A
exposição atraiu bom número de convidados. Ao que parecia, Lorenzo podia não
entender nada de arte, mas tinha dinheiro o bastante para investir e muitos
amigos dispostos a apreciar. Neal não duvidava do falsificador estar circulando
por lá.
- Para
quantas outras falsificações podemos estar olhando? – Diana comentou ao
observar uma bela estatueta.
-
Algumas, eu diria. Crente de que seu golpe deu certo, duvido que ele não tentou
repetir. A tentação é grande demais.
- Você
tentaria repetir o golpe?
- Pode
apostar que sim. É o desafio que nos mantém, Diana. Mas se fosse eu, vocês
jamais teriam percebido ser uma falsificação.
Enquanto
Neal e Diana disfarçavam como convidados, Henrique fazia seu papel de
investigador e despistava mantendo Lorenzo ocupado com uma série de perguntas.
Da van o agente Clark Even, chamado às pressas para ajudar após a saída de
Peter, analisava tudo através das câmeras de segurança do prédio e escondidas
nas lapelas de falsos convidados.
- Todos
tenham cuidado. Ele está desconfiado, atento. Não tente nada ainda, Neal. Ele o
veria ir à área restrita da cobertura. – Even alertou.
Neal
percebia isso à distância. Lorenzo parecia estar atento a Henrique, mas seguia
em alerta. Estava claro que ele tinha algo para esconder e ele, também,
registrava ser impossível tentar algo enquanto o novo rico não se distraísse.
- Sara! –
Ele chamou a maior interessada na resolução do caso. – É sua vez de agir.
Faça-o se lembrar dos bons tempos de vocês.
- E
porque acha que houve bons tempos?
- Sei que
houve, Sara! Vai lá e jogue todo o seu charme. – Linda e elegante num vestido
branco, Sara sabia muito bem o que fazer.
Bastou
ela se aproximar para Lorenzo esquecer da presença de Henrique. Cercou-a,
oferecendo-lhe uma taça de champanhe, a qual ela negou sob a desculpa de estar
tomando uma medicação.
- Isso,
Sara. Muito bom. – Neal elogiou sabendo que ela usava um fone. – Agora tire-o
da sala. Vão tomar um ar na sacada.
Acostumada
com a forma de agir de Neal e já imaginando seus próximos passos, Sara fez
exatamente o pedido por ele e não teve dúvidas de que Lorenzo caía na
armadilha. Os homens eram criaturas fáceis de enganar.
Sara não
viu, mas com o auxílio de Diana, Neal saiu do salão e percorreu rapidamente até
o escritório. Levava no bolso interno do paletó o equipamento necessário para
descobrir a senha e poder verificar o conteúdo lá guardado. Do corredor Diana
viu pouco. Infelizmente. Observar Caffrey agir era uma aula sobre crime. Número
por número, a senha foi desvendada. E quando, finalmente, a porta do cofre foi
aberta, lá estava não apenas a tela procurada por Sara como os originais de
várias das peças expostas na sala. Lorenzo foi muito ambicioso. Ele repetiu o
golpe vezes demais sem saber que seria descoberto. Rapidamente Neal fez fotos e
tornou a fechar o cobre para, logo em seguida, limpar suas impressões digitais.
-
Confirmado. – Avisou Diana no corredor. – Agora é só obrigá-lo a tirar as peças
daqui e prendê-lo. Vamos embora.
- Sim,
vamos. – Diana lembrou-se de Sara e pegou o comunicador. – Pode despachá-lo.
Fim da missão, por enquanto.
- Peter
deu notícias?
- Não,
Neal. Sinal que Valentina deve estar dando trabalho. Vamos para o hospital.
Peter havia ensaiado aquele momento muitas vezes.
Imaginado diversas possibilidades, programado estratégias e, o principal,
ensaiado o que fazer. Perguntou para amigos com filhos como foi a experiência
do parto. Todos lhe disseram se tratar da situação mais apavorante de suas
vidas. E agora, apesar de todo treino e
estratégia, estava ele desesperado. Era ainda pior. Era ver sua Ell sofrer e
não poder gritar com o médico e ameaçar prendê-lo se não fizesse nada. Estava
nas mãos de sua filha. Valentina parecia querer nascer, porém sem pressa
alguma. E, o mais desesperador, os médicos diziam estar tudo em perfeita
normalidade.
