estava longe de representar gravidade. Identificou o local
onde ela estava à distância por ouvi-la gritar à enfermeira que bastava de
ataduras e queria ir embora. Ao vê-la, tranquilizou-se.
-
Miguel! Que bom te ver...na confusão eu perdi o celular e... – A agitação de
toda aquela situação junto aos remédios a estavam deixando-a confusa.
-
Está tudo bem...agora está tudo bem. – E naquele momento ele confirmava o
quanto Liz lhe era importante.
-
Bem nada! Meus processos queimaram! Vai dar uma trabalheira pra juntar tudo
novamente.
-
Mas você está bem. É o que conta.
-
Sim. Só arranhei os joelhos e esfolei um dos braços ao cair. Mas estou bem sim.
Só quero a minha cama...você me leva pra casa? Fiquei sem carro...
Miguel não
apenas levou-a até seu apartamento como também passou a noite por lá. Até
acalmar Beatriz e ajudar Liz a se banhar com todas aquelas ataduras, eles foram
dormir passavas das 5h da manhã. Já na cama abraçados ainda conversavam do
ocorrido. Não passou despercebido a Miguel que aquele não foi um ato isolado. Ele
não esquecia aqueles tiros à frente de sua empresa. Agora o carro.
-
Não vai ter terceira oportunidade, Miguel. Fique tranquilo quanto a isso. – Ele
lhe disse quando a trouxe de volta do hospital.
-
Tranquilo? Como, Elizabeth? A bomba foi acionada quanto você desativou o alarme
do carro. – Era o que acreditavam. - Você o fez à distância, o que salvou sua
vida. Se tivesse feito isso junto ao carro e batido a porta, elas seriam
travadas e você estaria morta agora.
-
Estou bem viva e disposta a pegar quem fez isso. Sossegue! Sou treinada para
perceber coisas assim. E não entrei no carro. Nunca estive em risco. Não quero
mais falar disso.
Mesmo
toda essa disposição não tornou possível identificar o sabotador. Elizabeth
voltou ao trabalho dois dias depois utilizando um carro da BTez. Um empréstimo
já que ela não aceitou o presente afirmando que em breve o seguro lhe daria
outro veículo.
A
preocupação com o atentado ficou em segundo plano no dia em que Javier lhe foi
entregue para depoimento. Encontrou-o na polícia federal ainda com o braço
enfaixado e com gana de justiça. Havia desafio no olhar que trocaram ainda em
silêncio.
-
Vamos ser objetivos? – Ela disse logo de cara, assim que o gravador foi ligado.
– Você era o diretor de uma importante empresa. Dinheiro nunca lhe faltou.
Porque sujar seu nome num negócio de tráfico de pessoas?
-
Eu me reservarei o direito de ficar calado. – Ele disse desviando o olhar para
o advogado.
-
Vai...claro que vai...e eu vou fazer uso disso até esmagar você!
-
Não pode ameaçar meu cliente! – O advogado interferiu.
- Quer
um conselho? Diga para seu cliente para cooperar comigo. Porque a fixa dele
está complicada e eu não sinto simpatia nenhuma por homens que vendem mulheres.
Quanto mais demorar, pior pra ele.
Cliente
e advogado trocaram outro olhar.
-
Se fosse um empresário jovem o bonito sua simpatia podia ser melhor, não é
verdade? – Javier disse provocando-a quanto a Miguel.
-
Não sei do que está falando. – Elizabeth foi firme na resposta. – Mas já que
você não se enquadra nessa descrição, não faz sentido responder. Agora eu vou
perguntar novamente: porque usou a BTez como cortina para disfarçar um esquema
de tráfico de pessoas para crimes sexuais?
-
Você não tem provas disso!
-
Não? Tem certeza? Porque fugiu então? Porque o encontramos em um buraco no
subsolo dos EUA? Eu tenho provas da ligação da BTez com a quadrilha...e os
registros das suas contas bancárias mostraram movimentações bem acima das
retiradas legais da empresa. – Elizabeth sentiu que havia um fio ali para
puxar. Podia irritá-lo onde mais era sensível. – Você tinha responsabilidades
na montadora...mas nunca passou do ‘baixo escalão’. Ramón liderava a empresa
com mão de ferro...você era apenas um diretor assalariado e...
-
Ele nunca me deu o devido valor. Fazia questão de resolver tudo que era
relevante. Sempre a sua opinião era a única valoriza no conselho...
