Três meses
depois...
Alguém muito sábio disse que ser mãe
é padecer no paraíso. Meu bebê nem
nasceu e eu já posso concordar. Estar grávida é maravilhoso, com descobertas a
cada dia. Quando o bebê mexeu pela primeira vez diversas mãos voaram até minha
barriga. Menos o par que deveria estar mais interessado. Essa era a maior
dificuldade, não ter com quem compartilhar cada pequena novidade.
Não que seus amigos não
participassem. Seth chegava a perguntar se não estava com nenhum desejo
especial na hora do almoço. Não tinha dúvidas, se a resposta fosse positiva, ele
sairia para comprar seu prato especial. Jack fazia questão de lhe dar carona no
fim da tarde e já se ofereceu para trazê-la para o trabalho muitas vezes. Ela é
que julgava um abuso. A volta só aceitava porque a barriga já estava pesada e
no fim do dia estava cansava para pegar ônibus. Eram grandes amigos
Mas estar grávida também tinha
outras dificuldades. O fato das roupas não fecharem, não conseguir se mover com
a mesma facilidade e os gastos. Não havia dinheiro que bastava para comprar e
arrumar tudo e parecia que os meses corriam. Só faltavam três e sua vida
estaria transformada para sempre. É claro que Esme e Alice não mediam quantia
ou esforço para mimar o mais novo Cullen, mas elas estavam proibidas de comprar
nada que não roupinhas, brinquedos para bebê e assessórios baratos. Foi
obrigada a colocar essa regra ou Esme mobiliaria todo o quarto e Alice teria
lhe comprado um enxoval de moda gestante. Mas além dos gastos com os
preparativos com a chegada de seu filho, outros também pesavam. Exames de
pré-natal custavam muito e tinha que reservar um dinheiro para os gastos com o
parto. Mantinha orçamento muito controlado para dar conta de tudo.
Aí é que começavam suas desavenças
com Alice e Esme. Elas não sabiam o significado da palavra economia e
consideravam a solução muito simples: pagar por tudo que ela precisasse. Mas
isso estava fora de questão! Seria atestar que Edward estava certo e não
conseguiria me manter sem a ajuda deles. É claro que não estava descuidando da
saúde do bebê, da sua alimentação, das muitas vitaminas e de todos os exames
que tinha de fazer, mas era obrigada a dizer não a alguns luxos, para elas
essenciais. Seu bebê parecia ignorar a ansiedade de todos para saber se era
menino ou menina e em todos os ultra-sonos feitos não deixou a médica ver. Alice estava histérica e quando soube de mais
um exame frustrado decidiu que o melhor era refazer a Ultra até descobrirem. Os
custos para ela não importavam, mas não tinha sentido fazer isso se o bebê
estava se desenvolvendo perfeitamente. Esme era mais discreta, mas exigia
receber fotos para ver como seu neto estava crescendo e vivia reclamando que
faltava ganhar peso. Ambas estavam ameaçando se mudar para Port Angeles de vez.
No escritório estava tudo perfeito.
O serviço era tranquilo, permitia um período maior sentada e sempre podia sair
para as consultas. Sem falar no carinho com que era tratada. O quarto de seu
filho não estava pronto, mas já estava cheio de presentes de Jack e Seth, fora
tudo que Esme e Alice mandavam. No início ficou com receio de surgirem
comentários quanto a sua amizade com dois rapazes bonitos e solteiros, mas ao
menos na empresa nenhuma intriga surgiu. Eles a mimavam, mas sempre como
cuidado a uma amiga grávida. Eram como irmãos.
Algo, no entanto, ainda preocupava.
Edward e seu advogado não deram sinal de continuar no processo de divórcio.
Ninguém entrou em contato e Esme evitava tocar no nome do filho:
- Sei o que é passar por isso e não
vou ficar torturando você. Agora tem é que aproveitar o que a vida está lhe
dando e esquecer o passado. Quem sabe tudo não se resolve?
O próximo passo é pintar o quarto
para poder comprar os móveis. Pensava em fazer isso no próximo final de semana.
Talvez contando com a ajuda de alguns dos colegas.
POV
Edward
Estava evitando encontrar com minha
mãe no escritório e a muito não fazia visitas em sua casa. Tudo para não ter de
ver roupinhas, sapatinhos e coisas de bebê. O lado negativo era que também não
conseguia notícia alguma de Bella. Nada! Até Alice fazia questão de não tocar
no assunto e já faziam três meses de distância. Sabia que elas mantinham
contato e mandavam muitas coisas para os EUA, tinham feito viagens para lá e de
uns tempos para cá ameaçavam se mudar. Alice, se não fosse por Jasper, já tinha
largado tudo para cuidar da criança. Cuidar do filho dele. Sim, porque se
aquela solidão teve algum resultado, foi fazê-lo ver que fingir não ter um
filho era bobagem. Podia não se envolver, mas seria pai dentro de alguns meses.
Era inútil negar.
- Precisamos conversar Edward. –
Esme veio a sua sala.
- Sim, pode falar.
- Eu acho, meu filho, que você já
teve tempo o suficiente para pensar nas suas atitudes quanto a sua mulher e seu
filho. Está na hora de tomar uma decisão.
- Não tem volta mãe.