- Como assim? Estamos aqui há 3 horas!
- Sua esposa está muito bem, Sr. Burke. Alguns
trabalhos de parto são lentos mesmo. A Srª Burke precisa de mais um pouco de
dilatação. Tenha paciência.
Poucas vezes na vida o FBI foi esquecido por
Peter. Hoje iria para aquela estatística. Não sabia como a festa na casa de
Lorenzo havia terminado, nem estava pensando sobre o assunto. Neal? Rachel?
Estavam longe de seus pensamentos. Só Ell e Valentina importavam. Além, é
claro, da garotinha ansiosa na sala de espera esperando por eles na companhia
dos pais de Ell. Sofia seria uma grande irmã para Valentina.
- Peter, querido, está vindo outra contração.
- Eu estou aqui. Segura a minha mão. Não sairei
daqui enquanto você e Valentina não estiverem bem. Enquanto precisarem de mim.
- Nós sempre vamos precisar, amor. Sempre.
Quando Peter chegou a sala de espera da
maternidade, sentia as pernas bambas. Definitivamente, nada preparava um homem
para ver sua mulher dar a Luz. Logo viu, Sofia, seu sogros, Mozzie, Neal,
Diana, Henrique e Sara esperando por ele.
- E a Valentina, papai? – Sofia não foi nada
compreensiva com seu estado de choque. – Eu quero brincar com ela.
- Logo você irá vê-la, querida. Logo.
- Sofia, sua irmã precisa descansar. Nascer é
muito cansativo. – Henrique brincou. – Veja a cara de exaustão do Peter!
- Ocorreu tudo bem, Peter? – Neal perguntou.
- Fale logo! – Mozz estava no mesmo nível de
ansiedade que Sofia. – A baby-Elizabeth chegou bem ao mundo?
- Perfeita, linda e com uma garganta potente. –
Ele respondeu sem conseguir tirar o sorriso do rosto.
Ainda demorou algum tempo para todo poderem ver
Ell e sua mais jovem filha. Valentina nasceu quase três quilos e parecia bem
interessada em mamar no peito da mãe para se fortalecer.
- Ela é perfeita, Ell. Parabéns. – Sara
cumprimentou Elizabeth reconhecendo que aquele deveria ser muito especial na
vida de qualquer mulher.
- Ela é mesmo. – Ell não conseguiu tirar os olhos
do rosto da filha. – Obrigada, Sara. Obrigada a todos por virem.
- Nós não vamos ficar muito para dar privacidade
para vocês. Se precisar de alguma coisa, é só chamar.
- Obrigada, Neal.
- Eu
posso ficar com Sofia hoje, se quiserem. – Mozz ofereceu. Ficar com as crianças
era sempre legal. Elas topavam todas as suas loucuras mais divertidas.
- Meus
pais ficarão com ela, Mozz. Muito obrigada. Você quer pegar, Valentina? Eu sei
que ela terá em você um grande amigo.
Mozzie
não se fez de desentendido e esticou os braços para pegar a recém nascida.
Valentina, ainda molinha, tão pequena e delicada, já tinha conquistado seu
coração.
- Ela
parece com você, Elizabeth. Ainda bem, pequenina. Herdou os traços da parte mais
bela da família. – Peter não gostou muito do comentário. – É verdade.
Por mais
que o momento fosse de amor e carinho, precisavam conversar de trabalho e foi
Henrique a trazer o assunto. Elizabeth não se importou em emprestar seu marido
por alguns minutos enquanto ainda curtia a pequena filha. Seus pais, Mozz e
Sofia ficaram com ela enquanto todos os outros saíram ao corredor para
atualizar Peter quanto ao caso.
- Então o
original esteve com ele o tempo todo! – Peter ficou revoltado pela ousadia de
Lorenzo. – E o que vamos fazer?
- Ele não
imaginava que a seguradora tivesse contatos no FBI. Pensou que eu,
conhecendo-o, simplesmente autorizaria o pagamento. – Sara explicou.
- E como
vamos pegá-lo?
- Eu
tenho uma ideia, Peter. – Neal começou a falar. – Temos de fazer Lorenzo tirar
as peças da própria casa e, na rua, interceptá-lo. Ele precisa acreditar que
será roubado.