-
E aí? Você resolveu então criar o próprio negócio: E entrou no crime. Não
negue...é impossível achar brechas. Você foi pego! É hora de abrir o jogo e
tentar um acordo.
-
Que tipo de acordo? – Ele pareceu interessado. Tinha mordido a isca.
-
Quero a quadrilha toda...e a sua pena pode ser reduzida se me entregar nomes,
pistas e provas. – Ele estava em dúvida. O jovem advogado suava frio ao lado.
Melhor fazê-lo continuar falando. – Quando o BTez entrou na jogada? Antes ou
depois da morte de Ramón?
-
Eram negócios separados...eu não esperava pela morte de meu irmão. Ninguém
esperava. Estava com o mesmo vigor de sempre e se foi em um ataque súbito. Eu
assumi! O filho nunca se interessou pela empresa! Preferia brincar de médico.
-
Mas foi a ele que o conselho entregou a presidência! E você não se conformou. –
Novos crimes, velhas razões. A velha inveja foi responsável por tudo.
-
Ele não tinha o direito. Eu estive ao lado de Ramón o tempo todo. Miguel
deveria ter continuado no consultório! Foi fácil dar o golpe...eu sua
inexperiência administrativa Miguel não desconfiava.
-
E por mais de um ano você lavou dinheiro do tráfico na BTez. – Era uma
constatação. E Javier Alencastro Benitez não negou. – Quero nomes e provas de
tudo o que está dizendo, Javier. Se me ajudar, eu te ajudo a sair um pouco
melhor nessa história.
-
O que é ‘um pouco melhor’?
-
Vou propor um acordo ao juiz e você terá redução de pena se colaborar com a
investigação. Agora comece a falar.
-
Não! Primeiro o acordo...depois a informação! – Essa foi a última frase dita
por Javier à Elizabeth naquele dia.
Por
mais que ela tenha insistido, ele deixou claro: mais nenhuma palavra até ter um
vantajoso acordo firmado. E Tom lhe foi duro por oferecer algo que não estava
diretamente em mãos.
-
Eu não posso perder essa! É minha chance de pegar a todos! O grupo inteiro! –
Ela reclamou quando sentiu que o acordo podia não sair.
-
Deixe isso comigo, Elizabeth! Você tem outros casos! Vá cuidar deles. Eu
tentarei que o juiz autorize um acordo.
Acordo
também era o que Matheus tentava. Não dependia de um juiz. Essa etapa ele já
tinha vencido. Restava agora uma dúvida pessoal. Depois de tantos dias presa no
Brasil logo após chegar carregando drogas no próprio corpo, Patrícia tinha dado
depoimento e a juíza responsável pelo caso julgou-a vítima e não uma criminosa.
Tiveram sorte por uma juíza ter recebido o caso. Ela teve a delicadeza de
perceber em Patrícia uma inocência machucada pela dura realidade vivida.
Dificilmente um homem teria olhado-a sem julgá-la sobre um estereótipo do crime.
Na sentença, ela descreveu perceber sinais claros da “opressão social” que
levaram a ré a sofrer, ainda muito jovem, abusos físicos e psicológicos. Sendo
assim, deu-lhe a liberdade e indicou-lhe acompanhamento de assistência social.
Patrícia
deixou a cadeia. E Matt não pode simplesmente lhe dizer adeus. Era impossível
simplesmente jogá-la na rua e dar às costas. Quando aceitou aquele caso tão
fora de sua realidade combinou com Elizabeth que Patrícia merecia uma
oportunidade para mudar de vida. Somente parte dessa tarefa estava concluída.
Se fosse abandonada agora, sem um lugar para onde ir e do que viver, acabaria
se prostituindo em alguma esquina. O caminho dela não precisava ser esse. Por
isso foi buscá-la na cadeia com uma sacola no porta malas e muitos planos.
Deixou-a em uma pensão com quarto pago para o primeiro mês, entregou o pacote e
lhe deu um aviso:
-
São roupas e algumas outras coisas que você pode precisar. Esteja pronta para
amanhã às 8 horas eu passar aqui.
-
Pra que? – Ela estava preparada para se despedir dele.
-
Estou te oferecendo um emprego no meu escritório. Topa?
-
E.e..e...sim. Só que eu nunca trabalhei num escritório. Não sei o que fazer.
