Há
muito tempo eu não sorria assim, feito uma menina boboca. Acho que nunca fiz
isso. Foram tantas coisas em minha vida que nunca tive a oportunidade de nutrir
esses sonhos. E agora esse garoto de cabelos revoltos estava balançando meu
coração. Mas não posso dizer sim. Ele é jovem, parece ser tão puro vindo de uma
família distinta. Ele podia estar interessado na menina, filha do advogado
respeitado, mas não iria nem me olhar quando souber que Charlie me adotou por
pena e que eu não era livre. Tenho um filho que ainda vou encontrar.
- Amor? – Era Charlie me chamando. –
Eva disse que jantar logo estará na mesa. Vá descansar e volte com um lindo
sorriso no rosto.
Eu fiz isso e subi as escadas
sentindo o cheiro delicioso da comida de nossa governanta. Ela sempre cuidou
tão bem de nós que logo eu a tinha como uma mãe. Sem perceber, minutos depois
de colocar a cabeça no travesseiro eu sonhava como o mais belo rosto que tinha
visto. O rosto de meu anjo...meu bebê. O rosto que vi apenas uma vez e que em
breve estará ao meu lado.
Depois de um início conturbado com
Charlie onde principalmente Mateus demorou a aceitá-lo como responsável por
nós, percebemos que ali não teríamos apenas um padrinho ou protetor temporário,
mas um pai para toda a vida. Aos poucos ele foi se abrindo e hoje sei que
Charlie teve esposa e filhos, muito amados em outrora, mas falecidos há muitos
anos, deixando um vazio que ele agora supria conosco.
Faziam três meses que morávamos na
grandiosa casa de Charlie, nosso lar, como ele dizia, quando tive a maior surpresa
de minha jovem vida. Nunca tive muita atenção a questões femininas como a data
da minha menstruação. Com uma mãe relapsa e só irmãos mais velhos, nunca tive
ninguém com quem dividir minhas dúvidas. Foi Eva quem alertou Charlie para essa
possibilidade após reconhecer alguns sintomas que, para ela, eram bem claros.
- Grávida? – Eu não acreditei
inicialmente. Não queria acreditar.
Chorei muito, achei que minha vida
estava acabada. Eu nunca poderia ser uma adolescente normal tendo um filho
junto comigo, seria alguém que as pessoas apontariam na rua como a mãe
solteira. Só que logo depois fui mudando de pensamento. Eu amava aquele bebê...não
podia me livrar dele. Podia ter escolhido entregar meu menino para adoção assim
que ele nasceu, mas disse não. Ele tinha mãe, tinha tios e tinha um avô.
Após o parto a enfermeira o colocou
em meus braços. Parecia uma boneca...a mais linda e mais frágil de todas as
bonecas. Eu lhe beijei os ralos cabelos escuros como mogno e o vi, para
surpresa de todos, abrir os olhos cor de chocolate. Ele é muito parecido comigo.
Cansada eu ainda lhe dei o peito uma única vez e o vi ser levado pela
enfermeira.
Quando acordei fui avisada por um
desesperado Charlie que meu bebê havia sido raptado do hospital. Suspeitavam
que uma mulher se passou por enfermeira e tomou meu menino de seu berço antes
de sair sem ser notada pela equipe médica. Nunca voltei a vê-lo, mas pista após
pista, sempre confiei que um dia ele voltará à sua família.
- O jantar está servido mocinha. –
Charlie me chamou.
No mesma nós cinco conversávamos
sobre a nova cidade. Adam era o mais animado. Estava encantado com uma garota
chamada Jéssica, só que ela mais nova que ele e ainda estava na escola. Filipe
e Mateus não tinham nenhuma história para contar ou planos, mas também ficaram
felizes com os novos amigos. Era bom vê-los sorrir.
- E daí Bellinha? Vai sair com o
riquinho Cullen? – Filipe me provocou. – Ele tem um carrão.
- Não vi o carro Filipe e não sei se
ele é rico, mas talvez possamos ser amigos.
- Não é ser seu amigo o que ele quer
maninha. – Disse Adam.
- Eu já disse isso pra ela. – Apoio
Mateus.
- E eu já disse que meu tempo será
usado para encontrar meu filho e não para namorar garotos riquinhos!
Para evitar brigas, saí da sala e
fui terminar o jantar no quarto.
Na
manhã seguinte...
- Oi Bella! – Era uma moça bonita,
de cabelos castanho-claros e sorriso límpido. – Eu sou a Jéssica. Você é a nova
aluna do segundo ano né?
- Sim. – Então essa era a Jéssica
por quem o Adam está doido. – E você?
- Eu também. Somos colegas em uma
classe. Eu tenho 17 anos. Seus irmãos estudam aqui também né? – Ela logo puxou
esse assunto e eu me senti um pouco usada, mas, pela alegria de meu irmão,
resolvi ficar amiga da garota.
- Só o mais novo. O Mateus está no
3º ano.
- Hummm e os outros...fiquei sabendo
que tem um que é bem gatinho.
- Tem o Filipe e o Adam, mas eles já
se formaram.
- E não foram pra faculdade? – Ela
falou como se isso fosse pecado e eu não tinha como explicar que eles estavam
muito ocupas cuidando de mim.
- O Adam não quis...tá querendo
outras coisas. Vai abrir seu próprio negócio. O Filipe ainda não sabe...talvez
vá.
- hammm legal.
- Agora tenho de ir pra aula. Até
Jéssica.
- Que aula você tem agora?
- Biologia. – E essa aula me deixava
nervosa.
- Humm o Cullen é o seu parceiro né?
Nossa! Que garota mais intrometida!
- Sim, ele é meu parceiro.
- É, eles são uma família bem
estranha. Tem um monte de filhos adotivos. – Jéssica falou sem saber o quanto
aquele assunto era importante pra mim.
- Filhos adotivos? Eles têm bebês na
casa?
- Não...não...são todos grandes,
crescidos e lindos! E estudam aqui. Emmett, Rose, Jasper, Alice e Edward. Você
vai conhecer todos eles.
Me livrei dela o mais rápido que
pude e fui pra aula. Meu parceiro me aguardava belo e simpático.
- Oi. – Ele disse.
- Oi. – Respondi.
Começamos a fazer a tarefa que o
professor passou e logo ele começou a falar novamente. Queria puxar assunto
comigo.
- Que horas posso te pegar na sexta?
Ele me pegou de surpresa.
- Eu não lembro de ter aceito seu
convite.
- Também não disse que não. – Aquele
sorriso torto era tão lindo. – Vamos Bella, um cinema...só isso, por favor.
- As 7hs.
Era uma nova experiência. Me sentia
desejada por aquele garoto. Desejada num sentido limpo, puro. Edward Cullen
desejava sair comigo, me conhecer. E eu também.
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