- E como
faremos que ele acredite nisso?
-
Bom...se ele achar que um conhecido ladrão esteve em seu apartamento e se
aproximou do cofre...pode querer se proteger.
- Ainda
bem que eu tenho um ladrão na minha equipe.
- E com
essa foto que fiz de Neal tentando abrir o cofre...- Diana completou.
- Vocês
formam uma boa dupla. – Peter comemorou.
No dia
seguinte Peter não foi trabalhar e Neal aproveitou para cuidar de outra missão,
essa bem mais particular. Enquanto no FBI Diana e Henrique planejavam os
detalhes do golpe para prender Lorenzo, ele foi visitar a clinica da Dra.
Laura. Precisava convencê-la a participar de um plano arriscado do qual o
resultado seria Rachel fora da cadeia, eles mais uma vez fugitivos e, se algo
desse errado, a médica com sérios problemas com a lei. Não seria fácil.
- Olá
Neal. Eu já esperava sua visita.
- Nós
precisamos conversar, Drª. E será uma longa conversa.
De alguma
forma, a médica parecia antever não se tratar apenas de um pai desejando
informações do estado de saúde da esposa e da filha. Havia mais. Calmamente, Laura
pegou o telefone e pediu à secretária que não passasse nenhuma ligação.
Neal e Laura encararam-se calados por alguns
minutos. Um tentava ler nos olhos do outro qual o resultado daquela conversa.
Laura, médica vivida e experiente em atender pessoas com longa fixa policial,
já havia pesquisado Neal Caffrey e Rachel Turner. Aquele casal tinha uma história,
no mínimo, imprevisível e rara, talvez jamais vista. Ter Neal Caffrey ali na
sua frente, com aquele par de sedutores olhos azuis, compenetrado, lhe dizia
que ele desejava algo dela.
- Sua esposa é a detenta mais teimosa, brava,
perseverante e obstinada que já vi, Neal. Se sua filha herdar isso dela, você
terá problemas em casa. - Disse tentando aliviar o ambiente. - As duas estão,
dentro do possível, bem. Mas eu tenho a sensação de que não se deve a isso a
nossa conversa.
- Não mesmo, Drª. Eu tenho uma longa história
para lhe contar...e uma proposta para lhe fazer.
A agente da MI5 que foi para o crime durante a
procura por uma pedra rara e valiosa, o ladrão e falsificador capaz de deixar
equipes inteiras do FBI sem respostas, a assassina de agentes, a tornozeleira
eletrônica, a benção recebida com a chegada de George, a desgraça trazida por
Joseph Harabo, França e a tentativa frustrada de um novo acordo. Toda a
história deles, sob o ponto de vista de Neal Caffrey foi colocada à frente da
médica. A formação daquela família impar era realmente confusa e inacreditável.
E, mesmo com tudo aquilo, eles eram, inegavelmente, uma família.
- Dá para notar que você a ama muito. George e
Helen têm sorte por ter vocês. Seus filhos podem não ter a vida mais calma e
regrada, mas têm pais amorosos.
- George nos ensinou muito. Ele mudou as nossas
vidas. E Helen foi muito esperada, planejada. Para nos ajudar a superar a perda
de Lis.
- Porém... - Se a história parecia ter chegado ao
fim, Laura queria a proposta.
- Porém, quando fizemos um acordo com o FBI não
esperávamos que demorasse tanto. Minha mulher não aceita ter Helen no presídio
e eu também não quero isso. Como a senhora mesmo disse, Rachel é teimosa e
obstinada e, eu acrescentaria, nervosa e imprevisível. Se ficar lá, ela pode
prejudicar a si e à nossa filha. Mesmo
sem querer.
Laura não estava gostando nada do rumo daquela
conversa. Não podia negar ter simpatizado com Rachel. Era difícil imaginá-la
capaz de cometer assassinatos, mesmo ela jamais negando o fato. Mesmo assim,
havia algo de doce e frágil em qualquer gestante, até nas mais duronas, como
Rachel.
- Eu não tenho nenhuma influência no seu acordo
com o FBI ou autorização para tirar Rachel do presídio, a não ser em caso de
internação hospitalar por risco iminente de morte, dela ou do bebê. E nós dois
sabemos que Rachel está bem clinicamente.
