- Você tem certeza disso, Elliott? –
Grey sentia medo de sofrer uma nova decepção. -
Se for só um golpe para me fazer sair da fazenda eu juro que...
- Não! É verdade. Eu vi a Ana em
pleno enjoo matinal. – Isso soou constrangedor.
- E o que você fazia na casa da
minha mulher logo cedo?
Nada do que você está
pensando...pelo menos não com ela...pode tirar essa cara de urso esfomeado.
Enquanto Elliott falava sem parar,
Grey nem prestava a atenção. Estava inebriado com a notícia. Pai! Anastásia
estava grávida. Nunca antes na vida teve algo para agradecer a Deus. Não...isso
era mentira. Nasceu em uma família de merda, mas depois que Grace o encontrou e
o escolheu como filho as coisas melhoraram. Depois dos quatro anos tinha boas
lembranças. Também teve sorte e construiu uma fortuna. E teve a sorte de
conhecer Ana. Sim, o motivo não foi dos melhores, mas o importante era tê-la
conhecido. O que seria de sua vida sem ela? Mas agora tinha algo novo para
agradecer. Um novo milagre...tão importante quanto lhe dar uma nova
família...Ana teria um bebê.
Não sabia como seria criar uma criança.
Sua mãe de sangue fora uma prostituta drogada, mas Ana seria uma grande mãe.
Daquelas mães que defendem os filhos de tudo e sabem dar educação enquanto
enchem os rebentos de amor e carinho. E ele? Poderia ser um pai que preste?
Provavelmente não. Nunca quis um filho. Nunca se imaginou pai. Mas esse bebê
veio como uma benção. Veio para uni-lo a Ana novamente.
- Chris? Chris? Vai ficar sonhando
aí acordado ou vai fazer alguma coisa? – Elliott ainda o observava.
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Gail e Kate conversavam
animadamente. Estavam pensando sobre roupinhas e sapatinhos para o bebê de Ana.
Eram muito gratas pela corajosa amiga que ajudou as duas a mudar de vida e não
mais viver com medo por causa de homens que não as respeitavam. Kate agora não
tinha mais medo de ser encontrada pelo ex. Se ele aparecesse e fizesse alguma
ameaça e iria à polícia. E nos últimos dias se sentia ainda mais feliz. Seu
coração voltara a bater com felicidade. E Elliott tinha um pouco haver com
isso. Com ele voltou a se sentir bonita e sensual.
Gail
finalmente deixara as agressões de James e pela primeira vez na vida era livre.
Trabalhar fora de casa esta sendo uma maravilha. Ana estava conseguindo iniciar
um bom trabalho no ramo editorial e ela estava ajudando. Auxiliava no que podia
e, no fim da tarde, fazia um curso de informática para aprender a mexer no
computador. Diferentemente de Kate, não tinha encontrado um novo amor, mas não
se importava. Depois de tantos anos de opressão, a liberdade era o melhor de
todos os presentes. Estava feliz e mesmo que seguisse sozinha por toda a vida,
jamais reclamaria.
Felizes
pelas coisas boas que ocorreram em suas vidas, as amigas torciam para que Ana
encontrasse a felicidade. Por mais durona que aparentasse, Anastásia estava
muito infeliz. Nem a gravidez trouxe vivacidade aos seus olhos. Sofrendo com
enjoos muito fortes a jovem mamãe ficava até mais tarde na cama e depois ia
trabalhar apenas para, no fim da noite, voltar para casa cansada e dormir logo.
Não fazia nada além de dormir e nem mesmo contou para a família que seria mãe.
Já sabia que o tio Ray, muito tradicional, ficaria triste pela sobrinha ser
praticamente mãe solteira.
-
Mas não podemos fazer nada por ela, Kate. – Gail disse.
-
Eu acho que o Grey e ela ainda podem se acertar.
-
Não sei. Ele é muito obsessivo. Até violento às vezes. Eu sei que nunca a
espancou...mas já chegou perto disse. Era sempre tãooo bravo, irritado, mudava
de humor a toda hora.
-
Mas Gail...Elliott disse que ele está sofrendo muito. E ele a ama, eu acho que
eles ainda têm chance.
-
E se ela desse uma oportunidade ao José? – Gail comentou. – O pobre garoto
casou com aquela Alice que agora posa de rainha do lar enquanto ninguém na
família a suporta! Ele veio ver a Ana, mesmo no meio de tantos problemas, se
preocupou com a prima. Acho que ele tem um carinho sincero pela Ana.
-
Sim, tem. Mas carinho não é amor, muito menos paixão! E isso a Ana encontrou
nos braços do Grey. Ela não se contentaria com menos que isso.