-
Você aprende aos poucos. Não se preocupe com isso. – Matt aproximou-se e lhe
deu um abraço. Nos últimos dias tinha aprendido a gostar dela e a cada visita à
cadeia pegou-se esperando para vê-la. – Só preciso que entenda que o crime e a
prostituição ficaram no passado. Trabalhar no escritório é apenas um começo.
Você é muito jovem, Patrícia! Pode voltar a estudar e iniciar uma carreira. Até
lá, fale comigo se precisar de algo. Eu não quero que sequer pense em voltar
para as ruas. Pode me prometer isso?
-
Posso. Eu prometo. Vou estar pronta às 8hs. – A dedicação de Matt estava
surpreendendo-a. Ele parecia perfeito demais. – Eu não quero te decepcionar.
Na
manhã seguinte Patrícia começou seu trabalho no escritório. O lugar não reunia muitas pessoas. Era apenas
Matt, um sócio também advogado chamado Raúl e Fátima, uma senhora simpática que
fazia às vezes de secretária e recepcionista.
-
Seja bem vinda, querida. Será bom ter você aqui agora que os rapazes estão com
mais processos. – Fátima recebeu-a com carinho antes de lhe mostrar o serviço.
– Raúl e Matheus atendem mais casos de direito de família como divórcios e
guarda de filhos. Eventualmente atuam em processos envolvendo grandes empresas.
É daí que vêm as maiores quantias ganhas pelo escritório.
-
E casos como o meu? Ele assume muito? – Patrícia não seria ingênua de acreditar
que sua história era desconhecida.
-
Não...ele...ele nunca havia advogado para algo assim. Raúl às vezes assume
algum caso criminal, mas normalmente são crimes de colarinho branco. O seu caso
foi muito especial aqui pra nós. Elizabeth é uma grande amiga de Matt e foi ela
quem pediu para defender você. Ele jamais diz não pra Elizabeth. Vamos começar
a trabalhar?
-
Vamos sim...eu não sou muito fera em computador. Eu não usava muito então...
-
Pior que eu você não será, Patrícia. Nós vamos com calma. Não se preocupe.
Ao
fim da tarde quando Matt levou-a de volta à pensão, Patrícia estava bem mais
feliz após ter um dia produtivo. Sorrindo, ela contou para Matt suas
dificuldades e de como achou divertido ver tanta gente.
-
Você não via pessoas na Europa?
-
Só quando tinha vários clientes. Depois que Nikolay me comprou e virei
exclusiva eu nunca mais vi muitas pessoas...só os seguranças dele. Mas eles
eram proibidos de falar comigo.
-
E o que você fazia para passar o tempo quando não estava com ele?
-
Me enfeitava pra ele...Nikolay era muito exigente. Eu precisava estar sempre ao
seu gosto. Irritá-lo era muito ruim. Principalmente porque às vezes ele já
chegava ao apartamento estressado com os negócios.
-
E ele descontava essa raiva em você?
-
Quando eu não conseguia acalmá-lo sim...mas eu tinha meu jeito...sabia o que
ele curtia na cama e...
-
CHEGA! Não quero saber desses detalhes. Deixe o passado no passado, Patrícia! –
Matt gritou ao estacionar o carro na frente da pensão.
-
Mas foi você que perguntou!
-
Eu sei...me desculpe. É que eu não gosto de pensar em você com esse Nikolay.
Descansa Patrícia. Amanhã eu te pego aqui.
-
Está bem...e obrigada por tudo.
No
caminho para casa Matt tentava não pensar em Patrícia. Ela era apenas uma parte
pequena na sua vida. Uma menina com 10 anos a menos que ele e que logo teria a
vida estruturada o suficiente para ir embora. Ele agradeceu quando o telefone
tocou e o nome Liza começou a piscar no visor.
-
E aí? Como vai a vida de tutor de ex cliente? Patrícia está dando trabalho? –
Ela perguntou assim que o amigo atendeu.
-
Nada. Ela é um encanto de menina. – Quando percebeu o quanto aquele elogio
poderia entregar, Matt preferiu distrair Elizabeth com outros temas. – Mas você
também está misturando trabalho com prazer, Liza. Seu investigado que o diga.
-
Não é mais meu investigado. Agora Miguel é apenas meu namorado. Ele está vindo
me buscar em alguns minutos. Quer jantar com a gente? A Bia não vai poder
porque a Eva tá enjoadinha...mas a gente podia comer uma coisinha por aí.