- Assim como nós dois sabemos como laudos desse
tipo podem variar conforme a opinião do médico. O estado de uma grávida oscila
muito, ainda mais uma mulher cujo histórico tem complicações no parto.
- Sua esposa teve um parto de emergência devido a
traumas externos, resultando no nascimento prematuro do bebê e seu falecimento.
Mas ela não ficou com sequelas no sistema reprodutor e o médico que a operou
fez um grande trabalho. Ela dará a luz tranquilamente.
- Eu fico imensamente feliz com isso, Drª.
Porém...a senhora poderia nos facilitar algumas coisas se...nos
ajudasse...digamos que não será mentir...é...é apenas colocar no relatório uma
verdade um pouco mais ao nosso favor.
- Esse relatório diria que Rachel precisa de
internação imediata?
- Exatamente. - Neal tentava antecipar a resposta
da médica e não conseguia. Sua expressão era neutra. - É quaro que senhora
seria recompensada por isso.
- Eu não aceito suborno, Sr. Caffrey. - Ela disse
duramente e Neal sentiu medo. Caso o denuncia-se, Laura lhe traria problemas. -
Deixe-me entender uma coisa.
- Eu tenho certeza de que podemos nos entender,
Drª. Chegar a um acordo.
- Rachel quer deixar o presídio antes de dar à luz.
Ok. Mas em uma internação hospitalar, ela ficará com guarda na porta, talvez
algemada ao leito. É uma restrição ainda maior que no presídio. Porque vocês
prefeririam isso? - Aquilo era apenas parte do plano. E a médica sabia. - É bom
me contar toda a verdade.
- Sim...o hospital pode ser ainda mais
desconfortável, porém...porém...ele nos dará melhores alternativa de fuga.
- Era o que eu temia ouvir! Srº Caffrey! Como
espera que eu o ajude numa fuga?!?!?
- Não seria incriminada! Nós faremos parecer que
a Srª não participou. Eu garanto! Eu e Rachel já fugimos da polícia e do FBI
várias vezes. Vão acreditar que nós enganamos a equipe médica. Não terá
problemas.
- Mesmo assim...é errado e...
- Errado é manter presa uma mulher que está
disposta a mudar para poder ficar com seus filhos. Está disposta a trabalhar
para uma instituição que ela odeia.
- Se fugirem acabarão com qualquer chance de
acordo.
- Não importa. Minha filha não nascerá assim. -
Era agora ou nunca. - Ou nos ajuda e ela sai calmamente por esse hospital em um
plano seguro, ou fugiremos por outro meio. Mas dessa semana não passa Drª. Ela
está de oito meses. Não vou esperar mais por esse acordo que não vem.
- Não faça loucuras...pense em sua filha.
- Não farei. Sei exatamente como farei. - Para
quem já tinha saído pela porta da frente do presídio, não era tão difícil.
Laura queria ajudar. Eles mereciam ter a filha em
paz. Apesar de todos os crimes, via naquele casal coisas boas. E Helen e George
não tinham culpa dos erros dos pais. Além disso, se o estado pode cometer erros
como os responsáveis pela morte da sua filha e sair impune, ela também podia se
equivocar num laudo.
- Está bem, Neal. Eu vou ajudar vocês.
Nos dias que se seguiram Neal dedicou-se a
organizar dois planos. Um ao lado do FBI, no qual Lorenzo acabaria
desmascarado, o outro com Mozz para o resgate de Rachel e fuga.
- Qual será nosso destino? - Neal sabia que
Mozzie já tinha isso tudo planejado. Mozz sempre tinha uma rota de fuga pronta.
- Eu adoraria ir para a Itália, porém, até a pequena
Rachel nascer, acho que devemos ficar nas Américas para fazermos um voo mais
curto. México, pelos primeiros dias. Depois vocês podem escolher: Brasil ou
Venezuela.
- George adoraria as praias do Brasil. Eu vou
conversar com Rachel.
- O que fará com a casa que escolheu aqui em New
York?
- Eu não cheguei a fechar a compra. Preferia que
Rachel escolhesse comigo. Agora, se comprar, será apenas para disfarce. Nunca
moraremos lá. É uma casa linda.
