1
mês depois...
- Ana...desculpe insistir, mas
aquele rapaz continua na recepção e disse que não sai por nada. – Gail alertou.
As últimas semanas foram agitadas.
Havia tomado posse de sua herança, oficializado a criação de sua editora e
alugado o local onde ela funcionária. Gail fazia as vezes de sua assistente. E
estava dando conta do serviço muito bem. Ela estava fascinada pela ideia de ter
um trabalho com carteira assinada, afinal, passara a vida toda cuidando da
casa.
Também havia alugado uma casa. Onde
as três amigas moravam. Kate tinha tomado coragem de voltar a profissão. Estava
largando currículos em TVs, rádios e jornais da capital. Logo deveria estar
empregada.
Irritada por estar muito ocupada e,
também, por saber bem o que o tal visitante viera fazer, levantou-se de sua
cadeira. Quem estava na recepção era Elliott, irmão mais novo de Christian.
Essa não era a primeira vez que ele a procurava. Certa noite ao voltar para
casa, encontrou-o sentado à sala, conversando animadamente com Kate. Queria
distância daquela família, mas não podia impedir sua amiga de se relacionar com
o rapaz que, aparentemente, era boa gente. Se bem que Grey também aparentava
ser.
- Bom dia, Elliott. Em que posso te
ajudar? Desculpe fazê-lo esperar, mas estou muito ocupada. – Disse pensando em
fazê-lo ser breve.
- Você sabe o que eu desejo, Ana.
Estou preocupado com meu irmão.
- Não posso fazer nada, Elliott.
- Ele está depressivo, Ana. Voltou
pra fazenda e mais chora do que vive. Os empregados estão preocupados. Temem
que ele tente um novo suicídio.
- E o que você espera que eu faça? –
Tinha que ser dura. – O que seu irmão me fez foi muito grave, Elliott. Não
desejo o mal dele, mas não quero vê-lo, nem me sentir responsável por suas
loucuras. Ele jogou fora o nosso casamento, agora terá que viver sem mim.
Chateado, Elliott ia se retirando
quando voltou para fazer mais uma pergunta.
- Eeee Ana...você se importaria se
eu levasse a Kate pra jantar um dia desses? Eu sei que a minha família não foi
muito legal com você...mas...
- Seu irmão não foi legal comigo,
Elliott. Eu nem tive chance de conhecer a família direito. Saia com Kate
sim...ela vai adorar. Mas cuide bem da minha amiga, sim?
- Pode deixar!
- E, se quiser...janta com a gente
uma hora dessas.
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Mal humorado, na fazenda Grey não
queria nem beber. Ao contrário de James que passava mais tempo bêbado do que sóbrio.
A tristeza pela perda de Gail era intensa, a casa estava suja e destruída, a
mão ferida pelos socos que deu na mesa feita de madeira maciça. Tentou ligar,
até implorou, mas no fundo sabia que jamais teria sua mulher de volta.
Os empregados da casa dos Grey
também estavam apreensivos. O que poderia tirar o patrão da depressão?
Aparentemente nada. Jéssica até tinha tentado se oferecer como alento, mas
despachou-a grosseiramente.
- Nunca será a Anastásia! Ela é a
dona dessa casa! Só ela! Saia daqui! Saia! Me deixe com as lembranças dela!
Depois pouco saiu do quarto. E tinha
ao seu lado o telefone. Sempre que o irmão ligava pedia para que tentasse
convencer Ana a lhe dar uma oportunidade. Christian já havia perdido peso e sua
saúde também parecia afetada. Como James era o único médico da região, ninguém
naquele momento podia ajudar.
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3 semanas depois...
Elliott passou a frequentar a ‘casa
das garotas’. Até mesmo a filhinha de Kate estava gostando do novo ‘amigo da
mamãe’. Bem...ele estava conquistando essa amizade com um presente a cada
visita. A pequena já esperava ansiosa pela chegada do amigo.
- Tio Elliott! Trouxe presente pra
mim? – Perguntou se jogando no seu colo.
- Bianca! Isso são modos? Não seja
interesseira!
- Não tem problema, Kate...até
porque sim, eu trouxe um presente. – Ele pré entregou um lindo urso de pelúcia.
– Pra você gatinha.
- Obrigada Tio Elliott. – Bianca lhe
deu um beijo no rosto e sussurrou no seu ouvido. – Acho que a mamãe ficou brava
porque só eu ganho presentes...ela não.
- Será?
- Eu acho, Tio. – A pequenina ria
- Nós vamos resolver isso então.
Todos estavam animados à mesa, menos
Ana. Ela estava distraída, pouco falava e pediu para se retirar cedo. Ninguém
entendeu o que se passava. Bianca dormiu no sofá da sala e foi carregada para a
cama, Gail se recolheu logo depois. Kate e Elliott namoraram tranquilamente
sozinhos na sala. Até que ele acabou ficando para dormir por lá.
Acostumado a uma rotina de
exercícios diários, Elliott estava de pé as 6 da manhã. Pretendia deixar um
bilhete para Kate e sair sem ser percebido, mas ao passar pela porta do quarto
de Anastásia, ouviu-a passando mal. Não soube o que fazer. Deveria chamar Kate?
Oferecer ajuda? Bateu na porta e ia falar algo quando Ana gritou.
- Entra! – Ela estava sentada no
chão do banheiro, de costas para a porta. - Ai Kate! Esses enjoos matinais vão
me matar. Não sei se sobrevivo os 9 meses.
Elliott estava em choque e não disse
nada, alertando Anastásia de que não era Kate à porta. A amiga nunca ficaria
calada. Virou-se e soube que seu segredo não estava mais seguro. Não adiantava
nem pedir, logo Christian saberia que ela estava grávida.
E ela estava certa. Elliott foi
embora pensando que aquela notícia ira tirar seu irmão da depressão.
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