- Então por qual motivo não deu
continuidade ao divórcio.
- Eu dei, é meu advogado que está
muito lento. – Mentiu.
- Ok. – Ela não sabia como entrar no
assunto. – Filho, uma história de vida não se repete. O que eu vivi com seu
pai, não tornará a acontecer. Ele cometeu alguns erros, você cometerá outros.
- Não misture os assuntos mãe.
- Você mistura. Castiga a você
mesmo, a Bella e a uma criança. Tudo por medo de tentar ser pai.
- Não tem haver com medo, é uma
decisão. Não quero desistir da vida que tenho para cuidar de uma criança. Não
vou fazer o mesmo que ele fez e depois ir embora sem dar explicações. Não quero
a criança então não vou iniciar uma relação para ser quebrada depois.
- Ele fez as escolhas dele, era
outro tempo, com outros valores. Você tem de fazer as suas escolhas.
- Já fiz.
- Está fazendo pior que ele Edward.
Antony ao menos tentou ser um bom pai para você. – Ela sabia que adiantaria
insistir sem deixá-lo pensar. – Mas não foi só por isso que vim. Quero que
defina suas atitudes logo. Se realmente for abandoná-los, vou tirar uma licença
e permanecer com Bella até o nascimento. Ela sozinha não vai se cuidar como
deve e como não aceita dinheiro, é muito difícil ajudar à distância. Não terei
data para retornar. Pense bem.
Quando
Esme ia sair ele se manifestou
- Mãe?
- Sim.
- Como ela está?
- Como qualquer jovem na situação
dela estaria. Curtindo a parte boa e deixando de lado as tristezas. Eu estou
insistindo para que se cuide, mas sabe como é bailarina, sempre se alimentando
mal. Mas está tudo bem. O bebê está forte, só ainda não...
- Eu perguntei dela mãe.
- Não existe mais essa diferença
Edward. Ela me contou da sua proposta do apartamento. Acho que você não quer
entender algo, mas vou repetir mesmo assim: A felicidade da sua mulher e do seu
filho estarão ligadas para sempre. Não existe mãe feliz com filho sofrendo.
Como acha que eu me sinto neste momento? Péssima.
- Desculpe.
- Não precisa se desculpar. Faz
parte da maternidade. Só que eu preciso te dizer mais uma coisa. Quero
lembrá-lo de que ela não ficará eternamente sozinha esperando você abrir os
olhos. Vai aparecer alguém disposto a dar o apoio que você negou. Disposto a
assumir o seu filho e aí você não terá como impedir. Fico me questionando se
você aceitará ver seu filho ser educado por outro homem, respeitar outro pai,
ganhar irmãos por outro relacionamento de Bella.
- Ela já tem outro?
Essa possibilidade era tão dolorosa
que ele evitava pensar.
- Não Edward, não tem. Mas uma
mulher linda, talentosa, jovem e delicada como ela não fica muito tempo
sozinha.
- Sabe se a família dela está
apoiando?
- Ela ligou avisando onde estava
morando, mas nunca recebeu uma visita. É por isso que preciso de sua definição.
Ela não pode entrar na reta final da gravidez sem nenhum apoio.
Edward foi para casa pensar em tudo
que sua mãe falou. Era verdade que tinha pedido para deixar o processo de
divórcio parado e como Bella não questionou a demora, nada foi feito. Apesar de
separados, continuavam casados. Mas há
três meses não via sequer uma foto dela. Como estaria? Mas isso não era o mais
importante, mas sim o que faria. Sua mãe estava certa, ele não podia odiar o
bebê apenas por não querer a responsabilidade. Claro que a atitude de seu pai
pesou, mas não pelo passado, como ela achava. Era pelo presente. Gostaria de
ser como seu tio, o homem que realmente o criou, mas era muito parecido com Antony e não tinha vocação para
paternidade. Não poderia voltar para tornar a abandoná-los. Tinha de ser algo
bem pensado. Resolveu conversar com Esme mais um pouco e foi a sua sala, mas
teve outra surpresa. Ela e Alice estavam entretidas assistindo algo no
computador, mas quando ele chegou pararam.
- Algum segredo?
- Nada que você tenha interesse. –
Alice continuava dura com ele.
- Menos Alice, se controle. – Esme
apontou para ele se sentar junto delas. – Assista conosco.
Quando o vídeo voltou viu que era a
gravação do ultra-som. Não conseguia ver muita coisa, mas mesmo assim era mais
real do que imaginar uma vida.
A última vez que viu Bella ela sequer aparentava
estar grávida. Era o meu filho naquelas imagens.
- Mas fale Edward. Precisava de
algo?
- Não. Só vim avisar que vou para
Port Angeles e não sei quando volto.
- Isso! – Alice pulou da cadeira.
Os preparativos foram rápidos e no
dia seguinte Edward embarcou deixando Carlisle no comando de tudo. Esme e Alice já se preparavam às compras. Tudo
iria se resolver. Ele não perdeu tempo e logo que se instalou no hotel partiu
para o endereço do trabalho de Bella. Na recepção a viu, primeiramente de
costas, em uma roupa discreta, calça preta e blusa no estilo camisa. Quando se
virou tinha os olhos eufóricos, mas logo ficaram tristes ao percebê-lo ali.