Enganar Peter não foi difícil. Ocupado com a bebê
recém nascida e dando atenção ao caso de Lorenzo e tantos outros, ele não
imaginava a fuga planejada. E isso preocupava Neal. Peter encararia como traição
a sua fuga justo quando ele estava distraído pelo nascimento de Valentina. Mas
o que fazer? Ele também queria poder estar com Helen assim que ela viesse ao
mundo e, nem em pesadelo permitiria que ela viesse ao mundo com a mãe algemada.
Quando estivessem longe e seguros iria se comunicar com Peter e fazê-lo
entender que aquele acordo era um sonho impossível. O FBI não os queria mais.
Neal
foi visitar a esposa e novamente percebeu-a desanimada e com aparência cansada.
Até mesmo pálida. Via claramente que seu sorriso foi sincero apenas quando falaram
de George. No restante no tempo havia nela uma profunda tristeza.
-
Não fica assim, por favor. Você acaba comigo assim. – Ele abraçou-a. – Dará tudo
certo.
-
Será mesmo? Até agora deu tudo errado. Eu queria ficar aqui, Neal. Queria ter
Helen em NY. Queria ir atrás do nosso passado, das nossas histórias. E tudo
desmoronou.
-
Nada desmoronou. Logo você estará na rua e a gente vai encontrar outro caminho
para o nosso passado.
-
É, tem razão...se o plano der certo. É arriscado. Com essa barriga, não será
simples escapar. – Ela pensou antes de voltar a falar. - Tem certeza de que não se arrependerá? Pode ficar aqui.
- Nunca. Você e Helen ficarão bem. Isso me basta.
- Nós amamos você, muito. Não queremos ficar
longe.
- Nem vão, amor. Eu, George e Mozz vamos com
vocês para um lugar lindo. E todo esse pesadelo acaba.
A Drª Laura foi perfeita. Após a consulta de
rotina, colocou no relatório que a paciente apresentou severa alteração no
quadro, com preocupante elevação de pressão arterial. Orientou para que fosse
observada e, caso sofresse de mal estar, levada com urgência ao hospital.
O plano estava armado. Passados dois dias, ela
gritaria informando sentir fortes dores. Ao chegar ao hospital, Laura
garantiria que não fosse algemada e facilitaria a fuga. Para garantir que Peter
não pudesse interferir, Mozz programou tudo para a mesma tarde da operação de
prisão de Lorenzo.
Na véspera de colocar o plano de fuga em ação,
quase em uma despedida, Neal e Mozz apareceram na casa dos Burke para jantar.
George e Sofia brincaram juntos sem saber que não se veriam mais muito em
breve.
- George vem ver filme comigo! Vem! Sofia,
decidida, já o puxava pelo braço.
- Quero ver o do Batman! - George respondeu.
- Vai lá filhão. Papai te chama na hora de ir pra
casa.
- Eu já me junto a vocês, crianças! - Mozzie
avisou. - Adoro Batman.
- Querem sorvete, crianças? Peter, pegue
Valentina. Vou servir as crianças.
- Não. Fique aí com Neal e Mozz que eu faço
isso. - Elizabeth parecia esquecer que
após dar a luz há apenas quatro dias precisava manter algum repouso.
Enquanto Peter cuidava das crianças e ainda
colocava no forno o jantar, Ell segurava Valentina nos braços totalmente alheia
ao convidado. Neal entendia completamente.
Ainda lembrava-se de quando pegou George pela primeira vez. Ele já não
era um recém nascido, mas a sensação devia ser a mesma.
- Como Rachel está?
- Nervosa, Ell. E ansiosa pelo parto.
- Eu imagino. E ainda naquele lugar horrível.
Peter me disse que insistiu com Stone que ela seria útil em um caso, mas ele
disse que lhe foi negado mais uma vez. O juiz não está facilitando.
- Não está fácil, Ell. Mas eu tenho certeza que
Helen nascerá com a mãe em liberdade.
Quando Neal e Mozz já tinham levado George pra
casa, Peter ficou um tempo olhando pela janela, com a cabeça distante.
Elizabeth embalava a calma Valentina após uma rápida mamada. Provavelmente ela
ia dormir por umas três horas antes de reclamar o peso novamente. Infelizmente
Ell não via no marido a mesma calma.
- Vai me contar o que te incomoda? Desde o jantar
você está assim.
- Nada de importante, Ell.
