Foi
um anúncio no jornal que alertou Ana. Alice e José iriam se casar naquele dia.
Ela, Jacob e Kate tomavam café da manhã quando percebeu que não podia mais
adiar. Teria de ir até a igreja e parar a cerimônia. Não se sentia pronta pra
isso, segura pra isso...mas teria de ir.
-
Ele não é responsabilidade sua, Ana. José está casado com ela porque quer. –
Jacob interferiu.
-
Não. Está sendo enganado.
-
Você não tem que encontrar essa mulher que te fez tanto mal, Ana. Pode ligar
para ele. Contar tudo. E deixar que decida.
-
Não!!!! Eu vou humilhá-la. Eu vou contar para todos.
-
Você quer justiça ou deseja apenas vingança? Todos os seus problemas começaram
justamente por uma vingança.
-
Os dois. Eu tenho direito de atirar tudo isso na cara dela! Alice não vai pagar
barato pelo que fez a mim e ao Grey. Não vai.
Kate
ouvia a amiga em completo silêncio. Já há alguns dias percebeu que Anastásia
não falava do marido com ódio. Referia-se a ele com carinho, como se aceitasse
que ele era mais uma vítima de Alice. Ela era muito teimosa. Não ia voltar para
ele facilmente. Mas voltaria. Eles se amavam. Torcia para que ela conseguisse encontrar
alguém para amar também. Seria bom ter um companheiro e um pai para sua filha.
Um pai que realmente a amasse.
Ficar
em São Paulo ainda era perturbador. Depois de tanto anos fugindo de um
companheiro abusivo, estar ali onde podia ser reconhecida a qualquer momento era
muito temeroso. Ana já tinha lhe dito
que pretendia solicitar ao tio sua herança e que, juntas abririam um negócio.
Ela e sua filha estariam protegidas.
- Bom...se vocês irão a um
casamento, senhoras, me permitam sugerir uma visita a butique do hotel.
Precisam estar vestidas a rigor.
- Eu não preciso ir, Jacob.
- É claro que irá, Kate. Quero as
duas belíssimas nesse casamento. Até porque tenho a impressão que a imagem de
Alice não sairá muito bonita. Vocês irão compensar isso.
Christian e James chegaram a São Paulo
passavas das 14hs. Estavam cansados e Grey ainda precisa ir na casa dos tios de
Ana e explicar que simplesmente não sabia onde sua mulher estava. Ficaram
hospedados no seu apartamento, que há tantos meses não o recebia. Lembrou que
Ana nem mesmo sabia que ele tinha aquele apartamento. Era algo que só sua
família sabia. Família...fazia meses que não telefonava para eles. Nunca mais
conversou com sua mãe e não respondia os e-mails de Elliott. O porteiro pareceu
até se assustar ao vê-lo, mas cumprimentou-o de forma educada.
O que Christian não
viu foi que assim que o estranho proprietário da cobertura sumiu no elevador, o
porteiro pegou o telefone.
- Oi seu Elliott...o seu irmão
apareceu. Subiu com um outro homem.
- Obrigada. Eu vou procurar ele
então.
Christian ia saindo de casa quando
Elliott apareceu em sua porta. Droga! Não podia ter hora pior.
- Pretendia fugir por quanto tempo
mais?
- Não estou fugindo de nada. Sempre
souberam onde eu estava. Não foram me visitar porque não desejavam. A fazenda
de Emmett era pouco para vocês?
O olhar do irmão
alertou Grey de que havia passado do limite.
- Você não amou Emmett mais do que
eu, mamãe, papai ou Mia, Cris. Você só não aceitou sua morte e está fazendo sua
família perder mais um ente querido. A mamãe está chorando por Emmett e por
você.
- Eu vou vê-la. – Elliott o conhecia
muito bem. – Eu não queria que fosse assim...mas eu não consegui deixar a morte
dele ser esquecida. E eu me casei e...
- Eu sei exatamente porque você se
casou, Chris. E temi que matasse essa moça naquele fim de mundo.
- Não! Eu nunca pensei em matá-la.
- Eu acompanhei pela imprensa o
acidente que ela sofreu e fiquei com muita raiva de você.
- Foi um acidente!
- Onde ela está?
Como ele poderia responder
isso? O jeito foi a verdade. Contou ao irmão tudo, em detalhes. E o viu
arregalar os olhos em algumas passagens. Não se orgulhava do que tinha feito.
- Então a verdadeira culpada se casa
hoje e você não faz ideia de onde possa estar sua mulher?
- Exatamente. E eu estava saindo
para ir na casa do meu sogro. E contar para ele tudo. Não tenho alternativa.