-
Não Liza. Eu quero ficar um pouco no apartamento, descansar. Fica para uma próxima.
-
Você está bem, Matt?
-
Sim, claro. Só não quero segurar vela. Aproveite seu jantar a dois. Eu talvez
ligue pra alguma garota e...não sei.
-
Você quem sabe. Mas se mudar de ideia é só me ligar. Boa noite.
Já
que o jantar entre amigos virou noite de casal, Miguel desistiu de irem para um
restaurante e decidiu por um programa bem mais íntimo. Na verdade quem decidiu
foi Elizabeth ainda no estacionamento da Polícia já que Miguel após Miguel lhe
dar duas alternativas.
-
Minha casa ou um hotel? Os dois tem piscina e eu te quero dentro d’água hoje.
-
Hotel! Não quero ir pra sua casa, Miguel. Não ainda.
-
Não vai poder fugir da minha família eternamente, Liz.
-
Não estou fugindo, estou valorizando a nossa relação. Quero ficar com meu
homem! Não com a mãe dele, o amigo dele, e, principalmente, não quero conviver
com a ex dele que está infiltrada dentro da casa eu ainda não entendi por que!
-
Vou deixar de lado a crise de ciúme apenas porque gostei do ‘meu homem’. Então,
‘minha mulher’, saiba que Will não está mais lá em casa. E Alejandra vai
embora, finalmente, em dois dias. Uma hora você terá que encarar minha mãe,
Liz.
-
Então em dois dias quando a nora dos sonhos da Dona Rúbia já tiver ido embora
eu tento me aproximar. Mas não me importo se ela nunca gostar de mim, Miguel.
Eu nem estou ligando para sua mãe. Quem quero é você, meu homem. Eu preciso ser
sua.
-
Também te quero, Liz. Ontem não ficamos juntos...e eu já sinto saudade da sua
pele na minha. Você é viciante, minha Liz. Quero passar a noite toda beijando e
acariciando sua pele.
- Não
quero delicadeza, Miguel. Eu estou pegando fogo, quero que você me imprense
contra a porta de entrada e me coma até eu não ter mais voz para gritar. Quero
que me sugue todas as forças. Quero ter as marcas dos seus dentes amanhã nas
minhas coxas. Quero marcas que gritem que sou sua. Eu já desci sem calcinha,
sabia? Só para te provocar.
-
E se nós fossemos jantar com amigos? Iria sem calcinha?
-
Iria...e colocaria uma saia bem curtinha. – Liz desejava provocá-lo. Miguel com
raiva e ciúme era ainda mais gostoso. – Está muito quente e eu estou pegando
fogo Miguel.
- Eu
não gosto de quando você exibe o que é meu, Liz. Eu fico com raiva. Vá vestir
sua calcinha. Eu quero tirá-la do seu corpo.
- Não posso.
Joguei no lixo. – Mentira. Estava dentro de sua bolsa. – Além disso, você não
manda em mim.
- Você é
muito provocadora, Liz...não gosto nem de imaginá-la circulando perto de tantos
homens sem calcinha. Vamos logo para esse hotel. Eu vou sim te deixar marcada...pra
amanhã você lembrar de ficar com sua calcinha.
Elizabeth
surpreendeu-se quando Miguel parou no caminho em frente a uma farmácia. Disse
que precisava comprar preservativos. Normalmente ainda usavam, apesar de já
confiarem muito um no outro e ela tomar pírula. Ainda assim Liza achou
estranho. Poderiam não usar aquela noite se ele esqueceu. Parar no caminho não
fazia o estilo dele. Mas ela deixou o assunto de lado quando ele retornou e
levou-a para um hotel cinco estrelas, instalandou-os numa suite fabulosa. Era
algo realmente luxuoso. E desnecessário aos dois. Seria usada como motel
barato.
-
Eu queria o acesso privativo a piscina. Ninguém nos verá. – Ele explicou ainda
com a expressão fechada. – Tira roupa. Quero ver o que é meu.
-
Vamos logo pra piscina...quero me refrescar.
-
Não! Agora você vai pro quarto e vai tirar todinha a roupa enquanto eu pego uma
bebida. Quando eu entrar lá quero você sem nada além dos brincos. Me espera de
quatro sobre a cama...como uma cadelinha, com a bunda bem impinada virada pra
porta. Quando eu entrar quero vê-la lá, se oferecendo pra mim.