- Mais de uma década juntos, duas filhas e um cachorro...e
você continua achando que me engana, Peter. – Ela colocou-se a sua frente. –
Não tem vergonha de mentir na frente da Valentina?
- Desculpa, amor. É...é que eu não sei
exatamente. Só tenho a sensação que essa visita não foi só uma visita. Tinha
algo mais.
- Acha que Neal pode estar pensando em fugir?
- Se eu acho? – Ele riu com a tranquilidade de
quem conhecia Neal tão bem quando às suas filhas. – Eu tenho certeza de que ele
tem um plano de fuga pronto desde o dia da prisão de Rachel. Eu só não sei
quando vai colocá-lo em prática.
- Mas Rachel dá a luz em menos de um mês. E
ele...
- Eles são criminosos, são peritos em fugir. –
Neal Ia tentar algo. Era mais que um pressentimento. Era obvio. – Vamos esperar.
Eu terei de ficar de olho no Neal.
- Você desistiu do acordo? Eles querem ficar
aqui.
- Eu não, mas governo parece não concordar. Eu
acho que talvez eu tenha me precipitado, Ell. Talvez eu não devesse ter trazido
Neal de volta.
- Você fez o melhor, querido. O melhor. – Ell precisava
tocar noutro assunto e estava receosa. – No sábado eu falo com a Rachel e tenho
tirar qualquer ideia assim da cabeça dela.
- No sábado? Pretende ir vê-la? – Já tinham
brigado muito por isso. E agora, vendo Valentina, parecia não valer outra
discussão. – Não posse te impedir. Veja se consegue por juízo na cabeça de Rachel.
- Tentarei. Vamos dormir. Logo essa mocinha aqui
nos acorda. – Agora parecia um anjinho sereno e sorridente.
- Vamos. Deixe-me colocá-la no berço. – Peter pegou
a filha e subiu as escadas lentamente, sob o olhar atento de Ell.
Dois dias depois,quando a ação do FBI teve
início, Sara era a mais nervosa. Queria encontrar o quadro, receber sua gorda
comissão e ainda livrar-se das investidas de Lorenzo. Desde a falsa exposição
ele parecia se achar no direito de cortejá-la, mesmo sabendo de Henrique. Hoje
a farsa chegaria ao fim. E o jogo começava com Peter.
- Trago uma boa e uma má notícia. Por qual prefere começar, Lorenzo?
- O agente do FBI tinha o texto preparado para assustar Lorenzo. - Nossa operação
foi um sucesso. Descobrimos quem roubou seu quadro e deixou uma cópia no lugar.
- COMO ASSIM?
- Ora, Lorenzo, essa é a notícia boa. Não tem
porque se assustar.
- Sim, sim, é claro. E qual é a notícia ruim?
Seguindo o plano, Peter jogou sobre a mesa fotos
de Neal caminhando pelo apartamento no dia da festa. Ele apenas as observou,
sem aparentar nenhuma reação. Não reconheceu Neal. Da van, o ladrão quase se
ofendeu. Julgava que sua fama não seria esquecida tão fácil, ainda mais por
colegas de crime.
- É mesmo um amador! - Como poderia não tê-lo
reconhecido?
- Isso é para você deixar de ser exibido, Neal. -
Diana brincou.
- Você reconhece esse homem, Lorenzo? - Peter
insistiu e, frente a uma negativa respondeu. É Neal Caffrey. Ladrão perigoso.
Ele esteve no seu apartamento no dia da exposição. Tenho certeza de que foi ele
a roubar seu quadro e provavelmente quer lhe tomar mais. Há peças caras aqui
ainda?
- Um
pouco...não sei o que ele poderia querer...eu não sei.
- Ele é
condenado por roubo e falsificação. É perito em arte e sabe arrombar cofres
como ninguém. Se precisa de segurança para alguma peça eu aconselho cuidar
disso logo.
A isca
foi lançada e, da van, bastou algumas horas esperando. O apartamento de Lorenzo
foi cercado, na portaria tinham um homem infiltrado e escutas lhes mantinham a
par do que se passava no escritório de Lorenzo. Ele não só caiu no golpe como
informou ao FBI que também tinha armas contrabandeadas escondidas por lá.
