Por um Filho - cap 2: Batalha por sonhos

            Edward pegou algumas roupas no closet e seguiu para o quarto de hospedes. Isso para ele, Bella já via o lugar decorado à espera do bebê. Toda essa raiva a estava deixando ansiosa, mas mesmo sabendo do grande coração que ele tinha e o quanto era amada. Ele não ia levar isso até o fim. Essa certeza, no entanto, não impedia que as lágrimas voltassem aos olhos enquanto ouvia ele bater a porta do apartamento. O que fazer? Não tinha ânimo para nada e preferiu ficar na cama, sonhando com os bons tempos do casamento.

Bella e Edward se conheceram em um show nos EUA. Naquele tempo ela não tinha um lar, vivia rodando o mundo na companhia de dança. Bailarina clássica, mas com verdadeira paixão por tango, ela sentia o sangue ferver ao ser levada pelo ritmo típico da Argentina. Isabella é filha de uma argentina e um americano e a dança sempre esteve presente em minha casa. Sua mãe, Renée, largou a dança para casar com Charlie, mas sempre ensinou alguns passos a eu e meu irmão, Mike. Foi uma escolha que Charlie a obrigou a fazer, era a dança ou a família. Renée escolheu a família, não se arrependeu, mas isso sempre foi uma lembrança triste. Bella era decidida a jamais abdicar de nada por ninguém.

Quando conheceu Edward, Bella estava em uma fase complicada. Não profissional, já que era realizada dançando, mas familiar. Rodava o mundo por não ter para onde voltar. Charlie é engenheiro e não aceitava que os filhos escolhessem profissões menos nobres que advocacia e medicina. Com Mike foi tudo bem. Ele resolveu seguir na engenharia e hoje trabalham juntos, mas Bella não tinha vocação alguma para nada que não a dança. Ela comprou a briga com Charlie. Ele disse que se resolvesse seguir na companhia, jamais teria contato com eles novamente e Bella seguiu seu sonho sem realmente acreditar que ele cumpriria a palavra. Mas nunca nenhum e-mail foi respondido ou ligação foi aceita quando sua voz soou. Mike aceitou trocar algumas palavras com Bella uma única vez:

-Não liga mais Bella. É melhor assim. Você escolheu.

Tudo, toda a tristeza foi deixada de lado quando conheci meu inglês. Ele se tornou sua família e supriu todas suas necessidades. Edward viajava muito para poderem se encontrar e Bella devolvia a gentileza indo bastante a Londres naquele início de namoro. Chegou num ponto que não conseguiam mais ficar longe e numa linda noite Isabella foi pedida em casamento. Estava no céu. Até mandou convite da cerimônia de casamento aos meus pais, mas ninguém apareceu. O início até teve suas dificuldades principalmente com a sogra. Esme nunca escondeu que Bella não era seu sonho de nora, mas como o jovem casal sempre morou em apartamento próprio, ela nunca pode interferir na vida diária. Esme trabalhava na editora da família Cullen, via o bastante o filho por lá e pouco vinha ao apartamento. Melhor assim. Com o restante da família a relação era melhor. Alice é uma graça, estilista e editora da revista feminina da empresa, ela vive em torno do namorado e não se intromete na vida de ninguém, não muito. Carlisle é tio de Edward, mas sempre o tratou como um verdadeiro pai.

            Não tinha queixas de meu casamento, foram sete anos de plena felicidade, mas algo começou a fazer falta de uma forma indispensável. Bella e Edward tem uma forte amizade com Rose e Emment. Os três foram colegas de faculdade e ela entrou no grupo logo que começou a namorar Edward. No início julgou o clima com Rose um pouco estranho, mas ela contou logo depois que ficou maravilhada com o novo amor do amigo, assim Esme iria parar de tentar atirá-la em Edward. ‘É, minha sogra não é fácil!’, pensava Bella.  Mas agora eles estão muito felizes e até já tiveram uma filha, a Yasmin. Isso sim mexeu com Isabella.

Pov Bella

Muitas vezes toquei nesse assunto com Edward, mas ele sempre se irritava e nunca dava um motivo sequer para não termos o nosso bebê. Na primeira vez cheguei até a me assustar:

- Já pensou em ser pai?

- Não! E não vou pensar! – Seus olhos ficaram vermelhos. – Bella eu sempre te disse que nossa família seria apenas nós dois. Eu não quero filhos e nunca vou querer.

Tentei tantas formas doces de convencê-lo e nenhum resultado. Aí parti para a prática. Fui ao médico e parei de tomar pílula. Só quando tive a confirmação foi que realmente parei para pensar em como daria a notícia a ele. Só que não tinha mais como esperar. Estava com três meses e ele já tinha comentado que eu havia engordado um pouquinho. Tive de dizer a verdade e um raio passou por nossa casa. Agora eu estava ali chorando e ele ainda mandou que eu deixasse a casa.

A forma como ele me olhou ao saber da gravidez era assustadora. Uma mistura de ódio e decepção.

Algum tempo depois decidi que só outra atitude radical seria capaz de resolver essa situação. Procurei meu crachá para entrar na empresa sem ter que avisar a secretária dele e fui. Vamos ver se eu não serei recebida.

            Apesar de eu não vir muito aqui, fui reconhecida por todos e bem tratada. O local era grande e cada andar respondia pela redação e diretoria de uma publicação do grupo. O último era a diretoria geral. Edward odiava ficar lá, sempre tendo preferência pela agitação da redação, mas como dono tinha obrigações administrativas e às cumpria. Quando cheguei a sua sala fui impedida de entrar pela secretária. Era uma senhora e parecia muito envergonhada de ter de dizer para eu não entar na sala onde sempre tive acesso livre.

            - Por que eu não entraria? Ele não está?

            - Não senhora, está, mas um pouco irritado e disse que ninguém podia entrar.

            - Quem sabe eu não resolvo a irritação dele.

            Entrei sem pensar duas vezes. Sua expressão era triste, mas logo a raiva tomou conta de seus olhos.

- Devo deduzir que minha secretária é incompetente ou que você é mal educada? Por acaso alguém convidou você a entrar em minha sala?