Elizabeth
o fez sabendo que Miguel fazia tempo bebendo na sala enquanto ela se despia.
Quando estava completamente nua e de quatro sobre a cama percebeu que seu nível
de excitação era tanto que poderia gozar assim que Miguel lhe tocasse. Ficou
alí com a bunda para a porta numa posição que muitas mulheres considerariam
humilhante enquanto ela sentia-se poderozamente fêmea e sedutora.
Quando
Miguel entrou já usava apenas a calça. A camisa ficou pela sala. E o cinto
também. Assim, Elizabeth soube que lhe dar outra surra não estava nos planos.
Isso lhe trouxe certa decepção.
-
Não vai me castigar por ter jogado minha calcinha fora? Fui muito teimosa.
Ele
riu.
-
Sim, vou te castigar.
-
Mas você não trouxe o cinto.
-
Deixei na sala para não correr o risco de te ferir. Quero cuidar da sua pele,
não ferí-la. A sua bunda me dá mais ideias além de surrá-la...mas garanto que
amanhã você estará bem consciente dessa parte do seu corpo, sentindo-a dolorida
e saciada, Liz. – Ele destribuiu beijos na linha de sua coluna até ela quase
desfalecer. – Inclina o peito para frente, próximo ao colchão. Quero só sua
bunda bem impinada. Mulher que anda sem calcinha está se oferecendo. Eu vou
tomar posse de você toda hoje. Será todinha minha...até onde não me aceitou
ainda. – Enquanto lhe beijava o pescoço Miguel deixou uma das mãos explorar a
região que Liz considerava mais íntima. Nunca deixou-o tocar ali e sempre se
negou a fazer anal. - Até aqui atrás.
-
Já disse que não Miguel. Não curto anal! Já falei, droga! – Gritou ela tentando
afastá-lo.
-
Sossega! – Ele segurou-a pela cintura. – Confia em mim. Tem de experimentar.
-
Já experimentei e não gostei! Eu gosto de prazer, isso só dá dor. Não vou
fazer.
-
Então precisa experimentar comigo!
-
Se você gosta, dê a sua bunda. Eu não quero!
-
Eu prefiro comer a sua, querida Liz. – Mas assim, feito uma guerra, seria
realmente impossível que não fosse doloroso para Elizabeth. Ela precisava
relaxar. Então virou-a na cama e olhou em seus olhos. – Confia em mim e deixa
eu te dar esse prazer...se a dor for insuportável eu paro. Está bem?
-
Eu já tentei, Miguel. – Mas ele pedia com aquele olhar que a derrubava. –
Porque vocês têm essa tara hemm?
-
Dos outros homens eu não sei. Mas eu acho a sua bunda maravilhosa. E vou adorar
saber que fui o único a te dar prazer assim.
-
Está bem, está bem...eu tento. Mas se não rolar, você vai parar de insistir.
-
É você quem vai insistir pra fazer novamente, Liz. Agora vem aqui, deita e
relaxa.
-
Não me queria de quatro e oferecida?
-
Quero você confortável. Vamos fazer com calma, Liz. Você vai ir relaxando e
sentindo como pode ser gostoso. Não precisamos fazer nada que nos desagrade.
Ainda
muito desconfiada, porém disposta a tentar, Elizabeth foi deixando Miguel
tocá-la. Por enquanto ele estava bem tradicional e acariciando-a em locais onde
sabia ser pontos muito sensíveis para ela. Excitado, viu que não conseguiria
tratá-la com a delicadeza necessária se não gozasse antes. Elizabeth gritou ao
senti-lo entrar completamente numa primeira investida. Sentia-se preenchida por
ele, como se sua pele estivesse no limite. Nervoso, Miguel parecia fora de si e
bombeou rapidamente até que gritou liberando-se dentro dela. Ela estava
excitada, teve prazer, mas não gozou...sentiu falta das carícias negadas por
ele.
-
Você foi muito guloso e egoísta agora.
-
Desculpe...mas precisava de você assim, com o prazer refreado. – Ele tentou
ordenar os pensamentos. – Vira de lado. Será mais confortável do que de quatro.