Foi exatamente isso que Christian
fez. Enfrentou Ray de cabeça baixa e disse que acreditava que Ana era a culpada
pela morte de seu irmão, inclusive pelo comprovante do aborto que o tio também
tinha conhecimento. Ray ouviu a tudo pálido. Realmente desconfiou da sobrinha.
Mas nunca pensou que aquele homem a tinha levado do lar para castigá-la. Jamais
teria entregue sua filha de coração para ser maltratada.
- É verdade, Ray. Eu casei para
fazê-la sofrer. E eu cumpri essa promessa em cada um dos dias em que estivemos
casados.
- Você...a maltratou? É isso?
- Sim. Mas eu a amo.
- COMO TEM CORAGEM DE DIZER
ISSO?!??! SEU DESGRAÇADO!
- Digo porque é verdade.
- Na primeira vez que te vi, Grey,
eu desconfiei. Achei que você tinha uma delicadeza exagerada. No íntimo você
tinha uma brutalidade que me assustou. Mas a Ana vinha tendo umas atitudes
estranhas e mudou muito quando se aproximou de você. Ela logo se disse
apaixonada, mas eu achava que você era bruto com ela as vez...o acidente...não
foi acidente você a agrediu...
- NÃO! Claro que não! Ela caiu do
cavalo. Essa é a verdade.
- Nós vamos encontrar, Ana. E é bom
que você nunca tenha machucado minha sobrinha fisicamente. Ou eu mesmo acerto
uma bala em você. Grey, você não é o único a jurar coisas aos mortos. Eu jurei
ao meu irmão que protegeria Ana. Não cumpri por culpa sua.
- Eu acho que ela vai aparecer hoje.
- Porque?
- Tenho motivos para pensar que está
na cidade e...ela não deixaria de comparecer ao casamento da prima.
Concordaram de que poderia ser
verdade e orientaram aos seguranças de avisar a qualquer aproximação de Ana.
Quando Christian saía, Ray o chamou.
- Grey! Você não me disse como Ana
lhe convenceu de que não é a culpada da morte de seu irmão.
Não era algo que ele
gostaria de dizer ao velho.
- Ela descobriu quem era a
verdadeira culpada.
- Eu conheço?
- Sim. Mas eu prefiro que Ana lhe
conte.
A cerimônia estava marcada para as
20 horas na capela do centro da cidade. Ana estava pronta, linda em um vestido
amarelo. Os longos cabelos estavam escovados e soltos caindo pelos ombros. Kate
usava um longo azul escuro que a deixou ainda mais curvilínea. Gail desde o
início falou que não iria e ficaria em casa com Bianca.
- Será que Christian estará lá?
- É possível. – Ana respondeu para a
amiga. Estava nervosa.
- Está nervosa? Por rever ele?
- Não. Estou nervosa pelo que tenho
de fazer. Grey é passado na minha vida.
O
trânsito jogou contra Jacob, Ana e Kate. Chegaram na igreja e puderam ouvir a
marcha nupcial. José estava no altar e Alice caminhava para ele. Seguranças os
barraram.
-
Me soltem. Sou da família!
-
Vamos avisar o seu tio.
Assim
o fizeram e logo Ana se viu em frente de Ray.
-
Acredite em mim, Tio. Alice e José não podem casar. Não podem. Mande parar esse
casamento.
-
Minha filha...sei que seu casamento não deu certo. Seu marido cometeu muitos
erros...mas você não pode simplesmente ficar com José. Seria errado com Alice.
Aceite que José e Alice se casam hoje.
-
Não pode tio! Não permita! Pare esse casamento.
-
Não posso! Nossos amigos estão todos nessa igreja. Seria um escândalo.
-
Um escândalo é mais importante que a felicidade do seu filho?
-
Não, claro que não. Mas eu não posso fazer isso. – Ray levou a mão ao peito e
puxou o ar fortemente. – Não faça nenhum escândalo, Ana. Por favor.
Por
respeito ao tio e medo pelo frágil coração dele, Ana se calou.
Enquanto
ainda conversavam, ouviram as palmas que anunciavam a vitória de Alice. Ela
estava casada com José.
-
Você vai a festa?
-
Vou, tio. Se os seus seguranças me deixarem entrar.
-
É claro que pode entrar na nossa casa. Só me prometa que não fará nenhum escândalo
na frente dos convidados.
-
Prometo.
-
Seu marido está te procurando. – Disse Ray.
-
Que continue. Não quero falar com ele.
Assim
que se despediu do tio, Ana chamou Jacob e Kate para seguirem até a mansão.
Quando Alice subisse para tirar o vestido, teria uma surpresa esperando por ela
no quarto. Havia prometido não fazer escândalo, mas, às sós, elas iriam acertar
as contas.
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