- Agora é
esperar o rato ir na ratoeira. – Peter sorria. A justiça, nesse caso, seria
feita. – Você não precisa ficar aqui, Neal. Vá pra casa. Seu papel nesse caso
já foi cumprido. Parabéns. Mais um caso resolvido com a sua ajuda.
- Eu
prefiro ficar até o fim, Peter. George já está dormindo a essa hora. E eu não
tenho ninguém me esperando em casa. – Parecia um homem cansado e desanimado. Na
verdade estava ansioso e seguindo a risca seu plano. Para não despertar
desconfiança, ficaria ali para receber ligação de Mozz quando Rachel for
internada pelo falso mal estar. – Vou ficar, Peter.
O aviso
não tardaria a ocorrer. A lua estava alta no céu e o presidido silencioso
quando os berros de Rachel cortaram a calmaria. Os guardas foram surpreendidos
com fortes gritos da detenta, histérica a ponto de quase não entenderem as
palavras que pronunciava. Ela gritava como se estivesse em pânico. Dizia estar
sentido dores e curvava-se para frente. Teriam de lhe chamar a emergência.
- Minha
filha deve estar nascendo prematura, minha filha, salvem minha filha. Chamem a
Drª Laura Gross! Chamem meu marido!
-
Acalme-se Rachel. Todos eles estão sendo avisados.
Menos de
30 minutos depois, Rachel estava instalada num quarto hospitalar, medicada,
vestindo uma camisola verde claro e com o tornozelo preso ao leito por uma
algema. Ela ainda afirmava estar sofrendo as dores nas costas. Drª Laura chegou
às pressas e foi direto ver a sua mais problemática paciente.
- Eu vou
examinar minha paciente. Solte-a. – Ordenou Laura.
- Não é
permitido Doutora.
- Não me
importa o que é ou não permitido. Você vai soltar minha paciente ou eu o
responsabilizarei pessoalmente por qualquer coisa que ocorra com o bebê. – Ela
só voltou a falar quando sua ordem foi atendida. – Agora saia. Eu vou
examiná-la.
Como não
poderia ser diferente, Peter liberou Neal assim que o amigo recebeu a ligação
de Mozzie avisando do mal estar de Rachel. Ele até pensou em conferir se Rachel
havia passado mal, mas resolveu confiar em Neal. Segundo ele informou, a esposa
tinha sido internada no hospital e a médica já estava com Rachel.
O
restante da equipe ficou para seguir com a ação de Lorenzo, afirmando ir ao
hospital assim que possível. Neal não podia falar, mas torcia para ninguém
aparecer. Se tudo corresse bem, naquela madrugada ainda eles deixariam os EUA.
Caso a chegada do FBI no hospital impedisse, teriam de prolongar a internação
com a ajuda de laudos médicos falsos e adiar a fuga.
Ao
contrário do que disse à Peter, Mozz não estava no hospital. Estava num ponto
de pouso e decolagem de helicópteros. Era possível pousar o equipamento no
telhado do hospital. E essa seria sua rota de fuga. Tiraria Rachel do quarto,
subiria até o ultimo andar e embarcaria para a liberdade. June estava com
George num ponto pré combinado, eles pegariam George e era o fim daquela
história frustrada de volta a New York.
Mas não
foi assim. O improvável aconteceu. E o plano fictício parecia real demais. Ao
chegar ao hospital e procurar por Laura, Neal recebeu a notícia que não
esperava. O plano estava cancelado. Os gritos de Rachel nada tiveram de falsos.
Contrariando as expectativas de todos, ela realmente tinha tido o mal estar e a
internação era necessária.
- Em
hipótese alguma você tirará sua mulher daqui hoje, Neal.
NOTA DA AUTORA: CAPA nova e linda né gente? Desculpem a demora. minha
vida há de voltar ao normal e as postagens se regularizarão. Nos vemos
em Vidas Ocultas e no próximo da Diaba Ruiva.
Enquanto não posto, participem do Grupo Delírios, Devaneios e Algo + no face. Lá podemos bater papo. https://www.facebook.com/groups/419165068230758/
Enquanto não posto, participem do Grupo Delírios, Devaneios e Algo + no face. Lá podemos bater papo. https://www.facebook.com/groups/419165068230758/
Aiiiii Jesuuuis ta vendo mentir não presta kkkkk quero só ver agora
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