Do
chão ao lado da cama Miguel pegou camisinha e o lubrificante que o fez parar na
farmácia. Agora, relaxado, conseguia pensar somente em tornar a relação
prazerosa para ela. Inclinou seu corpo e flexionou uma de suas pernas para ter
acesso ao corpo dela. Estavam encaixados como se fossem dormir de conchinha.
Passou a acariciá-la e só voltou a senti-la enrijecer os músculos quando colocou
um dedo lambuzado em lubrificante no local onde antes nunca a havia tocado.
-
Ai! Não dá Miguel. Se o dedo dói...imagina quando você enfiar o ...
-
Calma! Não vou enfiar nada que vá te machucar. – Seu corpo tentava expulsá-lo
dali. Mas ele manteve o dedo enquanto continuava acariciando-a em pontos
erógenos e provocando-a com palavras e mordidinhas ao pé do ouvido.
Quando
os músculos se habituaram após alguns minutos, ele retirou o dedo, colocou mais
gel na região e inseriu dois. Ela contraiu-se e ele manteve a pressão. Logo seu
corpo cederia. Precisava apenas se
acostumar.
Levou
bastante tempo assim, esperando que o corpo dela lhe dissesse que estava
pronto. Quando achou que era possível, colocou o preservativo junto com
bastante lubrificante e forçou a entrada. Não tudo de uma vez como fazia no
sexo tradicional, mas aos poucos, dando-lhe tempo para os músculos o
acomodarem. Enquanto o pênis entrava centímetro por centímetro, ele tinha uma
das mãos lhe acariciando os seios e a outra provocando o clitóris. Liz estava a
ponto de gozar. Somente o desconforto anal a impedia. Assim que relaxasse ela
iria a loucura.
-
Relaxa e se entrega pra mim, Liz. – Ele disse quando começou a se movimentar
lentamente dentro dela.
-
AaaaaAaa...cachorro! Essa sua mão está acabando comigo. – Respondeu ela
referindo-se ao estímulo que ele lhe dava na vagina. – Me beija, Miguel.
Ele
beijou, mas estava se segurando para não gozar novamente antes dela. A sensação
dela tão apertada em volta dele era enlouquecedora. Logo sentiu-a se contorcer
e virou-a de bruços na cama para movimentar-se com mas força e encerrar o ato
no auge do prazer para os dois.
- UAUuu.
– Elizabeth conseguiu dizer assim que desmontou de cima dela e deitou-se de
costas puxando-a para seu peito. – Está bem. Eu reconheço que tem seu valor
senti-lo lá atrás.
-
É? Fico feliz. Você não sangrou então acho que não te machuquei, mas se ficar
muito dolorida eu trouxe um anestésico.
-
Está bem, Dr. Miguel. – Liz brincou antes de ouvir seu celular tocar. Era o
bipe de alerta de mensagem. – Onde está minha bolsa?
-
Eu pego. Fica na cama. – Miguel ofereceu.
A
mensagem era de Beatriz avisando que levou Bia ao médico por causa da febre.
Não era nada grave, coisa de criança. Mas lembrou Liz de um comentário feito
por Miguel mais cedo.
-
Você disse que Will não está mais na sua casa. Ele já viajou? Bia queria vê-lo
esses dias. Acho que ele foi embora sem se despedir dela.
-
Ele não foi embora. Comprou um apartamento na cidade. Acho que vai se instalar
por aqui.
-
Sério? Mas porque não disse para Bia?
-
Acho que deseja fazer uma surpresa...aliás...se ela levar a menina no médico é
capaz de ter uma surpresa bem grande.
- Por
quê?
-
Espere e verá. – Ele sorriu antes de erguê-la da cama nos braços. – Vamos
relaxar na piscina?
Beatriz
realmente teve uma grande surpresa ao chegar no consultório do novo pediatra do
hospital e encontrar Willian. Ele tinha a ficha de sua filha nas mãos e um belo
sorriso no rosto. Fazia muitos dias que não se falavam, mas certamente não o
bastante para ele conseguir validar seu diploma no Brasil e já estar
trabalhando justamente ali.
-
Oi Bia, oi Eva. Sejam bem vindas. – Ele disse recepcionando-as.
-
Como é possível....
-
Eu fiz parte da minha graduação aqui no Brasil, Bia. Junto com Miguel. E meu
diploma sempre foi válido aqui. Mesmo antes de eu ir morar fora e fazer
especializações. Como você mesma sabe, o hospital precisava de um pediatra,
eu...tenho motivos para ficar aqui no país e assumi o posto. Espero que não se
importe em eu ser o médico de Eva.