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Vestindo
calça jeans clara e camisa azul escura e carregando um boque de flores
Christian chegou a empresa de Anastásia. Elliott o havia atualizado quanto aos
avanços de Ana nos últimos tempos e ele se sentiu orgulhoso. Ela estava
conseguindo ser independente e isso era elogiável. Só não gostou de saber que
Jacob esteve envolvido em tudo aquilo. Era um empresário importante! Claro que
tinha deixado muitos de seus negócios abandonados por conta da vingança, mas
suas empresas continuavam rendendo muito bem e a fazenda dava lucros
vantajosos. Ela deveria se aconselhar com ele e não com Jacob.
Mas
não ia criar caso com isso agora. Veio ali para dizer que já sabia do bebê e
propor que, pelo bem da criança, esquecessem o passado e voltassem a agir feito
a marido e mulher. Era o melhor a fazer. Ana compreenderia. Logo que chegou foi
avisado que ela estava atrasada. Na verdade, vinha trabalhando apenas a tarde
nos últimos dias devido ao mal estar que sente pela manhã. Enquanto esperava
pensou se devia marcar uma consulta médica para essa tarde mesmo, afinal
Anastásia precisava de acompanhamento e, como pai, era sua obrigação levá-la às
consultas e zelar por mãe e bebê. Pensando melhor, decidiu que ela já podia
estar se consultando com algum médico. Mas iria exigir ver todo o histórico
médico. Era o seu direito de pai e marido.
1h40
min e algumas xícaras de café depois...Anastásia entrou na recepção da empresa
com uma expressão de poucos amigos. A manhã tinha sido terrível, assim como
todas daquela semana. Acordou terrivelmente enjoada e sentia no corpo as dores
e o desânimo de quem passa mal todos os dias. Seu dia não melhorou muito ao ver
Grey.
-
Você...é eu já esperava. – Foi só o que disse.
-
Ana! Há quantos dias você não come? – Seu rosto estava mais fino e haviam
manchas sob seus olhos. As grávidas não deviam engordar e ganhar um brilho todo
especial?
-
Não é da sua conta!
-
É sim! E você sabe!
-
Eu como todos os dias...e vomito tudo assim que abro os olhos pela
manhã...satisfeito? – Foi a resposta desaforada.
Sem
pensar duas vezes, Grey pegou-a no colo e deitou-a no sofá da recepção. Ela mal
teve tempo para pensar direito. Só reagiu quando ele pegava o telefone.
-EI!
O que pensa que está fazendo?
-
Vou chamar uma ambulância! Você não está bem. Talvez o melhor seja ficar
internada no hospital, com alimentação controlada até se fortalecer.
-
Enlouqueceu de vez, Christian?!??! Só pode! Enjoo é normal na gravidez.
-
Não dessa forma. Você perdeu muito peso.
Ela
o empurrou e levantou do sofá.
-
Não vou para hospital algum e você não tem nada a fazer aqui. Achei que já tínhamos
acertado nossos problemas e que só faltava assinar o divórcio! Suma daqui
Christian Grey!
-
A não! Não pense que vai me enxotar daqui Ana, agora não pode mais. Sou o pai
de seu filho. Tenho direito a acompanhar essa gravidez tanto quanto você! Vou
querer ir a todos os exames e consultas, vou participar de tudo! Não pense que
vai me tomar um filho, Ana. Essa criança é minha.
Assustada
com o tom irritado do marido e sabendo o quanto Grey podia ser obsessivo,
seguiu um impulso de mentir. Iria se arrepender, mas não conseguiu pensar em
nada melhor.
-
E quem te disse que o filho é seu? Eu nunca confirmei isso! – Gritou para ele.
-
Ora Ana...e de quem seria.
-
Você não vivia me acusando de ter amantes? Então...meu filho pode ser de
qualquer um deles.
-
Ana...não me irrite! Você é minha mulher, está grávida e esse bebê é meu!
-
Não necessariamente! – Manteve a mentira.
-
E de quem é?
Antes
que Ana pudesse responder, José entrou na sala e irritou Grey ainda mais.
-
Meu. O filho de Ana é meu. – Ele sabia que não era verdade, mas estava ouvindo atrás
da porta e achou que a prima precisava de ajuda.
-
Deixe de mentiras, seu idiota! – Ele segurou a vontade esmurrar José. – Ana...o
bebê é meu, eu sei que é.
-
Eu não preciso de pai para o meu bebê! Ele é só meu. É MEU filho. Não preciso
que ninguém registre ele.
Agora
foi Jacob a se intrometer na conversa.
-
E, se precisar...eu posso assumir esse filho, Ana. Seu bebê pode ser o nosso
bebê.
-
Ora não venha mentir também, Jacob! Sei bem que o bebê que Ana espera é meu
filho! – Christian passou as mãos nos cabelos mais uma vez.
Anastásia
olhava pálida para os três. Iriam brigar
e a culpa seria sua. Para completar, a fraqueza tomava conta de seu corpo.
Inferno. Agora que começou teria que levar a confusão até o fim.
-
Calados! O meu filho é meu e só meu! Não
tem pai. Se quiser, Grey, espere nascer e pede um exame de DNA. Até lá, meu
filho é apenas meu!