-
Não! Claro que não. Ela já gosta de você.
- Deixe-me
vê-la então.
Depois
do exame Will confirmou se tratar apenas de uma inflamação na garganta. Eva
estava bem, apenas incomodada com a dor e irritada.
-
Não precisa se preocupar. Ela vai adormecer com o remédio e acordar melhor. –
Ele lhe disse.
-
Ela é minha vida.
-
Eu imagino. No sábado eu estarei de folga...posso passar no apartamento para
ver vocês. Depois daquele jantar nós não saímos mais. – Ele ensaiou um convite.
-
Aparece sim...mas tem de ser a noite. Eu vou estar de plantão no jornal. E a
Eva ficará com o padrinho o dia todo.
-
Eu vou à noite então. Foi bom te rever, Bia.
-
É, eu também acho Will.
Com
a hipótese de Bia voltar a ligar por conta de algo com Eva, Liz foi para a
piscina com Miguel mantendo o celular próximo. Caso a irmã precisasse, ela
ouviria o chamado. Saciados pelo sexo de mais cedo, estavam apenas nadando e
curtindo um momento juntos. Miguel estava mostrando o quanto nadava bem e
exibindo-se um pouco. Liza jamais o acompanharia.
-
Eu competi nos tempos de colégio.
-
Empresário, médico e agora atleta. Tem algum talento seu que eu desconheça?
-
Talvez eu ainda mantenha alguns segredos. – Ele brincou. – Mas você pratica
algum esporte? Como mantém esse corpo perfeito?
-
Está longe da perfeição, Miguel. Sou magra por conta da diabetes. Eu como e não
ganho peso. Por isso tento ganhar massa muscular na academia...quando consigo
ir lá
-
Tem de se cuidar. Faz acompanhamento médico? Toma insulina nos horários certos?
E a alimentação está correta?
-
Para agora! Você não é meu médico. Eu me cuido da melhor maneira que consigo.
As vezes não como deveria, mas faço o que posso.
-
Sendo seu médico ou não, vou acompanhar isso mais de perto. Quero você
saudável...para me aproveitar desse corpo lindo, no qual eu não vejo nenhuma
imperfeição. Você está há muitas horas sem se alimentar. Vamos sair da água e
pedir algo.
-
Não...Miguel. Que quero você aqui, agora...quero fazer amor na água.
Mas
uma nova chamada no celular de Elizabeth interrompeu os planos. Miguel disse
para ela atender enquanto ele iria pedir um jantar, apesar de já ser 4 horas da
madrugada.
Elizabeth
perdeu qualquer chance de ter apetite quando viu se tratar de Tomaz ao
telefone. Para ele lhe telefonar na madrugada a situação era grave.
-
Oi. Desculpe acordá-la.
-
Não acordou. O que foi?
-
Não vai haver acordo com Javier. – Tom lhe disse algo ruim, porém longe de ser
surpreendente ao ponto de uma ligação na madrugada. Não era só isso.
-
Merda! E o que vamos fazer? Vamos recorrer? O juiz tem de considerar que vale
muito mais prender a quadrilha toda.
-
Não é pelo juiz, Liza. Ele nem chegou a julgar ainda. – Havia apreensão na voz
de Tom.
-
Então o que é?
-
Não vai haver acordo porque os mortos não falam, Elizabeth. – Ela empalideceu
ao entender o significado da frase. – Javier foi encontrado morto na
carceragem. Envenenado, provavelmente. Não sabemos como.
Branca
feito uma folha de papel e mal enrolada numa toalha Elizabeth tentava entender
a gravidade daquela informação. Não era apenas o caso. Era um assassinato por
queima de arquivo. Além disso, era o tio de Miguel morto.
-
Elizabeth! Elizabeth! Está me ouvindo?
- Sim,
Tom. Estou. Mas vou desligar. Preciso dar a notícia a Miguel e depois eu vou
para aí.
-
Ainda não é oficial! É assunto restrito da polícia até sair o laudo preliminar
e...
-
Dane-se! Ele vai receber a notícia por mim e depois eu vou aí para ajudar a
resolver as coisas. Até logo mais Tom. Chame Rebecca e minha equipe. Quero
todos aí quando eu chegar.
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